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Not with a bang but a whimper."

Últimas opiniões enviadas

  • Lucas

    "45 Anos" faz a desconstrução de um relacionamento de forma bem sutil. É quase que como uma história de fantasmas, como se toda a vida do casal protagonista tivesse sido influenciada pelo fantasma da relação do Geoff com a namorada morta, e, só a partir do momento em que encontram o cadáver dela, tal influência passa a ser revelada. O marido ainda possui amor pela mulher que perdeu como se o sentimento ficasse congelado no tempo (num dos primeiros diálogos do filme, quando ele descobre que o cadáver foi encontrado, diz que seria engraçado se o corpo de seu antigo amor tivesse sido preservado pelo gelo e ainda estivesse como no ano em que a perdeu. Seu sentimento, como sua amante, parou no tempo, continua igual, tanto que, ao receber a notícia, ele se refere à esta como "minha Katya", como se tivesse sido ontem que ainda a tivera consigo). A revelação da permanência do sentimento, bem como da influência dele nas decisões do casal, faz com que a esposa, Kate, passe a questionar não só a relação, como sua própria vida. O que fez, o que deixou de fazer, o tempo que passou.
    Charlotte Rampling está memorável, talvez no melhor desempenho de sua carreira. Seus olhares mostram a gradual perda da resiliência da personagem perante a situação que se mostra a sua frente. A maior parte do tempo, Kate tenta parecer não se importar com o que ocorre e nota, mas a revelação de mais e mais verdades faz com que ela perca tal posição de distanciamento, gerando algumas das melhores cenas do filme
    Em relação a estas, creio que quatro mereçam grande destaque: a cena da dança dos protagonistas (no que parece o único momento de menor tensão do filme, filmado com um enquadramento deslocado, de forma a não permitir total catarse), a cena em que Kate olha fotos antigas da namorada morta do marido (descobrindo como a relação deles poderia ter afetado um fator essencial de sua relação), o diálogo em que ela espõe suas frustrações perante as coisas que a semana lhe revelou (tal momento apresenta uma mudança que ditará todo o ato final, que se apresenta tanto como antítese quanto como síntese do filme), e a última cena (que sutilmente representa a mudança que o ocorrido causou na relação).
    Tal cena, aliás, apresenta um dos usos mais inteligentes de trilha dos últimos anos. A música "Smoke Gets in Your Eyes" (que o casal dançara em seu casamento, e dança em suas bodas de platina) serve tanto para apontar as mudanças emocionais ocorridas entre os dois eventos (o efeito do tempo sobre o casal) quanto para sintetizar o que ocorre no último ato.

    Comentário contando partes do filme. Mostrar.

    Após diálogo citado anteriormente, onde a protagonista diz que eles deveriam seguir com suas vidas, ignorando, o marido leva a serio tal desejo: na manhã da comemoração, finge que tudo continua igual, que o passado ficou no passado. Kate, porém, parece perder a habilidade de distanciamente, de fingir que tudo está bem. Ou simplesmente se sente tão ferida que para de se importar com as aparências, mantendo um olhar melancólico durante todo o ato final. A festa, o discurso do marido, tudo soa impregnado de hipocrisia para ela, culminando na cena derradeira, onde o casal dança a música de seu casamento. Aos poucos, a câmera se aproxima deles, revelando a tristeza no olhar da protagonista, perante a acepção da ideia de que viveu uma mentira. Quando, ao fim da música, o marido dá suas mãos com as dela e as levanta, Kate puxa o braço, parecendo aterrorizada e irritada, como se a fumaça que cobrira seus olhos por 45 anos finalmente entrasse nos mesmos, expondo mentiras e a deixando à beira das lágrimas.

