Luiz Fellipe

Aí vai um relato longo, pessoal e chato (mas sem spoilers).
Superar preconceitos é uma experiência sensacional. Ver as coisas sem o véu da arrogância que é estabelecer um julgamento pré-concebido é, no mínimo, um exercício de humildade. E cá estou eu, praticando esse ato de desprendimento e admitindo: que série ótima.
Quando a primeira temporada de Vampire Diaries saiu, eu era primeiro ano do ensino médio e muita gente começou a assistir. Eu nunca dei muita bola, e depois que começou a onda de vampirismo que seguiu o sucesso de Crepúsculo eu simplesmente coloquei na cabeça que era ruim. Ruim não, era péssimo. Ridículo. Como alguém podia assistir isso? Vish, vamo melhorar esse gosto aí.
Passei um bom tempo julgando quem assistia esse seriado, sem nunca ter visto um episódio. Até que, seis anos de implicância e uma cabeça menos fechada depois, eu resolvi sentar com minha irmã pra assistir dois episódios. E foi levemente vergonhoso admitir a ignorância com que eu julguei essa série sem nunca ter dado o mínimo de atenção que ela merecia.
Eu não vou aqui dizer que é uma obra-prima da televisão, ou que é a melhor série que eu já vi, porque muito provavelmente esses não são sequer os objetivos dos produtores. Mas é, com certeza, uma série digna não do mínimo, mas de um bocado de atenção, porque é bem escrita, bem pensada e bem atuada.
Partindo da premissa de que você gosta de fantasia, a história é muito instigante. É criativa, inventiva, e, ainda que não seja inovadora em seu pano de fundo (vampiros, bruxas e lobisomens não são exatamente uma novidade), cumpre bem o que se propõe a fazer - inserir esse folclore na ambientação do século XXI. Numa ambientação adolescente, sim, mas mesmo sendo esse o público-alvo, os criadores da série cumprem a proposta de um jeito maduro e consistente.
Quando tem romance, não é exagerado ou amplificado como seria de se esperar nesse gênero; quando há conflito, ele é bem desenvolvido; quando se faz uso da violência, não é banal - aliás, é o que muitas vezes transmite verossimilhança.
Mas o ponto alto da série, pra mim, com certeza é a mescla que se faz do passado com o presente. A forma como se intermedeia o enredo presente com os fatos passados, o modo como o desenvolvimento pessoal de um personagem de mais de 150 anos não é repentino, mas sofrido e plausível, a inserção e a adaptação das personalidades às épocas em que se apresentam (e não aponto aqui a precisão histórica, que não é o foco).
Outro aspecto forte: as atuações. O elenco é muito bom mesmo, e palmas pra Nina Dobrev (que eu julgava ser uma Kristen Stewart da televisão) por fazer dois papéis tão diferentes sem deixar que os traços de um influenciem no outro.
Enfim, série boa, entretenimento de qualidade, hoje recomendo sem pensar duas vezes.

PS: QUE PLOT TWIST SENSACIONAL ESSE SEASON FINALE MEU DEUS DO CÉU

exposição excelente pra compreender um pouco dos sistemas penal e prisional, além da relação inseparável entre o modelo de sociedade de consumo e o crescimento da violência e da população carcerária no brasil.

as referências musicais são ótimas, a trilha sonora é massa, mas que filminho chato. precisei parar duas vezes pra conseguir assistir inteiro. dispensável, podia ter sido uma playlist com a trilha sonora.