Inicialmente, “A Maldição da Mansão Bly” pode parecer um produto do horror clássico. Afinal, inspirada pelo livro de Henry James, “A Volta do Parafuso” (que por sua vez foi adaptado para o cinema, no clássico absoluto do terror “Os Inocentes), a série bebe do horror gótico. No entanto, a série comandada por Mike Flanagan tem ambições mais psicológicas. O espectador que aguarda uma série cheia de sustos (como foi o caso da temporada anterior, “A Maldição da Residência Hill”), pode se decepcionar. Por mais que a história esteja recheada de fantasmas, estes não estão presentes para darem sustos. E sim para relembrar e confrontar os personagens de seus receios, arrependimentos, traumas e rancores. Portanto, é importante ressaltar ao espectador que enquanto a temporada anterior era mais próxima de “Invocação do Mal”, a nova temporada da série de sucesso da Netflix é equiparável a “Colina Escarlate”. Outra obra cujos espectros apresentados eram reflexos de traumas não superados dos protagonistas, pois tanto Flanagan quanto Guillermo del Toro sabem que é muito mais difícil superar uma sequela do passado do que enfrentar um monstro sobrenatural. A série se passa nos anos 80, mostrando uma jovem babá (Victoria Pedretti) que é contratada por um advogado (Henry Thomas) para cuidar de seus dois sobrinhos em uma mansão. Assim, a babá também será apresentada a uma governanta (T’Nia Miller), um cozinheiro (Rahul Kohli) e uma jardineira (Amelie Eve). Chegando lá, a jovem terá que fugir de seus demônios do passado e enfrentar as próprias mágoas e medos da mansão e de seus habitantes, já que as duas crianças apresentam comportamento estranho. Assim como em “A Maldição da Residência Hill”, o elenco da série é impecável (inclusive, repetindo muitos dos intérpretes da temporada anterior). A história consegue aprofundar e mostrar cada personagem de maneira tridimensional, assim sendo sabemos as motivações de cada um. Já é marca característica de Mike Flanagan em apresentar personagens que parecem ser reais, basta ver o exemplo dado em seu último filme “Doutor Sono”. Outra obra que mostrava que é muito mais assustador enfrentar um trauma do passado, do que uma entidade sobrenatural. Os 9 episódios da série são muito competentes, com exceção do 7º. Sem entrar em detalhes específicos, mas a decisão de mostrar a história de determinados personagens retirou muito do impacto a ser dimensionado nos episódios restantes. Portanto, é uma temporada mais irregular e menos redonda que a anterior. Isso não reduz o brilho de “A Maldição da Mansão Bly”. Uma série que respeita o espectador, apresenta personagens adultos e maduros. E que entende que o horror deve ser objeto de discussão, questionamento e reflexão. Por levantar tantos temas fascinantes (culpa, ressentimento, abuso, trauma, amor), a série deve ser vista. Pois jamais apresenta um fantasma gratuito ao espectador, e sim o desafia a confrontar os seus próprios fantasmas do passado. Nada mais assustador que isso. Observação: sempre fiquem atentos ao que está em volta nas cenas na mansão, assim como em “A Maldição da Residência Hill” inúmeros fantasmas estão escondidos nas cenas passadas no local título.
Em muito a adaptação da obra de Joe Hill se aproxima dos trabalhos de seu pai. Charlie Manx é um monstro tão assustador e fascinante quanto Pennywise, existe muito tempo anterior ao momento que o sobrenatural explode para contextualizar os personagens. No entanto, é triste constatar o contraste de texto entre os momentos vividos por Manx e Bing (interpretados magistralmente por Zachary Quinto e Olafur Darri Olafsson) e as situações envolvendo Victoria e Maggie (Asheleigh Cummings e Jahkara Smith). Enquanto os vilões possuem um texto refinado e interpretações sutis mas convincentes, o núcleo dos mocinhos falha miseravelmente. O texto é óbvio, as atuações não são das melhores, o contexto familiar falho é entediante e óbvio. A falta de desenvolvimento da protagonista é refletida até mesmo na sua vestimenta: raras as vezes ela troca seu figurino de camiseta preta e jaqueta de couro (quase como um uniforme de personagem da Turma da Mônica). Pior ainda é toda a participação de Maggie, que beira o ridículo. No entanto, a série não é um desastre completo por toda a mitologia de Charlie Manx, sua Terra do Natal e seus habitantes (esses visualmente inspirados na obra de Stephen King, "A Hora do Vampiro"). A verdade é que esses elementos são tão bons que fazem com que o espectador torça muito para que a série melhore, infelizmente não é o que ocorre. Na tentativa de ser uma adaptação preciosa como o caso do filme "Doutor Sono", "NOS4A2" é no máximo uma adaptação mediana dos anos 90 de Stephen King.
