E aquela cena em que os trabalhadores forçados cantam enquanto fazem a ferrovia? De arrepiar, fico imaginando o quanto isso deve ter acontecido com tantas e tantas pessoas (e ainda acontece)
A sutileza de retratar uma guerra apenas com o trepidar de janelas e vidros, achei lindo. E Norma Shearer está maravilhosa, além de ter uma atuação magnífica
Vou totalmente na contramão dos comentários aqui. Acho que temos aí um filme que parece o primórdio da trilogia da incomunicabilidade (do Antonioni). Um casal com dificuldade de entender as demandas e os sinais um do outro, que acaba por entrar em uma teia de mal-entendido criada por eles mesmos. Borzage novamente põe a temática da dificuldade financeira como o centro da trama (como em O sétimo céu). Pelo visto ele gosta dos conflitos de casais, de fazer analogias com os andares, com os prédios (e a dinâmica da vida dentro deles), além de criar enredos muito dramáticos e familiares (alô Woody Allen!). Acho muito inspirador e até diferente para a época. E eu achei evidentemente machista em alguns momentos, mas confesso que por vezes me pareceu proposital e com contexto dentro da história (por exemplo, a personagem de Eddie Collie parece ter uma espécie de trauma que o faz querer ser o super-homem da família - e esse parece ser seu grande problema, porque acaba comunicando tudo de forma torta e com meias verdades para sua mulher - enquanto isso, ela insiste em trabalhar porque interpreta que, para ele, é importante guardar dinheiro e não gastar com filhos. Enfim, acho que a trama é mais rica do que apenas taxativamente machista)
O único ponto que ainda me questiono é o título do filme, não entendi a conexão com a historia
Jackie Cooper conduz o filme do começo ao fim (estamos falando de uma criança de 9 anos de idade!) e, apesar do drama mais carregado (que aos olhos do século XXI parece até exagerado) conseguiu me tocar profundamente. As duas personagens centrais trabalham com uma cativante naturalidade e o roteiro tem começo, meio e fim, com bom desenvolvimento. Se você mergulhar no filme, ele te leva. Lindo
Fofo. Além disso o trio principal encontra uma sintonia incrível. P. S.: alem da atuação (que conheci em Aconteceu aquela noite) Claudette Colbert canta muito bem e domina muitas das cenas
Esse filme tinha que ser mais comentado, mais assistido, mais analisado. As camadas e as leituras que ele permite são tantas (alô filosofia!) que reduzi-lo a um curto comentário não faria jus.
Apenas: - Do ponto de vista de atuação esse filme é todo da Joan Crawford, ela traz consigo uma presença que domina todas as cenas das quais participa - e está infinitamente melhor do que (pasme) Greta Garbo; - Quantos Mr. Kringelein conhecemos em nossas vidas? Se você não conhece nenhum, com certeza você é um deles; - O assassinato me pegou de surpresa (não imaginaria um filme do início dos anos 30 com tamanha desenvoltura), mas é de uma dose de realismo de doer - estamos a quase 100 anos de distância desse filme e ele me pareceu absolutamente atual, o que me faz pensar na última fala: muitos passam por aqui, mas nada acontece afinal
Se o divórcio ainda era chocante nos anos 60, imaginem nos anos 30! Posso imaginar o quão escandaloso não foi para a sociedade da época tanto o enredo do filme quanto a cena do suposto sexo. Por mais piegas (e até bobo, ou fraco) que esse filme pareça aos nossos olhos, eu não me surpreenderia se dissessem que ele foi boicotado em muitos cinemas dos EUA no ano do seu lançamento.
