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Últimas opiniões enviadas

  • Felipe

    Comentário contando partes do filme. Mostrar.

    Antes de expor minha humilde opinião, gostaria de esclarecer duas regras.

    1) A primeira é que não assisti os filmes anteriores da franquia Mad Max, então julgo esta película com os olhos de alguém que está sendo introduzido a esse universo agora; não possuo parâmetros aos quais comparar este filme, pois apenas conheço os anteriores de forma superficial: algumas citações e cenas reproduzidas e personagens emblemáticos, nada mais. Digo isto para afastar os defensores da necessidade de conhecimento prévio para gostar/desgostar de uma obra. Para mim, salvo algumas exceções, a necessidade de conhecer uma obra anterior para poder gostar/desgostar daquela que está sendo analisada demonstra de forma inequívoca a falha do objeto da análise! Explico: se eu preciso ter assistido algum Mad Max anterior pra poder gostar/desgostar de Estrada da Fúria, isso só demonstra que a obra analisada por si só é defeituosa. A não ser, evidentemente, que ela tenha sido propositalmente concebida com essa intenção, algo que não parece ser o caso de "Mad Max: Extrada da Fúria".

    2) A segunda regra é que minha opinião sobre este filme é dada sob o pressuposto de que ele se propõe a ser um filme de AÇÃO. Desta forma, esclareço desde o início que não esperava nenhum questionamento sócio-político-antropológico-psicológico-econômico profundo ou alguma provocação contemplativa mais complexa. Meus parâmetros de comparação são as boas obras de ação que já vi na vida, por isso não espero do gênero nada além de um bom entretenimento, cenas bem elaboradas, boas tiradas cômicas, um bom herói e um vilão melhor ainda.

    Esclarecidas essas duas regras preliminares (lembre-se bem delas ao ler esse texto), vamos a essa aventura!

    Em "Mad Max: Estrada da Fúria" nos deparamos com um planeta Terra devastado por uma hecatombe nuclear decorrente de um conflito armado em razão da escassez de certos recursos essenciais, como água e combustível fóssil. Nesta nova Terra a ordem social como a conhecemos desapareceu, sobrando apenas clãs de guerreiros submetidos a autoridade de vários chefes. Acompanhamos assim a jornada de Max (Tom Hardy), um ex-policial que vaga pelo deserto, enlouquecido após ver sua família morta por um desses clãs. Prisioneiro de seus inimigos, ele se alia à Imperator Furiosa (Charlize Theron) para fugir do perverso Immortan Joe (Hugh Keays-Byrne), o tirano warlord do clã dos Garotos Guerreiros, que teve sua propriedade (suas belas esposas) tirada de si por Furiosa.

    O primeiro aspecto que merece aplausos é a estética do filme. A fotografia é impecável, algumas cenas parecem pelos quadros em movimento, como uma passagem em que o grupo de Max observa as estrelas a noite. Vários recursos estilísticos são utilizados, de forma que em alguns momentos até esquecemos que estamos assistindo a um filme passado no deserto. A última vez em que vi quadros tão deslumbrantes foi no excelente As Aventuras de Pi.

    Evidentemente não posso deixar de lado os efeitos visuais do filme. A equipe de produção tem muito mérito pelo que conseguiu fazer neste departamento: assim como nos bons filmes de ação da década de 80, "Mad Max: Estrada da Fúria" se utiliza majoritariamente de efeitos práticos nas cenas de ação. Sabe aqueles carros explodindo? Pois é, eles explodiram de verdade. Obviamente que isso encarece o filme (orçado em 200 milhões de dólares), mas aumenta a imersão do espectador e o respeito pelos profissionais de Hollywood.

    A direção de arte é animal. Um mundo apocalíptico sensacional foi criado para servir de pano de fundo a essa aventura. O design dos veículos é agressivo, sujo, bestial. O aspecto físico dos personagens é assustador, e não apenas dos vilões. Tudo que se esperaria de um futuro distópico do nosso planeta (sério, se a sociedade toda fosse pro vinagre eu não duvido nada que o que restaria ficaria daquela forma).

    Mas você não está achando estranho que eu não estou falando sobre o elemento principal deste filme até agora? O que, meu amigo? Ora, a ação!

    A ação de Mad Max foi um dos pontos mais elogiados pela internet até o momento. "Uma aula de ação", foi como ouvi de alguns, ou mesmo "uma ação que deixa você pendurado na ponta da cadeira do início ao fim" como ouvi de outros. Minhas expectativas até então nulas para este filme foram maldosamente atiçadas por esses comentários. Fiquei curioso para conhecer tão saborosa ação! Infelizmente, na visão deste que vos fala, a ação de Mad Max não empolga.

    Largue essas pedras e me ouça, incauto leitor!

    Certa vez ouvi em um podcast que um filme não pode ser um recorte organizado de videoclipes. Infelizmente foi essa a minha sensação ao conhecer a ação de Mad Max: todas as cenas poderiam ser reorganizadas dentro do filme. Não faria a menor diferença. A ação não é bem dirigida. Não existe nada novo lá, nenhum elemento interessante ou instigante. Nenhum jogo de câmera diferente, nenhum recurso que empolgue.

    A boa ação pode ser muito simples, não é preciso muito para que ela seja legal. Em Duro de Matar, por exemplo, tudo muda quando o protagonista é colocado numa nova situação de perigo: pisar descalço nos cacos de vidro no chão. Em Exterminador do Futuro 2 um recurso diferente é usado durante o filme todo, e está no vilão: ele pode se moldar a qualquer forma, e não é danificado com tiros! Em Mad Max não vejo nada disso. Os veículos possuem formas e aparências distintas, mas sua função é basicamente a mesma: correr no deserto. Não há nenhum carro com uma função especial, ou uma arma diferente.

