Independente da idade que você tenha, ou da época em que assista ao filme, é difícil não se sentir maravilhado ao ver O Mágico de Oz, clássico de Victor Fleming. Seja pelas canções, pelos icônicos personagens, pelo pioneirismo ou pelo incrível visual (que se torna ainda mais fantástico levando-se em consideração que foi feito em 1939), o longa não permanece memorável por mais de sete décadas à toa. Mesmo sendo oficialmente baseado no livro de L. Frank Baum e não no filme de 39 (por motivo de: direitos autorais), as referências entre Oz: Mágico e Poderoso, que chegou aos cinemas neste fim de semana sob a direção do competente Sam Raimi, e o longa de Victor Fleming são muito óbvias para desconsiderarmos. E embora não faça jus ao brilhantismo do original (e a comparação nunca seria justa), o recente diverte e se apresenta como um bom passatempo, apesar das falhas. Ambientado no empoeirado preto e branco Kansas (claro) de 1905, acompanhamos Oscar Diggs (James Franco), um mágico cuja honestidade não é seu ponto forte e que sonha em se tornar um grande homem. Uma tempestade (claro) o leva a Oz, uma colorida terra que vive sob a maldição de uma bruxa má e que espera que a profecia na qual um poderoso mágico os salvará se concretize. Auxiliado pelo macaco voador Finley (Zach Braff) e pela bonequinha de porcelana China Girl (Joey King – e é uma pena que o nome da personagem não tenha sido bem traduzido no Brasil), Oscar precisa, por pura ganância, provar ao povo de Oz e às bruxas Theodora (Mila Kunis), Evanora (Rachel Weisz) e Glinda (Michelle Williams) que ele tornará a profecia verdadeira. E é impossível não entender isso no longa, já que o nada criativo roteiro de Mitchell Kapner e David Lindsay-Abaire faz questão de explicar absolutamente tudo verbalmente (e mais de uma vez), subestimando a inteligência do público infantil. Desta forma, o papel inicial de Theodora é explicar tudo para Oscar, sendo posteriormente substituída por Glinda nesta função. A obviedade é tanta que, em certo momento, apontando para a cidade de esmeraldas e para a estrada de tijolos amarelos (idêntica à de 1939), Theodora diz: “essa é a cidade das esmeraldas, e só seguir a estrada de tijolos amarelos”. E está é apenas uma das referências que ligam os dois filmes do mágico de Oz – algumas ótimas, como o fato dos atores terem personagens tanto em Kansas quanto em Oz (Braff, King e Williams), de Glinda voar em uma bolha, da troca de presentes final, da tela quadrada preto e branca que fica colorida e muda de formato (remetendo à ideia de cortinas se abrindo) na transição para Oz e de isso ocorrer dentro de um objeto que voa dentro de um tornado (mas bem que podiam tocar “The Great Gig in the Sky” do Pink Floyd nesse momento, para outra referência bacana) A direção de elenco também é competente, já que a tarefa de não nos fazer perceber que eles estão atuando em um fundo verde quase que o tempo todo é difícil e foi bem cumprida. Apesar de não contar com nenhuma atuação excepcional, a sempre incrível Weisz oferece a crueldade necessária para Evanora e Franco a dubiedade que Oscar precisa. Williams, que não costuma ser a boazinha, está bem, mas Kunis, prejudicada por uma personagem pessimamente construída, está constrangedora.
É de se esperar que um filme de Dragon Ball não tenha uma história muito intrincada. Qualquer conhecedor do mangá ou anime sabe que o enredo se resume ao aparecimento de um inimigo ainda mais forte que o anterior. Como o esperado, A Batalha dos Deuses apresenta exatamente isso e da maneira mais rasa possível. A história se passa alguns anos após a derrota de Majin Buu. Logo no início da projeção já somos apresentados a Bills, um deus da destruição que após acordar de seu sono de trinta e oito anos procura um inimigo à sua altura. Ele se lembra de um sonho no qual enfrentava um deus super-sayajin e sai em busca dos únicos membros remanescentes dessa raça de guerreiros. Não irei entregar o filme todo, mas não é segredo que Bills eventualmente luta com cada um dos guerreiros Z. Claramente o filme foi feito para os fãs que esperam ver uma luta de proporções maiores que a do vilão anterior. A Batalha dos Deuses, contudo, tem sua duração toda ocupada por momentos mais levianos de comédia que, embora divertidos, acabam não levando o espectador ao clímax da história. A expectativa criada é muito pequena. Somente em alguns momentos a Terra realmente aparenta estar em perigo, deixando a batalha final carente de emoção, vazia. No fim da animação o que permanece é o sentimento de que vimos uma obra incompleta de caráter introdutório. O agrado aos fãs está na apresentação de algumas cenas do anime original, tanto de Dragon Ball quanto de Dragon Ball Z e em personagens e transformações que ocupam um breve tempo de tela. Dentre esses está até o Imperador Pilaf, que garante algumas risadas e apela para a nostalgia dos espectadores que acompanharam a série. Essa nostalgia é ainda mais explorada quando nos créditos finais nos é mostrada a história de Dragon Ball pelas páginas dos mangás ao som de Cha-la Head Cha-la (no idioma original), a abertura de Dragon Ball Z. O melhor aspecto do filme está nas técnicas de animação utilizadas. Há uma mistura entre o 2D com o 3D que confere um grande dinamismo, principalmente às cenas de luta. Nesse sentido não foram poupados recursos. Espere ver inúmeras transições de cenários cuidadosamente desenhados e uma câmera bastante dinâmica e que em nenhum momento deixa o espectador confuso. A animação digital também está presente nos poderes dos personagens que ganharam uma melhoria no visual. Dragon Ball Z: A Batalha dos Deuses é um filme feito para fãs e que, em geral, só irá agradar a esses. Ele se sustenta a partir da ótima obra que o antecedeu. A animação serviria perfeitamente como o início de um novo arco para a série, mas aparentemente esse não é o caso.É de se esperar que um filme de Dragon Ball não tenha uma história muito intrincada. Qualquer conhecedor do mangá ou anime sabe que o enredo se resume ao aparecimento de um inimigo ainda mais forte que o anterior. Como o esperado, A Batalha dos Deuses apresenta exatamente isso e da maneira mais rasa possível. A história se passa alguns anos após a derrota de Majin Buu. Logo no início da projeção já somos apresentados a Bills, um deus da destruição que após acordar de seu sono de trinta e oito anos procura um inimigo à sua altura. Ele se lembra de um sonho no qual enfrentava um deus super-sayajin e sai em busca dos únicos membros remanescentes dessa raça de guerreiros. Não irei entregar o filme todo, mas não é segredo que Bills eventualmente luta com cada um dos guerreiros Z. Claramente o filme foi feito para os fãs que esperam ver uma luta de proporções maiores que a do vilão anterior. A Batalha dos Deuses, contudo, tem sua duração toda ocupada por momentos mais levianos de comédia que, embora divertidos, acabam não levando o espectador ao clímax da história. A expectativa criada é muito pequena. Somente em alguns momentos a Terra realmente aparenta estar em perigo, deixando a batalha final carente de emoção, vazia. No fim da animação o que permanece é o sentimento de que vimos uma obra incompleta de caráter introdutório. O agrado aos fãs está na apresentação de algumas cenas do anime original, tanto de Dragon Ball quanto de Dragon Ball Z e em personagens e transformações que ocupam um breve tempo de tela. Dentre esses está até o Imperador Pilaf, que garante algumas risadas e apela para a nostalgia dos espectadores que acompanharam a série. Essa nostalgia é ainda mais explorada quando nos créditos finais nos é mostrada a história de Dragon Ball pelas páginas dos mangás ao som de Cha-la Head Cha-la (no idioma original), a abertura de Dragon Ball Z. O melhor aspecto do filme está nas técnicas de animação utilizadas. Há uma mistura entre o 2D com o 3D que confere um grande dinamismo, principalmente às cenas de luta. Nesse sentido não foram poupados recursos. Espere ver inúmeras transições de cenários cuidadosamente desenhados e uma câmera bastante dinâmica e que em nenhum momento deixa o espectador confuso. A animação digital também está presente nos poderes dos personagens que ganharam uma melhoria no visual. Dragon Ball Z: A Batalha dos Deuses é um filme feito para fãs e que, em geral, só irá agradar a esses. Ele se sustenta a partir da ótima obra que o antecedeu. A animação serviria perfeitamente como o início de um novo arco para a série, mas aparentemente esse não é o caso.
