(...) Agonia e Glória, obra magna de Samuel Fuller, é assombrada pelo desejo de terminar, escrever a palavra "fim" de uma vez por todas. Por isso, o happy end emocionante porque inverosímel. "Matar ou ser morto", essa sabedoria de sargento-ajudante é uma escolha falseada. De certa maneira, aquele que mata morre também, se suicida. Ele se torna a própria Morte, porque ignora o jogo duplo. O jogo duplo é o que o salva da violência mimética: apenas os impostores estão vivos. Senão, sob os traços de quatro soldados do filme, belos demais, invulneráveis demais, é preciso ver a graça dos Quatro Cavaleiros do Apocalipse. Ter passado pelo campo dos sobreviventes, ter matado o outro em si mesmo, isso é estar verdadeiramente morto. (...)
“A técnica de Rossellini conserva seguramente certa inteligibilidade no que diz respeito à sucessão dos fatos, mas estes não se engatam uns nos outros como elos de uma cadeia. A mente deve saltar de um fato para o outro, como se salta de pedra em pedra para atravessar um riacho. Acontece de o pé hesitar na escolha entre dois rochedos, ou de não acertar uma pedra ou de deslizar sobre uma delas. Assim faz nossa mente. É que está na essência das pedras não permitir aos viajantes atravessar os riachos sem molhar os pés [...]
A unidade da narrativa cinematográfica em Paisà não é o “plano”, ponto de vista abstrato sobre a realidade que se analisa, mas o “fato”, Fragmento de realidade bruta, por si só múltiplo e equívoco, cujo “sentido” sobressai somente a posteriori, graças a outros “fatos” entre os quais a mente estabelece relações.”
O estilo hawksiano é instintivo, disse Rogério Sganzerla.
(...) Que é de homens simples (ou seja, bem complicados!) que aqui se trata. E é esse o seu assunto: o peso do ser. (...) - Jorge Silva Melo
"Decido realizar um filme quando o assunto me interessa: pode ser sobre corridas de automóveis ou sobre aviação, um western ou uma comédia – mas o melhor drama é aquele do homem em perigo. Não há ação a menos que haja perigo; e, se se chega à ação real, da mesma forma há perigo: ficar vivo ou morrer, este é o maior drama que nós temos." - Howard Hawks
"Originalmente, a ênfase estava na simetria, mas eu terminei por mudar a estrutura para que o público pudesse entender melhor a forma como a família pobre se infiltra na casa dos ricos."
Acho no mínimo sintomático essa necessidade do cinema contemporâneo querer explicar tudo, entregar de bandeja. Gosto do filme e do Bong, mas o filme me deixou com uma sensação de estarmos inundados das ditas "alegorias", e no caso, quase todas óbvias.
"Nos filmes de Howard Hawks não há suspense: espera-se a morte, corre-se para ela e basta. Num plano de Hawks ninguém entra ou sai; está-se preso e nunca se sai vivo, é tudo. Hawks trabalha arduamente para isso: constrói planos sobre planos como túmulos; gigantescos cemitérios. Mas uma pirâmide leva tanto tempo a construir... Uma ciência do pesadelo. Um homem sonha com o absoluto e perde-se nele." - Pedro Costa
"A pirâmide é o princípio e o fim de todas as coisas e encerra em si muitos segredos, da obra e pensamento de Hawks, também. Da morte, do poder, de cobras e enterros. Em Cinemascope.." - João Palhares
No início, uma tensão enigmática. Um pai acompanhado de seus filhos demonstra uma simpatia volúvel como a poeira. O seu verdadeiro "eu" se mostra presente quando os outros lhe dão as costas. Uma calculada frieza.
Durante os obstáculos, a tensão da morte e do embate acompanha cada espaço da quase sempre noturna Tombstone. O dia também carrega perdas, a doença torna-se propulsora da morte. Para o plano desta morte, o lenço que afagava a tosse é o que resta na ausência do corpo.
E no fim, uma tensão sexual. O amor foi findado pela dança e, posteriormente, pelo olhar.
