bem gostosinho de assistir. acho que vem numa onda de produções recentes interessadas em desmistificar as substâncias psicodélicas. nesse sentido, a fala de celebridades contando experiências, e ser uma produção duma plataforma tão popular como netflix, é bem interessante pra ajudar a desconstruir mitos tão espalhados pra assustar as pessoas e justificar a guerra às drogas na nossa sociedade. isso foi algo que pra mim faltou ser ao menos mencionado, sobre o uso político racista etc da proibição dessas substâncias... enfim, algumas coisas poderiam ser aprofundadas, mas no geral é uma conversa leve, engraçada e informativa
"bravura é fazer a cada momento o que precisa ser feito".
mulheres e meninas sendo formadas para serem senhoras elegantes, contidas, formais e religiosas, à moda da época. mas, no fundo... nunca deixam de fazer o que precisa ser feito. em todos os sentidos hahahah curti
que o que eles sacaram sobre a menina ser a mensagem é o fato de que, apesar dela estar no último nível e de aparentemente estar no poço faz tempo, ela sobreviveu, ninguém a matou, ninguém a comeu, ela nem mesmo estava machucada... o que é incrível num lugar tão violento. esse era o "dom" que ela tinha: simplesmente ser uma criança, inocente e indefesa, no meio de um monte de horror, e acender alguma fagulha de humanidade entre pessoas que a estão perdendo por passar por tanta desesperança e miséria. a infância trazendo o dom de acender, finalmente, algo da tal da solidariedade. eles perceberam isso porque o "dom" dela atingiu eles mesmos: ao verem ali aquela criança, apesar do apego em manter intacta a panacota que "era a mensagem", logo souberam que a vida dela era mais importante que uma mensagem, e deram a panacota pra ela comer.
aí eu achei legalzinho, assim como o clima de suspense que se constrói, mas ainda assim acho que o final poderia ter sido bem melhor desenvolvido. também o filme é um pouco repetitivo ao longo da narrativa pra provar seu ponto, que não é assim tão complexo, sendo na verdade, enquanto "metáfora da sociedade", até que bastante raso e simplista.
que impactante, que incrível o quão fundo esse filme consegue mergulhar na alma de uma pessoa.
há um jogo entre quem Jenny é no cotidiano, na superfície, os papéis sociais que ocupa, os afazeres - a parte dela que aparece pra nós na primeira metade do filme -,
e as partes mais profundas de seu ser que acessamos na segunda metade. no fundo de nós sempre vive um emaranhado de histórias, feridas, heranças familiares, conflitos, medos, desejos, coisas que nos fazem nós mas que no dia-a-dia não temos acesso direto a muito... na segunda parte do filme mergulhamos com a personagem em muitos cantos escuros do seu inconsciente, e isso acontece a partir de uma grande crise que ela passa. isso não é coincidência, porque as vezes nossas maiores crises são oportunidades de entrar em contato com nossas narrativas mais profundas e nos refazer.
é incrível todo o aspecto onírico e surreal que o diretor usa pra acessar isso, a atuação perfeita da protagonista, o jogo com os espaços domésticos e as portas, os diálogos... é um filme denso e me deixou sem fôlego. magistral é a palavra mais precisa que consigo usar pra definir!
foi penoso de assistir, fiquei parando toda hora e quase que não termino. me pareceu tentar demais mas pra mim ficou meio sem graça. e fico muito irritada com essas personagens femininas (escritas por homens) que não tem história, interesses, a gente não sabe de onde veio nem pra onde vai e só fazem ser par romântico encantador/fofo que vai mudar a vida do protagonista. bem manic pixie dream girl. zzzzz. duas estrelas por algumas cenas bonitas
me intriga o espaço entre a postura aparentemente infantil e bobinha de Angela, e como dá pra entrever que, por trás disso, tem algo nela de profundamente melancólico, sagaz e incapturável, algo de cruel, como ela mesma canta. ela parece transitar entre as duas coisas quase propositalmente, como num jogo pra ser sempre encantadora pra esses homens à sua volta (e pra nós, que assistimos). como faz a stripper, cujo show consiste em brincar e provocar com o quanto esconde e o quanto permite ver, Angela demonstra emoções com afetação durante todo o filme, mas, ao mesmo tempo, pouco se revela.
