Monalisa

Sensação de que todos os diálogos foram feitos para serem encaixados de maneira óbvia. Falou da meia listrada, ganhou meia listrada. Cantou a música do pai no começo do filme, ele canta no final. Na hora que falou do café em Paris, já sabia que no final seria lá e ela feliz, mudada e sozinha. Além disso, o clichê do deficiente físico (ou doente) mal humorado que é mudado por uma pessoa em especial é mais velho que andar pra frente. Sem falar da mesma ideia de duas pessoas opostas se apaixonarem por serem o que um falta na vida do outro. Ah, também teve a construcao preguiçosa do namorado. Fazem um personagem bem tosco mesmo pro expectador nao ter dúvida alguma de que os principais "tem que ficar juntos". Sinceramente, me choca como uma fórmula de filme pode fazer sucesso tantas e tantas vezes.

muito interessante trazer o tema da eutanásia. Achei bem bonita a cena que ele fala que não vai desistir, na praia. Rolou muita química.

Além de toda uma referência ao retorno do recalque e o desejo insuportável de matar o filho, o filme também me chamou atenção pelo complexo de Édipo.

O menino é extremamente apegado a mãe, demonstrando até uma relação próxima a conjugal. Essa dinâmica se estabelece justamente por conta da ausência do pai (no caso do filme), ou seja: não há um interdito. Dessa maneira, percebemos que a mãe não possui autoridade, eles dormem juntos diversas vezes e o filho promete proteger a mãe, como se fosse responsável por ela. Assim, a relação dos dois se mostra diferente de algo maternal e acaba causando até certo incomodo como na cena da banheira ou na que a mãe é interrompida durante a masturbação. Aliás, a cena da masturbação releva muito sobre a dinâmica entre eles já que mãe acaba não tendo nem ao menos um momento de prazer em paz,. Isso aumenta uma carga de estresse na situação, como se ela tivesse sido tomada totalmente pela existência do seu filho, até em seus momentos íntimos.

Além disso, para Freud, muito superficialmente, sonhos são a realização de desejos. Isso se mostra claro no filme quando ela sonha/alucina com o filho morto no sofá.