Não parece nada com um filme do Spielberg. Parece que encomendaram o filme para algum diretor x e ele só cumpriu as ordens do estúdio. Pouca coisa se sobressai, pouca coisa tem cara de Spielberg. Como comparação, As Aventuras de Tintin é 100% CGI e é um dos melhores da safra atual do diretor.
A obsessão de Percy parece ser guiada, primeiramente, pela vontade de ganhar títulos e limpar a péssima imagem atribuída à sua família por seu pai. No entanto, a ambição por títulos cede à natureza do personagem pela busca do desconhecido. Um desejo que, ao que tudo indica, é passado ao seu filho mais velho. Ao final, o diretor James Gray nos indica que, independente do resultado da última expedição de Percy, ele atingiu seu objetivo. Um profundo diálogo entre ele e seu filho - no escuro da selva, banhada pelas luzes douradas das tochas dos índios - comprova que Percy encontrou Z e todo seu ouro. Que belo filme!
Natalie Portman é, provavelmente, a melhor atriz da sua geração. Atuação espetacular, nível Cisne Negro. A Jackie dela muda de tom em diversos momentos: são varias Jackies (e Natalies), a da entrevista, a de frente para as câmeras, a Jackie antes e depois do assassinato. É um filme profundamente triste, com alguns toques de suspense psicológico interessantes. Por vezes, a Casa Branca soa como uma maldição para aqueles personagens, ao mesmo tempo em que se discute a construção de figuras públicas e a vaidade em torno disso. Acho que deveria ter sido mais valorizado ano passado, é sensacional!
É...é ok. Parece o mesmo filme que vi um bocado de vezes, mas não tão bom. Lembra A Conquista da Honra, Cartas para Iwo Jima, Regaste do Soldado Ryan, mas com menor qualidade. Mel Gibson dirige bem cenas de ação e o Garfield torna o personagem palpável. De resto, fotografia ok, sem grandes momentos a serem marcados. Não me pareceu um concorrente a altura para estar entre os indicados não. Mas, enfim.
Jordan Peele: um nome pra ficar de olho. Que direção! Há alguns problemas de ritmo, mas o roteiro e a construção de tensão dão conta do recado. A atuação do Daniel Kaluuya também segura muito bem o filme, transitando bem entre o cômico e o terror, já que a situação pela qual ele passa é absurda. Aliás, a própria aproximação entre a comédia e o terror me pareceu um dos pontos altos do filme. A risada diante do absurdo, que cede, aos poucos, ao medo, parece ser a maior arma que o roteiro carrega consigo. E a direção e os atores conseguem fazer bem essa passagem. O final poderia ter sido melhor construído, acho que ficou a sensação que o filme entrega pouco, depois de criar tanta expectativa. Mas é filmão!
Com uma interpretação absurda do McAvoy, Fragmentado parece marcar a "volta por cima" do Shyamalan. Fragmentado é um filme que retoma todas as assinaturas estéticas e narrativas do diretor, os indivíduos desajustados, o contexto espiritual, os closes, a câmera fluindo entre os personagens ao londo do diálogo, o plot twist. Aqui o plot twist funciona de forma muito mais sutil, quase como se o diretor evitasse cair nos erros passados de pontuar o twist como um momento definitivo da trama. Há, no entanto, alguns momentos que parecem fragilizar a obra, como algumas mudanças de ritmo e tom, quase como se o diretor mudasse o gênero do filme. Ao mesmo tempo, tais mudanças, se em um primeiro momento soam forçadas, logo se tornam um dos triunfos do filme e de seu narrativa, e o diretor consegue retomar os trilhos do filme. É um filmão, que consegue permanecer na mente do espectador horas depois que termina, seja devido aos momentos de tensão preciosos pelo qual o espectador passa, seja por discussões interessantes que o filme suscita. E, principalmente, devido à cena final, que será muito comemorada pelos fãs de longa data do Shyamalan. Torço para que o diretor mantenha este ritmo.
Há muito em Paterson, mais do que aparenta, assim como há muito em uma caixa de fósforo, ou em uma conversa de estranhos dentro do ônibus. É a poesia brotando de todo lugar e instante, com um pouco de melancolia que a arte precisa ter. Que belo filme!
