Então, eu não sou nenhum grande entendedor de filmes. Sou daquela massa do público geral que deve conseguir absorver, se muito, uns 20% do que o filme expressa... Mas eu gostei desse filme. Na minha interpretação é uma especie de pulp fiction(tanto por "gênero" como pela própria obra consagrada do Tarantino), uma "novela policial", quadrinhesca, com dramas carregados. Ele se equilibra mesclando ou oscilando entre o realismo com o drama ficcional, e a narrativa é brilhante.
Uma das coisas que gostei foi da forma como ele vai enganando em vários momentos. Diversas vezes fui levado a me precipitar achando que o filme iria para um caminho mas ele vai guinando para outro, ele vai pontuando a estória como uma pipa com aqueles puxões fazendo mudar de direção meio repentinamente, sabe? Essa é a imagem que me vem na cabeça. rs Gostei da forma como o filme começa tenso, pesado mesmo. É desconfortável até na piadinha que o Octavio conta pra cunhada no início sobre os bebês. Eu fiquei muito desconfortável com aquilo, e isso faz todo sentido com o universo daquele núcleo, por mais errado que aquilo seja, e dalí por diante a gente vai vendo como tudo naquele universo é pesado, é duro, é sujo, e a nossa moral vira o menor dos problemas naquele lugar, em que tá TUDO muito errado. Todo o decorrer de "Octavio y Susana" eu achei muito vibrante. A trama do núcleo é muito bem construída. A conjuntura do conflito familiar é cheia de detalhes. O micro e macrocosmo deles é cheio de tensão, de violência, de paixão, tudo alí é muito vibrante e carregado e eu gostei disso. Talvez o melhor ato tenha sido o primeiro. Depois a narrativa vai sendo desvelada e gradualmente a tensão parece que vai se esvair e aí BAM!!! Um novo climax, de novo (não sei se usei o termo da forma adequada). Gostei dessa condução "esquenta-amorna-esquenta", Pra mim foi esse o ponto que me ganhou: esse vai-e-vem, Esse começar fervilhando e depois esfriando e aí esquenta muito de novo, e assim por diante. No entanto, uma pena que, pra mim, na verdade, não conseguiu manter-se dessa forma até o final com uma intensidade adequada, mas achei que mesmo assim se resolveu bem boa parte das coisas, Eu queria apenas ter visto o primeiro núcleo ser mais explorado quando foi revisitado em outros momentos. Enfim, o filme é pesado, mas eu gostei bastante! E confesso que inicialmente fiquei com a sensação de "Meu Deus, pq q eu to vendo isso?! Não! Alguém faz isso parar!!!" Mas, absorvido o impacto, entendi que aquela sujeira e violencia trata-se de um elemento usado bem estrategicamente, e se você passa daquele ápice incial, leva o resto do filme de boa, pois com e após o "caos" a estória vai mostrando bem sua riqueza. Outra coisa que achei legal é que a narrativa tem um elemento "quadrinhesco" nas transições, tbm. O filme é recheado dessas sacadinhas, algumas bem legais, e acho que isso ajuda a não ser uma barbárie puramente, ele acaba equilibrando a favor da ficção e suavizando a tensão do realismo. Isso tbm acontece com alguns elementos da estória que, digamos, não convencem. Mas eu acabei aceitando por entender que "ok, isso precisa acontecer pra estória se desenvolver, tudo bem". Outra coisa que também achei positiva foi a coerência com o título "amores perros", pois os cães são centrais no desenvolvimento da história. Tudo que é importante passa de uma forma ou de outra pelos cães. Em suma, eu consegui entender dessa maneira: é uma especie de pulp fiction(tanto enquanto gênero quanto como a própria obra consagrada do Tarantino), uma "novela policial", quadrinhesca com dramas carregados e a narrativa é brilhante. Bom. Esses foram meus dois centavos, espero ter conseguido expressar um pouco do que me atraiu nessa parada toda.
