Tenoch (Diego Luna) e Julio (Gael Garcia Bernal) são dois amigos adolescentes que acabaram de terminar a escola, e só querem transar, fumar maconha e transar novamente. Embora estejam num contexto de mudança política do país (México), pouco se importam com isso. São jovens em descoberta sexual plena e que, nesse momento, só isso lhes interessa. Assim, convidam Luisa (Maribel Verdú), uma mulher mais velha, a com eles viajar até uma praia paradisíaca, que, em verdade, inexiste. A ousadia dos garotos dá lugar a surpresa quando a Luisa aceita o convite.
O filme a partir de então transforma-se num Road Movie magnifico e cheio de descobertas. Quando Tenoch e Julio aceitam o desafio de levar Luisa a uma praia imaginária por eles e como se saíssem sem destino em busca da felicidade-prazer nunca antes explorado. Eles percorrem regiões pobres e lindíssimas, e transpassam também por sentimentos como de euforia, alegria, raiva e decepção.
Apesar da obra ter várias cenas de sexo (a primeira inclusive), o filme não se limita apenas a mostrar a descoberta da sexualidade dos garotos. É muito mais do que isso. Temos um filme sim sobre amizade e seus conflitos. Sobre o início e o fim de um relacionamento. Sobre pessoas importantes que chegam, nos marcam e se vão. Sobre saudade. Sobre lembrança e maturidade. E tudo isso através de uma direção sofisticada de Cuaron, com destaque para as cenas que se passam dentro do veículo que transporta aqueles interessantes seres.
No início achei que iria assistir um filme bem convencional, mas me surpreendi positivamente. Apesar da obra ter sim uma dinâmica e ritmo padronizados, é certo que o enredo surpreende quando vemos que o criador da personagem Mulher Maravilha, o Professor Marston viveu no que chamamos hoje de trisal, e isso na década de 20.
Psicólogo e liberal, inspira-se nas duas mulheres que amou para formar a heroína mais importante de todos os tempos: a personagem empoderada que sobrepõe a conceitos preconceituosos e se utiliza da verdade e das amordaças para combater o mau.
Fora dos quadrinhos, o protagonista enfrenta inúmeros desafios com autoridades da censura americana para pode distribuir sua obra. As queixas são sobre a perversidade e promiscuidade não apenas da heroína, mas também do criador e sua família, composta de duas esposas e filhos.
Confesso que gostaria de viver mais aquela experiência do trio amante, de suas dores, inseguranças e prazeres, eis que tudo é mostrado um pouco acelerado, mas nada que estrague o filme. Talvez a ideia era que conhecêssemos um pouco do Professor e suas esposas, e o quanto aquela família se amava genuinamente, além dos percalços que tal relação trouxe para a criação e expansão da MULHER MARAVILHA.
Conseguimos sentir todo o sofrimento e desespero do personagem central. Depois do fim de seu relacionamento, ele parte sem destino e com um único objetivo: afastar-se da dor. Porém, é impossível. Belo Road movie.
Confesso que estou com dificuldade para falar desse filme, tamanha sua densidão. Logo de cara, vejo uma espetacular fotografia e uma trilha sonora pesada.
A história é contada quase que num delírio febril. Um pesadelo. Cortes rápidos e cenas longas. Câmera em primeira pessoa e câmera escondida entre os arbustos: uma câmera inquieta.
Estamos diante da transição da religião pagã para o Cristianismo naquela região da antiga Tchecoslováquia, no século XIII.
Temos personagens representativos da Igreja Católica, da rebeldia pagã, do Estado etc.
Temos também a personagem Marketa Lazarová (que dá nome ao título do filme), a donzela virgem e inocente, destinada desde criança a servir a Deus. Ela representa o que poderia haver de mais puro naquele cenário hostil. Após um desentendimento entre os clãs católico e pagão, o primogênito desse último rapta Marketa e a estupra.
A partir de então surgem conflitos entre e dentre as famílias. Marketa já não é vista como pura nem mesmo pelos seus pares.
O filme é espetacular. Prazeroso assistir e certamente repetirei a dose em breve. Filme sensorial e autêntico, considerado o melhor já feito pela Republica Tcheca atual.