A mais recente adaptação do vampiro mais famoso da história, "Drácula" é um toque fresco ao personagem título. Que interpretado por Claes Bang exibe toda perversidade, crueldade, charme e sedução característicos (sendo a melhor interpretação de Drácula desde Gary Oldman na adaptação de Coppola em 1992). Os dois primeiros episódios são excepcionais, verdadeiras homenagens aos Dráculas anteriores (existem traços de Christopher Lee, Bela Lugosi, além da atmosfera remeter imediatamente aos longas da Hammer). Enquanto que o terceiro e derradeiro episódio da série optou por traçar uma análise metalinguística do livro de Bram Stoker. No entanto, enquanto busca demonstrar motivações e analisar o personagem, o roteiro esquece de refinar seu texto. Passagens que mesmo recheadas de significado, se tornam enfadonhas. Ao final, o saldo ainda é positivo. Mas fica a impressão que a dupla de roteiristas cometeu o mesmo pecado que na última temporada de Sherlock: se empolgaram tanto em entender e desvendar o personagem para o espectador, que esqueceram de dar atenção à narrativa. Assim, diferente dos dois primeiros episódios, o último terço da narrativa deixa a desejar.
Poucas vezes na Televisão uma série conseguiu ser tão engraçada, cativante, triste e profunda quanto "Fleabag". Uma mistura que nas mãos de um showrunner afobado, ou um roteirista despreparado poderia sair irregular. Mas não sob o comando de Phoebe Waller-Bridge, que constrói um número de piadas e situações dramáticas sempre sob a cumplicidade dos espectadores (incluindo um sem par de momentos quebrando a quarta parede, e incorporando isso à narrativa). Vi um sem número de crítica chamando a autora como "a mais nova (comediante homem x)". O que é absolutamente injusto: ela é a primeira e única Phoebe Waller-Bridge. A quem devemos agradecer por oferecer e nos permitir acompanhar (quase como personagens) sua visão excepcional.
Fato: não tinha como ser como a primeira temporada. Se esta era um thriller policial envolvendo misticismo e crença, a segunda temporada é um neo noir. Apesar de abraçar estilos diferentes do gênero policial, ambas compartilham de pontos muito específicos. Protagonistas quebrados (nenhum deles é isento de pecado, ou honrado), uma visão pessimista do mundo (que se tornou o lema nesta temporada, "Temos o mundo que merecemos"), e a constatação de que o homem é o pior dos animais. Assim sendo, aqui a história conta as trajetórias de: um gangster (Vince Vaughn) que quer tornar seus negócios lícitos, uma policial (Rachel McAdams) que reprime qualquer contato afetuoso por saber que vive num mundo de homens, um agente rodoviário/ex soldado (Taylor Kitsch) que reprime seus instintos no intuito de "fazer o certo", e um investigador (Colin Farrell) que teve sua vida desmoronada após sua ex-esposa ser violentada. Cada um deles vivendo em remorso, por saber que só se encontram na situação atual por escolha deles próprios. Todos contemplando o abismo, e sabendo que este olha de volta.
Pra quem se destina "Capitu"? Pros apaixonados por arte, pros que enxergam na vida um espetáculo capaz de alternar do mais belo romance até a mais triste tragédia, pra aqueles que buscam a beleza nos versos de um poema. Cheio de graça e prosa, com uma produção capaz de deixar embasbacado o mais experiente espectador de séries, "Capitu" é encantadora. A cereja do bolo deste encanto: perceber que tamanha maravilha, é uma produção brasileira.
Já adianto, "A Mansão Marsten" não é uma adaptação do livro de Stephen King melhor do que a dirigida por Tobe Hoper em 79. Inúmeras modificações com relação ao livro foram feitas, que em nada contribuem para a trama. Como atualizar a história dos anos 70 para os anos 2000, afinal: se um evento sobrenatural em proporções épicas tivesse ocorrido na era da Internet, a notícia não teria se espalhado rapidamente? Porém, certas adições funcionaram muito bem. O arco de Ben Mears (por mais canastrão que seja Rob Lowe) é mais interessante, o envolvimento de Eva com a mansão torna a história mais rica. Além da escalação de Donald Sutherland e Rutger Hauer, que transformam em ouro as poucas cenas em que aparecem. Pena que a direção estilo videoclipe (ah, 2004...) e certas inserções estúpidas (a perseguição de Danny e Ralphie) façam o espectador quase desviar os olhos da tela, numa mistura de horror e vergonha alheia. Não é um bom filme, mas não é um fracasso completo. No entanto, se você quer a melhor adaptação do livro "A Hora do Vampiro", fique com "Os Vampiros de Salem" de Tobe Hoper.