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Amores Brutos
4.2 818 Assista AgoraEntão, eu não sou nenhum grande entendedor de filmes. Sou daquela massa do público geral que deve conseguir absorver, se muito, uns 20% do que o filme expressa... Mas eu gostei desse filme.
Na minha interpretação é uma especie de pulp fiction(tanto por "gênero" como pela própria obra consagrada do Tarantino), uma "novela policial", quadrinhesca, com dramas carregados. Ele se equilibra mesclando ou oscilando entre o realismo com o drama ficcional, e a narrativa é brilhante.
Uma das coisas que gostei foi da forma como ele vai enganando em vários momentos. Diversas vezes fui levado a me precipitar achando que o filme iria para um caminho mas ele vai guinando para outro, ele vai pontuando a estória como uma pipa com aqueles puxões fazendo mudar de direção meio repentinamente, sabe? Essa é a imagem que me vem na cabeça. rs Gostei da forma como o filme começa tenso, pesado mesmo. É desconfortável até na piadinha que o Octavio conta pra cunhada no início sobre os bebês. Eu fiquei muito desconfortável com aquilo, e isso faz todo sentido com o universo daquele núcleo, por mais errado que aquilo seja, e dalí por diante a gente vai vendo como tudo naquele universo é pesado, é duro, é sujo, e a nossa moral vira o menor dos problemas naquele lugar, em que tá TUDO muito errado. Todo o decorrer de "Octavio y Susana" eu achei muito vibrante. A trama do núcleo é muito bem construída. A conjuntura do conflito familiar é cheia de detalhes. O micro e macrocosmo deles é cheio de tensão, de violência, de paixão, tudo alí é muito vibrante e carregado e eu gostei disso. Talvez o melhor ato tenha sido o primeiro. Depois a narrativa vai sendo desvelada e gradualmente a tensão parece que vai se esvair e aí BAM!!! Um novo climax, de novo (não sei se usei o termo da forma adequada). Gostei dessa condução "esquenta-amorna-esquenta", Pra mim foi esse o ponto que me ganhou: esse vai-e-vem, Esse começar fervilhando e depois esfriando e aí esquenta muito de novo, e assim por diante. No entanto, uma pena que, pra mim, na verdade, não conseguiu manter-se dessa forma até o final com uma intensidade adequada, mas achei que mesmo assim se resolveu bem boa parte das coisas, Eu queria apenas ter visto o primeiro núcleo ser mais explorado quando foi revisitado em outros momentos. Enfim, o filme é pesado, mas eu gostei bastante! E confesso que inicialmente fiquei com a sensação de "Meu Deus, pq q eu to vendo isso?! Não! Alguém faz isso parar!!!" Mas, absorvido o impacto, entendi que aquela sujeira e violencia trata-se de um elemento usado bem estrategicamente, e se você passa daquele ápice incial, leva o resto do filme de boa, pois com e após o "caos" a estória vai mostrando bem sua riqueza.
Outra coisa que achei legal é que a narrativa tem um elemento "quadrinhesco" nas transições, tbm. O filme é recheado dessas sacadinhas, algumas bem legais, e acho que isso ajuda a não ser uma barbárie puramente, ele acaba equilibrando a favor da ficção e suavizando a tensão do realismo. Isso tbm acontece com alguns elementos da estória que, digamos, não convencem. Mas eu acabei aceitando por entender que "ok, isso precisa acontecer pra estória se desenvolver, tudo bem".
Outra coisa que também achei positiva foi a coerência com o título "amores perros", pois os cães são centrais no desenvolvimento da história. Tudo que é importante passa de uma forma ou de outra pelos cães.
Em suma, eu consegui entender dessa maneira: é uma especie de pulp fiction(tanto enquanto gênero quanto como a própria obra consagrada do Tarantino), uma "novela policial", quadrinhesca com dramas carregados e a narrativa é brilhante.
Bom. Esses foram meus dois centavos, espero ter conseguido expressar um pouco do que me atraiu nessa parada toda.