Ninguém quer saber. A genitora não quer e nós também não queremos. Por vezes nem as crianças querem, nem mesmo nosso herói Akira. A discussão e denúncia recai evidentemente no comportamento dos adultos nos filmes. A omissão voluntária traz inúmeras consequências. É mais fácil desviar o olhar e se preocupar apenas consigo mesmo.
Patrik é um adolescente órfão e rebelde que tem sua adoção direcionada para um casal homoaefivo, Göran e Sven. Estes, por sua vez, acreditavam ter sido agraciado com a adoção de um bebê, de 1,5 anos de idade (um ano e meio?), mas tratava-se de mero erro de digitação, o que é confirmada com a chegada de Patrik ao lar, de 15 anos.
Vemos Goran mostrar-se mais sensível e solícito para com o garoto, ao passo que Sven é tão rebelde quanto. A partir de então, o filme segue aquela linha de resistência e rebeldia entre adotantes e adotado, até que do convívio contínuo surja um sentimento recíproco entre todos.
Também fazem parte da obra temáticas importantes, como o preconceito (tanto expresso quanto silencioso) em face do casal, não apenas pela adoção em si, mas também no cenário profissional e social. Em dado momento, chegam-se a insinuar que Patrik foi adotado para fins meramente sexuais. O próprio adolescente, inicialmente, acha que o casal é pedófilo e tem medo de adormecer e ser abusado.
Apesar disso, temos um filme gracioso, com uma trilha sonora muito bonita. Gosto da direção e edição que consegue não deixar a história piegas, tampouco maçante de mais. Bonitinho.
Acredito que também não tenha toda a inteligência intelectual e emocional para entender esse filme, mas dentro de sua excentricidade ele ao menos me instigou. E instigou até os momentos finais.
Acompanhamos histórias centrais e muitas historinhas paralelas. Há muita bizarrice, mas tecnicamente tudo é muito bem feito.
Naturalmente ao término há reflexões a serem feitas, mas percebo que não consegui absorver tudo numa primeira leitura.
Questões como a busca da imortalidade pelos personagens através de um retiro espiritual e alquímico é, como mencionei, instigante. Mas não é só. A intenção é colocar o telespectador também como um ser, no mínimo, curioso e participante da jornada. Queremos ver a prometida imortalidade que será encontrada no topo da montanha encantada. E o final é igualmente surpreendente, por assim dizer.
Documentário que apresenta o extermínio de milhares de pessoas pelo então governo militar da Indonésia, entre 1965 e 66. O diretor coloca frente a frente o irmão mais novo de uma das vítimas e os respectivos responsáveis (em sua maioria ex-políticos e vizinhos de famílias sobreviventes).
É de ficar boquiaberto com os relatos dos genocidas. Eles de fato se sentem orgulhosos pelo ato heroico praticado. Não enxergam o extermínio de mais de um milhão de pessoas como um comportamento criminoso, mas apenas como algo político, sendo o expurgo de comunistas locais. Bradam felizes e até reencenam o massacre. Relatos sobre mutilação de pessoassão jogados na nossa cara como algo natural. Pelo menos dois desses seres contam que bebiam o sangue da vítimas para, pasmem, não enlouquecer diante dos inúmeros atos executórios!
Não há nada velado, portanto. Tudo é muito explícito. O silêncio recai apenas nas famílias vítimas dessa atrocidade, não no sentido de não expor o que ocorreu (até porque é exposto pelos próprios autores, como dito), mas no que se refere ao não expor a dor e o sofrimento que ainda lateja mais de cinquenta anos depois.
Gosto da ideia do rapaz visitar os algozes do irmão, oferecendo-lhe óculos de grau (de fato ele é um vendedor de óculos), de modo que nos remete a tentativa frustrada de fazê-los enxergar a barbárie cometida.
Queria escrever muito sobre cada personagem e os respectivos desenvolvimentos na história, mas entendo melhor não prosseguir nesse objetivo. A história que se passa numa pequeníssima cidade do Texas, é roteirizada de modo a não trazermos juízos ao comportamento dos seus moradores, e certamente incidiria nesse erro. Nesse ponto, o foco centra-se nos jovens rebeldes que procuram seu lugar ao sol e, portanto, agem inesperadamente em certos momentos diante de um cenário aparentemente censurador para tais condutas.
