Se fosse um episódio de Black Mirror seria cultuado. Concordo que ele tem menos coragem que alguns episódios da série, mesmo assim, a discussão é colocada. Há uma extrapolação do uso da internet, mas fica claro aspectos do comportamento humano com essa ferramenta. Parece que com ela o caminho para a fama ou reconhecimento ficou mais próximo da pessoa comum.
Nosso comportamento nas redes sociais estão voltados ao número de likes, views e compartilhamentos. É a forma como o outro precisa me ver. E o fato da fama parecer próximo demais (youtubers, snapchaters, tweeters, facebookers) faz com que a pessoa (adolescente principalmente) vislumbre isso como uma possibilidade de futuro.
Um problema da narrativa talvez seja a forma como a Vee (Emma Roberts) acaba modificando-se demais em um único dia. Os primeiros momentos dela com Ian (Dave Franco) não convencem. Falta naturalizade pro desenvolvimento do roteiro. O final parece redondinho demais. O filme serve, antes de tudo, pra que se faça uma discussão sobre o que tá colocado ali.
Nota: 7,5 (ou vamos pensar um pouco mais sobre o nosso uso das tecnologias).
Uma boa experiência do cinema de terror. Parte da premissa motivadora se analisada friamente é bastante forçada. Você não conseguiria acreditar integralmente na forma como as ações dos adolescentes acontecem, principalmente as iniciais. Porém, tem uma direção adequada pra que se aceite a narrativa colocada.
O primeiro ato funciona muito mais como um suspense. Com momentos absurdamente tensos, principalmente quando a trilha sonora simplesmente desaparece (ou fica quase imperceptível) e o total silêncio reina nas cenas. Poderiam não ter colocado a casa como um local tão gigantesco e fazer um melhor uso dos espaços pra reforçar o senso de claustrofobia.
O último ato, traz informações novas que chegam a ser desnecessárias pro desenvolvimento das personagens. Deveria ter optado pelo desenvolvimento mais simples das ações, sem direcionar demais alguns momentos. O fato de criar surpresas faz com que caia em alguns clichês do gênero. E era fácil evitar.
Nota: 7,5 (ou premissa excelente, suspense FODA, se perde em não prezar pela simplicidade de roteiro).
O personagem de Daniel Blake (Dave Johns) tem uma construção que foge bastante do lugar comum. Ele não é exposto de maneira monocromática. Desde a primeira cena vemos o uso do sarcasmo que vai sendo intensificado. Porém, assim que Katie (Hayley Squires) e seus filhos entram na narrativa observa-se outro viés do personagem, mais humano. E uma característica nunca sobressai a outra. Cada uma acaba utilizada no momento em que é conveniente para o personagem.
É um filme que fala sobre o quanto o sistema acaba por esmagar aqueles que mais precisam. O próprio Daniel em determinado momento acaba mostrando o quão fatalista é aquela situação que está vivendo. É um tanto quanto desesperançoso perceber que a burocracia não é exclusividade de países como o Brasil.
Qualquer ato de revolta diante do que está acontecendo acaba sendo reprimido. E ações extremas (não são tão extremas pro Daniel) são necessárias dentro deste modelo imposto. Já Katie acaba sendo mais extremista, porém, é impossível julgá-la. E nada ali tá por acaso. Até mesmo as ações do vizinho de Blake refletem a temática principal e critica o capitalismo.
Obrigatório pra quem curte musicais. E aqueles musicais em que param a ação pra começarem a cantar. Não tem como não ficar impressionado logo com a primeira cena. É um plano sequência incrível. Na verdade, a maior parte dos números musicais são sem cortes e a sincronia dos atores, a coreografia, a direção de arte e o diretor de fotografia mostram o quanto Damien Chazelle mereceu o Globo de Ouro de direção.
Uma coisa que sempre me incomoda em musicais é quando o playback fica muito evidente. Aqui, a mixagem de som por vezes não convence. Noutros momentos, encaixa-se muito bem e parece que o som da música foi o captado na gravação da cena. Claro que não é algo que compromete a narrativa do filme.
Tenho impressão que apesar de ser um grande musical se comparado aos últimos anos, não vai ser lembrado daqui uns 10 anos. Tem uma narrativa bacana, mas não passa disso. Acho que o amor de Sebastian (Ryan Gosling) pelo jazz e o de Mia (Emma Stone) pela atuação deveriam ser melhor explorados, principalmente perto do final.
Nota: 8,0 (ou renasce a vontade de sair na rua cantando e viver num musical)
O filme é muito fraco. Ele começa com um aviso pra isentar possíveis críticas. Não é suficiente. A narrativa ali é absolutamente clichê. E esse nem é o problema. O ponto é que não traz absolutamente nada de novo. E, como se não bastasse, é bem fácil perceber o quanto alguns personagens são mal estruturados. Mostrar adolescentes de uma maneira tão rasa é um desserviço.
Tenta ser engraçado, mas as piadas não funcionam. Parecem forçadas. Se as ações da narrativa são reais como o filme propõe, poderiam ter se esforçado em fazê-las parecerem críveis. Você vê e pensa: quem roteirizou isso? É irreal. Chega a dar uma vergonha alheia de estar vendo determinadas situações em tela.
"Ah, mas o filme é pro público adolescente". Peraí, isso não quer dizer que ele tenha que ser idiota. Não dá pra tratar o público como alguém que vá acreditar que um garoto de 15 anos vai abrir uma camisinha e desenrolá-la pra depois colocar no pau. Desculpa! Mas é isso que a narrativa sugere. Nem as tentativas de metalinguagem do próprio Christian funcionam. Na última cena, você percebe que o Filipe Bragança é melhor que Chistian real.
Nota: 1,0 (ou por que insisto em ver filme que sei que não vou gostar no cinema?)
O filme prefere ficar no clichê da narrativa romântica. Não que seja esse o problema, até porque é vendido como um drama, romance e aventura. E nesse aspecto ele até que funciona adequadamente. Porém, é esquecível. A utilização do pano de fundo de ficção científica poderia ser muito melhor aproveitado no desenvolvimento dos personagens.
É um desperdício não ter se aprofundado em questões que uma boa ficção científica se debruçaria. E até flerta em tocar em vários pontos que se desenvolvidos tornariam-no um clássico. Há questões sobre o isolamento e ética/moral que poderiam facilmente ser discutidos. Além, de ter desperdiçado a chance de transformar-se em um terror. Havia muitas possibilidades pra salvá-lo.
E o momento em que se dispara um gatilho pro relacionamento dos personagens principais começar a degringolar não convence. É até incômodo, porque você vê e tem na ponta da língua a fala que o Jim (Chris Pratt) deveria dizer pra evitar aquilo. O diretor até tinha plantado algo que parecia que seria utilizado pra isso, mesmo que também fosse um puta clichê.