Personagens estereotipados, roteiro padrão, forte carga de efeitos especiais e muita pancadaria. Fórmula infalível para um típico arrasa-quarteirão do verão americano, daqueles que vemos aos borbotões e que quase nada verdadeiramente se aproveita, não é mesmo? Círculo de Fogo seria assim, uma diversão descartável e esquecível no momento em que os créditos finais começassem a rolar, não fosse por um pequeno detalhe mexicano: Guillermo del Toro. E o diretor fez toda a diferença em relação a esse filme, definitivamente separando-o do lugar comum a que ele estaria destinado se tivesse caído em mãos menos hábeis. Guillermo del Toro empresa sua atenção a detalhes e amor legítimo ao que faz para Círculo de Fogo, transformando o que poderia ser mais um filme estilo Michael Bay em uma criatura completamente diferente, rico em caráter, mas sem perder o que faz um filme de mostro ser um filme de monstro. Mas primeiro, a história: uma fenda abriu-se no Oceano Pacífico e dela saem gigantescos monstros (os kaiju, que significa “criatura estranha” em japonês e é o termo usado para identificar os filmes de monstro notadamente japoneses, como Godzilla) cujo único objetivo parece ser destruir todas as cidades litorâneas do chamado Círculo de Fogo (daí o título certeiro em português, que foi xingado de todo jeito pelos reclamões de plantão que, aparentemente, deviam preferir “Borda do Pacífico” ou algo literal assim). A solução? Ora, é evidente: para lutar contra monstros gigantes, faz-se necessária a construção de robôs gigantes. Nascem, assim, os jaegers(caçadores, em alemão), comandado por dois pilotos que trabalham em sincronia via ponte neural. Del Toro, que também trabalhou no roteiro, não perde muito tempo detalhando a origem dos monstros. Usando uma narrativa em off um tanto maçante, mas necessária, ouvimos Raleigh Becket (Charlie Hunnam, de Sons of Anarchy) contando sobre o quase-apocalipse e como osjaegers salvaram o mundo. E, com isso, somos jogados imediatamente na ação, com Raleigh e seu irmão Yancy (Diego Klattenhoff) pilotando Gipsy Danger contra um monstrão. Arrogantes e seguros de si, os irmãos apanham como cão ladrão e, junto com a tragédia anunciada, vem a queda dos jaegers. Del Toro pilota o filme com a segurança dos irmãos Becket, mas completamente sem arrogância. Ele sabe que o material é, basicamente, uma colagem de clichês, mas ele também sabe que nem todo o clichê precisa ser trabalhado de maneira descuidada. Sua primorosa atenção a detalhes, em primeiro lugar, cria visuais arrebatadores trazidos à vida por um design de produção primoroso de Andrew Neskoromy e Carol Spier. É sabido que Del Toro interferiu e palpitou em todos os estágios da produção, trazendo seu conhecimento nerd/geek para a mesa tantas vezes quanto necessário e isso é refletido em cada fotograma, cada monstro e cada robô. Aliás, os desenhos dos gigantescos seres e máquinas emprestam personalidade a elementos da composição cinematográfica que, na mão de um diretor menos competente, seriam só mesmo aquilo que eles são: buchas de canhão. O que Del Toro faz é o que de certa forma Shawn Levy fez em Gigantes de Aço. Nós nos importamos tanto pelos seres inanimados quanto pelos imensos monstros que povoam as telas. Sabemos seus nomes, torcemos e vibramos como se fossem personagens humanos. E o mesmo vale para os soldados, cientistas e contrabandistas que vemos em cena. São todos basicamente unidimensionais, com funções únicas e específicas dentro da trama, mas, mesmo assim, del Toro trabalha ângulos e câmeras focadas em seus rostos de forma que vivamos o que eles vivem. Em uma análise rasteira, Raleigh seria só mais um valentão que se acha invencível, mas del Toro, ao escalar Hunnam para o papel tinha um objetivo: humanizar o estereótipo. O mesmo vale para a escalação de Idris Elba no papel do Marechal Stacker Pentecost. Ele faz pose, gestos e discursos saídos de personagens feitos de cartolina (diabos, até seu nome parece mais um boneco de G.I. Joe!), mas o enquadramento, a emoção, intensidade e o fiapo de história pregressa e os discursos (“Hoje, nós cancelaremos o apocalipse!”) que del Toro e Elba imprimem ao personagem, acabam retirando-o do básico e transformando-o em algo verdadeiramente memorável. A dupla de cientistas, Dr. Newton Geiszler (Charlie Day) e Gottlieb (Burn Gorman), são alívios cômicos que del Toro usa até o limite do razoável, talvez indo um pouco além. Os dois atores funcionam bem em seus papéis antagônicos, quase como dois, dos três patetas, mas em um filme que já não se leva a sério, sua presença poderia ter sido cortada aqui e ali, especialmente porque a ponta do sempre ótimo Ron Perlman, como o contrabandista Hannibal Chau (mais um nome sensacional, não?) já vale como todo alívio cômico que a fita precisa. Mas del Toro vai além do design, roteiro e atuações. Ele consegue entregar um filme com um trabalho de câmera que deveria servir como padrão para filmes dessa categoria (a de “pancadaria incessante”). Tentem reparar com o diretor é cuidadoso em identificar os oponentes e em coreografar as lutas de forma que nós possamos, a qualquer momento saber que robô está lutando contra que criatura. Mesmo que a pesada dose de efeitos especiais tenha exigido que muito da ação se passe à noite e com chuva – para minimizar defeitos – fato é que nunca nos deparamos com uma situação da trilogia Transformers, em que é impossível identificar que robô está lutando. Guillermo del Toro, ao emprestar seu enorme talento para criar mundos imaginários, nos presenteia com um filme que diverte e emociona, que nos faz sofrer e vibrar junto com os personagens clichê como se não houvesse amanhã. Entrega uma obra que, com trocadilho, se agiganta perante as demais do verão americano de 2013.
Com excelente trilha sonora e elenco que te surpreenderá a cada cena, As Vantagens de Ser Invisível, dirigido por Stephen Chbosky, consegue recriar os dramas do impacto da adolescência em meio às diferenças entre os jovens de maneira simples e emocionante. Temos o principiante Logan Lerman (Percy Jackson e o Ladrão de Raios) no papel do solitário Charlie, que se recupera de uma depressão e tentativas de suicídio, após perda do seu único amigo, e enfrenta o drama de entrar no colegial. Patrick, interpretado pelo excelente Erza Miller (Precisamos falar sobre o Kevin), e Sam, a eterna Hermione, de Harry Potter, surgem como salvação ao acolherem Charlie em um grupo formado por alunos “diferentes”. O grande diferencial dessa adaptação cinematográfica é ter Chbosky, autor do livro de mesmo nome, cuidando do potencial de cada um dos seus personagens a fim de transmitir seus reais pesos e sentimentos. Se Logan Lerman nos presenteia com um excelente Charlie, Erza Miller consegue retratar o drama de um jovem homossexual, porém o destaque fica por conta de Emma Watson, que consegue apagar a existência de Hermione, ao receber a complexa Sam. Não se prenda pela sinopse ou cartaz, frente aos grandes lançamentos do ano, porém As Vantagens de Ser Invisível merece respeito e lugar entre os maiores destaques do ano, senão o melhor. Sem muitos recursos visuais a diferença fica por conta das canções que abusam das referências dos anos 80, coroada por Heroes, de David Bowie, como música tema do filme e recurso para transmitir uma enorme carga emocional. A cada cena uma nova sensação é transmitida pelos personagens, acompanhados da excelente trilha sonora, passando por fases que todos com mais de 20 anos já passaram. Da amizade inocente, as descobertas do mundo alheio a você e ao amor que todos esperam ter. Retratos da adolescência, carregando problemas de exclusão e solidão, nos mostrando as dificuldades de se crescer e se adaptar. Um filme emocionante e que nos toca pelo resgate de detalhes que deixamos para trás, escolhendo crescer enfrentando o desconhecido e em busca dos mistérios que a vida nos reserva. Dentre as dificuldades, a superação com lembranças de bons momentos e um baú para esquecermos o pior.
Meses esperando. Meses sufocantes, onde nós, fãs (blogueiros, críticos, bem, todo mundo) olhávamos todo dia os contadores que tinham nos sites. A cada número, independente do menor que fosse, aumentava ainda mais a ansiedade. E todos corriam para as redes sociais, para compartilhar essa ansiedade com os outros. Começaram a sair fotos, trailers, clipes, e todo mundo já estava Em Chamas! Não só pessoas, como também shoppings, trens, metrôs, pontos de ônibus e até o clima. E dia 15, finalmente tivemos a honra de assistir esse filme maravilhoso antes do resto do mundo. E que honra! Eu adorei Em Chamas (o livro), foi um dos melhores livros que já li, e também o melhor da trilogia. O que me fez gostar dele tanto assim foi o fato dele ter sido muito bem dividido. Temos cenas no Distrito 12 e nos outros distritos, cenas na Capital, cenas na Arena. Ele continua a história de Jogos Vorazes e prepara o plano para a revolução. Eu tinha expectativas altíssimas para o filme, e bem, todas foram cumpridas! Com aproximadamente 2 horas e 36 minutos, “Jogos Vorazes – Em Chamas” conseguiu ser bem fiel ao livro. Assistir ao filme dá a sensação de estar vendo o livro para os que leram. Sim, todas adaptações tem suas mudanças, e Em Chamas também teve as suas, mas nenhuma que atrapalhasse ou piorasse a história. Orçamento maior, mudança de diretor (quem dirige é Francis Lawrence) e Em Chamas conseguiu ser bem superior ao primeiro filme da quadrilogia (a adaptação do terceiro livro será dividida em dois filmes) em quase tudo: cenários, imagem, roteiro e atuações. A franquia ganhou um ar mais sério. O filme conseguiu ter toda a essência da série literária, além ter dado mais destaque para a parte política. A opressão da Capital sob os distritos, as críticas que Suzanne faz nos livros… tudo isso foi mais abordado aqui do que em Jogos Vorazes. Um filme ótimo com um elenco ruim não adianta em nada. E não, isso não aconteceu com Em Chamas. Jennifer Lawrence está mais incrível do que nunca aqui. Ela com certeza é a Katniss perfeita. A personagem está passando uma situação bem difícil no filme, seus pensamentos ainda estão concentrados nas maldades dos jogos. Jennifer consegue personificar tudo isso em sua atuação, realmente é uma ótima atriz. Também não tenho o que criticar das atuações dos outros que voltaram (Josh Hutcherson, Liam Hemsworth, Willow Shields, Elizabeth Banks, Woody Harrelson), todos estão ótimos em seus papéis, e ah, como eu adoro esse elenco! Muitos fãs estavam receosos com a escolha dos atores para interpretarem os novos personagens, e agora todos vêem como foi desnecessário isso. Jena Malone ficou perfeita como Johanna, e roubou a cena em diversas partes do filme. A atuação dela, além de me fazer rir com sua personalidade tipo ‘falo mesmo u.u‘, me fez gostar mais ainda da personagem. Sam Claflin foi outro que ficou bem em seu papel. InterpretandoFinnick Odair, o ator realmente se parece com o galã de Em Chamas. Destaques também para Amanda Plummer (Wireless), Jeffrey Wright (Beetee) e Lynn Cohen (Mags). Sim, teve alguns pontos negativos, apesar de não serem tão preocupantes: Algumas cenas que tinham sido divulgadas foram retiradas, como a do relógio do Plutarch; O ‘mistério’ da arena foi descoberto bem rápido, ficou um pouco estranho, já que a Katniss não tinha visto o relógio. Acho que se a cena permanecesse no filme ficaria melhor. “Jogos Vorazes – Em Chamas” foi um dos melhores filmes do ano até agora, e não só vai agradar aos fãs da saga como o público geral. Não vejo a hora de poder assistir de novo, e ano que vem, voltar aos cinemas para assistir a primeira parte da conclusão dessa trilogia sensacional. Pois As fagulhas se acendem, as chamas se espalham e a capital quer vingança. Toda revolução começa com uma faísca.
