carlos ars

A vida de Prestes funde-se à história do Partido Comunista Brasileiro (PCB) até o seu afastamento, em março de 1980, assinalado pela histórica "Carta aos Comunistas" -- -- na qual manifesta sua inconformidade com a linha política do Comitê Central do Partido. Sem conhecer a história de Prestes -- e subsequentemente a história do PCB -- qualquer leitura da história brasileira no Século XX torna-se mutilada, incompleta. A Prestes e seus companheiros coube a difícil tarefa de ser o contraponto em um país que caminhava cada vez mais pela estrada do pensamento único, que desembocou nos governos neoliberais de Collor de Mello, FHC e Lula. O ponto negativo do documentário, aliás, é justamente o tom subliminar de "fim da história" que anuncia, nas entrelinhas, a vitória do capitalismo e a quase impossibilidade de um futuro diferente. Em que pese esta falha em tentar induzir a uma conclusão não necessariamente verdadeira, a obra é rica e a narrativa capaz de prender a atenção até o final. Recomendo como boa fonte para refletir melhor não apenas sobre o nosso passado recente, mas também como ferramenta para melhor entender as contradições do tempo presente.

Acho que a coisa mais importante do filme é mostrar as contradições da prática de assassinato em massa que se convencionou denominar por "guerra". O lado humano -- sobretudo a fragilidade humana diante de tal flagelo -- é o que sobressai a cada cena. Impressiona a história por não apresentar o costumeiro maniqueísmo "mocinhos versus bandidos" tão comum em filmes do gênero, não conduzindo nenhum dos personagens à categoria de herói invencível: não há "Rambos" em "Além da Linha Vermelha", apenas jovens sendo tragados pelo acaso em meio a uma confusão que não comporta nenhum sentido ou significado em si além da barbárie. Recomendo para ver e refletir. Saudações...