Ao não colocar em evidência alguns aspectos do comportamento humano, acaba por reforçar alguns comportamentos que já estamos culturalmente acostumados. Tanto que Gus (Laurence Fishburne), quando questionado pela Aurora (Jennifer Lawrence), ignora o assunto que aparece só pra dar esperança de que o filme pode ser salvo.
Desde O HOMEM DE AÇO, eu não esperava muito deste filme. Não sei porquê. Mas apenas um dos trailers me deixou com expectativa. Foi uma enxurrada de material divulgado que não colaborou tanto para que eu estivesse empolgado. Achei que isso faria com que me surpreendesse e, ao final, estaria aqui o elogiando. Não rolou. Muita frase do filme já tava lá nos trailers.
Desde o início eu não consegui curtir o filme. Eu gosto muito da pegada séria do universo DC. Christopher Nolan guiou o tom que os filmes tinham que ter. Essa é uma das partes que salvam no filme. Porém, não se sustentação já que o roteiro é bastante falho e confuso. Acredito que a edição também não colabora muito. São duas horas e meia de filme. Tinha como desenvolver melhor tudo ali.
São apresentados vários eventos e a relação entre eles fica meio empurrada. Há momentos em que você não entende exatamente como os personagens chegam a determinada conclusão. Por exemplo, Louis Lane faz algo. Depois, do nada, percebe que precisa voltar atrás. Mas ela em momento algum recebeu a informação que a motivasse a isso. Tem também uns sonhos do Bruce Wayne que curti zero.
A trilha sonora é muito boa! Principalmente quando aparece a Mulher Maravilha. Ela é a melhor personagem do filme. E isso que tem teve uma apresentação tão adequada. Você consegue comprar o desenvolvimento da personagem. Ao contrário do Batman, que apesar de apresentado (às vezes, penso que não era necessário), não motiva. Falta alguma coisa ali.
Não consegui curtir o Lex Luthor do Jesse Einserberg. Parece até forçado em alguns momentos. E Ben Affleck não atrapalhou em nada no papel. Ele tá bem pra caralho. É um bom Batman. Os personagens são aceitáveis, o que estraga mesmo é o roteiro.
A atuação de Saoirse Ronan tá absurda! É incrível como ela consegue trazer algumas nuances do comportamento de sua personagem. A forma tímida como se comporta ao chegar ao Brooklyn parecia não condizer tanto com um comportamento dela ali no início do filme quando ainda estava na Irlanda. Porém, conforme ela se acostuma com o novo ambiente é nítido o porquê dela agir daquela forma. És sobre a adaptação dela.
Único problema foi a tentativa de fazer com que uma personagem praticamente desempenhasse o papel de vilão. Não havia a necessidade daquilo. Pra mim, era suficiente a dúvida que se passava pela cabeça da personagem. Parece que havia a necessidade de haver um fator externo pra que a personagem tomasse uma decisão.
O filme acaba falando muito sobre despedida e como se adaptar a um lugar novo. Como pode ser complicado os primeiros meses, mas somos seres que geralmente se adaptam às mais diversas situações e dificuldades. É também sobre a diversidade cultural do Brooklin e sobre as oportunidades que os Estados Unidos representa.
Que filme! Fazia um tempo que um filme não me deixava com tanta dor de cabeça. E chorei absurdamente. Não tem como não ser impactado com a narrativa e as atuações. É o oposto do filme MICHAEL, em que lá o ponto de vista é o do criminoso, aqui é o das vítimas. Com um agravante: o narrador não sabe que ele é uma vítima. É brilhante!
Jack é o personagem principal e vemos tudo acontecendo sob a perspectiva dele. Ele é o narrador. E que narrador gostoso de ser ouvido. Que singeleza no roteiro. É uma das melhores narrativas off que já ouvi. Você se desespera muito mais pela sugestão das ações que por escancarar tudo. Conforme se entende o que aconteceu, a sua indignação é maior. Porém, o olhar do garoto permite que se tire poesia de como ele encara o mundo.
O garoto Jacob Trembley tem uma atuação ducaralho! Ele consegue mostrar tantas nuances numa criança que acaba de completar 5 anos: raiva, desespero, carinho, medo. Existem ao menos três fases pelas quais seu personagem passa e ele se garante. Qualquer pessoa que já conviveu com uma criança se identifica com seus discursos.
A atuação de Brie Larson é inacreditável. Como o roteiro não te entrega tudo de cara, no início, cheguei a olhar ela como uma escrota, uma possível vilã e não entendia qual era a dela. Com o decorrer do filme, você consegue entender o porquê dela tomar uma atitude desesperada, apesar de pensar que não funcionaria. Não é uma atuação visceral, mas desconfortável. Todas as suas ações são aceitáveis, por se saber pelo que passou.
A primeira metade do filme é genial. Lembrou muito a forma como foi desenvolvido o AMOR, do Haneke, em apenas um ambiente. Depois a narrativa toma outro caminho e cheguei a pensar que perderia a mão. Pelo contrário, ele conseguiu expor todas as nuances e consequências de um caso como aquele.
É o filme perfeito pra se trabalhar o conceito do mito da caverna de Platão. É excelente pra que se entenda como o seu ponto de vista, apesar de considerá-lo como verdade, não quer dizer que englobe toda a verdade. Nossos conceitos são formados pela forma como somos criados e pelos conhecimentos culturais que consumimos. Porém, existe uma gama imensa de conhecimentos, com os quais não entramos em contato. Temos que estar dispostos a sair da caixa e (tentar) olhar o mundo em sua totalidade.
É Hollywood voltando olhar pra Hollywood. Uma pena que o filme só esteja indicado na categoria Melhor Ator. Mereciam outras indicações até pra que o filme ganhasse uma visibilidade maior. Bryan Cranston tá bem, diferente do clássico Walter Walter, o que mostra o quanto atua bem. Há dois momentos, próximos do final, que é o seu ponto alto, principalmente pelo poder de emocionar. O seu último discurso mostra a força e a importância de seu personagem.
A narrativa não tem nada de tão empolgante. É, em grande parte, política. Se não entender o momento que os Estados Unidos (e o mundo) viviam após a Segunda Guerra Mundial e o medo do comunismo, talvez o filme não tenha o mesmo impacto. Ajuda também, se tiver noção do que foi esse período para o cinema.
A fotografia do filme também tá muito boa. Há algumas cenas que fiquei mega na dúvida se eram de arquivo ou tinham sido feitas pro filme. Um dos melhores momentos é quando se vê a aparição de Kirk Douglas, Otto Preminger, uma referência a Stanley Kubrick. PORRA!, nestes pequenos detalhes meus olhos se enchiam de lágrimas.