Uma análise em duas grandes partes da velhice e da morte. Ao mesmo tempo, um filme que retrata a vida acelerada de Tóquio frente à vida bucólica do interior. Há uma estranheza inicial na forma que os personagens se tratam e no ritmo do filme, mas acredito que seja, sobretudo, devido à época e à cultura, diferente da nossa em inúmeros aspectos. Ao mesmo tempo, é uma comentário, por vezes bastante ácido, das relações entres pais e filhos. E, o mais interessante, o filme não se preocupa apenas em demonstrar como os filhos passam a tratar os pais quando estes se encontram mais velhos, mas apresenta o ponto de vista dos pais em relação às suas expectativas com os filhos. O diálogo no bar é impressionante e impecável, porque aprofunda ainda mais o personagem do pai e a relação com seus filhos. É um belíssimo filme. P.S.: Vi alguns comentários aqui sobre a fotografia ser fraca. Como assim pessoal? E a forma que ele filma os interiores, os personagens, a forma que eles se posicionam? A cena da praia em que os dois estão sentados em frente ao mar? Se aquilo for fotografia ruim, eu, sinceramente, não sei o que vocês esperam de uma boa fotografia, hahaha. Queria eu fotografar mal desse jeito.
O primeiro ato é sensacional, toda a jornada do garoto é impressionante. O segundo ato é bastante irregular, parece que falta momentos mais determinantes para entendermos quando o Saroo começou a procurar, quando a relação dele e da Lucy degringolou. Parece que faltou um pouco mais de cuidado com o personagem nesse momento, do nado vemos um Saroo perturbado pelo passado, quando seria mais interessante fazer a mesma construção cautelosa que fez com o Saroo criança. O terceiro, no entanto, é extremamente bonito e foi nele que entendi a indicação do Dev Patel. A entrega do filme é belíssima e compensa os erros do segundo ato. Mas, o que me emocionou ainda mais, foi ver as imagens reais dos personagens. É um belo filme.
Assisti Manchester há uma semana já. Desde então, o filme não me sai da cabeça. São as relações familiares, a dor, a culpa, o medo, os assuntos abordados aqui. É, provavelmente, um dos filmes mais densos da temporada. O filme vai construindo sua história quase como um quebra-cabeças. Quando o jogo está montado, e entendemos as motivações daqueles personagens todos, já estamos suficientemente presos às suas angústias e medo. Mas com um roteiro e direção brilhantes, o filme consegue te proporcionar leves e singelos momentos de descontração e risadas, sobretudo ao acompanhar mais de perto a relação entre tio e sobrinho, no dia a dia. É um filme difícil e triste, mas profundamento bonito. Apesar de conter cenas arrasadoras (a da delegacia, a da geladeira, o diálogo entre marido e mulher destruídos pela culpa), o final é menos amargo do que aparenta. A sensação é a de que estamos todos à beira mar mesmo, como um barco à deriva, mas um pouco mais estáveis quando aqueles que amamos estão conosco neste barco. Meu filme preferido dessa leva do Oscar.
A química entre Mark Duplass e Sarah Paulson é impressionante, mas é ela quem domina o filme. Que atuação! A cena da encenação no jantar é bonita demais, e conforme eles vão avançando nas memórias os diálogos vão ficando mais ambíguos e ricos, lembrando muito Cópia Fiel. O monólogo sobre os galgos é, provavelmente, o ápice dessa construção. O final traz algumas informações fundamentais sobre o casal, mas me pareceu ligeiramente forçado. No entanto, é um filme cuidadoso com seus personagens e singelo na maneira que nos transporta para como eles eram quando jovens. É profundo sobre como guardarmos lembranças daqueles que (já) amamos. Belo filme.
Sobre memórias, tempo, velhice, morte. Mas também sobre juventude, acolhimento, fotografia, resignação. Histórias é um belo retrato do tempo que passa, das marcas que ele nos deixa, do nosso medo em reconhecer a impossibilidade de reter certas coisas. Com uma grande atuação de Sônia Guedes e uma fotografia certeira, um toque especial de realismo fantástico, é mais um exemplo de um filme profundamente belo do nosso cinema. É até necessário revisitar essa obra, por trás do véu da simplicidade e do ritmo mais lento, há tanto significado...Belo filme!