algo nela parece ficar opaco sempre que se depara com a rejeição masculina. me fez pensar muito sobre o que é essa feminilidade que se retrata. assim como a personagem, o filme tem uma trama superficialmente bem simples, mas com um algo por trás que atravessa e captura. gostei :)
pra mim esse documentário é interessante pra pensar não que só o outro é coitado e escravizado, como quem olha com dó e caridade, mas também reconhecer nas precariedades e aprisionamentos dessas pessoas nossas próprias precariedades e aprisionamentos. sabendo o quanto posição social, renda etc de cada um "compra" mais espaço de escolha na vida, mas vendo também o que disso atravessa a todos que somos trabalhadores e não ricos, e nos julgamos donos de nosso próprio tempo e escolhas mesmo tendo que vender a maior parte dele/as para trabalhar e comprar aquilo que pensamos ser necessário pra viver. documentário incrível que me deu leve crise existencial e me fez repensar minhas escolhas também rs também muito bacana pra pensar no lance da "uberização do trabalho" e as formas como a vida e alegria resistem mesmo dentre tanta precariedade (p.e. "eu vô pro carnaval nem que tenha que vender minha geladeira pra comprar de volta depois!" rs)
Agnés se debruça sobre os catadores e sobre o ato de catar. Ao se debruçar, identificar-se, tornar-se - ou pela identificação mesma ousar se debruçar. Acho que o verbo catar não tem a mesma força em português. Les glaneurs se servem ao catar. De achados, de presentes. Catar batatas, imagens, uvas, ostras, afetos, detalhes, restos, gestos, histórias, sutilezas.
Se cata aquilo que resta depois das grandes máquinas concluírem suas oficiais colheitas.Tudo que é descartado e abandonado. Aqueles rejeitados (re)colhendo aquilo rejeitado das indústrias, produções corporatizadas. Os excluídos se escolhem, se catam, reconhecem, produzem a preciosidade daquilo que escapa por ser minoritário/anormal. Ou que escapa por mero erro da máquina cega, que pelas suas grandes proporções inventa a cegueira e inventa as brechas. Gigante cego e feroz... versus a paciência de buscar as pequenezas. Compor com os acasos. Catar o que escapa. "É permitido, mas não está escrito. Às vezes transpassamos um pouquinho os limites da legalidade...", diz um catador.
Ao se ver muito de perto, as mãos, as rugas, "sinto que sou um animal - pior, sinto que sou um animal que não conheço", diz Agnés. E a passagem do tempo. Ao envelhecer, vamos virando restos de nós mesmos? Esses meus detalhes apontam que meu fim se aproxima, diz la Glaneuse, e segue viagem. E filma as batatas que se deterioram e na deterioração brotam novos ramos, mofos, bolores de todas as cores...
"Esqueci de desligar a câmera, então agora assistiremos a dança da tampa da lente. [..., música, balé] Pronto, agora a tampa para com suas loucuras.".. :)
moralismos a parte, eu achei super problemático, com uma concepção extremente tóxica de amor romântico.
não só a desigualdade de poder entre os dois (um homem feito de ~30 anos, com uma sexualidade adulta e desenvolvida x um garoto em idade escolar, virgem, que está se descobrindo e ouve historinha de ninar no colo dos pais) é óbvia e pungente pra mim, como concretamente diversas cenas mostram um Elio desconfortável, confuso, triste, e um Oliver rindo dele e cruzando constantemente seus limites.
embora isso permeie todo o filme, pra mim a cena que mais explicita isso é quando Oliver está zombando dele na cena do pêssego, começa a tocá-lo, Elio pede que ele pare pois o está machucando e Oliver diz, com raiva "então pare de resistir". pra mim, isso não são cenas de amor, mas de abuso. nas cenas em que os dois interagem fisicamente eu só conseguia me assustar com a desigualdade dos corpos e subjetividades de ambos: um homem grande, largo, peludo, por sobre um menino magro e jovem e com uma aparência tão indefesa. longe de me excitar, me pareciam cenas de predação, como um Leão perseguindo uma gazela...
enquanto para Elio foi uma sofrida e confusa história de primeiro amor, não consigo ver amor nas ações de Oliver. vejo que pra ele foi uma aventura sexual egoísta, com um garoto-criança que ele enganou durante as férias, enquanto já tinha uma namorada que também estava enganando (o que a cena do telefone deixa implícito). o que, inclusive, faz parte de outro incômodo meu ao assistir - de ser esse um filme feito por homens, sobre homens, no qual todas as mulheres são apêndices do desenvolvimento dos personagens masculinos, sob o preço de sua humilhação (p.e. a namoradinha de Elio, que ele veementemente usa e enrola e engana)
fiquei triste também ao ler os comentários aqui. que tanta gente tenha achado esse filme super lindo e romântico me deixa com muito, muito medo do mundo e das concepções de amor que temos cultivado na nossa cultura.