Ao terminar o filme é impossível não pesquisar sobre os fatos retratados. Tem-se a impressão de que a narrativa ali exposta tenha sido bastante romantizada. Cheguei a cogitar que fosse uma história alternativa. Porém, a maior parte daquilo que tá na tela é real. É foda! Não dá pra ignorar a crítica que se tem à premiação do Oscar. Claro que não chega a ser uma crítica direta, mas que poderia ser melhor explorada.
P.S.: Tem um diálogo bem didático do Trumbo com filha explicando o que é comunismo. Deem uma conferida.
As pessoas da sessão estavam empolgadas demais. Eu não tava tanto. Talvez, por isso, o filme demorou um pouco pra emplacar pra mim. Precisou de uma meia hora pra embarcar na experiência. Porém, o mais interessante é que o trailer entrega nada do filme. A maior parte das cenas do trailer estão na meia hora inicial.
O roteiro está muito foda! As piadas relacionadas à cultura pop/nerd são excelentes. Se não estiver acostumado a consumir esses produtos, alguma coisa você vai perder ali. A experiência provavelmente não será a mesma (na verdade, algumas coisas devem ter passado despercebidas por mim). Nem o estúdio, nem Ryan Reynolds ficam livre das piadas.
A metalinguagem e a quebra da quarta parede utilizada como elemento cômico funciona muito bem. Mais foda ainda é a não utilização de linearidade na hora de expor a narrativa. Interessante que ali no início do filme tem uma piada que não faz sentido (mesmo assim alguns riram, não consegui rir na hora), mas ela só fica engraçado mais a frente quando você entende ela se refere a uma situação que ainda não havia sido mostrada. É meio que uma subversão bacana.
A sensação que tive enquanto assistia foi mazomenos a mesma de quando assisti a GUARDIÕES DA GALÁXIA. O filme se comporta como uma sátira da própria linguagem do filme de super-heróis, mas isso deve ser mérito do próprio personagens nos quadrinhos (que não li). Funciona muito bem. Depois que embarquei era impossível não se empolgar.
P.S.: a cena pós-créditos já vale pelo filme todo. FODAPRACARALHO! P.S. 2: o povo já pode perdoar Ryan Reynolds por LANTERNA VERDE.
O filme é bom, mas o trailer fez eu ter uma ideia de que ele era muito melhor. A atuação do Eddie Redmayne tá excelente, porém alguma coisa ali no roteiro e edição fez a narrativa não ser tão maior quanto deveria. Não achei a atuação da Alicia Vikander tão magistral pra concorrer o Oscar. Tive a impressão de que faltou personalidade, drama. É ótima, mas faltou entregar mais alguma coisa.
Me incomodou não conseguir perceber se o roteiro estava caminhando pra mostrar ele como um doente ou, como deveria ser, como uma pessoa que está se descobrindo. Tom Hooper perdeu um pouco a mão. Seria natural as pessoas de fora verem Einer como esquizofrênico, mas o ponto de vista de Lili deveria ter sido mais sensível, melhor construído.
O mais importante no filme é que ele traz à tona a discussão da diferença entre identidade de gênero, orientação sexual e sexo biológico. Se a pessoa já tiver uma certa noção sobre esses conceitos, perceberá o quanto o roteiro é respeitoso. O primor, neste ponto, está em não ficar utilizando a nomenclatura, mas fazer com que o espectador consiga perceber essas pequenas diferenças.
Faltou ter sido exposta mais a relação de preconceito social. Não foi tão bem explorado. Talvez, pela condição de artistas e o círculo de amizades em que se encontravam tenha amenizado isso, mas não foi mostrado. O filme é, antes de tudo, sobre a relação entre Gerda, Einer e Lili: a amizade e o amor entre eles.
Bem meia boca. Você pensa que vai ver um filmaço por ter uma indicada ao Oscar, a Jennifer Lawrence, mas não consegue se entusiasmar em quase momento algum com a narrativa. Pela forma como ele começou até considerei que seria interessante. Por não conhecer nada sobre, não imaginava que caminho ele fosse trilhar.
A Jennifer Lawrence não salva o filme. A atuação dela é boa, mas você não consegue se identificar com o drama da personagem dela. Há um momento bastante específico que você acaba ficando empolgado com o desenvolvimento da narrativa, mas isso passa. E quando acha que o filme acabou, ele acaba sendo prolongado e fica mais chato. Faltou ali uma melhor edição pra ficar mais dinâmico.
Alguns personagens são caricaturais demais. Não se consegue entender se é falta de direção, falta de atuação ou tentativa de criar um estilo. Outros personagens ficam sumidos (o filho dela, por exemplo) durante grande parte da narrativa. Noutro momento, não se entende exatamente o que o aconteceu com o marido dela. Sério, parece que não revisaram o filme.
David O. Russell virou o queridinho da Academia. E, de uma forma ou de outra, teve os últimos quatro filmes com alguma indicação ao Oscar. E, convenhamos, este e o TRAPAÇA não merecia tudo isso. Nem as boas músicas colocadas durante o filme conseguem salvá-lo.
Continuação de O ATO DE MATAR. Tão assustador quanto. Se lá no primeiro tinha a visão das atrocidades cometidas pela ditadura militar sob o ponto de vista deles, neste vemos como um familiar de uma das vítimas lida com a situação, sendo colocado frente a frente com os responsáveis pela morte de seu irmão.
É interessante ver que os responsáveis por todas as atrocidades estão soltos, sem nunca terem sido julgados e se consideram heróis. Como a ditadura militar ainda permanece na Indonésia, eles a chamam de democracia. Um deles chega a dizer que as mortes dos “comunistas” (demonizados por todos) no passado foram responsáveis pela “democracia” que vivem lá.
A forma como alguns esquivam dos assuntos relacionados às mortes é assustador. Mais assustador, a forma como alguns falam com orgulho das mortes e ainda ameaçam os responsáveis pelo documentário por continuarem a fazer perguntas políticas. É incompreensível como o cara teve estômago pra estar de frente dos responsáveis pela morte de seu irmão.
Excelente documentário pra se pensar nas consequências de uma ditadura militar. Ver que aquela galera não foi julgada, que o cara que teve seu irmão morto não fala onde mora pra um dos assassinos por medo de retaliações. Isso tudo faz aquilo parecer um mundo paralelo.
Excelente documentário. Mostra as manifestações ocorridas na Ucrânia no final de 2013/início de 2014. A população começa por quererem a incorporação da Ucrânia na União Europeia, mas, em pouco tempo, as reivindicações eram maiores. A repressão policial quando protestam, faz com que logo a luta seja por liberdade.
Interessante notar que há vários artistas ucranianos que aparecem nas manifestações. Não sei o quanto aqueles artistas têm representatividade dentro do país, mas é algo que só vemos no Brasil vindo de artistas independentes. Aqui, artista com visibilidade não costuma se posicionar em relação a assunto algum.