É muito bom ver uma franquia retornando sem soar mero caça-níquel. É evidente que a Warner queria era mesmo voltar a ter estabilidade, com o retorno de HP ao cinema, depois que todas as suas franquias rentáveis acabaram ou estão capengando (o universo DC ainda está bem frágil). Assim, em momento algum a história de Animais Fantásticos soa como gratuita. Pelo contrário, apesar dela ser permeada por referências à franquia que lhe deu origem, ela é perfeitamente autônoma, assim como seus personagens. E, sem dúvidas, os personagens desenvolvidos pelo roteiro da própria JK são o ponto alto do filme. Os quatro protagonistas possuem uma bela química e todos possuem um arco dentro da narrativa, ainda que de forma muito sutil. O roteiro permite que os atores explorem seus personagens, por isso é muito bacana ver como o Eddie Redmayne muda de forma impressionante a voz e os trejeitos do seu Newt, quando ele está dentro da mala, ou com os Animais do título, diferente do Newt tímido e fechado do mundo de fora dela. E vale destacar também a direção de arte belíssima, com uma recriação muito bacana da Nova York dos anos 1920, assim como um belo Congresso da Magia (ainda que o Ministério de Londres seja muito mais interessante e menos digitalizado). É um filme muito bom, com grande originalidade, sobretudo em um conceito chave que é apresentado no segundo ato do filme e que é responsável pelo seu plot twist no terceiro ato. É bom saber que nos próximos anos teremos Star Wars e Harry Potter (ou Animais Fantásticos) de volta, e da melhor forma possível!
Em tempos em que Trump é eleito com um discurso contra imigrantes, esse filme, como tantos outros, ajuda a refletir, como o EUA foi construído por imigrantes. Ao mesmo tempo, procura lembrar que as ondas de imigração andaram juntas com a violência, sobretudo a violência contra a mulher imigrante, bem como sua exploração, o que torna ainda mais interessante repensar o filme no contexto político atual norte-americano, uma vez que o discurso de Trump, em grande medida, também é machista. É um filme triste, ainda que ligeiramente esperançoso, mas jamais fantasioso, sobre a condição dos imigrantes na terra da "liberdade". Não é a toa que o filme abre com a imagem da estátua, e possui em suas cenas finais a estátua "observando" dois homens praticamente negociando o destino de uma mulher. Vale a pena ser visto, passou meio despercebido, mas é um ótimo filme.
Demorei pra assistir Spotlight, quase um ano depois que saiu. Mas que grande filme, longe de ser uma grande invenção cinematográfica, marcante de época e geração, é um filme que procura tratar seu tema de maneira direta e objetiva. E o faz da forma mais acertada possível. "If it takes a village to raise a child, it takes a village to abuse them. That's the truth of it." A frase dita por um dos personagens do filme é extremamente emblemática. Ela é contextualizada em relação aos casos de abusos infantis da igreja católica, que no filme nos é exposto muito mais do que meros casos aleatórios, mas como todo um sistema que os sustenta. No entanto, me parece ser certeira para qualquer caso em que a infância é fragilizada, seja por conta de sistemas religiosos, seja por conta do Estado (polícia, por exemplo), seja por conta de "sistemas" de opressão sociais. E para o personagem é a verdade que deve ser aceita pela sociedade. Filmão!
Kleber Mendonça cravando seu nome, ainda mais, no nosso cinema e no cinema mundial. Aquarius é um obra ambígua, em diversos sentidos. Transita entre o leve e o denso, o drama e o suspense. A tensão levemente construída pelo diretor permite que a narrativa se mantenha em ritmo, e gera a aura de surrealidade que a representação de uma sociedade, como a brasileira, precisa. O tema central de Aquarius, no entanto, é a memória, e como a memória pode ser corrompida, destruída ou absorvida pela modernidade (ou pelo capital). No entanto, a crítica do diretor não se direciona apenas à construtora, que pressiona Clara de diversas formas para fazer com que ela entregue seu apartamento. A crítica aqui é contra a própria Clara, ainda que de forma muito sutil e complacente à protagonista. Sonia Braga entende essa crítica e também entrega uma personagem rica, cheia de nuances, que transita em diversas Claras, apesar de sempre manter a aparência de senhora calma. Mas, como em toda grande obra, com diversas camadas de análise, a genialidade está nos detalhes, no caso de Aquarius, em seus coadjuvantes. São nas histórias paralelas deles que entendemos o sentido de Aquarius. A memória, assim como os bens, é seletiva. E pode ser determinada também pela classe social em que estamos inseridos. Fora alguns momentos em que o ritmo parece não corresponder à narrativa, ou a tentativa de Kleber de adicionar elementos de críticas a mais do que a narrativa possa sustentar (a crítica às associações com grupos religiosos é interessante, mas fica ligeiramente perdida no filme), Aquarius é a obra que documenta um momento da nossa sociedade, mas que também investiga os personagens que fazem parte dela. No final, é sempre é sempre a dualidade Casa Grande e Senzala que restam.