A Maldição da Mansão Bly
3.9 922 Assista AgoraInicialmente, “A Maldição da Mansão Bly” pode parecer um produto do horror clássico. Afinal, inspirada pelo livro de Henry James, “A Volta do Parafuso” (que por sua vez foi adaptado para o cinema, no clássico absoluto do terror “Os Inocentes), a série bebe do horror gótico. No entanto, a série comandada por Mike Flanagan tem ambições mais psicológicas.
O espectador que aguarda uma série cheia de sustos (como foi o caso da temporada anterior, “A Maldição da Residência Hill”), pode se decepcionar. Por mais que a história esteja recheada de fantasmas, estes não estão presentes para darem sustos. E sim para relembrar e confrontar os personagens de seus receios, arrependimentos, traumas e rancores.
Portanto, é importante ressaltar ao espectador que enquanto a temporada anterior era mais próxima de “Invocação do Mal”, a nova temporada da série de sucesso da Netflix é equiparável a “Colina Escarlate”. Outra obra cujos espectros apresentados eram reflexos de traumas não superados dos protagonistas, pois tanto Flanagan quanto Guillermo del Toro sabem que é muito mais difícil superar uma sequela do passado do que enfrentar um monstro sobrenatural.
A série se passa nos anos 80, mostrando uma jovem babá (Victoria Pedretti) que é contratada por um advogado (Henry Thomas) para cuidar de seus dois sobrinhos em uma mansão. Assim, a babá também será apresentada a uma governanta (T’Nia Miller), um cozinheiro (Rahul Kohli) e uma jardineira (Amelie Eve). Chegando lá, a jovem terá que fugir de seus demônios do passado e enfrentar as próprias mágoas e medos da mansão e de seus habitantes, já que as duas crianças apresentam comportamento estranho.
Assim como em “A Maldição da Residência Hill”, o elenco da série é impecável (inclusive, repetindo muitos dos intérpretes da temporada anterior). A história consegue aprofundar e mostrar cada personagem de maneira tridimensional, assim sendo sabemos as motivações de cada um. Já é marca característica de Mike Flanagan em apresentar personagens que parecem ser reais, basta ver o exemplo dado em seu último filme “Doutor Sono”. Outra obra que mostrava que é muito mais assustador enfrentar um trauma do passado, do que uma entidade sobrenatural.
Os 9 episódios da série são muito competentes, com exceção do 7º. Sem entrar em detalhes específicos, mas a decisão de mostrar a história de determinados personagens retirou muito do impacto a ser dimensionado nos episódios restantes. Portanto, é uma temporada mais irregular e menos redonda que a anterior. Isso não reduz o brilho de “A Maldição da Mansão Bly”. Uma série que respeita o espectador, apresenta personagens adultos e maduros. E que entende que o horror deve ser objeto de discussão, questionamento e reflexão. Por levantar tantos temas fascinantes (culpa, ressentimento, abuso, trauma, amor), a série deve ser vista. Pois jamais apresenta um fantasma gratuito ao espectador, e sim o desafia a confrontar os seus próprios fantasmas do passado.
Nada mais assustador que isso.
Observação: sempre fiquem atentos ao que está em volta nas cenas na mansão, assim como em “A Maldição da Residência Hill” inúmeros fantasmas estão escondidos nas cenas passadas no local título.
NOS4A2 (1ª Temporada)
3.1 40Em muito a adaptação da obra de Joe Hill se aproxima dos trabalhos de seu pai. Charlie Manx é um monstro tão assustador e fascinante quanto Pennywise, existe muito tempo anterior ao momento que o sobrenatural explode para contextualizar os personagens. No entanto, é triste constatar o contraste de texto entre os momentos vividos por Manx e Bing (interpretados magistralmente por Zachary Quinto e Olafur Darri Olafsson) e as situações envolvendo Victoria e Maggie (Asheleigh Cummings e Jahkara Smith). Enquanto os vilões possuem um texto refinado e interpretações sutis mas convincentes, o núcleo dos mocinhos falha miseravelmente. O texto é óbvio, as atuações não são das melhores, o contexto familiar falho é entediante e óbvio. A falta de desenvolvimento da protagonista é refletida até mesmo na sua vestimenta: raras as vezes ela troca seu figurino de camiseta preta e jaqueta de couro (quase como um uniforme de personagem da Turma da Mônica). Pior ainda é toda a participação de Maggie, que beira o ridículo. No entanto, a série não é um desastre completo por toda a mitologia de Charlie Manx, sua Terra do Natal e seus habitantes (esses visualmente inspirados na obra de Stephen King, "A Hora do Vampiro"). A verdade é que esses elementos são tão bons que fazem com que o espectador torça muito para que a série melhore, infelizmente não é o que ocorre. Na tentativa de ser uma adaptação preciosa como o caso do filme "Doutor Sono", "NOS4A2" é no máximo uma adaptação mediana dos anos 90 de Stephen King.