Pode perguntar para qualquer pessoa razoavelmente crítica que você conheça: qual é a receita para um futuro sem violência e uma sociedade saudável, com criminalidade baixa, desemprego baixo e senso de comunidade aparentemente funcional? Com certeza, não vão faltar respostas surpreendentes, principalmente respostas que dão conta de eliminar alguns grupos de pessoas, ao menos a curto e médio prazo, posto que o investimento em educação tem efeitos verdadeiros apenas a longo prazo, quando a mais tenra geração bem educada alcançar a idade de “fazer” o mundo em que vivem. Faça o teste. É evidente que ele funciona melhor se a amostragem é maior e se as pessoas entrevistadas têm um mínimo de neurônios ativos e conseguem desenvolver uma conversa sobre ética e sociedade. Depois comente aqui. Os dilemas éticos que envolvem essa situação foram os ingredientes que talvez tenham me impulsionado para ver Uma Noite de Crime, segundo filme de James DeMonaco e também a segunda vez que ele trabalha com o ator Ethan Hawke. Eu não tinha esperança absolutamente nenhuma de ver algo de boa qualidade (talvez venha daí a minha surpresa positiva com o filme), mas a proposta do roteiro – que não é original mas é uma variação inteligente da dinâmica vista recentemente em Jogos Vorazes, que tampouco é original -, me chamou a atenção. O ano da trama é 2022, e a crise econômica nos Estados Unidos é coisa do passado. A violência também não é mais uma preocupação nacional. As pessoas agora vivem em uma paz e situação econômica quase utópicas. Mesmo os pobres têm qualidade de vida muito melhores que os de tempos passados. Mas… como a Grande Nação conseguiu essa façanha? Com um evento chamado Expurgo Anual. Veja que interessante esse conceito, dentro da concepção do filme: durante uma única noite, todos os anos, qualquer indivíduo do país está autorizado a cometer qualquer tipo de crime imaginado e não seré punido por isso. Das 19h de um dia às 7h do outro, polícia, bombeiros e paramédicos não possuem autorização para atender absolutamente nenhuma chamada de emergência, interferir, prender ou punir qualquer assassino ou ajudar aos que sofrem qualquer tipo de ato violento. Em troca de 364 dias de paz e quase 0% de violência, a população do país aceitou pagar 12h de crimes impunes contra qualquer um. Agora me diz se esse não é um roteiro que você teria curiosidade de ver desenvolvido em um filme? Hell, yeah! Conflitos éticos geram histórias incríveis, e sem bem trabalhados num filme, resultam em uma ótima sessão de cinema. No caso de Uma Noite de Crime, o diretor conseguiu guiar muito bem uma metade da obra, e na outra, ser algo entre o medíocre e ridículo, principalmente no apelo mais focado na violência em certos blocos cênicos e algumas estripulias que desafiam certas leis cinematográficas no que diz respeito à fuga dos personagens. E claro, o roteiro não é conflito ético o tempo inteiro, então há momentos quase infantis, como o desaparecimento de personagens de cena por um longo tempo, para aparecerem em seguida como badasses de primeiro escalão. Todavia, Uma Noite de Crime consegue dar conta de sua proposta principal, que é mostrar a tal noite, o “expurgo” do título original, e contextualizar isso a contento na contradição imediata das coisas: um pai de família, James Sandin, trabalha em uma empresa de segurança imobiliária e vende sistemas de segurança para a vizinhança, utilizando ele próprio esse sistema. Na noite de crime em questão, ele se vê acuado dentro de seu próprio bunker, uma ironia tremenda diante de toda a tecnologia e medo aparente causado por sistemas desse tipo. É uma tremenda ingenuidade ir assistir a um filme chamado The Purge e esperar que a obra mostre um universo róseo de unicórnios pastando em campos de tulipas coloridas e valsas de Strauss durante toda a sessão. A violência e sanguinolência do filme são dramaticamente justificadas pela proposta da obra. Se não se trata de um bom filme, isso se deve a um excesso ou outro ou pelos já comentados buracos no roteiro, mas não pelo uso da violência, já que ela é a matéria prima do filme. A discussão de segurança pessoal/nacional e a ironia que isso traz para o espectador é muito forte. James DeMonaco consegue segurar um bom ritmo geral em todo o desenvolvimento da história, não se valendo de clímax fora de hora e finalizando o filme de uma maneira até aceitável, dentro dos famosos clichês de provações noturnas onde a morte de um protagonista basta para que os outros se saiam bem. As piadas de humor negro e a antítese dramática constante acontece desde a sequência de abertura, quando ouvimos um trecho da Suíte Bergamasque, Clair de Lune, embalar filmagens reais de câmeras de rua que capturam atos de violência. Além disso temos também o carrinho com a boneca queimada, que na verdade é uma câmera ambulante do caçula esquisitão da família e que tem um bom uso dentro da história, servindo até de ligação entre blocos cênicos que aparentemente seriam complicados de unir. A própria fotografia batida de lanternas acesas numa casa escura funciona, se vista não apenas por esse ponto, mas em contraste com o restante do filme, numa aparência mais metálica e dura, ressaltando o ambiente high-tech que nos dá toda a segurança do mundo. Essa composição vai ganhando um ar mais plástico no decorrer da fita, às vezes se parecido com tomadas de filmes de terror found footage. Pelo que vi, a massa crítica está odiando Uma Noite de Crime. Sinceramente não entendo o motivo de toda essa raiva. Não se trata de um filme genial ou abarrotado de novidades, mas é um filme razoavelmente bom, atendendo pelo menos os princípios básicos do que propõe. E só para concluir: segundo o IMDB, parece que vai ter Uma Noite de Crime 2. Eu não gosto de continuações, mas a curiosidade não me deixa falar outra coisa: com certeza quero ver o que vem a seguir. Afinal, a família Sandin vai expurgar sua raiva no ano seguinte, libertar suas feras interiores? Qual será a atitude dos vizinhos da família dali pra frente? Quem era a favor do expurgo pode, devido a uma experiência desse tipo, passar a expurgar? Só a próxima noite de crime poderá nos responder isso.
A virtude maior de 'Mama' é não entregar o monstrão malvadão logo de cara (apesar do "segredo" sim). Se o filme não é aquele terrorzão clássico, pelo menos mostra-se ser um thriller de suspense de primeira qualidade. A fotografia, a trilha sonora e o roteiro são ótimos, a direção é qualificada e o elenco um achado. A dica é que você pode levar sua namorada meio medrosa, seu irmãozinho mais novo (a censura é 14 anos) e sua avó preocupada sem medo, pois o filme assusta mais por ser bom do que por ser de terror.