Yanukovych fora declarado presidente em 2004 e a população, de certa forma, o tirou do poder, por irregularidade nas eleições. Anos depois era eleito presidente novamente, desta vez, sem manipulação. Não é uma característica brasileira voltar a votar no candidato errado. Memória curta não é um privilégio nosso.
A forma como a polícia agiu violentamente chega a assustar em dado momento. A nossa polícia é violenta, mas lá ela é truculenta. E, a partir do momento que pode fazer uso de balas de fogo, ela entra em uma guerra contra a população.
O roteiro segue a cronologia dos fatos. É fácil entender o desenrolar dos eventos. Não é o melhor documentário sobre a temática, mas é interesse pra se entender os acontecimentos anteriores à Guerra Civil na Ucrânia. E ter interesse em procurar saber mais, já que o tema não se esgota no documentário.
Fotograficamente o filme é FODA! Lubezki ganha fácil mais um Oscar. Algumas tomadas lembram muito A ÁRVORE DA VIDA. Há muitas sequências sem cortes fazendo a noção de realidade ser extremada. Pensar que foi utilizada apenas luz natural faz a fotografia ficar ainda mais foda. Os efeitos visuais tornam-se ainda melhores nos planos sequências. Como é um filme com cenas de violência, elas ficam ainda mais fortes. A imersão é ainda maior.
Direção parece ser muito difícil que Iñarritu não ganhe o Oscar. É um filme bem dirigido. É nítida a mão do diretor em vários momentos ali. Me incomodou a narrativa. Faltou alguma coisa ali. Algo que fizesse você se aproximar ainda mais do drama do personagem Glass. O primeiro ato te coloca na narrativa principal, mas o drama pessoal faltou ser melhor desenvolvido.
A narrativa de vingança não é nenhuma novidade. Já foi visto em outros filmes. E ficava claro nos trailers. O que me incomodou foi a narrativa ser um pouco lenta num dado momento, demorando pra evoluir a vingança. A saga do Glass quer tornar-se maior, mais intimista. Não precisava.
Tom Hardy está foda. Ele tá diferente de todos os papeis que já fez. Fisicamente é difícil reconhecê-lo. Seu trabalho de fala está muito bom. Nem parece o mesmo ator de MAD MAX. E tudo que cerca sua atuação fazem com que não se enxergue o ator nele.
Leonardo DiCaprio ganha desta vez. Mais que merecido que sua atuação tá FODA. Não é a melhor atuação que já teve. Só não dá pra dizer que ele é “um injustiçado pelo Oscar”. Ele tem 42 anos, teve seis indicações. Peter O’Toole, morreu aos 83, teve 8 indicações e ganhou só o Oscar Honorário. Isso é injustiça. Scorsese com a mesma idade do DiCaprio já tinha filmografia o suficiente pra Oscar: Caminhos Perigosos, Taxi Driver e Touro Indomável. E só ganhou aos 65 anos.
É um desserviço cinematográfico. A novela tinha quase 200 capítulos e editar isso em aproximadamente duas horas não é tarefa pra qualquer editor. Óbvio que a novela enrolou bastante e o filme poderia ser conciso. Porém, parece não ter tido um trabalho de re-roteirização organizando a novela pra ser filme.
É um caso em que você percebe o quanto a edição de som é ruim. Inacreditável como é desconfortável ouvir o som de passos dos personagens na areia. O local em que a personagem pisa não coincide com o seu som característico. Só uma edição tão ruim pra fazer um leigo perceber isso.
A narrativa dá uma corrida absurda quando as pragas do Egito começam. Eles tentam manter uma linha de acontecimentos, mas falha. Devido aos efeitos visuais, demorou pra eu conseguir diferençar as moscas dos gafanhotos. E a cena mais esperada: a travessia ao Mar Vermelho é anticlimática.
O filme pende totalmente pro lado da religiosidade evangélica dando aquela cutucada básica no catolicismo. O Deus é mega tirano (no catolicismo também) e faz as coisas do jeito dele. A mensagem final é quase um: “qualquer maldade pode ser justificada em nome de Deus”.
Um soco no estômago bem dado. O início do filme já apresenta de forma bastante seca o tema: abuso sexual infantil cometido por padres. E nos primeiros minutos, você já fica sem reação diante da forma como o caso é “solucionado”.
Relacionei a DÚVIDA, em que um padre abusa sexualmente de um jovem negro. Ali você acredita que é um caso isolado, uma excessão. Porém, como se vê em SPOTLIGHT casos como aquele são frequentes. E, de certa forma, parecem haver algum padrão. É inimaginável que algo rotineiro fica impune e não vai à grande mídia. É ainda mais assustador ver a forma como a maior parte das pessoas encaram o assunto.
É nojento ver que casos como este são acobertados por simplesmente estarem relacionados a uma instituição como a Igreja Católica. As pessoas se calam diante das evidências e dos fatos, pois a Igreja ainda tem influência e consegue evitar que os casos sejam divulgados. E, pior, que os padres respondam pelo crime que cometeram.
É um filmaço. Bem dirigido, apesar de algumas tomadas serem bastante clichês e não demonstrarem tanta técnica. Porém, os atores estão muito bem. Mark Ruffalo nalguns pareceu um pouco forçado. Michael Keaton está FODAÇO (o cara voltou com tudo)! Um dos melhores filmes sobre jornalismo dos últimos anos.
Fiquei surpreso pra caralho com o filme. Sua fórmula, pra um filme de boxe é bastante simples. Não tem nada de tão novo. O roteiro não é ousado. Vai pelo caminho que é garantido. Até mesmo o ato final é bastante clichê. Esperava que fosse arriscar mais. Porém, o que importa é a saga de Rocky e Adonis Creed.
Cheguei a duvidar, antes de assistir, que Sylvester Stallone merecesse ganhar um Globo de Ouro. Ele emociona e é impossível não chorar em determinados momentos. A atuação dele é DUCARALHO! Michael B. Jordan também tem uma atuação muito boa. Tudo auxiliado com um roteiro que é feito minuciosamente para que a emoção venha.
Em uma das lutas de boxe, que deve durar em torno de uns 3 a 4 minutos, tem-se uma cena sem corte algum. É inacreditável ver o realismo que se consegue com a cena e a forma como tudo ali foi orquestrado. Deu vontade de que todas as outras cenas de luta fossem feitas da mesma forma. A câmera ali do lado dos lutadores, indo de um pro outro, mostrando a reação de quem presenciava. E tudo num take.
É uma puta homenagem a todos os filmes da série Rocky. Parece um filme feito pra despedida.
É claro que outros filmes já mostraram a guerra sob o ponto de vista de uma criança. O DIÁRIO DE ANNE FRAK tá aí. O grande crédito do filme é mostrar isso de uma maneira tão crua e assustadora que faz você questionar uma porrada de coisa que faz com que as crianças, por todo o mundo, estejam perdendo a sua infância.