Nem sempre é sábio, remexer no passado... Todos nós temos alguns segredos imperdoáveis. - Leandro
A fenda em forma de fechadura lhe transporta ao mundo “passado”.
Uma turista perdida que explora o vazio dos espaços. Loucura e desejos embalsamados.
Lançada em um redemoinho luxurioso, se perde em um estado de quase catatonia. Sua aceitação perante situações atípicas, indica sua incapacidade de retornar, de fugir, de acordar. Os desejos rodopiam entre às personagens e, recorrente em Bava, os assassinatos se findam em propósitos individuais. Morte como grafia da catarse.
O que é o diabo, senão o criador do seu mundo onírico? A dicotomia entre o cigarro e o pirulito, expressam à própria vontade e a subserviência. Ou uma mistura que alcança o surreal, visto que, tudo é fantasia? Como diria Leandro,“Acho que, invariavelmente, senhorita Lisa, há uma explicação muito simples para quase tudo.”
Julie, ilumina sentimentos que impedem o encontro com a morte; abranda um egoísmo mutuamente aceito; elucida breves paixões ascendendo a esperança; desobscurece uma solitária alma perdida.
"Encontrar a vida é dar a luz. Cada um faz à sua maneira." - Irmã Joana
Não houve tempo para lamentar a perda da devotada companheira... Mas se me permitem a redundância, o elo perpetuado pela aliança continuou até o final, seja como estratégia ou como lembrança.
Uma indagação: - O mais terrível neste mundo é que todos têm suas razões!
Razões antagônicas que sulcam o próprio desejo, buscando materializar a certeza que se torna incerta.
- Em que está pensando, Geneviéve? - Numa frase de Chamfort, que considero quase um preceito. - O que diz ele? - "O amor na sociedade é a troca de fantasmas e o contato de duas epidermes."
Aquilo que o cinema contemporâneo não sabe exercitar:
Fleischer não opera utilizando qualquer tipo de maneirismo, escapismo, e muito menos muletas para tornar a face do psicopata clara, ele exterioriza a personalidade dele de maneira natural e "real", além de fria e calculista.
O objeto que altera o destino? Para Judd Steiner (Dean Stockwell) essa pergunta soaria como retórica. Que destino? Perder o óculos foi um erro seu, nada mais.
MAJESTYK BRAND MELONS, esse nome acompanha-nos do início ao fim - literalmente. Esse é o nome gravado no caminhão de Mr. Majestyk. Caminhão esse, que fará companhia a seu dono na sua busca infindável pelo objetivo. Para aqueles que cruzam seu caminho um motivo tolo, para ele, tudo.
A Ilha dos Prazeres Proibidos
3.0 25Contrabando didático.
"Estou partindo do péssimo para chegar ao ótimo. Me utilizo do pornográfico para sugerir o lúdico."
Palavras ditas por William (Carlos Cassan), mas poderiam muito bem serem pronunciadas pelo Carlão, ou pelo próprio Luc Moullet.
Agonia e Glória
3.8 57 Assista Agora(...) Agonia e Glória, obra magna de Samuel Fuller, é assombrada pelo desejo de terminar, escrever a palavra "fim" de uma vez por todas. Por isso, o happy end emocionante porque inverosímel. "Matar ou ser morto", essa sabedoria de sargento-ajudante é uma escolha falseada. De certa maneira, aquele que mata morre também, se suicida. Ele se torna a própria Morte, porque ignora o jogo duplo. O jogo duplo é o que o salva da violência mimética: apenas os impostores estão vivos. Senão, sob os traços de quatro soldados do filme, belos demais, invulneráveis demais, é preciso ver a graça dos Quatro Cavaleiros do Apocalipse. Ter passado pelo campo dos sobreviventes, ter matado o outro em si mesmo, isso é estar verdadeiramente morto. (...)
- Serge Daney
Paisà
4.0 41 Assista Agora“A técnica de Rossellini conserva seguramente certa inteligibilidade no que diz respeito à sucessão dos fatos, mas estes não se engatam uns nos outros como elos de uma cadeia. A mente deve saltar de um fato para o outro, como se salta de pedra em pedra para atravessar um riacho. Acontece de o pé hesitar na escolha entre dois rochedos, ou de não acertar uma pedra ou de deslizar sobre uma delas. Assim faz nossa mente. É que está na essência das pedras não permitir aos viajantes atravessar os riachos sem molhar os pés [...]