vi aqui as comparações com cisne negro, mas, além desse, também me lembrou muito Mulholland Drive. achei incrível o quanto começa parecendo um filme inocente e até bobinho, e de repente a narrativa vai te levando pra estar lá completamente imerso e confuso e aterrorizado. mt bom
uma bruxinha de 13 anos fazendo intercâmbio com o gato mais gracinha do mundo. sobre crescer, sobre estar sozinha num lugar novo (tanto geográfico quanto de um novo momento da vida), sobre ter que confiar na nossa capacidade humana de criar laços e redes nesses novos lugares, que sejam capazes de nos sustentar. sobre a dificuldade disso, às vezes. mas sobre a inevitabilidade, também, de aos poucos ir se enredando nesses novos afetos. desde que estejamos, nesses encontros, abertos e entregues... como a Kiki! sobre descobrir sobre si mesmo ao ir, desse jeitinho, tateando o mundo. achei tão profundo e tão leve. um dos filmes mais amáveis que já vi!
"você não gosta de mim, Stéphanie" e eu pensando: pq será???? só porque ele é infantil, mentiroso, arrombou a casa dela, fica ofendendo ela, falando que prefere a amiga, que ela usa jeans fedido e tem que arrumar os dentes?
poxa né tão gostável esse Stephane pq será que ela n gostou
Gente, onde vocês tão vendo tanta genialidade nesse filme?
Primeiro que dá vontade de pular quase tudo que acontece no quarto do velho. Se a história que Joe conta faz sentido, essa parte do presente parece toda remendada, é mal construída, não faz sentido o que acontece lá. Os diálogos mamãe-quero-ser-cult, um pé no saco.
Mas o que me choca é ver gente chamando esse filme de feminista. Não vi nada de feminista nesse filme, só um show de misoginia. Se personagem principal é mulher, não fica dúvida de que o filme gira em torno de homens. Não existem outras personagens femininas ok: a mãe só aparece pra ser chamada de cadela fria, a
"amiga" que Joe arranja troca ela pelo cara e mija em cima dela
. Mesmo quanto a Joe, ela é quase ausente da própria história, inexpressiva, totalmente passiva.
Mas o principal é: uma moça sofrendo pra caralho, fazendo bosta, dando pra mil caras pros quais ela não parecia querer dar, sendo espancada, tentativas de estupro. O velho chato, falando como alter ego do diretor, vai lá "explicar" que a Joe na verdade tem liberdade sexual e a sociedade cristã que a faz se sentir culpada com isso. O diretor bota lá a personagem pra falar que na verdade "ama muito tudo isso". Não consigo deixar de pensar que muito mais difícil seria uma mulher ter criado/dirigido essa história.
A pretensa emancipação feminina do filme é falsa porque não é sobre mulheres, é sobre homens. Joe tem é um vício, o que é o contrário de uma escolha. Ela se põe em situações de dominação onde a sexualidade dela só serve aos homens, não serve a ela como sexualidade, só como vício. O único alívio disso tudo mesmo foi ver finalmente a Joe falando "não".
E há quem considere o Lars polêmico e revolucionário. Dica: não tem nada polêmico e revolucionário em mostrar a sexualidade feminina a serviço dos homens. Isso aí tá super mainstream desde sei lá, a Idade Média.
Maior Viagem: Uma Aventura Psicodélica
3.7 76bem gostosinho de assistir. acho que vem numa onda de produções recentes interessadas em desmistificar as substâncias psicodélicas. nesse sentido, a fala de celebridades contando experiências, e ser uma produção duma plataforma tão popular como netflix, é bem interessante pra ajudar a desconstruir mitos tão espalhados pra assustar as pessoas e justificar a guerra às drogas na nossa sociedade. isso foi algo que pra mim faltou ser ao menos mencionado, sobre o uso político racista etc da proibição dessas substâncias... enfim, algumas coisas poderiam ser aprofundadas, mas no geral é uma conversa leve, engraçada e informativa
O Estranho que Nós Amamos
3.2 614 Assista Agora"bravura é fazer a cada momento o que precisa ser feito".