Dá pra ver ressonâncias de outros filmes de guerra, no personagem do Agu. É nítido que o drama final lembra TAXI DRIVER ou O FRANCO ATIRADOR. Porém, isso não diminui a qualidade do filme. É uma temática recorrente em alguns filmes de guerra, mas a forma como é explorado sobre o olhar de uma criança, incomoda.
A consciência que o narrador adquire em seu discurso é assustadora. É foda você ver por tudo que ele passou. E você consegue acreditar piamente em tudo que é mostrado na tela. O desenvolvimento do personagem é DUCARALHO! Tem cenas tão impactantes e algumas sugestões de ações que te deixam sem reação.
O mínimo a se fazer ao terminar de assistir, é pensar, é pesquisar e tentar entender as atrocidades de uma guerra. E torcer pro ser humano aprender alguma coisa com ela. Apesar do final dar um pouco de esperança pra situação das crianças e adolescentes, o diálogo final de Agu dá uma sensação de derrota absurda.
Visualmente o filme é muito bom! Você até tenta se importar com as narrativas expostas ali, mas não passa muito da tentativa. Há personagens demais sendo apresentados, sem um desenvolvimento adequado de cada um deles (ou de, ao menos, um), que fizesse com que você se importasse realmente com eles.
As motivações dos personagens não ficam claras. E nem são aquelas relacionadas ao motivo pelo qual querem chegar ao topo do Evereste. Estou falando das motivações de quando eles decidem deixar alguém pra trás, por exemplo. Faltou drama. E a trilha sonora que poderia auxiliar em criar, nem é marcante pra um filme que se quer ser catastrófico.
O filme não é sobre chegar ao topo do Evereste. É sobre a tragédia que aconteceu em 1996. Mesmo assim, chegar ao topo não é um feito pra qualquer um. E por mais que tenha tentado, o diretor não conseguiu dar relevância à ação. Quando chegam ao topo, você fica “então é isso?”. Algumas cenas foram mal dirigidas. Esperava-se um impacto narrativo um pouco maior, mas nada.
É um filme sobre a vida e como os relacionamentos geralmente acontecem. Também é sobre como, muitas vezes, projetamos nossas vidas pensando no que seria melhor pra nós, sempre relacionando a sucessos pessoais e profissionais. Porém, não percebemos que toda essa projeção, nem sempre, é o que vai nos fazer felizes. Sucesso financeiro não necessariamente é sinônimo de felicidade.
A vida tem tanta coisa que não acontece como você quer. Algumas vezes, porque o orgulho não permite, outras porque não depende unicamente de você. O filme é muito mais pra fazer você pensar e, talvez, tentar mudar alguma coisa nas suas decisões. É sobre o quanto algumas coisas podem ser libertadoras. Neste caso, o filme funciona desta forma.
Narrativamente tem momentos bastante forçados, apesar de serem engraçados. Fiquei incomodado com a forma como o tempo ocorre na narrativa. Algumas situações acontecem muito repentinamente. Você não sabe se se passaram dois meses ou dois anos. A edição poderia ter colaborado neste aspecto. A própria caracterização dos atores não ajuda nalguns momentos.
Denis Villeneuve não ia entregar uma narrativa de fácil compreensão. Achei um pouco confuso o roteiro. A personagem da Emily Blunt é colocada numa situação que não consegue compreender e como grande parte da narrativa é sob o ponto de vista dela, você também fica sem compreender. E ela prossegue sempre na busca por entender do que se trata tudo aquilo. E você segue o filme na tentativa de compreender.
Não me agradou tanto o desfecho. Não sei se por não entender integralmente ou por esperar que fosse uma trama muito mais truncada. Acredito que seja um filme pra assistir novamente para que se compreenda melhor todas as ações.
As motivações do personagem do Benício Del Toro não são compreendidas inicialmente. Apenas quando a narrativa muda o ponto de vista da Kate para o Alejandro é que você passa a aceitar melhor o que o motiva. Claro que ainda assim fica com um pé atrás quanto a tudo aquilo ter sido feito por vingança.
Não é um filme sobre boxe. É sobre relações humanas. E a forma como a relação entre pai e filha é desenvolvida ao longo do filme é DUCARALHO! A relação entre o Hope e Titus também é bastante significativa. Você percebe o crescimento dos personagens a partir dali.
Jake Gyllenhaal é um dos melhores atores da geração dele. Caralho! Como ele atua fodamente. Grande parte do filme é ele. A confusão que passa pela cabeça dele ao longo do filme é muito bem expressa por gestos, falas, expressões faciais, movimento corporal. O cara tá FODA!
Forrest Whitaker também tá muito bem. Um coadjuvante incrível. Um dos diálogos dele sobre o destino é um soco no estômago absurdo. É o tipo de fala que não agrada tanto, mas mostra como é a realidade. Como são os fatos. Faz você pensar um pouco sobre suas decisões e escolhas.
Parte inicial da cena que dá início ao conflito do filme pareceu meio forçada. Não soou natural. Me incomodou, também, num momento, a mudança de comportamento, sem tanta explicação, da filha do Hope. Tudo bem que isso pode ser explicado, pois vemos o filme sob o ponto de vista dele. Mesmo assim, não me agradou.
É, no fim das contas, um filme sobre esperança e redenção.
Nerve: Um Jogo Sem Regras
3.3 1,2K Assista AgoraSe fosse um episódio de Black Mirror seria cultuado. Concordo que ele tem menos coragem que alguns episódios da série, mesmo assim, a discussão é colocada. Há uma extrapolação do uso da internet, mas fica claro aspectos do comportamento humano com essa ferramenta. Parece que com ela o caminho para a fama ou reconhecimento ficou mais próximo da pessoa comum.
Nosso comportamento nas redes sociais estão voltados ao número de likes, views e compartilhamentos. É a forma como o outro precisa me ver. E o fato da fama parecer próximo demais (youtubers, snapchaters, tweeters, facebookers) faz com que a pessoa (adolescente principalmente) vislumbre isso como uma possibilidade de futuro.
Um problema da narrativa talvez seja a forma como a Vee (Emma Roberts) acaba modificando-se demais em um único dia. Os primeiros momentos dela com Ian (Dave Franco) não convencem. Falta naturalizade pro desenvolvimento do roteiro. O final parece redondinho demais. O filme serve, antes de tudo, pra que se faça uma discussão sobre o que tá colocado ali.
Nota: 7,5 (ou vamos pensar um pouco mais sobre o nosso uso das tecnologias).
O Homem nas Trevas
3.7 1,9K Assista AgoraUma boa experiência do cinema de terror. Parte da premissa motivadora se analisada friamente é bastante forçada. Você não conseguiria acreditar integralmente na forma como as ações dos adolescentes acontecem, principalmente as iniciais. Porém, tem uma direção adequada pra que se aceite a narrativa colocada.
