Há anos, a mitologia do vampiro povoa a imaginação de inúmeros folclores nas mais variadas formas. Porém condensa-se tudo na principal referência sobre o tema: Drácula, do autor irlandês Bram Stoker. A estrutura epistolar mantém o mistério a respeito da criatura que o conde representa e ainda hoje nos fascina.
A grande questão que levanto é: por quê? Após ter visto inúmeras adaptações fílmicas, desde Nosferatu ao Drácula de Coppola, a história parecia se repetir num ciclo narrativo com o qual nunca se chegava a uma conclusão. As minúcias eram tantas que cada ponto-de-vista era uma peça do quebra-cabeça.
123 anos depois da publicação do livro, entre boas e más adaptações, esta produção da BBC buscou juntar essas peças. Sejam trejeitos, cenários ou objetos, cada cena construída nesta microssérie busca homenagear algum predecessor. Chega a ser divertido caçar e reconhecer as referências em cena.
Claes Bang no papel do Conde mantém a elegância de Bela Lugosi e a agressividade de Christopher Lee. Dolly Wells, para mim, foi uma grata surpresa para o papel ao qual foi designada. O restante do elenco é bastante dedicado e competente, apesar de suas participações limitadas. O Conde sempre rouba a cena. Exceto, claro, quando Van Helsing aparece.
Narrativamente, a história deixa a desejar nos últimos episódios. Entretanto, o trunfo desta série é dar novo vigor a uma história repetidamente retratada, parodiada, referenciada. É um impulso para incentivar o público a ler Bram Stoker, bem como as adaptações anteriores o fizeram.
A narrativa é completamente diferente e a trama idem, mas é uma série essencialmente flaubertiana. Assim como qualquer obra de Gustave Flaubert, Fleabag tem pura consciência da realidade, ao trazer uma abordagem psicológica de uma personagem feminina no Reino Unido contemporâneo. E melhor: sob o ponto de vista da própria.
Ao redor dela, exemplares insensatos da sociedade comum: o machismo, a hipocrisia e a falta de bom-senso de familiares, amigos e até da própria protagonista. Tudo posto a limpo para a comédia cumprir seu papel mais importante, que é fazer refletir sobre a sociedade que vivemos. É quase como misturar "A Comédia da Vida Privada" do Luis Fernando Veríssimo com "A Vida como Ela É" do Nelson Rodrigues.
Fleabag dá uma aula de construção do arco de personagem. Nenhuma das personas aqui representadas é unidimensional (exceto talvez pelo Jake, o enteado estranho da Claire), tornando a compreensão da narrativa muito mais fluida e profunda. É muito gostoso você sentir a presença de uma pessoa em tela do que somente uma retratação do que ela poderia ser. E as quebras da quarta-parede só reforçam os laços com o público.
Fleabag ganhou um Emmy mais que merecido. E mesmo que eu tenha ficado com um gostinho de quero mais, acredito que a série acabou perfeitamente do jeito que está, permitindo que a continuidade da história fique a critério do espectador. Mas não é a continuidade da história da Fleabag, mas da minha, da sua, da nossa história através das lições que a série nos fez experimentar e refletir com muito bom humor.
A minissérie é tão boa que, mesmo eu tendo o DVD, contratei o Globoplay para poder ver os episódios remasterizados e com efeitos novos.
Tudo nesta adaptação do livro acerta: o elenco é afiado, os diálogos mantém a essência da obra, o ritmo é certeiro para o timing da comédia. E funcionou justamente porque Guel Arraes transformou a estrutura de uma peça teatral em roteiro de cinema, além de incluir contos do Ariano que não estão presentes na história de João Grilo e Chicó.
Já houveram duas adaptações anteriores: uma de 1969 e outra de 1987.
A primeira, A Compadecida, tenta seguir o roteiro da peça à risca (incluindo o palhaço apresentador) e apresenta a história como uma atração de circo. Apesar da abordagem lúdica, é uma adaptação que se perde na percepção sulista do nordeste, apresentando João Grilo e Chicó sem o carisma que lhes é necessário para a trama. Armando Bógus está um malandro carioca como o Grilo e Antônio Fagundes em início de carreira está canastrão como Chicó.
A segunda, Os Trapalhões no Auto da Compadecida, finalmente apresenta o nordeste interiorano e adapta a história com ainda mais ludicidade. O circo e o teatro ainda mantém presença forte na narrativa. O único pecado desta adaptação é de ser mais uma história de Didi e Dedé do que de João Grilo e Chicó. Ainda assim, é um filme divertido.
Já no começo de O Auto da Compadecida, não tem palhaço e nem circo, mas tem cinema. Ao apresentar um curta de 1903, A Vida e a Paixão de Jesus Cristo, a narrativa traz a religiosidade do local e as interações entre personagens muito bem estabelecidas. Foi o suficiente para deixar claro que é preciso abdicar de alguns detalhes (e acrescentar outros novos) da obra literária para tornar a adaptação fílmica coerente e envolvente. Este Auto da Compadecida não é de Ariano, mas de Guel apresentando a essência de Ariano.
Drácula (1ª Temporada)
3.1 417Há anos, a mitologia do vampiro povoa a imaginação de inúmeros folclores nas mais variadas formas. Porém condensa-se tudo na principal referência sobre o tema: Drácula, do autor irlandês Bram Stoker. A estrutura epistolar mantém o mistério a respeito da criatura que o conde representa e ainda hoje nos fascina.