Gosto como o diretor (igualmente jovem na época) Peter Bogdanovich opta por uma narrativa um tanto desconcertante e com uma edição afiada, traçando através de cada cena uma linha temporal, que ao final chega a ser composta por anos, e tudo como forma de trazer o crescimento (ou não) de cada personagem no decorrer da trama. Aqui, vale destacar o elenco cheio de grandes artistas, com os jovens na ocasião Jeff Bridges e Cybill Shepherd, e alguns mais experientes como Ellen Burstyn.
A última sessão de cinema daquele lugar é o marco para mudanças. Mudanças de paradigmas, um novo olhar sobre o mundo, o recomeço sem quaisquer resquícios de esperança para algo melhor.
Gosto da brincadeira de ele ter retirado o cisco do olho dela, como se ali abrisse seus olhos para uma nova paixão ou mesmo para um casamento ordinário e infeliz..
Até aproximadamente metade de sua execução, via o filme com um sorrisão estampado no rosto. Estava vislumbrado pela obra assim como nosso inocente carteiro, Mario Ruoppolo, estava diante da personalidade de Pablo Neruda. Mario recebe a missão de levar as cartas ao poeta durante o período em que esteve isolado em uma ilha da Itália. O carteiro, aproveitando-se da nobre função, tenta se aproximar do artista para obter “dicas” sobre a criação de poesias, apenas para conseguir conquistar mulheres (Neruda era conhecido por arrasar corações femininos). No entanto, Mario igualmente é conquistado e se torna mais uma de suas vítimas (no bom sentido), iniciando-se a partir de então uma genuína amizade entre ambos.
A roupagem do filme assemelha-se em muito as comédias dramáticas italianas dos anos 90. Não sou um expert no tema, mas aqui vejo algo que me soa familiar (de alguns filmes italianos que já assisti): uma história simples e bonita, com pitadas de humor e romance e, evoluindo para um desfecho dramático.
E nesse ponto, nosso herói coloca Neruda em um pedestal e, via de consequência, decepciona-se quando o distanciamento entre eles, que já era previsto, ocorre. Isso nos é mostrado após a metade do filme, e talvez seja essa a ideia do diretor ao dar uma queda na história antes do seu desfecho. Num primeiro momento parece-nos que a película perdia força, mas não!!! Era apenas uma leve frustração, assim como a do Carteiro, que vive o luto dos seus mais belos momentos na vida durante a amizade presencial com Pablo Neruda.
Encerro dizendo que se trata de um filme de história e personagens simples, mas cujas falas e diálogos foram criados com esmero e em forma de poesia. É simples e bonito. A trilha sonora, vencedora do oscar, apenas confirma a beleza dessa obra.
Vemos naturalmente as adolescentes serem hostilizadas: no trabalho, ao se apresentar num show, ao pedir ajuda, num assédio dentro de um metrô etc. A protagonista não tem a quem se socorrer a não ser ela. Poucos são capazes de ajudar. A dor é dela. A cena que dá título ao filme é de partir o coração. Quando lhe questionam se já foi obrigada a fazer algo que não queria (sob um prisma de violência contra a mulher), sua resposta dolorosa é "às vezes", mas sua expressão diz "sempre"
Ainda que seja um filme considerado um dos percussores das comédias românticas, vejo algo que vai muito além desse simples rótulo, tendo essa obra de 1940 fortes criticas sociais.
A História gira envolta da forte personagem feminina Tracy, em mais uma atuação linda de Katharine Hepburn que pude vivenciar. Ela é uma socialite divorciada há dois anos e que resolve se casar novamente apenas para talvez provar que ainda pode ser uma mulher casada. Nos dias que precedem a festa matrimonial, sua casa é tomada pelo ex-marido Cary Grant e pelo jornalista James Stewart. Passado, presente e futuro são nos passados tranquilamente através de diálogos prazerosos entre os protagonistas.