A intenção não é questionar o papel dos grandes traficantes, mas colocar em foco os indivíduos, e seus motivos, que se submetem ao tráfico. Ao longo dele nos apegamos ao personagens, e ao final qualquer tipo de maniqueísmo se esvai. É um filme com um final forte, bastante cruel. O mais interessante é que é de um diretor jovem, que fez parte da produção da segunda temporada de Narcos. São visões bem diferentes sobre um mesmo problema, na Colômbia, e na América Latina. E isso o diretor deixa bem claro. Tá na netflix e é recomendável pra caramba.
Mestre Billy Wilder entrega um dos melhores filmes de tribunais já feitos. O plot twist do final é apenas a cereja do bolo para uma obra de direção impecável e atuações de Marlene Dietrich e Charles Laughton impressionantes.
Filmes que retratam o Alzheimer costumam ter reflexões interessantes, tristes e belas sobre a memória e relacionamentos. Amor e Para Sempre Alice são assim. Mas é esse Longe Dela que me tocou mesmo. A relação do casal protagonista é uma das mais bonitas que já vi em um filme. Diferente de Amor, com seu tom pesado, soturno, Longe Dela também reflete sobre os sacrifícios que uma pessoa faz pela outra quando a ama. O senhor, protagonista da trama, apesar de toda a dor do esquecimento, aceita a distância física e psicológica de sua esposa com Alzheimer. E cede, até mesmo, quando a vê apaixonada por outro homem. É profundamente belo, estudando cautelosamente o passado do casal, a forma que se conheceram, a maneira que ambos foram envelhecendo juntos. A fotografia sempre enquadrando a charmosa Julie Christie, ressaltando sua beleza, e demonstrando para nós a forma que Grant, seu marido, a olha admirado, mesmo depois de tantos anos. E que interpretação a desses dois atores. Aliás, todo o elenco é sensacional, com destaque para a enfermeira que serve como suporte de Grant quando este vai visitar sua esposa no asilo. É uma das gratas surpresas singelas que a Netflix nos reserva quando menos esperamos. Recomendo muito!
Tentando entender se gostei ou não. É um filme que parece andar na linha tênue entre a experimentação e a aparência experimental para esconder a narrativa frágil. Mas, no todo, enquanto representante de gênero, a construção do suspense e do terror é muito bem feita, seja pela interpretação pontual da Scarlett, seja pela trilha. É o tipo de filme que te deixa extremamente incomodado, mas sem soar gratuito. Ao mesmo tempo, é bem difícil de digerir e perde um pouco do ritmo no seu terceiro ato. De qualquer forma, creio que será um filme ainda muito revisto e discutido no futuro. E vai ganhando seu lugar no panteão dos filmes "cults". Vale a pena ver, pela estranheza, pelo conceito de alienígena e ficção científica que apresenta e pela Scarlett, claro.
Filme reflexivo e, até certo ponto, forte sobre relacionamentos e abordagens abusivas. O primeiro ato do filme me incomodou, pois esperava que ele tratasse a postura do Ele como natural. Mas o segundo ato inverte a situação de forma muito interessante, ainda que não tão bem realizada. O filme deixa várias pontas soltas, apesar de dar indicações para nós as amarrarmos. Mas não sei até onde é algo a ser celebrado no roteiro. De qualquer forma, é um filme atual, sobretudo no segundo ato, por subverter completamente o jogo e até o próprio gênero do filme. É um exercício de narrativa interessante, mas não sei se completamente exitoso. E não sei até onde a solução do final foi interessante para aquele arco de personagens. De qualquer forma, acho que vale a pena ser conferido.
Jogador Nº 1
3.9 1,4K Assista AgoraNão parece nada com um filme do Spielberg. Parece que encomendaram o filme para algum diretor x e ele só cumpriu as ordens do estúdio.
Pouca coisa se sobressai, pouca coisa tem cara de Spielberg.
Como comparação, As Aventuras de Tintin é 100% CGI e é um dos melhores da safra atual do diretor.
Z: A Cidade Perdida
3.4 320 Assista AgoraA obsessão de Percy parece ser guiada, primeiramente, pela vontade de ganhar títulos e limpar a péssima imagem atribuída à sua família por seu pai. No entanto, a ambição por títulos cede à natureza do personagem pela busca do desconhecido. Um desejo que, ao que tudo indica, é passado ao seu filho mais velho. Ao final, o diretor James Gray nos indica que, independente do resultado da última expedição de Percy, ele atingiu seu objetivo. Um profundo diálogo entre ele e seu filho - no escuro da selva, banhada pelas luzes douradas das tochas dos índios - comprova que Percy encontrou Z e todo seu ouro. Que belo filme!