A unidade da narrativa cinematográfica em Paisà não é o “plano”, ponto de vista abstrato sobre a realidade que se analisa, mas o “fato”, Fragmento de realidade bruta, por si só múltiplo e equívoco, cujo “sentido” sobressai somente a posteriori, graças a outros “fatos” entre os quais a mente estabelece relações.”
- André Bazin
Onde Começa o Inferno
4.2 128 Assista AgoraO estilo hawksiano é instintivo, disse Rogério Sganzerla.
(...) Que é de homens simples (ou seja, bem complicados!) que aqui se trata.
E é esse o seu assunto: o peso do ser. (...)
- Jorge Silva Melo
"Decido realizar um filme quando o assunto me interessa: pode ser sobre corridas de automóveis ou sobre aviação, um western ou uma comédia – mas o melhor drama é aquele do homem em perigo. Não há ação a menos que haja perigo; e, se se chega à ação real, da mesma forma há perigo: ficar vivo ou morrer, este é o maior drama que nós temos."
- Howard Hawks
Parasita
4.5 3,6K Assista Agora"Originalmente, a ênfase estava na simetria, mas eu terminei por mudar a estrutura para que o público pudesse entender melhor a forma como a família pobre se infiltra na casa dos ricos."
Acho no mínimo sintomático essa necessidade do cinema contemporâneo querer explicar tudo, entregar de bandeja. Gosto do filme e do Bong, mas o filme me deixou com uma sensação de estarmos inundados das ditas "alegorias", e no caso, quase todas óbvias.
A Canção Prometida
3.8 3"(...) mas Virginia Mayo e Danny Kaye simplesmente não são Barbara Stanwyck e Gary Cooper."
- Peter Bogdanovich
Terra dos Faraós
3.7 17 Assista Agora"Nos filmes de Howard Hawks não há suspense: espera-se a morte, corre-se para ela e basta. Num plano de Hawks ninguém entra ou sai; está-se preso e nunca se sai vivo, é tudo. Hawks trabalha arduamente para isso: constrói planos sobre planos como túmulos; gigantescos cemitérios. Mas uma pirâmide leva tanto tempo a construir... Uma ciência do pesadelo. Um homem sonha com o absoluto e perde-se nele."
- Pedro Costa
"A pirâmide é o princípio e o fim de todas as coisas e encerra em si muitos segredos, da obra e pensamento de Hawks, também. Da morte, do poder, de cobras e enterros. Em Cinemascope.."
- João Palhares
Paixão dos Fortes
4.0 57 Assista AgoraTensão como percurso:
No início, uma tensão enigmática. Um pai acompanhado de seus filhos demonstra uma simpatia volúvel como a poeira. O seu verdadeiro "eu" se mostra presente quando os outros lhe dão as costas. Uma calculada frieza.
Durante os obstáculos, a tensão da morte e do embate acompanha cada espaço da quase sempre noturna Tombstone. O dia também carrega perdas, a doença torna-se propulsora da morte. Para o plano desta morte, o lenço que afagava a tosse é o que resta na ausência do corpo.
E no fim, uma tensão sexual. O amor foi findado pela dança e, posteriormente, pelo olhar.
Covardia x Coragem? Tudo é dor?
Lisa e o Diabo
3.8 46Nem sempre é sábio, remexer no passado... Todos nós temos alguns segredos imperdoáveis.
- Leandro
A fenda em forma de fechadura lhe transporta ao mundo “passado”.
Uma turista perdida que explora o vazio dos espaços. Loucura e desejos embalsamados.
Lançada em um redemoinho luxurioso, se perde em um estado de quase catatonia. Sua aceitação perante situações atípicas, indica sua incapacidade de retornar, de fugir, de acordar. Os desejos rodopiam entre às personagens e, recorrente em Bava, os assassinatos se findam em propósitos individuais. Morte como grafia da catarse.