Simplesmente arrebatador. O filme “A Origem” é uma obra prima a ser reverenciada. Parece que a antiga lógica “BlockBuster vs. Arte” vem perdendo força nos últimos tempos. Doa a quem doer, é verdade. E um possível marco simbólico desta realidade é o filme “Avatar”, feito com milhões de dólares, para gerar bilhões de dólares, e ainda assim ser genial em termos de criatividade cinematográfica (e mesmo assim não levar quase nenhum Oscar. Vai ser hipócrita em outro lugar!). “A Origem” é um exemplo dessa “nova vertente” do cinema mundial, onde um diretor brilhante, neste caso Christopher Nolan, consegue unir todos os elementos necessários para o sucesso ($$) nos dias hoje, e ainda ter o luxo de contar uma história inesquecível e de qualidade. O conceito de “A Origem” é brilhante. Sendo impossível evitar uma comparação prematura, o longa se assemelha a genialidade por trás de “Matrix”, mas em momento algum disputa com a obra no quesito criatividade. Com uma direção simplesmente inspiradora, o visual é arrasador, assim como suas cenas milimetricamente elaboradas. O trabalho de Nolan com certeza é dobrado, devido aos problemas encontrados ao se filmar com IMAX (peso da câmera, enquadramento, ruído), mas a qualidade é impressionante e o resultado na tela grande incomparável. Apenas poucos por cento de um rolo de filme IMAX são salvos na pós-produção, mas este mínimo é o suficiente para entregar a mais perfeita definição que existe hoje, em 70 mm. Utilizando sabiamente o slow motion e efeitos especiais incríveis, o diretor cria sequências de literalmente tirar o fôlego, sendo os momentos finais do longa, um dos atos mais tensos do cinema. Acompanhamos em tempo real três cenários diferentes, onde todos os personagens estão inseridos ao mesmo tempo, e cada atitude, movimento ou mesmo som, influenciam na realidade destes locais. Todo escrito por Nolan, o filme invade e reinventa o mundo dos sonhos sem ao menos pedir licença. Somos informados que, com a aparelhagem certa é possível entrar nos sonhos de alguém, podendo manipular quase tudo. Existe um construtor, interpretado no filme pela jovem Ellen Page. Esta arquiteta do inconsciente tem o trabalho de planejar os cenários: prédios, ruas, pontes, e então a mente preenche os detalhes. Enquanto treina suas habilidades em uma simulação, podemos ver a grandeza e o poder que existe em suas mãos, quando uma cidade toda se dobra como uma folha de papel. Já as pessoas que povoam este mundo ilusório surgem do subconsciente do sonhador, rostos familiares, projeções de sua vida, ou mesmo verdadeiros pesadelos. A trilha sonora é a cereja do bolo. Ela é composta pelo mestre Hans Zimmer, que tem em seu currículo desde “O Rei Leão” a “Gladiador”, da Trilogia “Piratas do Caribe” a nova trilogia “Batman” (assim esperamos). Seus temas sombrios, hora melancólicos, e por muitas vezes arrepiantes, são fundamentais para o ritmo e desenvolvimento da trama. Tudo fica melhor com as trilhas de Zimmer. O astro você conhece. Leonardo DiCaprio, que parece não errar nunca, talvez devido ao fato de sempre escolher os melhores trabalhos. Ele entrega novamente um homem perturbado, que tem uma relação difícil com sua esposa e um passado muito complicado. De tão fortes, seus sonhos cheios de marcas dolorosas acabam sendo um grande problema para seu trabalho. Ellen Page também está excelente como a arquiteta já citada, Ariadne. Com simplicidade ela interpreta esta estudante que tem a possibilidade de levar a “pura criação” aos limites mais extremos. Meiga e muito inteligente, sua participação na equipe é de fundamental importância para o resultado final. Joseph Gordon-Levitt chama atenção com o fiel escudeiro Arthur. Ator experiente, Levitt começou cedo, e somente agora sua carreira está recebendo o devido valor, fato que pode ser consumado no próximo Batman (Uma charada para vocês). O time de apoio conta ainda com Tom Hardy como o falsário Eames, Ken Watanabe como o poderoso Saito, Cillian Murphy como o triste Robert Fischer Jr., alvo da empreitada principal. Marion Cotillard emprega todo seu talento como a assustadora e perturbada esposa Mal, uma das vilas mais inusitadas dos últimos tempos. Personagens perfeitamente construídos e explorados, atores empolgados e inspirados pela incrível história. O astro você conhece. Leonardo DiCaprio, que parece não errar nunca, talvez devido ao fato de sempre escolher os melhores trabalhos. Ele entrega novamente um homem perturbado, que tem uma relação difícil com sua esposa e um passado muito complicado. De tão fortes, seus sonhos cheios de marcas dolorosas acabam sendo um grande problema para seu trabalho. Ellen Page também está excelente como a arquiteta já citada, Ariadne. Com simplicidade ela interpreta esta estudante que tem a possibilidade de levar a “pura criação” aos limites mais extremos. Meiga e muito inteligente, sua participação na equipe é de fundamental importância para o resultado final. Joseph Gordon-Levitt chama atenção com o fiel escudeiro Arthur. Ator experiente, Levitt começou cedo, e somente agora sua carreira está recebendo o devido valor, fato que pode ser consumado no próximo Batman (Uma charada para vocês). O time de apoio conta ainda com Tom Hardy como o falsário Eames, Ken Watanabe como o poderoso Saito, Cillian Murphy como o triste Robert Fischer Jr., alvo da empreitada principal. Marion Cotillard emprega todo seu talento como a assustadora e perturbada esposa Mal, uma das vilas mais inusitadas dos últimos tempos. Personagens perfeitamente construídos e explorados, atores empolgados e inspirados pela incrível história. Isso pode parecer besteira, mas quando saí do cinema após assistir “A Origem”, olhei para tudo de uma forma diferente. Durante aquele tempo, ainda anestesiado pelo filme, tudo realmente parecia um sonho, todas as pessoas, os carros, os prédios, que poderiam naquele momento se dobrar sobre mim, e eu acharia bem normal. O sentimento passou, mas não o deslumbre da obra. “A Origem” é um filme que, além de te fazer pensar, te faz sentir. Depois dos excelentes “Amnésia”, “Insônia”, “Batman Begins/Cavaleiro das Trevas”, "O Cavaleiro das Trevas Ressurge' e “O Grande Truque”, Cristopher Nolan realiza sua obra prima, pelo menos até o momento. Com um final incrível, fica a pergunta: tudo é sonho ou realidade? Para está questão não existe certo ou errado, tudo é possível, até um peão que não para nunca de girar.
A fotografia aqui é magistral (não foi atoa que concorreu ao oscar de melhor fotografia em 2004), cheia de simbolismos que (juntamente com os cenários divinos) ajudam-nos a perceber o conflito emocional que ronda a cabeça de Jin e de Mei, trilha sonora absolutamente magnífica e figurinos que não ficam atrás. Os diálogos também são cheios de simbolismos, apesar de simples (e as vezes bem objetivos) mostram o dualismo dos personagens nas situações em que eles se encontram (é perceptível que o Jin as vezes deseja realmente ser o "vento" que diz ser), mostram também a rigorosa disciplina que existe em ambos os lados, não permitindo "papos melosos", muitas vezes, o diálogo dá espaço para os gestos que falam por si. A produção não é tão grande quando "O Tigre e o Dragão" (o que explica alguns efeitos visuais "1 nível abaixo"), mas o filme compensa com os seus outros atributos. Nem preciso mencionar que o elenco é talentoso tanto nas falas quanto nas lutas, elas estão no mesmo patamar dos demais filmes do gênero, mas têm papel bem coadjuvante, por tanto, não vá esperando ação.
Em seu terceiro hit seguido em premiações, David O. Russell mostra, entre os decotes matadores de Amy Adams e as canções icônicas da trilha sonora de Trapaça, o glamour sedutor da década de 1970 e faz uma deliciosa homenagem aos filmes de crime e máfia. Uma obra que embora não seja tão consistente quanto outros candidatos a Oscar deste ano, é divertido e dramático na medida certa para conquistar o espectador e lhe render uma experiência no mínimo cativante. Em Trapaça acompanhamos a história Irving Rosenfeld (Christian Bale) um vigarista que, se vê obrigado a trabalhar para o agente Richard DiMaso (Bradley Cooper) do FBI, após sua parceira e amante Sydney Prosser (Amy Adams) ser pega em um de seus golpes em conjunto. DiMaso coage os dois a utilizar seus dons de trapaça para figuras ilustres envolvidos em esquemas fora da lei. O primeiro envolvido é Carmine Polito (Jeremy Renner) bom político local. Aos poucos Irving e Sydney se veem envolvidos em uma trama que pode lhes proporcionar destino pior do que a prisão com que foram ameaçados, principalmente com a imprevisível mulher de Irving, Rosalyn (Jennifer Lawrence), tentando atrapalhar seus planos. O destaque fica por conta das atuações, se por um lado é ótimo ver a flexibilidade para entrar e sair de forma de Christian Bale, Bradley Cooper faz novamente um tipo um tantinho desequilibrado. Porém, as lindíssimas Amy Adams e Jennifer Lawrence são definitivamente as estrelas. Uma representando quase o contraponto da outra, e quando a vemos contracenando pela primeira vez é simplesmente um estouro de beleza e talento, que rendeu as duas recentemente o globo de ouro. Ainda falando do elenco, não há como não notar a excelente ponta de Robert De Niro, como o mafioso Victor Teleggio, que imediatamente remete a filmes de máfia em que o ator esteve envolvido como Os Bons Companheiros (1991), Cassino (1995) e O Poderoso Chefão (1972). Não por acaso dois dos filmes citados acima são de Martin Scorcese, afinal, em termos de construção Trapaça, lembra alguns trabalhos realizados pelo diretor, porém sem a mesma agressividade. Além de representar o mundo do crime como algo sedutor, os próprios personagens poderiam pertencer ao universo ‘Scorcesiano’, como Irving um homem de origem humilde que decidiu adotar uma vida fora da lei ao observar o efeito desta em seu meio ambiente, ou o estranho Richie, que quer alcançar reconhecimento a todo custo e se mostra muitas vezes um perfeito imbecil por não saber quando parar. E o comentário também vale para a dupla de mulheres fortes e perigosas. A recriação de época, figura também entre as virtudes do filme, caraterizações inspiradas que complementam a personalidade dos personagens, o constante decote de Amy Adams é provocativo, mas nunca vulgar. A calvície de Irving é uma manifestação do passado humilde do qual tenta fugir e seu figurino quase sempre sóbrio é sinal da discrição com que leva seus negócios escusos. É uma reconstrução de época bastante notável considerando a quantidade de locações utilizadas durante o filme, quase totalmente urbanas. Em um quadro geral, o único pecado de David O. Russell foi fazer de Trapaça um filme inofensivo demais, mesmo que possua certa irreverência no final das contas ele acaba aproximando-se mais de O Lado Bom da Vida, a vontade não dissimulada de agradar a gregos e troianos é manifestada no último ato do filme com um final para lá de feliz que parece mais ter sido retirado da cartola de algum mágico, isto é, claro, aspiração a prêmios. Mas não que se julgar em demasia O. Russell por isso, afinal, a despeito disso seu filme é deslumbrante, magnético e nunca chato. Diversão de alta classe.
Oz: Mágico e Poderoso
3.2 2,1K Assista AgoraIndependente da idade que você tenha, ou da época em que assista ao filme, é difícil não se sentir maravilhado ao ver O Mágico de Oz, clássico de Victor Fleming. Seja pelas canções, pelos icônicos personagens, pelo pioneirismo ou pelo incrível visual (que se torna ainda mais fantástico levando-se em consideração que foi feito em 1939), o longa não permanece memorável por mais de sete décadas à toa.
