Para quem já viu o filme, deixo aqui um texto sobre "Eu, Daniel Blake", a desumanização e o poder da expressão.
"É um sistema que o mantém em perpétuo estado de desamparo e confusão, dando voltas e voltas em procedimentos cada vez mais confusos envolvendo formulários, peritos e orientações sobre curricula vitae feitos em computador. Todas essas sequências ocupam a primeira parte do filme e demonstram fascínio e horror diante dos mecanismos absurdos, híbridos de ouroboros burocrático e corredor polonês psicológico. O conflito apresentado aqui é o de um cidadão comum buscando espaço para satisfazer suas necessidades em meio a forças que regem um Estado corrompido de dentro para fora. No entanto, essa não é a história de Daniel Blake. Se dependesse do próprio personagem, sua vida não seria contada dessa maneira e não se resumiria aos formulários preenchidos e entregues em repartições do serviço público em Newcastle. A história de Blake é a de um homem comum. Um trabalhador viúvo cuja vida foi tão banal e igualmente fascinante quanto milhões de vidas mundo afora. Essa é uma história de narrativas arbitrárias impostas pelo Estado a cada um de nós."
Para quem já viu o filme, deixo aqui um texto sobre T2 e o êxtase da nostalgia como princípio estético. Além disso, incluí comparações entre vários quadros dos dois filmes e considerações sobre o uso de música pop.
"Ainda que onipresente, Born Slippy nunca ultrapassa seus primeiros acordes, nunca tem a chance de se desenvolver musicalmente e alcançar o crescendo que transforma a ambient music em techno. Em todos os cantos há a promessa, mas nunca a concretização. Há sempre o desejo, mas nunca a catarse. O fantasma do passado é como três acordes em repetição que nunca progridem ou alcançam um tema. Entretanto, a repetição desses acordes é um tema em si, como se a impossibilidade de progredir fosse o leitmotiv da vida."
Texto completo em medium. com/ @matheusmedeborg
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Eu, Daniel Blake
4.3 532 Assista AgoraPara quem já viu o filme, deixo aqui um texto sobre "Eu, Daniel Blake", a desumanização e o poder da expressão.
"É um sistema que o mantém em perpétuo estado de desamparo e confusão, dando voltas e voltas em procedimentos cada vez mais confusos envolvendo formulários, peritos e orientações sobre curricula vitae feitos em computador. Todas essas sequências ocupam a primeira parte do filme e demonstram fascínio e horror diante dos mecanismos absurdos, híbridos de ouroboros burocrático e corredor polonês psicológico.
O conflito apresentado aqui é o de um cidadão comum buscando espaço para satisfazer suas necessidades em meio a forças que regem um Estado corrompido de dentro para fora. No entanto, essa não é a história de Daniel Blake. Se dependesse do próprio personagem, sua vida não seria contada dessa maneira e não se resumiria aos formulários preenchidos e entregues em repartições do serviço público em Newcastle. A história de Blake é a de um homem comum. Um trabalhador viúvo cuja vida foi tão banal e igualmente fascinante quanto milhões de vidas mundo afora. Essa é uma história de narrativas arbitrárias impostas pelo Estado a cada um de nós."
Texto completo em medium. com/ @matheusmedeborg
T2: Trainspotting
4.0 695 Assista AgoraPara quem já viu o filme, deixo aqui um texto sobre T2 e o êxtase da nostalgia como princípio estético. Além disso, incluí comparações entre vários quadros dos dois filmes e considerações sobre o uso de música pop.
"Ainda que onipresente, Born Slippy nunca ultrapassa seus primeiros acordes, nunca tem a chance de se desenvolver musicalmente e alcançar o crescendo que transforma a ambient music em techno.
Em todos os cantos há a promessa, mas nunca a concretização. Há sempre o desejo, mas nunca a catarse. O fantasma do passado é como três acordes em repetição que nunca progridem ou alcançam um tema. Entretanto, a repetição desses acordes é um tema em si, como se a impossibilidade de progredir fosse o leitmotiv da vida."
Texto completo em medium. com/ @matheusmedeborg