Interessante perceber que o casório inicial não deu certo em razão de Tracy ser mais poderosa que o Marido, em detrimento da mulher padronizada, mãe e dona de casa que todos queriam. Mais interessante ainda é o fato de Tracy, em dado momento que flerta com o jornalista (Stewart), mostrar-se frágil e confusa em relação aos seus sentimentos.
Trata-se de um filme gostoso de assistir. O elenco está afiadíssimo e a atuação de Stewart lhe rende o único óscar da carreira, o que pra mim soa curioso pelo pouco tempo de tela que ele tem no filme e por ele ter realizado trabalhos muitos mais icônicos. Apesar disso, o filme é todo de Katharine.
"E aqui com tanta gente da nossa idade, inevitavelmente tem muita perda e dor. E muitos também não superaram ... e esta tudo bem... está tudo bem...".
A história recaí em pessoas (em sua maioria idosas) que decidiram seguir uma vida nômade, repousando em seus trailers e desbravando o EUA, sobrevivendo com a renda de empregos temporários. São nômades e solitários. Fern (Frances McDormand) dá o tom a mais um desses seres. Em uma atuação explêndia (que vontade de abracá-la, meu Deus), dá voz a personagem de uma mulher idosa que se vê sozinha no mundo.
Viúva e sem filhos, ainda não superou a morte do companheiro. Quer manter intacta a memória do falecido nesse mundo. Carrega pra cima e pra baixo pertences domésticos angariados pelo casal ao longo da vida, numa tentativa dolorida de não deixar esvair o passado. Seus bens foram dilapiados em razão da crise econômica. Ela tem apenas sua Van e as lembranças, e alguns amigos, é verdade. Como dito, ela não superou. Ela não retira a aliança. No único momento que esbraveja é em razão da quebra de pratos e louças antigos (ela cola todos eles posteriormente, aliás). O único momento que lhe brota uma lágrima é quando se vê diante da antiga residência. Sua dor está presente em quase todos os momentos, mas ali finalmente ela lacrimeja. Ela apenas vive sua melancolia (reforçada pela trilha sonora). Ela parece não saber se irá ou se ficará. Se for, voltará? Ela apenas vai, sem destino certo. E está tudo bem.
Ninguém consegue lidar com Benni, nem ela mesma. O mundo a despreza e ela despreza o mundo. Possui aparentemente transtorno de conduta, opondo-se a tudo que não lhe convém no momento. E sua oposição é feroz. A obra nos da informações de que tal transtorno não lhe veio acoplado no nascimento, mas é oriundo de traumas infantis (inclusive uma tentativa de homicídio contra sua pessoa). Há aqueles pacientes que tentam entregar todo amor e carinho pra Benni mas essa parece ter suas próprias regras. Embora lidar com frustações seja dificil para todos, para ela é quase a morte. Ela não tem culpa disso, é verdade. Ao final temos sua plena liberdade, estilo Thelma e Louise.
Ele vive literalmente o ciclo do luto, tendo a raiva e negação até a aceitação plena. Há recaídas, é verdade. Há um novo olhar para o que houve. Existe reconforto diante de coisas que deixaram de existir, como sua audição e seu relaciomento amoroso.
Depois do Universo
3.3 158 Assista AgoraBem mediano. Viviane Araújo disparada a melhor coisa do filme.
Lulli
2.5 121filme shit
O 'W' da Questão
2.7 41 Assista AgoraHistória horrorosa, filme horroroso.
E Sua Mãe Também
4.0 518Tenoch (Diego Luna) e Julio (Gael Garcia Bernal) são dois amigos adolescentes que acabaram de terminar a escola, e só querem transar, fumar maconha e transar novamente. Embora estejam num contexto de mudança política do país (México), pouco se importam com isso. São jovens em descoberta sexual plena e que, nesse momento, só isso lhes interessa. Assim, convidam Luisa (Maribel Verdú), uma mulher mais velha, a com eles viajar até uma praia paradisíaca, que, em verdade, inexiste. A ousadia dos garotos dá lugar a surpresa quando a Luisa aceita o convite.