Só não me agradou tanto a atuação da Norma Shearer (embora eu ache que ela faça uma Jerry mais "gente como a gente", o que não aconteceria se fosse com a Joan Crawford), mas deve ser porque acabo de assistir aos filmes mudos com a Janet Gaynor, que dá aulas de atuação sem as palavras, sem ser apelativa e sem utilizar a sua beleza para isso. Enfim, vou um pouco na contra mão, talvez, mas achei esse filme e esse tema muito - mas muito mesmo - ousados. Excelente
Levanta uma problemática muito interessante sobre memória, silêncio, vergonha e deixa à mostra as complexidades que existiam na Alemanha da segunda guerra. Só fiquei passada com os parentes jogando objetos, móveis, roupas, cartas e tantos livros fora da avó que faleceu - acho que são pedaços de memória que se foram e confesso que fiquei chocada
Precisamos conhecer mais (e nos esforçar para saber mais) sobre as figuras públicas do nosso país. Apenas por isso o documentário já merecia uma atenção especial. Mas alem do mais, é um documentário que faz passagem por momentos muito particulares da nossa sociedade e nos ensina por si só. Vale a pena
Eu acho curioso como até hoje a França omite seu passado anti-semita, tanto no caso Dreyfus quanto durante o governo colaboracionista de Vichy. Tentam vender uma imagem de vanguarda progressista, quando na verdade possuem suas heranças racistas bem sedimentadas até hoje. O filme faz um bom retrato (ainda que muita gente tenha achado longo, ele encurtou muitos eventos para tentar passar a maior parte do caso) da tremenda injustiça que Dreyfus sofreu. Não custa levantar a questão: quantos casos semelhantes (envolvendo pessoas de grupos marginalizados socialmente ou até mesmo figuras importantes) não conhecemos em nossa contemporaneidade?
Para todos que tem uma relação familiar assim próxima o filme mexe muito conosco. Só me lembro de chorar assim na cena de A lista de Schindler, quando levam as crianças do campo e elas ficam inocentemente dando tchau para as mães, em cima do caminhãozinho. Que tristeza que é a guerra
Vou um pouco na contramão, acho que as adaptações feitas foram válidas (afinal, adaptar é isso: moldar, transpor, ajustar) e o final foi poético. Não é porque a adaptação não foi como teríamos feito que ela não tenha sido interessante, imagino que as pessoas que ainda não conheciam Fahrenheit 451 podem ver esse filme e se interessarem
Acredito que muitas formas de representação podem ser adotadas ao se contar a história de um assassino em série, mas o que gostei desse filme foi a crueza escolhida. Para mostrar quão frio o Carlos foi, poderia-se apelar para muitos elementos (e acredito que diversos deles foram explorados nesse filme). A frieza está toda ali, as cenas de mortes são sempre curtas, diretas, parecem quase um pequeno intervalo, as vezes não tem sequer uma trilha sonora - acontecem e pronto, o filme segue - será que não é assim que um assassino frio vê seus crimes? Um momento como os outros, ou uma mera vírgula. É interessante observar como nesses momentos as cores viram um excelente instrumento narrativo (são muitas, quase sempre complementares e destoantes, que destacam Carlos do ambiente ao seu redor)
Alem disso acho que esse filme entrega para o espectador uma espécie peculiar de tensão - tensão sexual, tensão criminal, tensão social - que é transmitida o tempo todo de maneira indireta (nunca através de diálogos ou mesmo monólogos), sempre mediante cores (elas novamente), ou então com a trilha sonora (que por vezes cessa de forma abrupta, ou aumenta repentinamente e toma conta da cena), ou ainda através de leves mudanças e insinuações nas feições do incrível Lorenzo Ferro. Carlos pouco diz ao longo da trama, apenas o essencial, mas é o que mais age no meio de seu bando, além de estar sempre inerte e à parte, como se fosse de fato alguém pouco impressionável, alguém a quem nada surpreende e nada toca
Em tempo, as atuações são todas excelentes, a começar por Lorenzo Ferro, mas também o Chino Darín e as duas mães, Cecília Roth e Mercedes Morán, todos espetaculares. Era um filme que já estava na minha lista mesmo antes de estrear, valeu a pena assistir, fico ansiosa para os próximos filmes argentinos, que venham todos