O que é o diabo, senão o criador do seu mundo onírico? A dicotomia entre o cigarro e o pirulito, expressam à própria vontade e a subserviência. Ou uma mistura que alcança o surreal, visto que, tudo é fantasia?
Como diria Leandro,“Acho que, invariavelmente, senhorita Lisa, há uma explicação muito simples para quase tudo.”
O Sabor do Leite Creme
3.5 2Ornamentação duplicada e concatenação do real: a flor cortada se mescla com o reflexo do cabelo recém cortado.
A Religiosa Portuguesa
4.0 18"A Julie é a luz."
- D. Henrique Cunha
Julie,
ilumina sentimentos que impedem o encontro com a morte;
abranda um egoísmo mutuamente aceito;
elucida breves paixões ascendendo a esperança;
desobscurece uma solitária alma perdida.
"Encontrar a vida é dar a luz. Cada um faz à sua maneira."
- Irmã Joana
O Homem que Burlou a Máfia
3.9 31 Assista AgoraNão houve tempo para lamentar a perda da devotada companheira... Mas se me permitem a redundância, o elo perpetuado pela aliança continuou até o final, seja como estratégia ou como lembrança.
A Morte de um Bookmaker Chinês
4.0 28- Tudo bem, Vince, irá melhorar. Teremos uma grande noite.
Expressões faciais discrepantes, o começo de uma noite e o fim de outra. Esperança remodelada como desespero. O terror previamente anunciado.
Escuridão e claridade se mesclam, tudo é incerto – ou talvez nem tudo.
Eu Matei Lúcio Flávio
3.2 29Inversão de papéis:
O salva-vidas torna-se tira-vidas sob a égide da sociedade.
A Regra do Jogo
4.1 122 Assista AgoraUma indagação:
- O mais terrível neste mundo é que todos têm suas razões!
Razões antagônicas que sulcam o próprio desejo, buscando materializar a certeza que se torna incerta.
- Em que está pensando, Geneviéve?
- Numa frase de Chamfort, que considero quase um preceito.
- O que diz ele?
- "O amor na sociedade é a troca de fantasmas e o contato de duas epidermes."
O Cardeal
3.8 18Sucessivas derrotas e perdas (mas também vitórias e ganhos?) que pavimentam a trilha da fé.
No fim, quem buscava a liberdade?
Pelo menos em teoria, seríamos todos iguais perante a Deus.
A Ilha dos Prazeres Proibidos
3.0 25A perversidade é subjetiva.
Eu Matei Jesse James
3.7 14 Assista AgoraO fantasma do amigo traído e do amor não correspondido, seguirão Robert Ford pela eternidade.
O Fabuloso Doutor Dolittle
3.1 14 Assista AgoraComo bem disse Bénard:
"um must para natais televisivos"
Vikings, Os Conquistadores
3.6 27 Assista AgoraÉ fantástico em mais de um sentido o modo como Fleischer nos insere no mundo dos Vikings.
O Estrangulador de Rillington Place
3.6 22Aquilo que o cinema contemporâneo não sabe exercitar:
Fleischer não opera utilizando qualquer tipo de maneirismo, escapismo, e muito menos muletas para tornar a face do psicopata clara, ele exterioriza a personalidade dele de maneira natural e "real", além de fria e calculista.
Estranha Compulsão
3.7 33O objeto que altera o destino? Para Judd Steiner (Dean Stockwell) essa pergunta soaria como retórica. Que destino? Perder o óculos foi um erro seu, nada mais.
Desafiando o Assassino
3.4 24 Assista AgoraMAJESTYK BRAND MELONS, esse nome acompanha-nos do início ao fim - literalmente. Esse é o nome gravado no caminhão de Mr. Majestyk. Caminhão esse, que fará companhia a seu dono na sua busca infindável pelo objetivo. Para aqueles que cruzam seu caminho um motivo tolo, para ele, tudo.
O Quimono Escarlate
4.0 20"It's what you think is behind every word and every look."
A interpretação do olhar a que Chris (Victoria Shaw) se refere, se estende a compreensão de todas as relações presentes.