O filme a partir de então transforma-se num Road Movie magnifico e cheio de descobertas. Quando Tenoch e Julio aceitam o desafio de levar Luisa a uma praia imaginária por eles e como se saíssem sem destino em busca da felicidade-prazer nunca antes explorado. Eles percorrem regiões pobres e lindíssimas, e transpassam também por sentimentos como de euforia, alegria, raiva e decepção.
Apesar da obra ter várias cenas de sexo (a primeira inclusive), o filme não se limita apenas a mostrar a descoberta da sexualidade dos garotos. É muito mais do que isso. Temos um filme sim sobre amizade e seus conflitos. Sobre o início e o fim de um relacionamento. Sobre pessoas importantes que chegam, nos marcam e se vão. Sobre saudade. Sobre lembrança e maturidade. E tudo isso através de uma direção sofisticada de Cuaron, com destaque para as cenas que se passam dentro do veículo que transporta aqueles interessantes seres.
Segredos do Passado
3.4 89Quero mais filmes assim.
Professor Marston e as Mulheres Maravilhas
3.9 168 Assista AgoraNo início achei que iria assistir um filme bem convencional, mas me surpreendi positivamente. Apesar da obra ter sim uma dinâmica e ritmo padronizados, é certo que o enredo surpreende quando vemos que o criador da personagem Mulher Maravilha, o Professor Marston viveu no que chamamos hoje de trisal, e isso na década de 20.
Psicólogo e liberal, inspira-se nas duas mulheres que amou para formar a heroína mais importante de todos os tempos: a personagem empoderada que sobrepõe a conceitos preconceituosos e se utiliza da verdade e das amordaças para combater o mau.
Fora dos quadrinhos, o protagonista enfrenta inúmeros desafios com autoridades da censura americana para pode distribuir sua obra. As queixas são sobre a perversidade e promiscuidade não apenas da heroína, mas também do criador e sua família, composta de duas esposas e filhos.
Confesso que gostaria de viver mais aquela experiência do trio amante, de suas dores, inseguranças e prazeres, eis que tudo é mostrado um pouco acelerado, mas nada que estrague o filme. Talvez a ideia era que conhecêssemos um pouco do Professor e suas esposas, e o quanto aquela família se amava genuinamente, além dos percalços que tal relação trouxe para a criação e expansão da MULHER MARAVILHA.
O Grito
4.0 21Conseguimos sentir todo o sofrimento e desespero do personagem central. Depois do fim de seu relacionamento, ele parte sem destino e com um único objetivo: afastar-se da dor. Porém, é impossível. Belo Road movie.
Marketa Lazarova
4.1 24 Assista AgoraConfesso que estou com dificuldade para falar desse filme, tamanha sua densidão.
Logo de cara, vejo uma espetacular fotografia e uma trilha sonora pesada.
A história é contada quase que num delírio febril. Um pesadelo. Cortes rápidos e cenas longas. Câmera em primeira pessoa e câmera escondida entre os arbustos: uma câmera inquieta.
Estamos diante da transição da religião pagã para o Cristianismo naquela região da antiga Tchecoslováquia, no século XIII.
Temos personagens representativos da Igreja Católica, da rebeldia pagã, do Estado etc.
Temos também a personagem Marketa Lazarová (que dá nome ao título do filme), a donzela virgem e inocente, destinada desde criança a servir a Deus. Ela representa o que poderia haver de mais puro naquele cenário hostil. Após um desentendimento entre os clãs católico e pagão, o primogênito desse último rapta Marketa e a estupra.
A partir de então surgem conflitos entre e dentre as famílias. Marketa já não é vista como pura nem mesmo pelos seus pares.
O filme é espetacular. Prazeroso assistir e certamente repetirei a dose em breve. Filme sensorial e autêntico, considerado o melhor já feito pela Republica Tcheca atual.
Boneca Inflável
3.9 192 Assista AgoraEmbora a discussão seja abrangente (como, por exemplo, a mulher dependente, submissa e infeliz), a execução da história cansa um pouco. Bom filme.
Ninguém Pode Saber
4.3 227Ninguém quer saber. A genitora não quer e nós também não queremos. Por vezes nem as crianças querem, nem mesmo nosso herói Akira. A discussão e denúncia recai evidentemente no comportamento dos adultos nos filmes. A omissão voluntária traz inúmeras consequências. É mais fácil desviar o olhar e se preocupar apenas consigo mesmo.