Só acho que essa capa não faz jus ao conteúdo nem à proposta. E é evidente que ao assistirmos precisamos relevar as nuances sociais (tanto do papel masculino quanto do feminino na Europa do século XIX), mas isso não anula em nada a relevância do tema: esse é um filme sobre descobertas amorosas e sexuais - e aqui não se trata de pornografia, mas sim de erotismo. Em um contexto muito fechado e limitado da França na virada do século, vemos diante de nós a trajetória de uma mulher que provavelmente teria sido uma das poucas a poder explorar seu próprio corpo (não apenas carnalmente, mas também imageticamente, através das fotografias) e seus próprios sentimentos (atração, paixão, ciúmes, ternura) - e quantas em pleno século XXI ainda não exploram tudo isso? Enfim, além da temática (para lá de rica, na minha opinião), o filme tem narrativas de imagem que são lindas, com cores, enquadramentos, sombras. Muito lindo, me ganhou mesmo
O único discurso desse documentário que eu não consigo comprar é quanto ao pai. É difícil julgar, mas sabemos bem que a nossa sociedade é compreensível com a ausência paterna, se ele fosse mais presente, talvez Gypsey tivesse visto nele uma alternativa, fica um pouco obscuro qual era a relação de ambos. Enfim, muito delicado e difícil de julgar, mas é o único ponto do documentário que não me desceu
Um filme tocante, muito sensível. Se você está esperando um filme sobre espaço e ficção científica, abandone essa ideia. A proposta aqui é abordar os recônditos do pensamento sobre afastamento, sobre a vida, sobre escolhas e medos, inseguranças e amor. Tudo isso sem ser pedante. Achei muito realista e consegui me colocar em várias daquelas situações, fosse como mãe ou como filha. Bonito ponto de vista, necessário e bem abordado
Um filme com temática que lembra alguns trabalhos do Scorsese (como Depois de Horas ou O rei da Comédia - filmes que inspiraram tantos outros, me lembra Coringa), destacando a leviandade e a falta de escrúpulos de um meio midiático que é responsável por entorpecer a tantos e tantos espectadores. A atuação do Jake Gyllenhaal é o ponto forte, sem duvida responsável direto no êxito do filme
Tenho sentimentos ambíguos por Jezebel, mas se uma mulher como essa um dia tivesse existido em pleno século XIX, ela seria, no mínimo, admirável. Por mais egocêntrica que Jezebel fosse, é compreensível a sua audácia social e confesso que achei que Preston não a deixaria - ele foi tão progressista ao dançar com ela, para logo depois casar com uma moça do norte (ela vinda de uma região progressista e também sendo mais aberta), achei essas ações contraditórias. O filme é todo da Bette Davis e de seus olhos.
Em tempo: amei ver Henry Fonda e Bette Davis super jovens
Esse filme lembra os filmes dos Irmãos Coen, principalmente Fargo. É a história do inesperado, uma sucessão de erros que leva a uma torpe vitória. Acho que mostra o quanto a aparente ordem da vida na verdade está sempre por um triz. É uma comédia que vale a pena como um entretenimento breve e diferente
O documentário tem viés? Tem. Qualquer documentário teria, isso é indubitável. Ainda assim acredito que muitas circunstâncias foram podadas e descontextualizadas. A impressão que passa, em alguns momentos, é sem duvida enviesada e esvaziada de contexto (até parece que é proposital que a escassez impere na ilha - e os embargos?). Apesar de todo esse ponto de vista, é difícil para alguém antipático continuar com pés atrás com essa ilha apaixonante após ver o documentário. Até mesmo Fidel Castro (que algumas mídias insistem em vender como um grande ditador maldoso) aparece em outro lugar aqui. Ao final do documentário, embora eu tenha gostado muito, sinto falta de algumas explicações e contextos, isso traria muito mais compreensão para quem assiste e seria muito mais honesto intelectual e humanamente falando. De todo modo, vale muito a pena, e todos (todos) os cubanos mostrados nesse documentário são muito cativantes. Gracias!
O Fugitivo
4.2 36E aquela cena em que os trabalhadores forçados cantam enquanto fazem a ferrovia? De arrepiar, fico imaginando o quanto isso deve ter acontecido com tantas e tantas pessoas (e ainda acontece)
O Amor Que Não Morreu
3.6 4A sutileza de retratar uma guerra apenas com o trepidar de janelas e vidros, achei lindo.