O primeiro ato funciona muito mais como um suspense. Com momentos absurdamente tensos, principalmente quando a trilha sonora simplesmente desaparece (ou fica quase imperceptível) e o total silêncio reina nas cenas. Poderiam não ter colocado a casa como um local tão gigantesco e fazer um melhor uso dos espaços pra reforçar o senso de claustrofobia.
O último ato, traz informações novas que chegam a ser desnecessárias pro desenvolvimento das personagens. Deveria ter optado pelo desenvolvimento mais simples das ações, sem direcionar demais alguns momentos. O fato de criar surpresas faz com que caia em alguns clichês do gênero. E era fácil evitar.
Nota: 7,5 (ou premissa excelente, suspense FODA, se perde em não prezar pela simplicidade de roteiro).
Eu, Daniel Blake
4.3 532 Assista AgoraO personagem de Daniel Blake (Dave Johns) tem uma construção que foge bastante do lugar comum. Ele não é exposto de maneira monocromática. Desde a primeira cena vemos o uso do sarcasmo que vai sendo intensificado. Porém, assim que Katie (Hayley Squires) e seus filhos entram na narrativa observa-se outro viés do personagem, mais humano. E uma característica nunca sobressai a outra. Cada uma acaba utilizada no momento em que é conveniente para o personagem.
É um filme que fala sobre o quanto o sistema acaba por esmagar aqueles que mais precisam. O próprio Daniel em determinado momento acaba mostrando o quão fatalista é aquela situação que está vivendo. É um tanto quanto desesperançoso perceber que a burocracia não é exclusividade de países como o Brasil.
Qualquer ato de revolta diante do que está acontecendo acaba sendo reprimido. E ações extremas (não são tão extremas pro Daniel) são necessárias dentro deste modelo imposto. Já Katie acaba sendo mais extremista, porém, é impossível julgá-la. E nada ali tá por acaso. Até mesmo as ações do vizinho de Blake refletem a temática principal e critica o capitalismo.
Nota: 9,0 (ou necessário assistir e pensar).
La La Land: Cantando Estações
4.1 3,6K Assista AgoraObrigatório pra quem curte musicais. E aqueles musicais em que param a ação pra começarem a cantar. Não tem como não ficar impressionado logo com a primeira cena. É um plano sequência incrível. Na verdade, a maior parte dos números musicais são sem cortes e a sincronia dos atores, a coreografia, a direção de arte e o diretor de fotografia mostram o quanto Damien Chazelle mereceu o Globo de Ouro de direção.
Uma coisa que sempre me incomoda em musicais é quando o playback fica muito evidente. Aqui, a mixagem de som por vezes não convence. Noutros momentos, encaixa-se muito bem e parece que o som da música foi o captado na gravação da cena. Claro que não é algo que compromete a narrativa do filme.
Tenho impressão que apesar de ser um grande musical se comparado aos últimos anos, não vai ser lembrado daqui uns 10 anos. Tem uma narrativa bacana, mas não passa disso. Acho que o amor de Sebastian (Ryan Gosling) pelo jazz e o de Mia (Emma Stone) pela atuação deveriam ser melhor explorados, principalmente perto do final.
Nota: 8,0 (ou renasce a vontade de sair na rua cantando e viver num musical)
Eu Fico Loko
2.9 142 Assista AgoraO filme é muito fraco. Ele começa com um aviso pra isentar possíveis críticas. Não é suficiente. A narrativa ali é absolutamente clichê. E esse nem é o problema. O ponto é que não traz absolutamente nada de novo. E, como se não bastasse, é bem fácil perceber o quanto alguns personagens são mal estruturados. Mostrar adolescentes de uma maneira tão rasa é um desserviço.
Tenta ser engraçado, mas as piadas não funcionam. Parecem forçadas. Se as ações da narrativa são reais como o filme propõe, poderiam ter se esforçado em fazê-las parecerem críveis. Você vê e pensa: quem roteirizou isso? É irreal. Chega a dar uma vergonha alheia de estar vendo determinadas situações em tela.
"Ah, mas o filme é pro público adolescente". Peraí, isso não quer dizer que ele tenha que ser idiota. Não dá pra tratar o público como alguém que vá acreditar que um garoto de 15 anos vai abrir uma camisinha e desenrolá-la pra depois colocar no pau. Desculpa! Mas é isso que a narrativa sugere. Nem as tentativas de metalinguagem do próprio Christian funcionam. Na última cena, você percebe que o Filipe Bragança é melhor que Chistian real.
Nota: 1,0 (ou por que insisto em ver filme que sei que não vou gostar no cinema?)
Passageiros
3.3 1,5K Assista AgoraO filme prefere ficar no clichê da narrativa romântica. Não que seja esse o problema, até porque é vendido como um drama, romance e aventura. E nesse aspecto ele até que funciona adequadamente. Porém, é esquecível. A utilização do pano de fundo de ficção científica poderia ser muito melhor aproveitado no desenvolvimento dos personagens.
É um desperdício não ter se aprofundado em questões que uma boa ficção científica se debruçaria. E até flerta em tocar em vários pontos que se desenvolvidos tornariam-no um clássico. Há questões sobre o isolamento e ética/moral que poderiam facilmente ser discutidos. Além, de ter desperdiçado a chance de transformar-se em um terror. Havia muitas possibilidades pra salvá-lo.
E o momento em que se dispara um gatilho pro relacionamento dos personagens principais começar a degringolar não convence. É até incômodo, porque você vê e tem na ponta da língua a fala que o Jim (Chris Pratt) deveria dizer pra evitar aquilo. O diretor até tinha plantado algo que parecia que seria utilizado pra isso, mesmo que também fosse um puta clichê.
Ao não colocar em evidência alguns aspectos do comportamento humano, acaba por reforçar alguns comportamentos que já estamos culturalmente acostumados. Tanto que Gus (Laurence Fishburne), quando questionado pela Aurora (Jennifer Lawrence), ignora o assunto que aparece só pra dar esperança de que o filme pode ser salvo.
Nota: 4,0 (ou queria ficção científica, tive romance clichê)
Batman vs Superman - A Origem da Justiça
3.4 5,0K Assista AgoraDesde O HOMEM DE AÇO, eu não esperava muito deste filme. Não sei porquê. Mas apenas um dos trailers me deixou com expectativa. Foi uma enxurrada de material divulgado que não colaborou tanto para que eu estivesse empolgado. Achei que isso faria com que me surpreendesse e, ao final, estaria aqui o elogiando. Não rolou. Muita frase do filme já tava lá nos trailers.
Desde o início eu não consegui curtir o filme. Eu gosto muito da pegada séria do universo DC. Christopher Nolan guiou o tom que os filmes tinham que ter. Essa é uma das partes que salvam no filme. Porém, não se sustentação já que o roteiro é bastante falho e confuso. Acredito que a edição também não colabora muito. São duas horas e meia de filme. Tinha como desenvolver melhor tudo ali.