mulheres e meninas sendo formadas para serem senhoras elegantes, contidas, formais e religiosas, à moda da época. mas, no fundo... nunca deixam de fazer o que precisa ser feito. em todos os sentidos hahahah curti
Cães Errantes
3.8 42que filme dolorosamente solitário
O Poço
3.7 2,1K Assista Agorade início tinha achado o final sem pé nem cabeça, mas depois pensei
que o que eles sacaram sobre a menina ser a mensagem é o fato de que, apesar dela estar no último nível e de aparentemente estar no poço faz tempo, ela sobreviveu, ninguém a matou, ninguém a comeu, ela nem mesmo estava machucada... o que é incrível num lugar tão violento. esse era o "dom" que ela tinha: simplesmente ser uma criança, inocente e indefesa, no meio de um monte de horror, e acender alguma fagulha de humanidade entre pessoas que a estão perdendo por passar por tanta desesperança e miséria. a infância trazendo o dom de acender, finalmente, algo da tal da solidariedade. eles perceberam isso porque o "dom" dela atingiu eles mesmos: ao verem ali aquela criança, apesar do apego em manter intacta a panacota que "era a mensagem", logo souberam que a vida dela era mais importante que uma mensagem, e deram a panacota pra ela comer.
aí eu achei legalzinho, assim como o clima de suspense que se constrói, mas ainda assim acho que o final poderia ter sido bem melhor desenvolvido. também o filme é um pouco repetitivo ao longo da narrativa pra provar seu ponto, que não é assim tão complexo, sendo na verdade, enquanto "metáfora da sociedade", até que bastante raso e simplista.
Face a Face
4.2 131que impactante, que incrível o quão fundo esse filme consegue mergulhar na alma de uma pessoa.
há um jogo entre quem Jenny é no cotidiano, na superfície, os papéis sociais que ocupa, os afazeres - a parte dela que aparece pra nós na primeira metade do filme -,
e as partes mais profundas de seu ser que acessamos na segunda metade. no fundo de nós sempre vive um emaranhado de histórias, feridas, heranças familiares, conflitos, medos, desejos, coisas que nos fazem nós mas que no dia-a-dia não temos acesso direto a muito... na segunda parte do filme mergulhamos com a personagem em muitos cantos escuros do seu inconsciente, e isso acontece a partir de uma grande crise que ela passa. isso não é coincidência, porque as vezes nossas maiores crises são oportunidades de entrar em contato com nossas narrativas mais profundas e nos refazer.
é incrível todo o aspecto onírico e surreal que o diretor usa pra acessar isso, a atuação perfeita da protagonista, o jogo com os espaços domésticos e as portas, os diálogos... é um filme denso e me deixou sem fôlego. magistral é a palavra mais precisa que consigo usar pra definir!
A Espuma dos Dias
3.7 478 Assista Agorafoi penoso de assistir, fiquei parando toda hora e quase que não termino. me pareceu tentar demais mas pra mim ficou meio sem graça. e fico muito irritada com essas personagens femininas (escritas por homens) que não tem história, interesses, a gente não sabe de onde veio nem pra onde vai e só fazem ser par romântico encantador/fofo que vai mudar a vida do protagonista. bem manic pixie dream girl. zzzzz. duas estrelas por algumas cenas bonitas
O Conto da Princesa Kaguya
4.4 802 Assista Agorachorei bicas e fiquei estatelada no sofá quando acabou. gosto assim
Uma Mulher é Uma Mulher
4.1 267me intriga o espaço entre a postura aparentemente infantil e bobinha de Angela, e como dá pra entrever que, por trás disso, tem algo nela de profundamente melancólico, sagaz e incapturável, algo de cruel, como ela mesma canta. ela parece transitar entre as duas coisas quase propositalmente, como num jogo pra ser sempre encantadora pra esses homens à sua volta (e pra nós, que assistimos). como faz a stripper, cujo show consiste em brincar e provocar com o quanto esconde e o quanto permite ver, Angela demonstra emoções com afetação durante todo o filme, mas, ao mesmo tempo, pouco se revela.