Planeta dos Macacos: A Guerra
4.0 955 Assista AgoraPelamor de Cesar, deem um Oscar ao Andy Serkys e ao Michael Giacchino.
Que atuação e que trilha sonora!
Jackie
3.4 739 Assista AgoraNatalie Portman é, provavelmente, a melhor atriz da sua geração.
Atuação espetacular, nível Cisne Negro. A Jackie dela muda de tom em diversos momentos: são varias Jackies (e Natalies), a da entrevista, a de frente para as câmeras, a Jackie antes e depois do assassinato.
É um filme profundamente triste, com alguns toques de suspense psicológico interessantes. Por vezes, a Casa Branca soa como uma maldição para aqueles personagens, ao mesmo tempo em que se discute a construção de figuras públicas e a vaidade em torno disso.
Acho que deveria ter sido mais valorizado ano passado, é sensacional!
Até o Último Homem
4.2 2,0K Assista AgoraÉ...é ok.
Parece o mesmo filme que vi um bocado de vezes, mas não tão bom. Lembra A Conquista da Honra, Cartas para Iwo Jima, Regaste do Soldado Ryan, mas com menor qualidade. Mel Gibson dirige bem cenas de ação e o Garfield torna o personagem palpável. De resto, fotografia ok, sem grandes momentos a serem marcados. Não me pareceu um concorrente a altura para estar entre os indicados não. Mas, enfim.
Corra!
4.2 3,6K Assista AgoraJordan Peele: um nome pra ficar de olho.
Que direção! Há alguns problemas de ritmo, mas o roteiro e a construção de tensão dão conta do recado. A atuação do Daniel Kaluuya também segura muito bem o filme, transitando bem entre o cômico e o terror, já que a situação pela qual ele passa é absurda. Aliás, a própria aproximação entre a comédia e o terror me pareceu um dos pontos altos do filme. A risada diante do absurdo, que cede, aos poucos, ao medo, parece ser a maior arma que o roteiro carrega consigo. E a direção e os atores conseguem fazer bem essa passagem. O final poderia ter sido melhor construído, acho que ficou a sensação que o filme entrega pouco, depois de criar tanta expectativa.
Mas é filmão!
Fragmentado
3.9 2,9K Assista AgoraCom uma interpretação absurda do McAvoy, Fragmentado parece marcar a "volta por cima" do Shyamalan. Fragmentado é um filme que retoma todas as assinaturas estéticas e narrativas do diretor, os indivíduos desajustados, o contexto espiritual, os closes, a câmera fluindo entre os personagens ao londo do diálogo, o plot twist. Aqui o plot twist funciona de forma muito mais sutil, quase como se o diretor evitasse cair nos erros passados de pontuar o twist como um momento definitivo da trama. Há, no entanto, alguns momentos que parecem fragilizar a obra, como algumas mudanças de ritmo e tom, quase como se o diretor mudasse o gênero do filme. Ao mesmo tempo, tais mudanças, se em um primeiro momento soam forçadas, logo se tornam um dos triunfos do filme e de seu narrativa, e o diretor consegue retomar os trilhos do filme.
É um filmão, que consegue permanecer na mente do espectador horas depois que termina, seja devido aos momentos de tensão preciosos pelo qual o espectador passa, seja por discussões interessantes que o filme suscita. E, principalmente, devido à cena final, que será muito comemorada pelos fãs de longa data do Shyamalan.
Torço para que o diretor mantenha este ritmo.
Paterson
3.9 353 Assista AgoraHá muito em Paterson, mais do que aparenta, assim como há muito em uma caixa de fósforo, ou em uma conversa de estranhos dentro do ônibus.
É a poesia brotando de todo lugar e instante, com um pouco de melancolia que a arte precisa ter. Que belo filme!
Era uma Vez em Tóquio
4.4 187 Assista AgoraUma análise em duas grandes partes da velhice e da morte. Ao mesmo tempo, um filme que retrata a vida acelerada de Tóquio frente à vida bucólica do interior. Há uma estranheza inicial na forma que os personagens se tratam e no ritmo do filme, mas acredito que seja, sobretudo, devido à época e à cultura, diferente da nossa em inúmeros aspectos. Ao mesmo tempo, é uma comentário, por vezes bastante ácido, das relações entres pais e filhos. E, o mais interessante, o filme não se preocupa apenas em demonstrar como os filhos passam a tratar os pais quando estes se encontram mais velhos, mas apresenta o ponto de vista dos pais em relação às suas expectativas com os filhos. O diálogo no bar é impressionante e impecável, porque aprofunda ainda mais o personagem do pai e a relação com seus filhos. É um belíssimo filme.