E Norma Shearer está maravilhosa, além de ter uma atuação magnífica
Depois do Casamento
3.0 12Vou totalmente na contramão dos comentários aqui. Acho que temos aí um filme que parece o primórdio da trilogia da incomunicabilidade (do Antonioni). Um casal com dificuldade de entender as demandas e os sinais um do outro, que acaba por entrar em uma teia de mal-entendido criada por eles mesmos. Borzage novamente põe a temática da dificuldade financeira como o centro da trama (como em O sétimo céu). Pelo visto ele gosta dos conflitos de casais, de fazer analogias com os andares, com os prédios (e a dinâmica da vida dentro deles), além de criar enredos muito dramáticos e familiares (alô Woody Allen!). Acho muito inspirador e até diferente para a época.
E eu achei evidentemente machista em alguns momentos, mas confesso que por vezes me pareceu proposital e com contexto dentro da história (por exemplo, a personagem de Eddie Collie parece ter uma espécie de trauma que o faz querer ser o super-homem da família - e esse parece ser seu grande problema, porque acaba comunicando tudo de forma torta e com meias verdades para sua mulher - enquanto isso, ela insiste em trabalhar porque interpreta que, para ele, é importante guardar dinheiro e não gastar com filhos. Enfim, acho que a trama é mais rica do que apenas taxativamente machista)
O único ponto que ainda me questiono é o título do filme, não entendi a conexão com a historia
O Campeão
3.9 23Jackie Cooper conduz o filme do começo ao fim (estamos falando de uma criança de 9 anos de idade!) e, apesar do drama mais carregado (que aos olhos do século XXI parece até exagerado) conseguiu me tocar profundamente. As duas personagens centrais trabalham com uma cativante naturalidade e o roteiro tem começo, meio e fim, com bom desenvolvimento. Se você mergulhar no filme, ele te leva. Lindo
O Tenente Sedutor
3.7 7Fofo. Além disso o trio principal encontra uma sintonia incrível.
P. S.: alem da atuação (que conheci em Aconteceu aquela noite) Claudette Colbert canta muito bem e domina muitas das cenas
Grande Hotel
3.8 118 Assista AgoraEsse filme tinha que ser mais comentado, mais assistido, mais analisado. As camadas e as leituras que ele permite são tantas (alô filosofia!) que reduzi-lo a um curto comentário não faria jus.
Apenas:
- Do ponto de vista de atuação esse filme é todo da Joan Crawford, ela traz consigo uma presença que domina todas as cenas das quais participa - e está infinitamente melhor do que (pasme) Greta Garbo;
- Quantos Mr. Kringelein conhecemos em nossas vidas? Se você não conhece nenhum, com certeza você é um deles;
- O assassinato me pegou de surpresa (não imaginaria um filme do início dos anos 30 com tamanha desenvoltura), mas é de uma dose de realismo de doer - estamos a quase 100 anos de distância desse filme e ele me pareceu absolutamente atual, o que me faz pensar na última fala: muitos passam por aqui, mas nada acontece afinal
Melodia da Broadway
2.9 48Bessie Love carregou esse filme sozinha, acho que é a única que está realmente bem, particularmente nas poucas cenas que fez sozinha
A Divorciada
3.6 20Se o divórcio ainda era chocante nos anos 60, imaginem nos anos 30!
Posso imaginar o quão escandaloso não foi para a sociedade da época tanto o enredo do filme quanto a cena do suposto sexo.
Por mais piegas (e até bobo, ou fraco) que esse filme pareça aos nossos olhos, eu não me surpreenderia se dissessem que ele foi boicotado em muitos cinemas dos EUA no ano do seu lançamento.