Patrick, Idade 1,5
4.0 492Patrik é um adolescente órfão e rebelde que tem sua adoção direcionada para um casal homoaefivo, Göran e Sven. Estes, por sua vez, acreditavam ter sido agraciado com a adoção de um bebê, de 1,5 anos de idade (um ano e meio?), mas tratava-se de mero erro de digitação, o que é confirmada com a chegada de Patrik ao lar, de 15 anos.
Vemos Goran mostrar-se mais sensível e solícito para com o garoto, ao passo que Sven é tão rebelde quanto. A partir de então, o filme segue aquela linha de resistência e rebeldia entre adotantes e adotado, até que do convívio contínuo surja um sentimento recíproco entre todos.
Também fazem parte da obra temáticas importantes, como o preconceito (tanto expresso quanto silencioso) em face do casal, não apenas pela adoção em si, mas também no cenário profissional e social. Em dado momento, chegam-se a insinuar que Patrik foi adotado para fins meramente sexuais. O próprio adolescente, inicialmente, acha que o casal é pedófilo e tem medo de adormecer e ser abusado.
Apesar disso, temos um filme gracioso, com uma trilha sonora muito bonita. Gosto da direção e edição que consegue não deixar a história piegas, tampouco maçante de mais. Bonitinho.
A Montanha Sagrada
4.3 465Acredito que também não tenha toda a inteligência intelectual e emocional para entender esse filme, mas dentro de sua excentricidade ele ao menos me instigou. E instigou até os momentos finais.
Acompanhamos histórias centrais e muitas historinhas paralelas. Há muita bizarrice, mas tecnicamente tudo é muito bem feito.
Naturalmente ao término há reflexões a serem feitas, mas percebo que não consegui absorver tudo numa primeira leitura.
Questões como a busca da imortalidade pelos personagens através de um retiro espiritual e alquímico é, como mencionei, instigante. Mas não é só. A intenção é colocar o telespectador também como um ser, no mínimo, curioso e participante da jornada. Queremos ver a prometida imortalidade que será encontrada no topo da montanha encantada. E o final é igualmente surpreendente, por assim dizer.
O Peso do Silêncio
4.2 57Documentário que apresenta o extermínio de milhares de pessoas pelo então governo militar da Indonésia, entre 1965 e 66. O diretor coloca frente a frente o irmão mais novo de uma das vítimas e os respectivos responsáveis (em sua maioria ex-políticos e vizinhos de famílias sobreviventes).
É de ficar boquiaberto com os relatos dos genocidas. Eles de fato se sentem orgulhosos pelo ato heroico praticado. Não enxergam o extermínio de mais de um milhão de pessoas como um comportamento criminoso, mas apenas como algo político, sendo o expurgo de comunistas locais. Bradam felizes e até reencenam o massacre. Relatos sobre mutilação de pessoassão jogados na nossa cara como algo natural. Pelo menos dois desses seres contam que bebiam o sangue da vítimas para, pasmem, não enlouquecer diante dos inúmeros atos executórios!
Não há nada velado, portanto. Tudo é muito explícito. O silêncio recai apenas nas famílias vítimas dessa atrocidade, não no sentido de não expor o que ocorreu (até porque é exposto pelos próprios autores, como dito), mas no que se refere ao não expor a dor e o sofrimento que ainda lateja mais de cinquenta anos depois.
Gosto da ideia do rapaz visitar os algozes do irmão, oferecendo-lhe óculos de grau (de fato ele é um vendedor de óculos), de modo que nos remete a tentativa frustrada de fazê-los enxergar a barbárie cometida.
A Última Sessão de Cinema
4.1 123 Assista AgoraQueria escrever muito sobre cada personagem e os respectivos desenvolvimentos na história, mas entendo melhor não prosseguir nesse objetivo. A história que se passa numa pequeníssima cidade do Texas, é roteirizada de modo a não trazermos juízos ao comportamento dos seus moradores, e certamente incidiria nesse erro. Nesse ponto, o foco centra-se nos jovens rebeldes que procuram seu lugar ao sol e, portanto, agem inesperadamente em certos momentos diante de um cenário aparentemente censurador para tais condutas.