P.S.: Vi alguns comentários aqui sobre a fotografia ser fraca. Como assim pessoal? E a forma que ele filma os interiores, os personagens, a forma que eles se posicionam? A cena da praia em que os dois estão sentados em frente ao mar? Se aquilo for fotografia ruim, eu, sinceramente, não sei o que vocês esperam de uma boa fotografia, hahaha. Queria eu fotografar mal desse jeito.
Lion: Uma Jornada para Casa
4.3 1,9K Assista AgoraO primeiro ato é sensacional, toda a jornada do garoto é impressionante. O segundo ato é bastante irregular, parece que falta momentos mais determinantes para entendermos quando o Saroo começou a procurar, quando a relação dele e da Lucy degringolou. Parece que faltou um pouco mais de cuidado com o personagem nesse momento, do nado vemos um Saroo perturbado pelo passado, quando seria mais interessante fazer a mesma construção cautelosa que fez com o Saroo criança. O terceiro, no entanto, é extremamente bonito e foi nele que entendi a indicação do Dev Patel. A entrega do filme é belíssima e compensa os erros do segundo ato. Mas, o que me emocionou ainda mais, foi ver as imagens reais dos personagens. É um belo filme.
Manchester à Beira-Mar
3.8 1,4K Assista AgoraAssisti Manchester há uma semana já. Desde então, o filme não me sai da cabeça. São as relações familiares, a dor, a culpa, o medo, os assuntos abordados aqui. É, provavelmente, um dos filmes mais densos da temporada. O filme vai construindo sua história quase como um quebra-cabeças. Quando o jogo está montado, e entendemos as motivações daqueles personagens todos, já estamos suficientemente presos às suas angústias e medo. Mas com um roteiro e direção brilhantes, o filme consegue te proporcionar leves e singelos momentos de descontração e risadas, sobretudo ao acompanhar mais de perto a relação entre tio e sobrinho, no dia a dia.
É um filme difícil e triste, mas profundamento bonito. Apesar de conter cenas arrasadoras (a da delegacia, a da geladeira, o diálogo entre marido e mulher destruídos pela culpa), o final é menos amargo do que aparenta. A sensação é a de que estamos todos à beira mar mesmo, como um barco à deriva, mas um pouco mais estáveis quando aqueles que amamos estão conosco neste barco.
Meu filme preferido dessa leva do Oscar.
Blue Jay
3.8 265 Assista AgoraA química entre Mark Duplass e Sarah Paulson é impressionante, mas é ela quem domina o filme. Que atuação!
A cena da encenação no jantar é bonita demais, e conforme eles vão avançando nas memórias os diálogos vão ficando mais ambíguos e ricos, lembrando muito Cópia Fiel. O monólogo sobre os galgos é, provavelmente, o ápice dessa construção.
O final traz algumas informações fundamentais sobre o casal, mas me pareceu ligeiramente forçado. No entanto, é um filme cuidadoso com seus personagens e singelo na maneira que nos transporta para como eles eram quando jovens. É profundo sobre como guardarmos lembranças daqueles que (já) amamos. Belo filme.
Histórias Que Só Existem Quando Lembradas
4.1 283 Assista AgoraSobre memórias, tempo, velhice, morte. Mas também sobre juventude, acolhimento, fotografia, resignação. Histórias é um belo retrato do tempo que passa, das marcas que ele nos deixa, do nosso medo em reconhecer a impossibilidade de reter certas coisas. Com uma grande atuação de Sônia Guedes e uma fotografia certeira, um toque especial de realismo fantástico, é mais um exemplo de um filme profundamente belo do nosso cinema. É até necessário revisitar essa obra, por trás do véu da simplicidade e do ritmo mais lento, há tanto significado...Belo filme!
Monstros
3.0 315 Assista AgoraAlguém tem link aí?