Só não me agradou tanto a atuação da Norma Shearer (embora eu ache que ela faça uma Jerry mais "gente como a gente", o que não aconteceria se fosse com a Joan Crawford), mas deve ser porque acabo de assistir aos filmes mudos com a Janet Gaynor, que dá aulas de atuação sem as palavras, sem ser apelativa e sem utilizar a sua beleza para isso. Enfim, vou um pouco na contra mão, talvez, mas achei esse filme e esse tema muito - mas muito mesmo - ousados. Excelente
Luca
4.1 770Aquela leve lembrança de Ponyo
O Apartamento
3.7 9Levanta uma problemática muito interessante sobre memória, silêncio, vergonha e deixa à mostra as complexidades que existiam na Alemanha da segunda guerra. Só fiquei passada com os parentes jogando objetos, móveis, roupas, cartas e tantos livros fora da avó que faleceu - acho que são pedaços de memória que se foram e confesso que fiquei chocada
A História do Homem Henry Sobel
3.1 2Precisamos conhecer mais (e nos esforçar para saber mais) sobre as figuras públicas do nosso país. Apenas por isso o documentário já merecia uma atenção especial. Mas alem do mais, é um documentário que faz passagem por momentos muito particulares da nossa sociedade e nos ensina por si só. Vale a pena
Dissecando Antonieta
4.2 3Um documentário bem familiar, que mescla uma história pessoal com a consciência social da vida pública, muito bonito
O Oficial e o Espião
3.7 70 Assista AgoraEu acho curioso como até hoje a França omite seu passado anti-semita, tanto no caso Dreyfus quanto durante o governo colaboracionista de Vichy. Tentam vender uma imagem de vanguarda progressista, quando na verdade possuem suas heranças racistas bem sedimentadas até hoje. O filme faz um bom retrato (ainda que muita gente tenha achado longo, ele encurtou muitos eventos para tentar passar a maior parte do caso) da tremenda injustiça que Dreyfus sofreu. Não custa levantar a questão: quantos casos semelhantes (envolvendo pessoas de grupos marginalizados socialmente ou até mesmo figuras importantes) não conhecemos em nossa contemporaneidade?
Quo Vadis, Aida?
4.2 177 Assista AgoraPara todos que tem uma relação familiar assim próxima o filme mexe muito conosco. Só me lembro de chorar assim na cena de A lista de Schindler, quando levam as crianças do campo e elas ficam inocentemente dando tchau para as mães, em cima do caminhãozinho. Que tristeza que é a guerra
Fahrenheit 451
2.6 173 Assista AgoraVou um pouco na contramão, acho que as adaptações feitas foram válidas (afinal, adaptar é isso: moldar, transpor, ajustar) e o final foi poético. Não é porque a adaptação não foi como teríamos feito que ela não tenha sido interessante, imagino que as pessoas que ainda não conheciam Fahrenheit 451 podem ver esse filme e se interessarem
O Anjo
3.6 190Acredito que muitas formas de representação podem ser adotadas ao se contar a história de um assassino em série, mas o que gostei desse filme foi a crueza escolhida. Para mostrar quão frio o Carlos foi, poderia-se apelar para muitos elementos (e acredito que diversos deles foram explorados nesse filme). A frieza está toda ali, as cenas de mortes são sempre curtas, diretas, parecem quase um pequeno intervalo, as vezes não tem sequer uma trilha sonora - acontecem e pronto, o filme segue - será que não é assim que um assassino frio vê seus crimes? Um momento como os outros, ou uma mera vírgula. É interessante observar como nesses momentos as cores viram um excelente instrumento narrativo (são muitas, quase sempre complementares e destoantes, que destacam Carlos do ambiente ao seu redor)
Alem disso acho que esse filme entrega para o espectador uma espécie peculiar de tensão - tensão sexual, tensão criminal, tensão social - que é transmitida o tempo todo de maneira indireta (nunca através de diálogos ou mesmo monólogos), sempre mediante cores (elas novamente), ou então com a trilha sonora (que por vezes cessa de forma abrupta, ou aumenta repentinamente e toma conta da cena), ou ainda através de leves mudanças e insinuações nas feições do incrível Lorenzo Ferro. Carlos pouco diz ao longo da trama, apenas o essencial, mas é o que mais age no meio de seu bando, além de estar sempre inerte e à parte, como se fosse de fato alguém pouco impressionável, alguém a quem nada surpreende e nada toca
Em tempo, as atuações são todas excelentes, a começar por Lorenzo Ferro, mas também o Chino Darín e as duas mães, Cecília Roth e Mercedes Morán, todos espetaculares. Era um filme que já estava na minha lista mesmo antes de estrear, valeu a pena assistir, fico ansiosa para os próximos filmes argentinos, que venham todos