São apresentados vários eventos e a relação entre eles fica meio empurrada. Há momentos em que você não entende exatamente como os personagens chegam a determinada conclusão. Por exemplo, Louis Lane faz algo. Depois, do nada, percebe que precisa voltar atrás. Mas ela em momento algum recebeu a informação que a motivasse a isso. Tem também uns sonhos do Bruce Wayne que curti zero.
A trilha sonora é muito boa! Principalmente quando aparece a Mulher Maravilha. Ela é a melhor personagem do filme. E isso que tem teve uma apresentação tão adequada. Você consegue comprar o desenvolvimento da personagem. Ao contrário do Batman, que apesar de apresentado (às vezes, penso que não era necessário), não motiva. Falta alguma coisa ali.
Não consegui curtir o Lex Luthor do Jesse Einserberg. Parece até forçado em alguns momentos. E Ben Affleck não atrapalhou em nada no papel. Ele tá bem pra caralho. É um bom Batman. Os personagens são aceitáveis, o que estraga mesmo é o roteiro.
Nota: 5,5 (ou três robôs gigantes).
Brooklin
3.8 1,1KA atuação de Saoirse Ronan tá absurda! É incrível como ela consegue trazer algumas nuances do comportamento de sua personagem. A forma tímida como se comporta ao chegar ao Brooklyn parecia não condizer tanto com um comportamento dela ali no início do filme quando ainda estava na Irlanda. Porém, conforme ela se acostuma com o novo ambiente é nítido o porquê dela agir daquela forma. És sobre a adaptação dela.
Único problema foi a tentativa de fazer com que uma personagem praticamente desempenhasse o papel de vilão. Não havia a necessidade daquilo. Pra mim, era suficiente a dúvida que se passava pela cabeça da personagem. Parece que havia a necessidade de haver um fator externo pra que a personagem tomasse uma decisão.
O filme acaba falando muito sobre despedida e como se adaptar a um lugar novo. Como pode ser complicado os primeiros meses, mas somos seres que geralmente se adaptam às mais diversas situações e dificuldades. É também sobre a diversidade cultural do Brooklin e sobre as oportunidades que os Estados Unidos representa.
Nota: 9,0 (ou quatro robôs gigantes).
O Quarto de Jack
4.4 3,3K Assista AgoraFODAPRACARALHO! PUTAQUEMEPARIU!
Que filme! Fazia um tempo que um filme não me deixava com tanta dor de cabeça. E chorei absurdamente. Não tem como não ser impactado com a narrativa e as atuações. É o oposto do filme MICHAEL, em que lá o ponto de vista é o do criminoso, aqui é o das vítimas. Com um agravante: o narrador não sabe que ele é uma vítima. É brilhante!
Jack é o personagem principal e vemos tudo acontecendo sob a perspectiva dele. Ele é o narrador. E que narrador gostoso de ser ouvido. Que singeleza no roteiro. É uma das melhores narrativas off que já ouvi. Você se desespera muito mais pela sugestão das ações que por escancarar tudo. Conforme se entende o que aconteceu, a sua indignação é maior. Porém, o olhar do garoto permite que se tire poesia de como ele encara o mundo.
O garoto Jacob Trembley tem uma atuação ducaralho! Ele consegue mostrar tantas nuances numa criança que acaba de completar 5 anos: raiva, desespero, carinho, medo. Existem ao menos três fases pelas quais seu personagem passa e ele se garante. Qualquer pessoa que já conviveu com uma criança se identifica com seus discursos.
A atuação de Brie Larson é inacreditável. Como o roteiro não te entrega tudo de cara, no início, cheguei a olhar ela como uma escrota, uma possível vilã e não entendia qual era a dela. Com o decorrer do filme, você consegue entender o porquê dela tomar uma atitude desesperada, apesar de pensar que não funcionaria. Não é uma atuação visceral, mas desconfortável. Todas as suas ações são aceitáveis, por se saber pelo que passou.
A primeira metade do filme é genial. Lembrou muito a forma como foi desenvolvido o AMOR, do Haneke, em apenas um ambiente. Depois a narrativa toma outro caminho e cheguei a pensar que perderia a mão. Pelo contrário, ele conseguiu expor todas as nuances e consequências de um caso como aquele.
É o filme perfeito pra se trabalhar o conceito do mito da caverna de Platão. É excelente pra que se entenda como o seu ponto de vista, apesar de considerá-lo como verdade, não quer dizer que englobe toda a verdade. Nossos conceitos são formados pela forma como somos criados e pelos conhecimentos culturais que consumimos. Porém, existe uma gama imensa de conhecimentos, com os quais não entramos em contato. Temos que estar dispostos a sair da caixa e (tentar) olhar o mundo em sua totalidade.
Nota: 10,0 (ou cinco robôs gigantes).
Trumbo: Lista Negra
3.9 374 Assista AgoraÉ Hollywood voltando olhar pra Hollywood. Uma pena que o filme só esteja indicado na categoria Melhor Ator. Mereciam outras indicações até pra que o filme ganhasse uma visibilidade maior. Bryan Cranston tá bem, diferente do clássico Walter Walter, o que mostra o quanto atua bem. Há dois momentos, próximos do final, que é o seu ponto alto, principalmente pelo poder de emocionar. O seu último discurso mostra a força e a importância de seu personagem.
A narrativa não tem nada de tão empolgante. É, em grande parte, política. Se não entender o momento que os Estados Unidos (e o mundo) viviam após a Segunda Guerra Mundial e o medo do comunismo, talvez o filme não tenha o mesmo impacto. Ajuda também, se tiver noção do que foi esse período para o cinema.
A fotografia do filme também tá muito boa. Há algumas cenas que fiquei mega na dúvida se eram de arquivo ou tinham sido feitas pro filme. Um dos melhores momentos é quando se vê a aparição de Kirk Douglas, Otto Preminger, uma referência a Stanley Kubrick. PORRA!, nestes pequenos detalhes meus olhos se enchiam de lágrimas.
Ao terminar o filme é impossível não pesquisar sobre os fatos retratados. Tem-se a impressão de que a narrativa ali exposta tenha sido bastante romantizada. Cheguei a cogitar que fosse uma história alternativa. Porém, a maior parte daquilo que tá na tela é real. É foda! Não dá pra ignorar a crítica que se tem à premiação do Oscar. Claro que não chega a ser uma crítica direta, mas que poderia ser melhor explorada.
P.S.: Tem um diálogo bem didático do Trumbo com filha explicando o que é comunismo. Deem uma conferida.
Nota: 9,0 (ou quatro robôs gigantes).