Mesmo sendo oficialmente baseado no livro de L. Frank Baum e não no filme de 39 (por motivo de: direitos autorais), as referências entre Oz: Mágico e Poderoso, que chegou aos cinemas neste fim de semana sob a direção do competente Sam Raimi, e o longa de Victor Fleming são muito óbvias para desconsiderarmos. E embora não faça jus ao brilhantismo do original (e a comparação nunca seria justa), o recente diverte e se apresenta como um bom passatempo, apesar das falhas.
Ambientado no empoeirado preto e branco Kansas (claro) de 1905, acompanhamos Oscar Diggs (James Franco), um mágico cuja honestidade não é seu ponto forte e que sonha em se tornar um grande homem. Uma tempestade (claro) o leva a Oz, uma colorida terra que vive sob a maldição de uma bruxa má e que espera que a profecia na qual um poderoso mágico os salvará se concretize. Auxiliado pelo macaco voador Finley (Zach Braff) e pela bonequinha de porcelana China Girl (Joey King – e é uma pena que o nome da personagem não tenha sido bem traduzido no Brasil), Oscar precisa, por pura ganância, provar ao povo de Oz e às bruxas Theodora (Mila Kunis), Evanora (Rachel Weisz) e Glinda (Michelle Williams) que ele tornará a profecia verdadeira.
E é impossível não entender isso no longa, já que o nada criativo roteiro de Mitchell Kapner e David Lindsay-Abaire faz questão de explicar absolutamente tudo verbalmente (e mais de uma vez), subestimando a inteligência do público infantil. Desta forma, o papel inicial de Theodora é explicar tudo para Oscar, sendo posteriormente substituída por Glinda nesta função. A obviedade é tanta que, em certo momento, apontando para a cidade de esmeraldas e para a estrada de tijolos amarelos (idêntica à de 1939), Theodora diz: “essa é a cidade das esmeraldas, e só seguir a estrada de tijolos amarelos”.
E está é apenas uma das referências que ligam os dois filmes do mágico de Oz – algumas ótimas, como o fato dos atores terem personagens tanto em Kansas quanto em Oz (Braff, King e Williams), de Glinda voar em uma bolha, da troca de presentes final, da tela quadrada preto e branca que fica colorida e muda de formato (remetendo à ideia de cortinas se abrindo) na transição para Oz e de isso ocorrer dentro de um objeto que voa dentro de um tornado (mas bem que podiam tocar “The Great Gig in the Sky” do Pink Floyd nesse momento, para outra referência bacana)
A direção de elenco também é competente, já que a tarefa de não nos fazer perceber que eles estão atuando em um fundo verde quase que o tempo todo é difícil e foi bem cumprida. Apesar de não contar com nenhuma atuação excepcional, a sempre incrível Weisz oferece a crueldade necessária para Evanora e Franco a dubiedade que Oscar precisa. Williams, que não costuma ser a boazinha, está bem, mas Kunis, prejudicada por uma personagem pessimamente construída, está constrangedora.
Dragon Ball Z 9: A Batalha nos Dois Mundos
3.6 33É de se esperar que um filme de Dragon Ball não tenha uma história muito intrincada. Qualquer conhecedor do mangá ou anime sabe que o enredo se resume ao aparecimento de um inimigo ainda mais forte que o anterior. Como o esperado, A Batalha dos Deuses apresenta exatamente isso e da maneira mais rasa possível.
A história se passa alguns anos após a derrota de Majin Buu. Logo no início da projeção já somos apresentados a Bills, um deus da destruição que após acordar de seu sono de trinta e oito anos procura um inimigo à sua altura. Ele se lembra de um sonho no qual enfrentava um deus super-sayajin e sai em busca dos únicos membros remanescentes dessa raça de guerreiros. Não irei entregar o filme todo, mas não é segredo que Bills eventualmente luta com cada um dos guerreiros Z.
Claramente o filme foi feito para os fãs que esperam ver uma luta de proporções maiores que a do vilão anterior. A Batalha dos Deuses, contudo, tem sua duração toda ocupada por momentos mais levianos de comédia que, embora divertidos, acabam não levando o espectador ao clímax da história. A expectativa criada é muito pequena. Somente em alguns momentos a Terra realmente aparenta estar em perigo, deixando a batalha final carente de emoção, vazia. No fim da animação o que permanece é o sentimento de que vimos uma obra incompleta de caráter introdutório.
O agrado aos fãs está na apresentação de algumas cenas do anime original, tanto de Dragon Ball quanto de Dragon Ball Z e em personagens e transformações que ocupam um breve tempo de tela. Dentre esses está até o Imperador Pilaf, que garante algumas risadas e apela para a nostalgia dos espectadores que acompanharam a série. Essa nostalgia é ainda mais explorada quando nos créditos finais nos é mostrada a história de Dragon Ball pelas páginas dos mangás ao som de Cha-la Head Cha-la (no idioma original), a abertura de Dragon Ball Z.
O melhor aspecto do filme está nas técnicas de animação utilizadas. Há uma mistura entre o 2D com o 3D que confere um grande dinamismo, principalmente às cenas de luta. Nesse sentido não foram poupados recursos. Espere ver inúmeras transições de cenários cuidadosamente desenhados e uma câmera bastante dinâmica e que em nenhum momento deixa o espectador confuso. A animação digital também está presente nos poderes dos personagens que ganharam uma melhoria no visual.
Dragon Ball Z: A Batalha dos Deuses é um filme feito para fãs e que, em geral, só irá agradar a esses. Ele se sustenta a partir da ótima obra que o antecedeu. A animação serviria perfeitamente como o início de um novo arco para a série, mas aparentemente esse não é o caso.É de se esperar que um filme de Dragon Ball não tenha uma história muito intrincada. Qualquer conhecedor do mangá ou anime sabe que o enredo se resume ao aparecimento de um inimigo ainda mais forte que o anterior. Como o esperado, A Batalha dos Deuses apresenta exatamente isso e da maneira mais rasa possível.
A história se passa alguns anos após a derrota de Majin Buu. Logo no início da projeção já somos apresentados a Bills, um deus da destruição que após acordar de seu sono de trinta e oito anos procura um inimigo à sua altura. Ele se lembra de um sonho no qual enfrentava um deus super-sayajin e sai em busca dos únicos membros remanescentes dessa raça de guerreiros. Não irei entregar o filme todo, mas não é segredo que Bills eventualmente luta com cada um dos guerreiros Z.
Claramente o filme foi feito para os fãs que esperam ver uma luta de proporções maiores que a do vilão anterior. A Batalha dos Deuses, contudo, tem sua duração toda ocupada por momentos mais levianos de comédia que, embora divertidos, acabam não levando o espectador ao clímax da história. A expectativa criada é muito pequena. Somente em alguns momentos a Terra realmente aparenta estar em perigo, deixando a batalha final carente de emoção, vazia. No fim da animação o que permanece é o sentimento de que vimos uma obra incompleta de caráter introdutório.
O agrado aos fãs está na apresentação de algumas cenas do anime original, tanto de Dragon Ball quanto de Dragon Ball Z e em personagens e transformações que ocupam um breve tempo de tela. Dentre esses está até o Imperador Pilaf, que garante algumas risadas e apela para a nostalgia dos espectadores que acompanharam a série. Essa nostalgia é ainda mais explorada quando nos créditos finais nos é mostrada a história de Dragon Ball pelas páginas dos mangás ao som de Cha-la Head Cha-la (no idioma original), a abertura de Dragon Ball Z.
O melhor aspecto do filme está nas técnicas de animação utilizadas. Há uma mistura entre o 2D com o 3D que confere um grande dinamismo, principalmente às cenas de luta. Nesse sentido não foram poupados recursos. Espere ver inúmeras transições de cenários cuidadosamente desenhados e uma câmera bastante dinâmica e que em nenhum momento deixa o espectador confuso. A animação digital também está presente nos poderes dos personagens que ganharam uma melhoria no visual.
Dragon Ball Z: A Batalha dos Deuses é um filme feito para fãs e que, em geral, só irá agradar a esses. Ele se sustenta a partir da ótima obra que o antecedeu. A animação serviria perfeitamente como o início de um novo arco para a série, mas aparentemente esse não é o caso.
Círculo de Fogo
3.8 2,6K Assista AgoraPersonagens estereotipados, roteiro padrão, forte carga de efeitos especiais e muita pancadaria. Fórmula infalível para um típico arrasa-quarteirão do verão americano, daqueles que vemos aos borbotões e que quase nada verdadeiramente se aproveita, não é mesmo? Círculo de Fogo seria assim, uma diversão descartável e esquecível no momento em que os créditos finais começassem a rolar, não fosse por um pequeno detalhe mexicano: Guillermo del Toro.
E o diretor fez toda a diferença em relação a esse filme, definitivamente separando-o do lugar comum a que ele estaria destinado se tivesse caído em mãos menos hábeis. Guillermo del Toro empresa sua atenção a detalhes e amor legítimo ao que faz para Círculo de Fogo, transformando o que poderia ser mais um filme estilo Michael Bay em uma criatura completamente diferente, rico em caráter, mas sem perder o que faz um filme de mostro ser um filme de monstro.
Mas primeiro, a história: uma fenda abriu-se no Oceano Pacífico e dela saem gigantescos monstros (os kaiju, que significa “criatura estranha” em japonês e é o termo usado para identificar os filmes de monstro notadamente japoneses, como Godzilla) cujo único objetivo parece ser destruir todas as cidades litorâneas do chamado Círculo de Fogo (daí o título certeiro em português, que foi xingado de todo jeito pelos reclamões de plantão que, aparentemente, deviam preferir “Borda do Pacífico” ou algo literal assim). A solução? Ora, é evidente: para lutar contra monstros gigantes, faz-se necessária a construção de robôs gigantes. Nascem, assim, os jaegers(caçadores, em alemão), comandado por dois pilotos que trabalham em sincronia via ponte neural.