A grande questão que levanto é: por quê? Após ter visto inúmeras adaptações fílmicas, desde Nosferatu ao Drácula de Coppola, a história parecia se repetir num ciclo narrativo com o qual nunca se chegava a uma conclusão. As minúcias eram tantas que cada ponto-de-vista era uma peça do quebra-cabeça.
123 anos depois da publicação do livro, entre boas e más adaptações, esta produção da BBC buscou juntar essas peças. Sejam trejeitos, cenários ou objetos, cada cena construída nesta microssérie busca homenagear algum predecessor. Chega a ser divertido caçar e reconhecer as referências em cena.
Claes Bang no papel do Conde mantém a elegância de Bela Lugosi e a agressividade de Christopher Lee. Dolly Wells, para mim, foi uma grata surpresa para o papel ao qual foi designada. O restante do elenco é bastante dedicado e competente, apesar de suas participações limitadas. O Conde sempre rouba a cena. Exceto, claro, quando Van Helsing aparece.
Narrativamente, a história deixa a desejar nos últimos episódios. Entretanto, o trunfo desta série é dar novo vigor a uma história repetidamente retratada, parodiada, referenciada. É um impulso para incentivar o público a ler Bram Stoker, bem como as adaptações anteriores o fizeram.
Fleabag (2ª Temporada)
4.7 887 Assista AgoraFleabag é a Madame Bovary do século 21.
A narrativa é completamente diferente e a trama idem, mas é uma série essencialmente flaubertiana. Assim como qualquer obra de Gustave Flaubert, Fleabag tem pura consciência da realidade, ao trazer uma abordagem psicológica de uma personagem feminina no Reino Unido contemporâneo. E melhor: sob o ponto de vista da própria.
Ao redor dela, exemplares insensatos da sociedade comum: o machismo, a hipocrisia e a falta de bom-senso de familiares, amigos e até da própria protagonista. Tudo posto a limpo para a comédia cumprir seu papel mais importante, que é fazer refletir sobre a sociedade que vivemos. É quase como misturar "A Comédia da Vida Privada" do Luis Fernando Veríssimo com "A Vida como Ela É" do Nelson Rodrigues.
Fleabag dá uma aula de construção do arco de personagem. Nenhuma das personas aqui representadas é unidimensional (exceto talvez pelo Jake, o enteado estranho da Claire), tornando a compreensão da narrativa muito mais fluida e profunda. É muito gostoso você sentir a presença de uma pessoa em tela do que somente uma retratação do que ela poderia ser. E as quebras da quarta-parede só reforçam os laços com o público.
Fleabag ganhou um Emmy mais que merecido. E mesmo que eu tenha ficado com um gostinho de quero mais, acredito que a série acabou perfeitamente do jeito que está, permitindo que a continuidade da história fique a critério do espectador. Mas não é a continuidade da história da Fleabag, mas da minha, da sua, da nossa história através das lições que a série nos fez experimentar e refletir com muito bom humor.
O Auto da Compadecida
4.7 222A minissérie é tão boa que, mesmo eu tendo o DVD, contratei o Globoplay para poder ver os episódios remasterizados e com efeitos novos.
Tudo nesta adaptação do livro acerta: o elenco é afiado, os diálogos mantém a essência da obra, o ritmo é certeiro para o timing da comédia. E funcionou justamente porque Guel Arraes transformou a estrutura de uma peça teatral em roteiro de cinema, além de incluir contos do Ariano que não estão presentes na história de João Grilo e Chicó.
Já houveram duas adaptações anteriores: uma de 1969 e outra de 1987.
A primeira, A Compadecida, tenta seguir o roteiro da peça à risca (incluindo o palhaço apresentador) e apresenta a história como uma atração de circo. Apesar da abordagem lúdica, é uma adaptação que se perde na percepção sulista do nordeste, apresentando João Grilo e Chicó sem o carisma que lhes é necessário para a trama. Armando Bógus está um malandro carioca como o Grilo e Antônio Fagundes em início de carreira está canastrão como Chicó.
A segunda, Os Trapalhões no Auto da Compadecida, finalmente apresenta o nordeste interiorano e adapta a história com ainda mais ludicidade. O circo e o teatro ainda mantém presença forte na narrativa. O único pecado desta adaptação é de ser mais uma história de Didi e Dedé do que de João Grilo e Chicó. Ainda assim, é um filme divertido.
Já no começo de O Auto da Compadecida, não tem palhaço e nem circo, mas tem cinema. Ao apresentar um curta de 1903, A Vida e a Paixão de Jesus Cristo, a narrativa traz a religiosidade do local e as interações entre personagens muito bem estabelecidas. Foi o suficiente para deixar claro que é preciso abdicar de alguns detalhes (e acrescentar outros novos) da obra literária para tornar a adaptação fílmica coerente e envolvente. Este Auto da Compadecida não é de Ariano, mas de Guel apresentando a essência de Ariano.
Spaced (1ª Temporada)
4.5 37Se as séries americanas não dependessem tanto de falas engraçadas e investissem mais no visual como Spaced fez, o mundo seria um lugar mais feliz.
O Último Programa do Mundo
4.6 38NO! MALDICIÓN!
Salad Fingers
4.3 27Episódio 10 legendado e INÉDITO! http://youtu.be/qWwfDv3dksU
O Chaplin que Ninguém Viu
4.6 12Em breve, todos os episódios estarão completos e legendados neste canal: http://youtu.be/DIFRBCoMJxA