Gosto como o diretor (igualmente jovem na época) Peter Bogdanovich opta por uma narrativa um tanto desconcertante e com uma edição afiada, traçando através de cada cena uma linha temporal, que ao final chega a ser composta por anos, e tudo como forma de trazer o crescimento (ou não) de cada personagem no decorrer da trama. Aqui, vale destacar o elenco cheio de grandes artistas, com os jovens na ocasião Jeff Bridges e Cybill Shepherd, e alguns mais experientes como Ellen Burstyn.
A última sessão de cinema daquele lugar é o marco para mudanças. Mudanças de paradigmas, um novo olhar sobre o mundo, o recomeço sem quaisquer resquícios de esperança para algo melhor.
Pedaços De Uma Mulher
3.8 544 Assista AgoraAtuação de Vanessa Kirby me despedaçou,
assim como vemos a deterioração da vida da personagem após o ocorrido
Desencanto
4.4 171 Assista AgoraGosto da brincadeira de ele ter retirado o cisco do olho dela, como se ali abrisse seus olhos para uma nova paixão ou mesmo para um casamento ordinário e infeliz..
Lindo Romance.
O Carteiro e o Poeta
4.2 300Até aproximadamente metade de sua execução, via o filme com um sorrisão estampado no rosto. Estava vislumbrado pela obra assim como nosso inocente carteiro, Mario Ruoppolo, estava diante da personalidade de Pablo Neruda. Mario recebe a missão de levar as cartas ao poeta durante o período em que esteve isolado em uma ilha da Itália. O carteiro, aproveitando-se da nobre função, tenta se aproximar do artista para obter “dicas” sobre a criação de poesias, apenas para conseguir conquistar mulheres (Neruda era conhecido por arrasar corações femininos). No entanto, Mario igualmente é conquistado e se torna mais uma de suas vítimas (no bom sentido), iniciando-se a partir de então uma genuína amizade entre ambos.
A roupagem do filme assemelha-se em muito as comédias dramáticas italianas dos anos 90. Não sou um expert no tema, mas aqui vejo algo que me soa familiar (de alguns filmes italianos que já assisti): uma história simples e bonita, com pitadas de humor e romance e, evoluindo para um desfecho dramático.
E nesse ponto, nosso herói coloca Neruda em um pedestal e, via de consequência, decepciona-se quando o distanciamento entre eles, que já era previsto, ocorre. Isso nos é mostrado após a metade do filme, e talvez seja essa a ideia do diretor ao dar uma queda na história antes do seu desfecho. Num primeiro momento parece-nos que a película perdia força, mas não!!! Era apenas uma leve frustração, assim como a do Carteiro, que vive o luto dos seus mais belos momentos na vida durante a amizade presencial com Pablo Neruda.
Encerro dizendo que se trata de um filme de história e personagens simples, mas cujas falas e diálogos foram criados com esmero e em forma de poesia. É simples e bonito. A trilha sonora, vencedora do oscar, apenas confirma a beleza dessa obra.
Nunca, Raramente, Às Vezes, Sempre
4.0 215 Assista AgoraVemos naturalmente as adolescentes serem hostilizadas: no trabalho, ao se apresentar num show, ao pedir ajuda, num assédio dentro de um metrô etc. A protagonista não tem a quem se socorrer a não ser ela. Poucos são capazes de ajudar. A dor é dela. A cena que dá título ao filme é de partir o coração. Quando lhe questionam se já foi obrigada a fazer algo que não queria (sob um prisma de violência contra a mulher), sua resposta dolorosa é "às vezes", mas sua expressão diz "sempre"
Bela Vingança
3.8 1,3K Assista AgoraBela Vingança. Bela Atuação Carey Mulligan. Filme muito bem feito com uma história poderosa.
Núpcias de Escândalo
3.9 109 Assista AgoraAinda que seja um filme considerado um dos percussores das comédias românticas, vejo algo que vai muito além desse simples rótulo, tendo essa obra de 1940 fortes criticas sociais.