Del Toro, que também trabalhou no roteiro, não perde muito tempo detalhando a origem dos monstros. Usando uma narrativa em off um tanto maçante, mas necessária, ouvimos Raleigh Becket (Charlie Hunnam, de Sons of Anarchy) contando sobre o quase-apocalipse e como osjaegers salvaram o mundo. E, com isso, somos jogados imediatamente na ação, com Raleigh e seu irmão Yancy (Diego Klattenhoff) pilotando Gipsy Danger contra um monstrão. Arrogantes e seguros de si, os irmãos apanham como cão ladrão e, junto com a tragédia anunciada, vem a queda dos jaegers.
Del Toro pilota o filme com a segurança dos irmãos Becket, mas completamente sem arrogância. Ele sabe que o material é, basicamente, uma colagem de clichês, mas ele também sabe que nem todo o clichê precisa ser trabalhado de maneira descuidada. Sua primorosa atenção a detalhes, em primeiro lugar, cria visuais arrebatadores trazidos à vida por um design de produção primoroso de Andrew Neskoromy e Carol Spier. É sabido que Del Toro interferiu e palpitou em todos os estágios da produção, trazendo seu conhecimento nerd/geek para a mesa tantas vezes quanto necessário e isso é refletido em cada fotograma, cada monstro e cada robô.
Aliás, os desenhos dos gigantescos seres e máquinas emprestam personalidade a elementos da composição cinematográfica que, na mão de um diretor menos competente, seriam só mesmo aquilo que eles são: buchas de canhão. O que Del Toro faz é o que de certa forma Shawn Levy fez em Gigantes de Aço. Nós nos importamos tanto pelos seres inanimados quanto pelos imensos monstros que povoam as telas. Sabemos seus nomes, torcemos e vibramos como se fossem personagens humanos.
E o mesmo vale para os soldados, cientistas e contrabandistas que vemos em cena. São todos basicamente unidimensionais, com funções únicas e específicas dentro da trama, mas, mesmo assim, del Toro trabalha ângulos e câmeras focadas em seus rostos de forma que vivamos o que eles vivem. Em uma análise rasteira, Raleigh seria só mais um valentão que se acha invencível, mas del Toro, ao escalar Hunnam para o papel tinha um objetivo: humanizar o estereótipo. O mesmo vale para a escalação de Idris Elba no papel do Marechal Stacker Pentecost. Ele faz pose, gestos e discursos saídos de personagens feitos de cartolina (diabos, até seu nome parece mais um boneco de G.I. Joe!), mas o enquadramento, a emoção, intensidade e o fiapo de história pregressa e os discursos (“Hoje, nós cancelaremos o apocalipse!”) que del Toro e Elba imprimem ao personagem, acabam retirando-o do básico e transformando-o em algo verdadeiramente memorável.
A dupla de cientistas, Dr. Newton Geiszler (Charlie Day) e Gottlieb (Burn Gorman), são alívios cômicos que del Toro usa até o limite do razoável, talvez indo um pouco além. Os dois atores funcionam bem em seus papéis antagônicos, quase como dois, dos três patetas, mas em um filme que já não se leva a sério, sua presença poderia ter sido cortada aqui e ali, especialmente porque a ponta do sempre ótimo Ron Perlman, como o contrabandista Hannibal Chau (mais um nome sensacional, não?) já vale como todo alívio cômico que a fita precisa.
Mas del Toro vai além do design, roteiro e atuações. Ele consegue entregar um filme com um trabalho de câmera que deveria servir como padrão para filmes dessa categoria (a de “pancadaria incessante”). Tentem reparar com o diretor é cuidadoso em identificar os oponentes e em coreografar as lutas de forma que nós possamos, a qualquer momento saber que robô está lutando contra que criatura. Mesmo que a pesada dose de efeitos especiais tenha exigido que muito da ação se passe à noite e com chuva – para minimizar defeitos – fato é que nunca nos deparamos com uma situação da trilogia Transformers, em que é impossível identificar que robô está lutando.
Guillermo del Toro, ao emprestar seu enorme talento para criar mundos imaginários, nos presenteia com um filme que diverte e emociona, que nos faz sofrer e vibrar junto com os personagens clichê como se não houvesse amanhã. Entrega uma obra que, com trocadilho, se agiganta perante as demais do verão americano de 2013.
As Vantagens de Ser Invisível
4.2 6,9K Assista AgoraCom excelente trilha sonora e elenco que te surpreenderá a cada cena, As Vantagens de Ser Invisível, dirigido por Stephen Chbosky, consegue recriar os dramas do impacto da adolescência em meio às diferenças entre os jovens de maneira simples e emocionante.
Temos o principiante Logan Lerman (Percy Jackson e o Ladrão de Raios) no papel do solitário Charlie, que se recupera de uma depressão e tentativas de suicídio, após perda do seu único amigo, e enfrenta o drama de entrar no colegial. Patrick, interpretado pelo excelente Erza Miller (Precisamos falar sobre o Kevin), e Sam, a eterna Hermione, de Harry Potter, surgem como salvação ao acolherem Charlie em um grupo formado por alunos “diferentes”.
O grande diferencial dessa adaptação cinematográfica é ter Chbosky, autor do livro de mesmo nome, cuidando do potencial de cada um dos seus personagens a fim de transmitir seus reais pesos e sentimentos. Se Logan Lerman nos presenteia com um excelente Charlie, Erza Miller consegue retratar o drama de um jovem homossexual, porém o destaque fica por conta de Emma Watson, que consegue apagar a existência de Hermione, ao receber a complexa Sam.
Não se prenda pela sinopse ou cartaz, frente aos grandes lançamentos do ano, porém As Vantagens de Ser Invisível merece respeito e lugar entre os maiores destaques do ano, senão o melhor. Sem muitos recursos visuais a diferença fica por conta das canções que abusam das referências dos anos 80, coroada por Heroes, de David Bowie, como música tema do filme e recurso para transmitir uma enorme carga emocional.
A cada cena uma nova sensação é transmitida pelos personagens, acompanhados da excelente trilha sonora, passando por fases que todos com mais de 20 anos já passaram. Da amizade inocente, as descobertas do mundo alheio a você e ao amor que todos esperam ter. Retratos da adolescência, carregando problemas de exclusão e solidão, nos mostrando as dificuldades de se crescer e se adaptar.
Um filme emocionante e que nos toca pelo resgate de detalhes que deixamos para trás, escolhendo crescer enfrentando o desconhecido e em busca dos mistérios que a vida nos reserva. Dentre as dificuldades, a superação com lembranças de bons momentos e um baú para esquecermos o pior.
Jogos Vorazes: Em Chamas
4.0 3,3K Assista AgoraMeses esperando. Meses sufocantes, onde nós, fãs (blogueiros, críticos, bem, todo mundo) olhávamos todo dia os contadores que tinham nos sites. A cada número, independente do menor que fosse, aumentava ainda mais a ansiedade. E todos corriam para as redes sociais, para compartilhar essa ansiedade com os outros. Começaram a sair fotos, trailers, clipes, e todo mundo já estava Em Chamas! Não só pessoas, como também shoppings, trens, metrôs, pontos de ônibus e até o clima. E dia 15, finalmente tivemos a honra de assistir esse filme maravilhoso antes do resto do mundo. E que honra!
Eu adorei Em Chamas (o livro), foi um dos melhores livros que já li, e também o melhor da trilogia. O que me fez gostar dele tanto assim foi o fato dele ter sido muito bem dividido. Temos cenas no Distrito 12 e nos outros distritos, cenas na Capital, cenas na Arena. Ele continua a história de Jogos Vorazes e prepara o plano para a revolução. Eu tinha expectativas altíssimas para o filme, e bem, todas foram cumpridas!
Com aproximadamente 2 horas e 36 minutos, “Jogos Vorazes – Em Chamas” conseguiu ser bem fiel ao livro. Assistir ao filme dá a sensação de estar vendo o livro para os que leram. Sim, todas adaptações tem suas mudanças, e Em Chamas também teve as suas, mas nenhuma que atrapalhasse ou piorasse a história.
Orçamento maior, mudança de diretor (quem dirige é Francis Lawrence) e Em Chamas conseguiu ser bem superior ao primeiro filme da quadrilogia (a adaptação do terceiro livro será dividida em dois filmes) em quase tudo: cenários, imagem, roteiro e atuações. A franquia ganhou um ar mais sério. O filme conseguiu ter toda a essência da série literária, além ter dado mais destaque para a parte política. A opressão da Capital sob os distritos, as críticas que Suzanne faz nos livros… tudo isso foi mais abordado aqui do que em Jogos Vorazes.
Um filme ótimo com um elenco ruim não adianta em nada. E não, isso não aconteceu com Em Chamas. Jennifer Lawrence está mais incrível do que nunca aqui. Ela com certeza é a Katniss perfeita. A personagem está passando uma situação bem difícil no filme, seus pensamentos ainda estão concentrados nas maldades dos jogos. Jennifer consegue personificar tudo isso em sua atuação, realmente é uma ótima atriz. Também não tenho o que criticar das atuações dos outros que voltaram (Josh Hutcherson, Liam Hemsworth, Willow Shields, Elizabeth Banks, Woody Harrelson), todos estão ótimos em seus papéis, e ah, como eu adoro esse elenco!
Muitos fãs estavam receosos com a escolha dos atores para interpretarem os novos personagens, e agora todos vêem como foi desnecessário isso. Jena Malone ficou perfeita como Johanna, e roubou a cena em diversas partes do filme. A atuação dela, além de me fazer rir com sua personalidade tipo ‘falo mesmo u.u‘, me fez gostar mais ainda da personagem. Sam Claflin foi outro que ficou bem em seu papel. InterpretandoFinnick Odair, o ator realmente se parece com o galã de Em Chamas. Destaques também para Amanda Plummer (Wireless), Jeffrey Wright (Beetee) e Lynn Cohen (Mags).