Curiosa
2.8 77 Assista AgoraSó acho que essa capa não faz jus ao conteúdo nem à proposta. E é evidente que ao assistirmos precisamos relevar as nuances sociais (tanto do papel masculino quanto do feminino na Europa do século XIX), mas isso não anula em nada a relevância do tema: esse é um filme sobre descobertas amorosas e sexuais - e aqui não se trata de pornografia, mas sim de erotismo. Em um contexto muito fechado e limitado da França na virada do século, vemos diante de nós a trajetória de uma mulher que provavelmente teria sido uma das poucas a poder explorar seu próprio corpo (não apenas carnalmente, mas também imageticamente, através das fotografias) e seus próprios sentimentos (atração, paixão, ciúmes, ternura) - e quantas em pleno século XXI ainda não exploram tudo isso? Enfim, além da temática (para lá de rica, na minha opinião), o filme tem narrativas de imagem que são lindas, com cores, enquadramentos, sombras. Muito lindo, me ganhou mesmo
Mamãe Morta e Querida
4.0 118 Assista AgoraO único discurso desse documentário que eu não consigo comprar é quanto ao pai. É difícil julgar, mas sabemos bem que a nossa sociedade é compreensível com a ausência paterna, se ele fosse mais presente, talvez Gypsey tivesse visto nele uma alternativa, fica um pouco obscuro qual era a relação de ambos. Enfim, muito delicado e difícil de julgar, mas é o único ponto do documentário que não me desceu
A Jornada
3.4 51 Assista AgoraUm filme tocante, muito sensível. Se você está esperando um filme sobre espaço e ficção científica, abandone essa ideia. A proposta aqui é abordar os recônditos do pensamento sobre afastamento, sobre a vida, sobre escolhas e medos, inseguranças e amor. Tudo isso sem ser pedante. Achei muito realista e consegui me colocar em várias daquelas situações, fosse como mãe ou como filha. Bonito ponto de vista, necessário e bem abordado
O Abutre
4.0 2,5K Assista AgoraUm filme com temática que lembra alguns trabalhos do Scorsese (como Depois de Horas ou O rei da Comédia - filmes que inspiraram tantos outros, me lembra Coringa), destacando a leviandade e a falta de escrúpulos de um meio midiático que é responsável por entorpecer a tantos e tantos espectadores. A atuação do Jake Gyllenhaal é o ponto forte, sem duvida responsável direto no êxito do filme
Jezebel
3.9 111Tenho sentimentos ambíguos por Jezebel, mas se uma mulher como essa um dia tivesse existido em pleno século XIX, ela seria, no mínimo, admirável. Por mais egocêntrica que Jezebel fosse, é compreensível a sua audácia social e confesso que achei que Preston não a deixaria - ele foi tão progressista ao dançar com ela, para logo depois casar com uma moça do norte (ela vinda de uma região progressista e também sendo mais aberta), achei essas ações contraditórias. O filme é todo da Bette Davis e de seus olhos.
Em tempo: amei ver Henry Fonda e Bette Davis super jovens
Últimas Notícias de Yuba County
3.2 32 Assista AgoraEsse filme lembra os filmes dos Irmãos Coen, principalmente Fargo. É a história do inesperado, uma sucessão de erros que leva a uma torpe vitória. Acho que mostra o quanto a aparente ordem da vida na verdade está sempre por um triz. É uma comédia que vale a pena como um entretenimento breve e diferente
Cuba e o Cameraman
4.4 107 Assista AgoraO documentário tem viés? Tem. Qualquer documentário teria, isso é indubitável. Ainda assim acredito que muitas circunstâncias foram podadas e descontextualizadas. A impressão que passa, em alguns momentos, é sem duvida enviesada e esvaziada de contexto (até parece que é proposital que a escassez impere na ilha - e os embargos?). Apesar de todo esse ponto de vista, é difícil para alguém antipático continuar com pés atrás com essa ilha apaixonante após ver o documentário. Até mesmo Fidel Castro (que algumas mídias insistem em vender como um grande ditador maldoso) aparece em outro lugar aqui. Ao final do documentário, embora eu tenha gostado muito, sinto falta de algumas explicações e contextos, isso traria muito mais compreensão para quem assiste e seria muito mais honesto intelectual e humanamente falando. De todo modo, vale muito a pena, e todos (todos) os cubanos mostrados nesse documentário são muito cativantes. Gracias!
Judas e o Messias Negro
4.1 516 Assista AgoraA pergunta que não quer calar: por que a Dominique Fishback não foi indicada? Excelente atuação