    Até mesmo a guitarra flamejante (que achei irada, por sinal) não é nada mais que uma... guitarra. Em dado momento do filme ela se torna até um recurso sonoro inconveniente.

    Perceba, bom leitor: insisto que a boa ação pode ser simples. Ela DEVE ser capaz de te mostrar algo que vai fazer você soltar aquele "puuutz, que foda!" no meio da sala de cinema. Em Mad Max vemos uma perseguição de carros que dura por mais de duas horas, nada mais. Em um certo ponto eu pensei "ok, eles correm pelo deserto. E o que mais?". Parece-me que George Miller se utilizou da mesma estrutura narrativa vigente quando o primeiro Mad Max foi feito, mas hoje o público já viu todos os grandes clássicos de ação que não existiam naquela época.

    Agora existem muitos referenciais, a exigência é grande. E o hype feito em volta do filme em nada ajudou; construiu-se uma expectativa infudada e que apenas prejudicou Mad Max. A proposta foi de ação empolgante, mas que não foi entregue. Não há nada lá que já não tenhamos visto em outros filmes.

    O problema com a ação me leva aos problemas de roteiro que seriam facilmente negligenciáveis se minha cabeça tivesse sido explodida com a empolgação que eu esperava. Afinal eu sou adepto da teoria que diz que se um filme pipoca entrega o entretenimento que promete o roteiro pode ser arremessado pela janela sem cerimônias. Mas vamos aos furos.

    O maior problema de Mad Max é a falta de regras de funcionamento do universo. Ou seja: não são apresentadas ao espectador as regras de "nesse universo fictício é possível isso, mas não aquilo". Exemplo: em Harry Potter é possível transportar comida através de magia, mas nunca conjurá-la do nada. Se isso acontecesse seria uma violação da regra de funcionamento daquela narrativa, e portanto um furo de roteiro. Em Mad Max essas regras sequer existem. Tampouco existe contexto para os personagens.

    Entendemos intuitivamente que a sociedade já era, os recursos são escassos e o mundo ficou completamente louco. Mas não sabemos exatamente quem é Immortan Joe, o que ele fez para ser tão temível, tampouco quais são suas motivações. Não sabemos quem é Furiosa, qual a relação que ela tinha com as velhinhas guerreiras, ou qual a posição que ela ocupava na sociedade comandada por Joe (algo como um general), nem por que resolveu tirar dele suas preciosas esposas. Não sabemos quem são as pessoas com quem ela faz um acordo para atravessar o desfiladeiro, nem o por que. Não sabemos o porque Joe está disposto a gastar tantos recursos para ir atrás das garotas (algo que é curiosamente apontado por um dos personagens em um certo momento). Não sabemos sequer por que ele usa aquela máscara ou por que ele morre tão facilmente. Não preciso nem dizer que também não sabemos nada sobre Max, sobre como sua família morreu ou qual sua motivação para ajudar Furiosa e as esposas em fuga.

    Não existe a menor preocupação em apresentar nenhum desses nem outros fatores. A lista é longa. O roteiro se limita a jogar para o espectador alguns desses dados, sem nunca fundamentar ou embasar em qualquer argumento. Vemos por exemplo que se estabeleceu uma espécie de culto ou credo em torno de Immortan Joe, mas não chegamos a conhecer essa nova crença mais de perto. Perceba algo curioso: nos diálogos entre os personagens a sensação constantemente passada para o espectador é que nenhum dos envolvidos na cena sabe do que o outro está falando. Haja loucura nesse mundo!

    Seria injusto, entretanto, não falar das atuações. Charlize Theron dá um show (claro!) como Furiosa, que é a verdadeira protagonista do filme. Tom Hardy tem uma presença em cena mais contida, o que na minha opinião é justamente o que o personagem dele precisa. Algo como o Estranho Sem Nome: falas curtas e assertivas, sem firulas e bastante atitude.

    Em vista de todas essas considerações, tenho Mad Max: Estrada da Fúria como um filme com um potencial estupendo, mas que infelizmente não entrega absolutamente
    nada daquilo a que se propõe (a estética é um bônus na minha opinião). Acredito que é injusto analisar um filme fora da proposta em torno da qual ele gira, mas este aqui não foi bem sucedido na entrega de uma boa ação, sua única promessa. Não se engane, fazer ação não é fácil, não é todo mundo que consegue. Por esses e outros motivos atribuo a "Mad Max: Estrada da Fúria" a nota de 2.5/5. Passa longe, muito longe, de ser o filme do ano de 2015, também passa longe de ser uma boa releitura de um clássico no mar de reboots que invadiu Hollywood.

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  • Filmow
    Filmow

    O Oscar 2017 está logo aí e teremos o nosso tradicional BOLÃO DO OSCAR FILMOW!

    Serão 3 vencedores no Bolão com prêmios da loja Chico Rei para os três participantes que mais acertarem nas categorias da premiação. (O 1º lugar vai ganhar um kit da Chico Rei com 01 camiseta + 01 caneca + 01 almofada; o 2º lugar 01 camiseta da Chico Rei; e o 3º lugar 01 almofada da Chico Rei.)

    Vem participar da brincadeira com a gente, acesse https://filmow.com/bolao-do-oscar/ para votar.
    Boa sorte! :)

    * Lembrando que faremos uma transmissão ao vivo via Facebook e Youtube da Casa Filmow na noite da cerimônia, dia 26 de fevereiro. Confirme presença no evento https://www.facebook.com/events/250416102068445/

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