A História gira envolta da forte personagem feminina Tracy, em mais uma atuação linda de Katharine Hepburn que pude vivenciar. Ela é uma socialite divorciada há dois anos e que resolve se casar novamente apenas para talvez provar que ainda pode ser uma mulher casada. Nos dias que precedem a festa matrimonial, sua casa é tomada pelo ex-marido Cary Grant e pelo jornalista James Stewart. Passado, presente e futuro são nos passados tranquilamente através de diálogos prazerosos entre os protagonistas.
Interessante perceber que o casório inicial não deu certo em razão de Tracy ser mais poderosa que o Marido, em detrimento da mulher padronizada, mãe e dona de casa que todos queriam. Mais interessante ainda é o fato de Tracy, em dado momento que flerta com o jornalista (Stewart), mostrar-se frágil e confusa em relação aos seus sentimentos.
Trata-se de um filme gostoso de assistir. O elenco está afiadíssimo e a atuação de Stewart lhe rende o único óscar da carreira, o que pra mim soa curioso pelo pouco tempo de tela que ele tem no filme e por ele ter realizado trabalhos muitos mais icônicos. Apesar disso, o filme é todo de Katharine.
Nomadland
3.9 895 Assista Agora"E aqui com tanta gente da nossa idade, inevitavelmente tem muita perda e dor. E muitos também não superaram ... e esta tudo bem... está tudo bem...".
A história recaí em pessoas (em sua maioria idosas) que decidiram seguir uma vida nômade, repousando em seus trailers e desbravando o EUA, sobrevivendo com a renda de empregos temporários. São nômades e solitários. Fern (Frances McDormand) dá o tom a mais um desses seres. Em uma atuação explêndia (que vontade de abracá-la, meu Deus), dá voz a personagem de uma mulher idosa que se vê sozinha no mundo.
Viúva e sem filhos, ainda não superou a morte do companheiro. Quer manter intacta a memória do falecido nesse mundo. Carrega pra cima e pra baixo pertences domésticos angariados pelo casal ao longo da vida, numa tentativa dolorida de não deixar esvair o passado. Seus bens foram dilapiados em razão da crise econômica. Ela tem apenas sua Van e as lembranças, e alguns amigos, é verdade. Como dito, ela não superou. Ela não retira a aliança. No único momento que esbraveja é em razão da quebra de pratos e louças antigos (ela cola todos eles posteriormente, aliás). O único momento que lhe brota uma lágrima é quando se vê diante da antiga residência. Sua dor está presente em quase todos os momentos, mas ali finalmente ela lacrimeja. Ela apenas vive sua melancolia (reforçada pela trilha sonora). Ela parece não saber se irá ou se ficará. Se for, voltará? Ela apenas vai, sem destino certo. E está tudo bem.
Transtorno Explosivo
4.0 158 Assista AgoraO filme é perturbador e intenso.
Ninguém consegue lidar com Benni, nem ela mesma. O mundo a despreza e ela despreza o mundo. Possui aparentemente transtorno de conduta, opondo-se a tudo que não lhe convém no momento. E sua oposição é feroz. A obra nos da informações de que tal transtorno não lhe veio acoplado no nascimento, mas é oriundo de traumas infantis (inclusive uma tentativa de homicídio contra sua pessoa). Há aqueles pacientes que tentam entregar todo amor e carinho pra Benni mas essa parece ter suas próprias regras. Embora lidar com frustações seja dificil para todos, para ela é quase a morte. Ela não tem culpa disso, é verdade. Ao final temos sua plena liberdade, estilo Thelma e Louise.
Soul
4.3 1,4KExiste muita coisa em Soul, mas a mensagem principal é simples e preciosa: o real propósito da vida é viver.
O Som do Silêncio
4.1 985 Assista AgoraAngustiante ver a degradação do protagonista ao perder o sentido auditivo.
Ele vive literalmente o ciclo do luto, tendo a raiva e negação até a aceitação plena. Há recaídas, é verdade. Há um novo olhar para o que houve. Existe reconforto diante de coisas que deixaram de existir, como sua audição e seu relaciomento amoroso.