Sim, teve alguns pontos negativos, apesar de não serem tão preocupantes: Algumas cenas que tinham sido divulgadas foram retiradas, como a do relógio do Plutarch; O ‘mistério’ da arena foi descoberto bem rápido, ficou um pouco estranho, já que a Katniss não tinha visto o relógio. Acho que se a cena permanecesse no filme ficaria melhor.
“Jogos Vorazes – Em Chamas” foi um dos melhores filmes do ano até agora, e não só vai agradar aos fãs da saga como o público geral. Não vejo a hora de poder assistir de novo, e ano que vem, voltar aos cinemas para assistir a primeira parte da conclusão dessa trilogia sensacional. Pois As fagulhas se acendem, as chamas se espalham e a capital quer vingança. Toda revolução começa com uma faísca.
Uma Noite de Crime
3.2 2,2K Assista AgoraPode perguntar para qualquer pessoa razoavelmente crítica que você conheça: qual é a receita para um futuro sem violência e uma sociedade saudável, com criminalidade baixa, desemprego baixo e senso de comunidade aparentemente funcional? Com certeza, não vão faltar respostas surpreendentes, principalmente respostas que dão conta de eliminar alguns grupos de pessoas, ao menos a curto e médio prazo, posto que o investimento em educação tem efeitos verdadeiros apenas a longo prazo, quando a mais tenra geração bem educada alcançar a idade de “fazer” o mundo em que vivem. Faça o teste. É evidente que ele funciona melhor se a amostragem é maior e se as pessoas entrevistadas têm um mínimo de neurônios ativos e conseguem desenvolver uma conversa sobre ética e sociedade. Depois comente aqui.
Os dilemas éticos que envolvem essa situação foram os ingredientes que talvez tenham me impulsionado para ver Uma Noite de Crime, segundo filme de James DeMonaco e também a segunda vez que ele trabalha com o ator Ethan Hawke. Eu não tinha esperança absolutamente nenhuma de ver algo de boa qualidade (talvez venha daí a minha surpresa positiva com o filme), mas a proposta do roteiro – que não é original mas é uma variação inteligente da dinâmica vista recentemente em Jogos Vorazes, que tampouco é original -, me chamou a atenção.
O ano da trama é 2022, e a crise econômica nos Estados Unidos é coisa do passado. A violência também não é mais uma preocupação nacional. As pessoas agora vivem em uma paz e situação econômica quase utópicas. Mesmo os pobres têm qualidade de vida muito melhores que os de tempos passados. Mas… como a Grande Nação conseguiu essa façanha? Com um evento chamado Expurgo Anual. Veja que interessante esse conceito, dentro da concepção do filme: durante uma única noite, todos os anos, qualquer indivíduo do país está autorizado a cometer qualquer tipo de crime imaginado e não seré punido por isso. Das 19h de um dia às 7h do outro, polícia, bombeiros e paramédicos não possuem autorização para atender absolutamente nenhuma chamada de emergência, interferir, prender ou punir qualquer assassino ou ajudar aos que sofrem qualquer tipo de ato violento. Em troca de 364 dias de paz e quase 0% de violência, a população do país aceitou pagar 12h de crimes impunes contra qualquer um.
Agora me diz se esse não é um roteiro que você teria curiosidade de ver desenvolvido em um filme? Hell, yeah! Conflitos éticos geram histórias incríveis, e sem bem trabalhados num filme, resultam em uma ótima sessão de cinema. No caso de Uma Noite de Crime, o diretor conseguiu guiar muito bem uma metade da obra, e na outra, ser algo entre o medíocre e ridículo, principalmente no apelo mais focado na violência em certos blocos cênicos e algumas estripulias que desafiam certas leis cinematográficas no que diz respeito à fuga dos personagens. E claro, o roteiro não é conflito ético o tempo inteiro, então há momentos quase infantis, como o desaparecimento de personagens de cena por um longo tempo, para aparecerem em seguida como badasses de primeiro escalão.
Todavia, Uma Noite de Crime consegue dar conta de sua proposta principal, que é mostrar a tal noite, o “expurgo” do título original, e contextualizar isso a contento na contradição imediata das coisas: um pai de família, James Sandin, trabalha em uma empresa de segurança imobiliária e vende sistemas de segurança para a vizinhança, utilizando ele próprio esse sistema. Na noite de crime em questão, ele se vê acuado dentro de seu próprio bunker, uma ironia tremenda diante de toda a tecnologia e medo aparente causado por sistemas desse tipo.
É uma tremenda ingenuidade ir assistir a um filme chamado The Purge e esperar que a obra mostre um universo róseo de unicórnios pastando em campos de tulipas coloridas e valsas de Strauss durante toda a sessão. A violência e sanguinolência do filme são dramaticamente justificadas pela proposta da obra. Se não se trata de um bom filme, isso se deve a um excesso ou outro ou pelos já comentados buracos no roteiro, mas não pelo uso da violência, já que ela é a matéria prima do filme.
A discussão de segurança pessoal/nacional e a ironia que isso traz para o espectador é muito forte. James DeMonaco consegue segurar um bom ritmo geral em todo o desenvolvimento da história, não se valendo de clímax fora de hora e finalizando o filme de uma maneira até aceitável, dentro dos famosos clichês de provações noturnas onde a morte de um protagonista basta para que os outros se saiam bem.
As piadas de humor negro e a antítese dramática constante acontece desde a sequência de abertura, quando ouvimos um trecho da Suíte Bergamasque, Clair de Lune, embalar filmagens reais de câmeras de rua que capturam atos de violência. Além disso temos também o carrinho com a boneca queimada, que na verdade é uma câmera ambulante do caçula esquisitão da família e que tem um bom uso dentro da história, servindo até de ligação entre blocos cênicos que aparentemente seriam complicados de unir. A própria fotografia batida de lanternas acesas numa casa escura funciona, se vista não apenas por esse ponto, mas em contraste com o restante do filme, numa aparência mais metálica e dura, ressaltando o ambiente high-tech que nos dá toda a segurança do mundo. Essa composição vai ganhando um ar mais plástico no decorrer da fita, às vezes se parecido com tomadas de filmes de terror found footage.
Pelo que vi, a massa crítica está odiando Uma Noite de Crime. Sinceramente não entendo o motivo de toda essa raiva. Não se trata de um filme genial ou abarrotado de novidades, mas é um filme razoavelmente bom, atendendo pelo menos os princípios básicos do que propõe.
E só para concluir: segundo o IMDB, parece que vai ter Uma Noite de Crime 2. Eu não gosto de continuações, mas a curiosidade não me deixa falar outra coisa: com certeza quero ver o que vem a seguir. Afinal, a família Sandin vai expurgar sua raiva no ano seguinte, libertar suas feras interiores? Qual será a atitude dos vizinhos da família dali pra frente? Quem era a favor do expurgo pode, devido a uma experiência desse tipo, passar a expurgar? Só a próxima noite de crime poderá nos responder isso.
Mama
3.0 2,8K Assista AgoraA virtude maior de 'Mama' é não entregar o monstrão malvadão logo de cara (apesar do "segredo" sim). Se o filme não é aquele terrorzão clássico, pelo menos mostra-se ser um thriller de suspense de primeira qualidade.
A fotografia, a trilha sonora e o roteiro são ótimos, a direção é qualificada e o elenco um achado. A dica é que você pode levar sua namorada meio medrosa, seu irmãozinho mais novo (a censura é 14 anos) e sua avó preocupada sem medo, pois o filme assusta mais por ser bom do que por ser de terror.
A Origem
4.4 5,9K Assista AgoraSimplesmente arrebatador. O filme “A Origem” é uma obra prima a ser reverenciada.
Parece que a antiga lógica “BlockBuster vs. Arte” vem perdendo força nos últimos tempos. Doa a quem doer, é verdade. E um possível marco simbólico desta realidade é o filme “Avatar”, feito com milhões de dólares, para gerar bilhões de dólares, e ainda assim ser genial em termos de criatividade cinematográfica (e mesmo assim não levar quase nenhum Oscar. Vai ser hipócrita em outro lugar!). “A Origem” é um exemplo dessa “nova vertente” do cinema mundial, onde um diretor brilhante, neste caso Christopher Nolan, consegue unir todos os elementos necessários para o sucesso ($$) nos dias hoje, e ainda ter o luxo de contar uma história inesquecível e de qualidade.
O conceito de “A Origem” é brilhante. Sendo impossível evitar uma comparação prematura, o longa se assemelha a genialidade por trás de “Matrix”, mas em momento algum disputa com a obra no quesito criatividade. Com uma direção simplesmente inspiradora, o visual é arrasador, assim como suas cenas milimetricamente elaboradas. O trabalho de Nolan com certeza é dobrado, devido aos problemas encontrados ao se filmar com IMAX (peso da câmera, enquadramento, ruído), mas a qualidade é impressionante e o resultado na tela grande incomparável. Apenas poucos por cento de um rolo de filme IMAX são salvos na pós-produção, mas este mínimo é o suficiente para entregar a mais perfeita definição que existe hoje, em 70 mm. Utilizando sabiamente o slow motion e efeitos especiais incríveis, o diretor cria sequências de literalmente tirar o fôlego, sendo os momentos finais do longa, um dos atos mais tensos do cinema. Acompanhamos em tempo real três cenários diferentes, onde todos os personagens estão inseridos ao mesmo tempo, e cada atitude, movimento ou mesmo som, influenciam na realidade destes locais.