algo nela parece ficar opaco sempre que se depara com a rejeição masculina. me fez pensar muito sobre o que é essa feminilidade que se retrata. assim como a personagem, o filme tem uma trama superficialmente bem simples, mas com um algo por trás que atravessa e captura. gostei :)
Estou Me Guardando Para Quando o Carnaval Chegar
4.3 210pra mim esse documentário é interessante pra pensar não que só o outro é coitado e escravizado, como quem olha com dó e caridade, mas também reconhecer nas precariedades e aprisionamentos dessas pessoas nossas próprias precariedades e aprisionamentos. sabendo o quanto posição social, renda etc de cada um "compra" mais espaço de escolha na vida, mas vendo também o que disso atravessa a todos que somos trabalhadores e não ricos, e nos julgamos donos de nosso próprio tempo e escolhas mesmo tendo que vender a maior parte dele/as para trabalhar e comprar aquilo que pensamos ser necessário pra viver. documentário incrível que me deu leve crise existencial e me fez repensar minhas escolhas também rs também muito bacana pra pensar no lance da "uberização do trabalho" e as formas como a vida e alegria resistem mesmo dentre tanta precariedade (p.e. "eu vô pro carnaval nem que tenha que vender minha geladeira pra comprar de volta depois!" rs)
As Duas Faces Da Felicidade
4.0 120 Assista Agorafilme esquisito e me deixou toda esquisita ao morder esse belo pêssego bichado.
Os Catadores e Eu
4.4 52 Assista AgoraCatando impressões do filme:
Agnés se debruça sobre os catadores e sobre o ato de catar. Ao se debruçar, identificar-se, tornar-se - ou pela identificação mesma ousar se debruçar.
Acho que o verbo catar não tem a mesma força em português. Les glaneurs se servem ao catar. De achados, de presentes. Catar batatas, imagens, uvas, ostras, afetos, detalhes, restos, gestos, histórias, sutilezas.
Se cata aquilo que resta depois das grandes máquinas concluírem suas oficiais colheitas.Tudo que é descartado e abandonado. Aqueles rejeitados (re)colhendo aquilo rejeitado das indústrias, produções corporatizadas. Os excluídos se escolhem, se catam, reconhecem, produzem a preciosidade daquilo que escapa por ser minoritário/anormal. Ou que escapa por mero erro da máquina cega, que pelas suas grandes proporções inventa a cegueira e inventa as brechas. Gigante cego e feroz... versus a paciência de buscar as pequenezas. Compor com os acasos. Catar o que escapa.
"É permitido, mas não está escrito. Às vezes transpassamos um pouquinho os limites da legalidade...", diz um catador.
Ao se ver muito de perto, as mãos, as rugas, "sinto que sou um animal - pior, sinto que sou um animal que não conheço", diz Agnés.
E a passagem do tempo. Ao envelhecer, vamos virando restos de nós mesmos? Esses meus detalhes apontam que meu fim se aproxima, diz la Glaneuse, e segue viagem. E filma as batatas que se deterioram e na deterioração brotam novos ramos, mofos, bolores de todas as cores...
"Esqueci de desligar a câmera, então agora assistiremos a dança da tampa da lente.
[..., música, balé]
Pronto, agora a tampa para com suas loucuras.".. :)
As Viagens do Vento
3.9 8"- y por qué vienes de tán lejos?
- no sé."
Entardecer
2.8 27 Assista Agoraentendi nada porque dormi muito ou dormi muito porque entendi nada?
Me Chame Pelo Seu Nome
4.1 2,6K Assista Agoramoralismos a parte, eu achei super problemático, com uma concepção extremente tóxica de amor romântico.
não só a desigualdade de poder entre os dois (um homem feito de ~30 anos, com uma sexualidade adulta e desenvolvida x um garoto em idade escolar, virgem, que está se descobrindo e ouve historinha de ninar no colo dos pais) é óbvia e pungente pra mim, como concretamente diversas cenas mostram um Elio desconfortável, confuso, triste, e um Oliver rindo dele e cruzando constantemente seus limites.
embora isso permeie todo o filme, pra mim a cena que mais explicita isso é quando Oliver está zombando dele na cena do pêssego, começa a tocá-lo, Elio pede que ele pare pois o está machucando e Oliver diz, com raiva "então pare de resistir". pra mim, isso não são cenas de amor, mas de abuso. nas cenas em que os dois interagem fisicamente eu só conseguia me assustar com a desigualdade dos corpos e subjetividades de ambos: um homem grande, largo, peludo, por sobre um menino magro e jovem e com uma aparência tão indefesa. longe de me excitar, me pareciam cenas de predação, como um Leão perseguindo uma gazela...
enquanto para Elio foi uma sofrida e confusa história de primeiro amor, não consigo ver amor nas ações de Oliver. vejo que pra ele foi uma aventura sexual egoísta, com um garoto-criança que ele enganou durante as férias, enquanto já tinha uma namorada que também estava enganando (o que a cena do telefone deixa implícito). o que, inclusive, faz parte de outro incômodo meu ao assistir - de ser esse um filme feito por homens, sobre homens, no qual todas as mulheres são apêndices do desenvolvimento dos personagens masculinos, sob o preço de sua humilhação (p.e. a namoradinha de Elio, que ele veementemente usa e enrola e engana)
fiquei triste também ao ler os comentários aqui. que tanta gente tenha achado esse filme super lindo e romântico me deixa com muito, muito medo do mundo e das concepções de amor que temos cultivado na nossa cultura.