Animais Fantásticos e Onde Habitam
4.0 2,2K Assista AgoraÉ muito bom ver uma franquia retornando sem soar mero caça-níquel. É evidente que a Warner queria era mesmo voltar a ter estabilidade, com o retorno de HP ao cinema, depois que todas as suas franquias rentáveis acabaram ou estão capengando (o universo DC ainda está bem frágil). Assim, em momento algum a história de Animais Fantásticos soa como gratuita. Pelo contrário, apesar dela ser permeada por referências à franquia que lhe deu origem, ela é perfeitamente autônoma, assim como seus personagens. E, sem dúvidas, os personagens desenvolvidos pelo roteiro da própria JK são o ponto alto do filme. Os quatro protagonistas possuem uma bela química e todos possuem um arco dentro da narrativa, ainda que de forma muito sutil. O roteiro permite que os atores explorem seus personagens, por isso é muito bacana ver como o Eddie Redmayne muda de forma impressionante a voz e os trejeitos do seu Newt, quando ele está dentro da mala, ou com os Animais do título, diferente do Newt tímido e fechado do mundo de fora dela. E vale destacar também a direção de arte belíssima, com uma recriação muito bacana da Nova York dos anos 1920, assim como um belo Congresso da Magia (ainda que o Ministério de Londres seja muito mais interessante e menos digitalizado).
É um filme muito bom, com grande originalidade, sobretudo em um conceito chave que é apresentado no segundo ato do filme e que é responsável pelo seu plot twist no terceiro ato.
É bom saber que nos próximos anos teremos Star Wars e Harry Potter (ou Animais Fantásticos) de volta, e da melhor forma possível!
Era Uma Vez em Nova York
3.5 296 Assista AgoraEm tempos em que Trump é eleito com um discurso contra imigrantes, esse filme, como tantos outros, ajuda a refletir, como o EUA foi construído por imigrantes. Ao mesmo tempo, procura lembrar que as ondas de imigração andaram juntas com a violência, sobretudo a violência contra a mulher imigrante, bem como sua exploração, o que torna ainda mais interessante repensar o filme no contexto político atual norte-americano, uma vez que o discurso de Trump, em grande medida, também é machista. É um filme triste, ainda que ligeiramente esperançoso, mas jamais fantasioso, sobre a condição dos imigrantes na terra da "liberdade". Não é a toa que o filme abre com a imagem da estátua, e possui em suas cenas finais a estátua "observando" dois homens praticamente negociando o destino de uma mulher.
Vale a pena ser visto, passou meio despercebido, mas é um ótimo filme.
Spotlight - Segredos Revelados
4.1 1,7K Assista AgoraDemorei pra assistir Spotlight, quase um ano depois que saiu. Mas que grande filme, longe de ser uma grande invenção cinematográfica, marcante de época e geração, é um filme que procura tratar seu tema de maneira direta e objetiva. E o faz da forma mais acertada possível.
"If it takes a village to raise a child, it takes a village to abuse them. That's the truth of it."
A frase dita por um dos personagens do filme é extremamente emblemática. Ela é contextualizada em relação aos casos de abusos infantis da igreja católica, que no filme nos é exposto muito mais do que meros casos aleatórios, mas como todo um sistema que os sustenta. No entanto, me parece ser certeira para qualquer caso em que a infância é fragilizada, seja por conta de sistemas religiosos, seja por conta do Estado (polícia, por exemplo), seja por conta de "sistemas" de opressão sociais. E para o personagem é a verdade que deve ser aceita pela sociedade.
Filmão!
Aquarius
4.2 1,9K Assista AgoraKleber Mendonça cravando seu nome, ainda mais, no nosso cinema e no cinema mundial. Aquarius é um obra ambígua, em diversos sentidos. Transita entre o leve e o denso, o drama e o suspense. A tensão levemente construída pelo diretor permite que a narrativa se mantenha em ritmo, e gera a aura de surrealidade que a representação de uma sociedade, como a brasileira, precisa. O tema central de Aquarius, no entanto, é a memória, e como a memória pode ser corrompida, destruída ou absorvida pela modernidade (ou pelo capital). No entanto, a crítica do diretor não se direciona apenas à construtora, que pressiona Clara de diversas formas para fazer com que ela entregue seu apartamento. A crítica aqui é contra a própria Clara, ainda que de forma muito sutil e complacente à protagonista. Sonia Braga entende essa crítica e também entrega uma personagem rica, cheia de nuances, que transita em diversas Claras, apesar de sempre manter a aparência de senhora calma. Mas, como em toda grande obra, com diversas camadas de análise, a genialidade está nos detalhes, no caso de Aquarius, em seus coadjuvantes. São nas histórias paralelas deles que entendemos o sentido de Aquarius. A memória, assim como os bens, é seletiva. E pode ser determinada também pela classe social em que estamos inseridos.