Todo escrito por Nolan, o filme invade e reinventa o mundo dos sonhos sem ao menos pedir licença. Somos informados que, com a aparelhagem certa é possível entrar nos sonhos de alguém, podendo manipular quase tudo. Existe um construtor, interpretado no filme pela jovem Ellen Page. Esta arquiteta do inconsciente tem o trabalho de planejar os cenários: prédios, ruas, pontes, e então a mente preenche os detalhes. Enquanto treina suas habilidades em uma simulação, podemos ver a grandeza e o poder que existe em suas mãos, quando uma cidade toda se dobra como uma folha de papel. Já as pessoas que povoam este mundo ilusório surgem do subconsciente do sonhador, rostos familiares, projeções de sua vida, ou mesmo verdadeiros pesadelos.
A trilha sonora é a cereja do bolo. Ela é composta pelo mestre Hans Zimmer, que tem em seu currículo desde “O Rei Leão” a “Gladiador”, da Trilogia “Piratas do Caribe” a nova trilogia “Batman” (assim esperamos). Seus temas sombrios, hora melancólicos, e por muitas vezes arrepiantes, são fundamentais para o ritmo e desenvolvimento da trama. Tudo fica melhor com as trilhas de Zimmer.
O astro você conhece. Leonardo DiCaprio, que parece não errar nunca, talvez devido ao fato de sempre escolher os melhores trabalhos. Ele entrega novamente um homem perturbado, que tem uma relação difícil com sua esposa e um passado muito complicado.
De tão fortes, seus sonhos cheios de marcas dolorosas acabam sendo um grande problema para seu trabalho. Ellen Page também está excelente como a arquiteta já citada, Ariadne. Com simplicidade ela interpreta esta estudante que tem a possibilidade de levar a “pura criação” aos limites mais extremos. Meiga e muito inteligente, sua participação na equipe é de fundamental importância para o resultado final. Joseph Gordon-Levitt chama atenção com o fiel escudeiro Arthur. Ator experiente, Levitt começou cedo, e somente agora sua carreira está recebendo o devido valor, fato que pode ser consumado no próximo Batman (Uma charada para vocês). O time de apoio conta ainda com Tom Hardy como o falsário Eames, Ken Watanabe como o poderoso Saito, Cillian Murphy como o triste Robert Fischer Jr., alvo da empreitada principal. Marion Cotillard emprega todo seu talento como a assustadora e perturbada esposa Mal, uma das vilas mais inusitadas dos últimos tempos. Personagens perfeitamente construídos e explorados, atores empolgados e inspirados pela incrível história.
O astro você conhece. Leonardo DiCaprio, que parece não errar nunca, talvez devido ao fato de sempre escolher os melhores trabalhos. Ele entrega novamente um homem perturbado, que tem uma relação difícil com sua esposa e um passado muito complicado.
De tão fortes, seus sonhos cheios de marcas dolorosas acabam sendo um grande problema para seu trabalho. Ellen Page também está excelente como a arquiteta já citada, Ariadne. Com simplicidade ela interpreta esta estudante que tem a possibilidade de levar a “pura criação” aos limites mais extremos. Meiga e muito inteligente, sua participação na equipe é de fundamental importância para o resultado final. Joseph Gordon-Levitt chama atenção com o fiel escudeiro Arthur. Ator experiente, Levitt começou cedo, e somente agora sua carreira está recebendo o devido valor, fato que pode ser consumado no próximo Batman (Uma charada para vocês). O time de apoio conta ainda com Tom Hardy como o falsário Eames, Ken Watanabe como o poderoso Saito, Cillian Murphy como o triste Robert Fischer Jr., alvo da empreitada principal. Marion Cotillard emprega todo seu talento como a assustadora e perturbada esposa Mal, uma das vilas mais inusitadas dos últimos tempos. Personagens perfeitamente construídos e explorados, atores empolgados e inspirados pela incrível história.
Isso pode parecer besteira, mas quando saí do cinema após assistir “A Origem”, olhei para tudo de uma forma diferente. Durante aquele tempo, ainda anestesiado pelo filme, tudo realmente parecia um sonho, todas as pessoas, os carros, os prédios, que poderiam naquele momento se dobrar sobre mim, e eu acharia bem normal.
O sentimento passou, mas não o deslumbre da obra. “A Origem” é um filme que, além de te fazer pensar, te faz sentir. Depois dos excelentes “Amnésia”, “Insônia”, “Batman Begins/Cavaleiro das Trevas”, "O Cavaleiro das Trevas Ressurge' e “O Grande Truque”, Cristopher Nolan realiza sua obra prima, pelo menos até o momento. Com um final incrível, fica a pergunta: tudo é sonho ou realidade? Para está questão não existe certo ou errado, tudo é possível, até um peão que não para nunca de girar.
O Clã das Adagas Voadoras
3.8 367 Assista AgoraA fotografia aqui é magistral (não foi atoa que concorreu ao oscar de melhor fotografia em 2004), cheia de simbolismos que (juntamente com os cenários divinos) ajudam-nos a perceber o conflito emocional que ronda a cabeça de Jin e de Mei, trilha sonora absolutamente magnífica e figurinos que não ficam atrás.
Os diálogos também são cheios de simbolismos, apesar de simples (e as vezes bem objetivos) mostram o dualismo dos personagens nas situações em que eles se encontram (é perceptível que o Jin as vezes deseja realmente ser o "vento" que diz ser), mostram também a rigorosa disciplina que existe em ambos os lados, não permitindo "papos melosos", muitas vezes, o diálogo dá espaço para os gestos que falam por si.
A produção não é tão grande quando "O Tigre e o Dragão" (o que explica alguns efeitos visuais "1 nível abaixo"), mas o filme compensa com os seus outros atributos. Nem preciso mencionar que o elenco é talentoso tanto nas falas quanto nas lutas, elas estão no mesmo patamar dos demais filmes do gênero, mas têm papel bem coadjuvante, por tanto, não vá esperando ação.
Trapaça
3.4 2,2K Assista AgoraEm seu terceiro hit seguido em premiações, David O. Russell mostra, entre os decotes matadores de Amy Adams e as canções icônicas da trilha sonora de Trapaça, o glamour sedutor da década de 1970 e faz uma deliciosa homenagem aos filmes de crime e máfia. Uma obra que embora não seja tão consistente quanto outros candidatos a Oscar deste ano, é divertido e dramático na medida certa para conquistar o espectador e lhe render uma experiência no mínimo cativante.
Em Trapaça acompanhamos a história Irving Rosenfeld (Christian Bale) um vigarista que, se vê obrigado a trabalhar para o agente Richard DiMaso (Bradley Cooper) do FBI, após sua parceira e amante Sydney Prosser (Amy Adams) ser pega em um de seus golpes em conjunto. DiMaso coage os dois a utilizar seus dons de trapaça para figuras ilustres envolvidos em esquemas fora da lei. O primeiro envolvido é Carmine Polito (Jeremy Renner) bom político local. Aos poucos Irving e Sydney se veem envolvidos em uma trama que pode lhes proporcionar destino pior do que a prisão com que foram ameaçados, principalmente com a imprevisível mulher de Irving, Rosalyn (Jennifer Lawrence), tentando atrapalhar seus planos.
O destaque fica por conta das atuações, se por um lado é ótimo ver a flexibilidade para entrar e sair de forma de Christian Bale, Bradley Cooper faz novamente um tipo um tantinho desequilibrado. Porém, as lindíssimas Amy Adams e Jennifer Lawrence são definitivamente as estrelas. Uma representando quase o contraponto da outra, e quando a vemos contracenando pela primeira vez é simplesmente um estouro de beleza e talento, que rendeu as duas recentemente o globo de ouro. Ainda falando do elenco, não há como não notar a excelente ponta de Robert De Niro, como o mafioso Victor Teleggio, que imediatamente remete a filmes de máfia em que o ator esteve envolvido como Os Bons Companheiros (1991), Cassino (1995) e O Poderoso Chefão (1972).
Não por acaso dois dos filmes citados acima são de Martin Scorcese, afinal, em termos de construção Trapaça, lembra alguns trabalhos realizados pelo diretor, porém sem a mesma agressividade. Além de representar o mundo do crime como algo sedutor, os próprios personagens poderiam pertencer ao universo ‘Scorcesiano’, como Irving um homem de origem humilde que decidiu adotar uma vida fora da lei ao observar o efeito desta em seu meio ambiente, ou o estranho Richie, que quer alcançar reconhecimento a todo custo e se mostra muitas vezes um perfeito imbecil por não saber quando parar. E o comentário também vale para a dupla de mulheres fortes e perigosas.
A recriação de época, figura também entre as virtudes do filme, caraterizações inspiradas que complementam a personalidade dos personagens, o constante decote de Amy Adams é provocativo, mas nunca vulgar. A calvície de Irving é uma manifestação do passado humilde do qual tenta fugir e seu figurino quase sempre sóbrio é sinal da discrição com que leva seus negócios escusos. É uma reconstrução de época bastante notável considerando a quantidade de locações utilizadas durante o filme, quase totalmente urbanas.
Em um quadro geral, o único pecado de David O. Russell foi fazer de Trapaça um filme inofensivo demais, mesmo que possua certa irreverência no final das contas ele acaba aproximando-se mais de O Lado Bom da Vida, a vontade não dissimulada de agradar a gregos e troianos é manifestada no último ato do filme com um final para lá de feliz que parece mais ter sido retirado da cartola de algum mágico, isto é, claro, aspiração a prêmios. Mas não que se julgar em demasia O. Russell por isso, afinal, a despeito disso seu filme é deslumbrante, magnético e nunca chato. Diversão de alta classe.
Uma Noite de Crime
3.2 2,2K Assista Agoratem alguns Spoilers -> http://goo.gl/YEdIRQ
O Espetacular Homem-Aranha 2: A Ameaça de Electro
3.5 2,6K Assista AgoraAchei isso aqui, minha crítica ta no link: http://goo.gl/2eSPbd