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  • Lucas

    Assisti hoje e achei excelente. Binoche está ótima, como sempre, e prova novamente que é das melhores atrizes de sua geração, Kristen Stewars sua melhor interpretação até o momento, muito superior à que estamos acostumados (ainda que afetada por alguns maneirismos, como suas caras e bocas). O filme trabalha de forma muito interessante e sutil a passagem do tempo, suas mazelas e a dificuldade que as pessoas tem em aceitá-las, focando nas pessoas que trabalham com a sua imagem - as atrizes (nesse ponto, inclusive, é possível traçar um paralelo entre a personagem de Maria Enders e a personagem Myrtle Gordon, do filme Noite de Estréia de John Cassavetes, ambas atrizes lidando, cada qual de sua forma, com ação do tempo ao se verem refletidas nos personagens os quais interpretam).
    Outro ponto interessante a ser destacado é como a peça "Maloja Snake" reflete a situação da protagonista. Em Maria coexistem as duas personagens da obra: Sigrid e Helena. Sigrid, personagem jovem, poderosa e manipuladora, interpretada por Maria aos dezoitos anos, um papel decisivo para sua carreira e, de certa forma, também decisivo para sua formação como pessoa. Helena, a personagem de meia-idade, destrutiva, fraca e vulnerável, que reflete o estado atual da atriz, ao mesmo tempo que representa algo que ela tem pavor de se tornar (o que é a principal razão para sua recusa inicial ao papel). Maria insiste em se apegar a Sigrid no presente como uma forma de negar o quanto sua vida se aproxima da Helena (porém, será revelado posteriormente que ambas as personagens são a mesma pessoa. O tempo tornaria Sigrid em outra Helena).
    Pode-se notar também que há muito do relacionamento de Sigrid e Helena na relação de Maria e Valentine, sua assistente. Por vezes, quando atriz e assistente ensaiam as falas da peça o espectador pode se enganar e pensar que está presenciando um diálogo real entre as intérpretes.
    Enfim, é um filme com diversas camadas (metalinguísticas, filosóficas) é difíceis de dissertar sobre, acho que ainda preciso absorver mais da obra. Por hora, me contento por ter sido esse trabalho tão interessante de Assayas o primeiro filme que vi no cinema em 2015.

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  • Lucas

    Cada vez mais me encontro apaixonado pelo cinema de Abbas Kiarostami. Da primeira vez que assisti à este filme minha apreciação em relação à ele não fez jus a belíssima obra que é. Juliette Binoche, mais bela e vulnerável do que nunca, entrega um de seus melhores desempenhos (o que não é pouco, considerando que esta talvez seja a melhor atriz em atividade), atuando de forma incrível em três idiomas diferentes (Inglês, francês e italiano). Em sua primeira obra fora do Irã, Kiarostami constrói um fantástico filme-mistério partindo do que, supostamente, seria o mais comum dos temas: A relação entre um homem e uma mulher. Com base nisso, o diretor tece um roteiro brilhante e dúbio, permeado de diálogos filosóficos sobre o valor da obra de arte, que disseca as diversas camadas sentimentais dos personagens, expondo contradições, frustrações e ilusões (as doces, as perdidas) destes. Uma verdadeira obra de arte, uma obra-prima. Com cópia fiel e certificada.

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  • Filmow
    Filmow

    O Oscar 2017 está logo aí e teremos o nosso tradicional BOLÃO DO OSCAR FILMOW!

    Serão 3 vencedores no Bolão com prêmios da loja Chico Rei para os três participantes que mais acertarem nas categorias da premiação. (O 1º lugar vai ganhar um kit da Chico Rei com 01 camiseta + 01 caneca + 01 almofada; o 2º lugar 01 camiseta da Chico Rei; e o 3º lugar 01 almofada da Chico Rei.)

    Vem participar da brincadeira com a gente, acesse https://filmow.com/bolao-do-oscar/ para votar.
    Boa sorte! :)

    * Lembrando que faremos uma transmissão ao vivo via Facebook e Youtube da Casa Filmow na noite da cerimônia, dia 26 de fevereiro. Confirme presença no evento https://www.facebook.com/events/250416102068445/

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