Fora alguns momentos em que o ritmo parece não corresponder à narrativa, ou a tentativa de Kleber de adicionar elementos de críticas a mais do que a narrativa possa sustentar (a crítica às associações com grupos religiosos é interessante, mas fica ligeiramente perdida no filme), Aquarius é a obra que documenta um momento da nossa sociedade, mas que também investiga os personagens que fazem parte dela. No final, é sempre é sempre a dualidade Casa Grande e Senzala que restam.
Mãos Sujas
3.8 19 Assista AgoraA intenção não é questionar o papel dos grandes traficantes, mas colocar em foco os indivíduos, e seus motivos, que se submetem ao tráfico. Ao longo dele nos apegamos ao personagens, e ao final qualquer tipo de maniqueísmo se esvai. É um filme com um final forte, bastante cruel. O mais interessante é que é de um diretor jovem, que fez parte da produção da segunda temporada de Narcos. São visões bem diferentes sobre um mesmo problema, na Colômbia, e na América Latina. E isso o diretor deixa bem claro. Tá na netflix e é recomendável pra caramba.
Testemunha de Acusação
4.5 353 Assista AgoraMestre Billy Wilder entrega um dos melhores filmes de tribunais já feitos. O plot twist do final é apenas a cereja do bolo para uma obra de direção impecável e atuações de Marlene Dietrich e Charles Laughton impressionantes.
Longe Dela
3.9 133Filmes que retratam o Alzheimer costumam ter reflexões interessantes, tristes e belas sobre a memória e relacionamentos. Amor e Para Sempre Alice são assim.
Mas é esse Longe Dela que me tocou mesmo. A relação do casal protagonista é uma das mais bonitas que já vi em um filme. Diferente de Amor, com seu tom pesado, soturno, Longe Dela também reflete sobre os sacrifícios que uma pessoa faz pela outra quando a ama. O senhor, protagonista da trama, apesar de toda a dor do esquecimento, aceita a distância física e psicológica de sua esposa com Alzheimer. E cede, até mesmo, quando a vê apaixonada por outro homem.
É profundamente belo, estudando cautelosamente o passado do casal, a forma que se conheceram, a maneira que ambos foram envelhecendo juntos. A fotografia sempre enquadrando a charmosa Julie Christie, ressaltando sua beleza, e demonstrando para nós a forma que Grant, seu marido, a olha admirado, mesmo depois de tantos anos. E que interpretação a desses dois atores. Aliás, todo o elenco é sensacional, com destaque para a enfermeira que serve como suporte de Grant quando este vai visitar sua esposa no asilo. É uma das gratas surpresas singelas que a Netflix nos reserva quando menos esperamos. Recomendo muito!
Sob a Pele
3.2 1,4K Assista AgoraTentando entender se gostei ou não. É um filme que parece andar na linha tênue entre a experimentação e a aparência experimental para esconder a narrativa frágil. Mas, no todo, enquanto representante de gênero, a construção do suspense e do terror é muito bem feita, seja pela interpretação pontual da Scarlett, seja pela trilha. É o tipo de filme que te deixa extremamente incomodado, mas sem soar gratuito. Ao mesmo tempo, é bem difícil de digerir e perde um pouco do ritmo no seu terceiro ato.
De qualquer forma, creio que será um filme ainda muito revisto e discutido no futuro. E vai ganhando seu lugar no panteão dos filmes "cults". Vale a pena ver, pela estranheza, pelo conceito de alienígena e ficção científica que apresenta e pela Scarlett, claro.
Branco Sai, Preto Fica
3.5 173Provavelmente o filme de ficção científica mais brasileiro que já foi feito.
Stockholm
3.5 61Filme reflexivo e, até certo ponto, forte sobre relacionamentos e abordagens abusivas. O primeiro ato do filme me incomodou, pois esperava que ele tratasse a postura do Ele como natural. Mas o segundo ato inverte a situação de forma muito interessante, ainda que não tão bem realizada. O filme deixa várias pontas soltas, apesar de dar indicações para nós as amarrarmos. Mas não sei até onde é algo a ser celebrado no roteiro. De qualquer forma, é um filme atual, sobretudo no segundo ato, por subverter completamente o jogo e até o próprio gênero do filme. É um exercício de narrativa interessante, mas não sei se completamente exitoso. E não sei até onde a solução do final foi interessante para aquele arco de personagens. De qualquer forma, acho que vale a pena ser conferido.