O Lagosta
3.8 1,5K Assista Agoraesse filme me deixou muito esquisita. mas gostei. mas é perturbador e desconfortável. mas gostei. rs
Perfect Blue
4.3 815vi aqui as comparações com cisne negro, mas, além desse, também me lembrou muito Mulholland Drive. achei incrível o quanto começa parecendo um filme inocente e até bobinho, e de repente a narrativa vai te levando pra estar lá completamente imerso e confuso e aterrorizado. mt bom
O Serviço de Entregas da Kiki
4.3 776 Assista Agorauma bruxinha de 13 anos fazendo intercâmbio com o gato mais gracinha do mundo. sobre crescer, sobre estar sozinha num lugar novo (tanto geográfico quanto de um novo momento da vida), sobre ter que confiar na nossa capacidade humana de criar laços e redes nesses novos lugares, que sejam capazes de nos sustentar. sobre a dificuldade disso, às vezes. mas sobre a inevitabilidade, também, de aos poucos ir se enredando nesses novos afetos. desde que estejamos, nesses encontros, abertos e entregues... como a Kiki! sobre descobrir sobre si mesmo ao ir, desse jeitinho, tateando o mundo. achei tão profundo e tão leve. um dos filmes mais amáveis que já vi!
A Forma da Água
3.9 2,7Kceis não acharam bizarro essa coisa meio zoofilia? my fish prince bombado? ecat
de resto, achei tudo um pouco forçado... não me cativou
Death Note
1.8 1,5K Assista Agorao problema não é ser diferente do anime, e sim que é ruim mesmo
A Bela e a Fera
3.9 1,6K Assista Agoranota mental: não assistir mais musicais dublados
Sonhando Acordado
4.0 319"você não gosta de mim, Stéphanie"
e eu pensando: pq será???? só porque ele é infantil, mentiroso, arrombou a casa dela, fica ofendendo ela, falando que prefere a amiga, que ela usa jeans fedido e tem que arrumar os dentes?
poxa né
tão gostável esse Stephane
pq será que ela n gostou
O Perigo Vem do Lago
1.9 96 Assista Agoraengraçadérrimo de tão ruim e mal feito!
Ninfomaníaca: Volume 2
3.6 1,6K Assista AgoraGente, onde vocês tão vendo tanta genialidade nesse filme?
Primeiro que dá vontade de pular quase tudo que acontece no quarto do velho. Se a história que Joe conta faz sentido, essa parte do presente parece toda remendada, é mal construída, não faz sentido o que acontece lá. Os diálogos mamãe-quero-ser-cult, um pé no saco.
Mas o que me choca é ver gente chamando esse filme de feminista. Não vi nada de feminista nesse filme, só um show de misoginia. Se personagem principal é mulher, não fica dúvida de que o filme gira em torno de homens. Não existem outras personagens femininas ok: a mãe só aparece pra ser chamada de cadela fria, a
"amiga" que Joe arranja troca ela pelo cara e mija em cima dela
Mas o principal é: uma moça sofrendo pra caralho, fazendo bosta, dando pra mil caras pros quais ela não parecia querer dar, sendo espancada, tentativas de estupro. O velho chato, falando como alter ego do diretor, vai lá "explicar" que a Joe na verdade tem liberdade sexual e a sociedade cristã que a faz se sentir culpada com isso. O diretor bota lá a personagem pra falar que na verdade "ama muito tudo isso". Não consigo deixar de pensar que muito mais difícil seria uma mulher ter criado/dirigido essa história.
A pretensa emancipação feminina do filme é falsa porque não é sobre mulheres, é sobre homens. Joe tem é um vício, o que é o contrário de uma escolha. Ela se põe em situações de dominação onde a sexualidade dela só serve aos homens, não serve a ela como sexualidade, só como vício. O único alívio disso tudo mesmo foi ver finalmente a Joe falando "não".
E há quem considere o Lars polêmico e revolucionário. Dica: não tem nada polêmico e revolucionário em mostrar a sexualidade feminina a serviço dos homens. Isso aí tá super mainstream desde sei lá, a Idade Média.