Drácula (1ª Temporada)
3.1 417A mais recente adaptação do vampiro mais famoso da história, "Drácula" é um toque fresco ao personagem título. Que interpretado por Claes Bang exibe toda perversidade, crueldade, charme e sedução característicos (sendo a melhor interpretação de Drácula desde Gary Oldman na adaptação de Coppola em 1992). Os dois primeiros episódios são excepcionais, verdadeiras homenagens aos Dráculas anteriores (existem traços de Christopher Lee, Bela Lugosi, além da atmosfera remeter imediatamente aos longas da Hammer). Enquanto que o terceiro e derradeiro episódio da série optou por traçar uma análise metalinguística do livro de Bram Stoker. No entanto, enquanto busca demonstrar motivações e analisar o personagem, o roteiro esquece de refinar seu texto. Passagens que mesmo recheadas de significado, se tornam enfadonhas.
Ao final, o saldo ainda é positivo. Mas fica a impressão que a dupla de roteiristas cometeu o mesmo pecado que na última temporada de Sherlock: se empolgaram tanto em entender e desvendar o personagem para o espectador, que esqueceram de dar atenção à narrativa. Assim, diferente dos dois primeiros episódios, o último terço da narrativa deixa a desejar.
Fleabag (1ª Temporada)
4.4 626 Assista AgoraPoucas vezes na Televisão uma série conseguiu ser tão engraçada, cativante, triste e profunda quanto "Fleabag". Uma mistura que nas mãos de um showrunner afobado, ou um roteirista despreparado poderia sair irregular. Mas não sob o comando de Phoebe Waller-Bridge, que constrói um número de piadas e situações dramáticas sempre sob a cumplicidade dos espectadores (incluindo um sem par de momentos quebrando a quarta parede, e incorporando isso à narrativa). Vi um sem número de crítica chamando a autora como "a mais nova (comediante homem x)". O que é absolutamente injusto: ela é a primeira e única Phoebe Waller-Bridge. A quem devemos agradecer por oferecer e nos permitir acompanhar (quase como personagens) sua visão excepcional.
True Detective (2ª Temporada)
3.6 772Fato: não tinha como ser como a primeira temporada. Se esta era um thriller policial envolvendo misticismo e crença, a segunda temporada é um neo noir. Apesar de abraçar estilos diferentes do gênero policial, ambas compartilham de pontos muito específicos. Protagonistas quebrados (nenhum deles é isento de pecado, ou honrado), uma visão pessimista do mundo (que se tornou o lema nesta temporada, "Temos o mundo que merecemos"), e a constatação de que o homem é o pior dos animais.
Assim sendo, aqui a história conta as trajetórias de: um gangster (Vince Vaughn) que quer tornar seus negócios lícitos, uma policial (Rachel McAdams) que reprime qualquer contato afetuoso por saber que vive num mundo de homens, um agente rodoviário/ex soldado (Taylor Kitsch) que reprime seus instintos no intuito de "fazer o certo", e um investigador (Colin Farrell) que teve sua vida desmoronada após sua ex-esposa ser violentada. Cada um deles vivendo em remorso, por saber que só se encontram na situação atual por escolha deles próprios. Todos contemplando o abismo, e sabendo que este olha de volta.
Capitu
4.5 629Pra quem se destina "Capitu"? Pros apaixonados por arte, pros que enxergam na vida um espetáculo capaz de alternar do mais belo romance até a mais triste tragédia, pra aqueles que buscam a beleza nos versos de um poema. Cheio de graça e prosa, com uma produção capaz de deixar embasbacado o mais experiente espectador de séries, "Capitu" é encantadora. A cereja do bolo deste encanto: perceber que tamanha maravilha, é uma produção brasileira.
A Mansão Marsten
3.0 73Já adianto, "A Mansão Marsten" não é uma adaptação do livro de Stephen King melhor do que a dirigida por Tobe Hoper em 79. Inúmeras modificações com relação ao livro foram feitas, que em nada contribuem para a trama. Como atualizar a história dos anos 70 para os anos 2000, afinal: se um evento sobrenatural em proporções épicas tivesse ocorrido na era da Internet, a notícia não teria se espalhado rapidamente? Porém, certas adições funcionaram muito bem. O arco de Ben Mears (por mais canastrão que seja Rob Lowe) é mais interessante, o envolvimento de Eva com a mansão torna a história mais rica. Além da escalação de Donald Sutherland e Rutger Hauer, que transformam em ouro as poucas cenas em que aparecem. Pena que a direção estilo videoclipe (ah, 2004...) e certas inserções estúpidas (a perseguição de Danny e Ralphie) façam o espectador quase desviar os olhos da tela, numa mistura de horror e vergonha alheia. Não é um bom filme, mas não é um fracasso completo. No entanto, se você quer a melhor adaptação do livro "A Hora do Vampiro", fique com "Os Vampiros de Salem" de Tobe Hoper.