Deadpool
4.0 3,0K Assista AgoraAs pessoas da sessão estavam empolgadas demais. Eu não tava tanto. Talvez, por isso, o filme demorou um pouco pra emplacar pra mim. Precisou de uma meia hora pra embarcar na experiência. Porém, o mais interessante é que o trailer entrega nada do filme. A maior parte das cenas do trailer estão na meia hora inicial.
O roteiro está muito foda! As piadas relacionadas à cultura pop/nerd são excelentes. Se não estiver acostumado a consumir esses produtos, alguma coisa você vai perder ali. A experiência provavelmente não será a mesma (na verdade, algumas coisas devem ter passado despercebidas por mim). Nem o estúdio, nem Ryan Reynolds ficam livre das piadas.
A metalinguagem e a quebra da quarta parede utilizada como elemento cômico funciona muito bem. Mais foda ainda é a não utilização de linearidade na hora de expor a narrativa. Interessante que ali no início do filme tem uma piada que não faz sentido (mesmo assim alguns riram, não consegui rir na hora), mas ela só fica engraçado mais a frente quando você entende ela se refere a uma situação que ainda não havia sido mostrada. É meio que uma subversão bacana.
A sensação que tive enquanto assistia foi mazomenos a mesma de quando assisti a GUARDIÕES DA GALÁXIA. O filme se comporta como uma sátira da própria linguagem do filme de super-heróis, mas isso deve ser mérito do próprio personagens nos quadrinhos (que não li). Funciona muito bem. Depois que embarquei era impossível não se empolgar.
P.S.: a cena pós-créditos já vale pelo filme todo. FODAPRACARALHO!
P.S. 2: o povo já pode perdoar Ryan Reynolds por LANTERNA VERDE.
Nota: 9,0 (ou quatro robôs gigantes).
A Garota Dinamarquesa
4.0 2,2K Assista AgoraO filme é bom, mas o trailer fez eu ter uma ideia de que ele era muito melhor. A atuação do Eddie Redmayne tá excelente, porém alguma coisa ali no roteiro e edição fez a narrativa não ser tão maior quanto deveria. Não achei a atuação da Alicia Vikander tão magistral pra concorrer o Oscar. Tive a impressão de que faltou personalidade, drama. É ótima, mas faltou entregar mais alguma coisa.
Me incomodou não conseguir perceber se o roteiro estava caminhando pra mostrar ele como um doente ou, como deveria ser, como uma pessoa que está se descobrindo. Tom Hooper perdeu um pouco a mão. Seria natural as pessoas de fora verem Einer como esquizofrênico, mas o ponto de vista de Lili deveria ter sido mais sensível, melhor construído.
O mais importante no filme é que ele traz à tona a discussão da diferença entre identidade de gênero, orientação sexual e sexo biológico. Se a pessoa já tiver uma certa noção sobre esses conceitos, perceberá o quanto o roteiro é respeitoso. O primor, neste ponto, está em não ficar utilizando a nomenclatura, mas fazer com que o espectador consiga perceber essas pequenas diferenças.
Faltou ter sido exposta mais a relação de preconceito social. Não foi tão bem explorado. Talvez, pela condição de artistas e o círculo de amizades em que se encontravam tenha amenizado isso, mas não foi mostrado. O filme é, antes de tudo, sobre a relação entre Gerda, Einer e Lili: a amizade e o amor entre eles.
Nota: 7,5 (ou quatro robôs gigantes).
Joy: O Nome do Sucesso
3.4 778 Assista AgoraBem meia boca. Você pensa que vai ver um filmaço por ter uma indicada ao Oscar, a Jennifer Lawrence, mas não consegue se entusiasmar em quase momento algum com a narrativa. Pela forma como ele começou até considerei que seria interessante. Por não conhecer nada sobre, não imaginava que caminho ele fosse trilhar.
A Jennifer Lawrence não salva o filme. A atuação dela é boa, mas você não consegue se identificar com o drama da personagem dela. Há um momento bastante específico que você acaba ficando empolgado com o desenvolvimento da narrativa, mas isso passa. E quando acha que o filme acabou, ele acaba sendo prolongado e fica mais chato. Faltou ali uma melhor edição pra ficar mais dinâmico.
Alguns personagens são caricaturais demais. Não se consegue entender se é falta de direção, falta de atuação ou tentativa de criar um estilo. Outros personagens ficam sumidos (o filho dela, por exemplo) durante grande parte da narrativa. Noutro momento, não se entende exatamente o que o aconteceu com o marido dela. Sério, parece que não revisaram o filme.
David O. Russell virou o queridinho da Academia. E, de uma forma ou de outra, teve os últimos quatro filmes com alguma indicação ao Oscar. E, convenhamos, este e o TRAPAÇA não merecia tudo isso. Nem as boas músicas colocadas durante o filme conseguem salvá-lo.
Nota: 6,0 (ou três robôs gigantes).
O Peso do Silêncio
4.2 57Continuação de O ATO DE MATAR. Tão assustador quanto. Se lá no primeiro tinha a visão das atrocidades cometidas pela ditadura militar sob o ponto de vista deles, neste vemos como um familiar de uma das vítimas lida com a situação, sendo colocado frente a frente com os responsáveis pela morte de seu irmão.
É interessante ver que os responsáveis por todas as atrocidades estão soltos, sem nunca terem sido julgados e se consideram heróis. Como a ditadura militar ainda permanece na Indonésia, eles a chamam de democracia. Um deles chega a dizer que as mortes dos “comunistas” (demonizados por todos) no passado foram responsáveis pela “democracia” que vivem lá.
A forma como alguns esquivam dos assuntos relacionados às mortes é assustador. Mais assustador, a forma como alguns falam com orgulho das mortes e ainda ameaçam os responsáveis pelo documentário por continuarem a fazer perguntas políticas. É incompreensível como o cara teve estômago pra estar de frente dos responsáveis pela morte de seu irmão.
Excelente documentário pra se pensar nas consequências de uma ditadura militar. Ver que aquela galera não foi julgada, que o cara que teve seu irmão morto não fala onde mora pra um dos assassinos por medo de retaliações. Isso tudo faz aquilo parecer um mundo paralelo.
Nota: 9,0 (ou quatro robôs gigantes).
Winter on Fire: Ukraine's Fight for Freedom
4.3 184 Assista AgoraExcelente documentário. Mostra as manifestações ocorridas na Ucrânia no final de 2013/início de 2014. A população começa por quererem a incorporação da Ucrânia na União Europeia, mas, em pouco tempo, as reivindicações eram maiores. A repressão policial quando protestam, faz com que logo a luta seja por liberdade.
Interessante notar que há vários artistas ucranianos que aparecem nas manifestações. Não sei o quanto aqueles artistas têm representatividade dentro do país, mas é algo que só vemos no Brasil vindo de artistas independentes. Aqui, artista com visibilidade não costuma se posicionar em relação a assunto algum.
Yanukovych fora declarado presidente em 2004 e a população, de certa forma, o tirou do poder, por irregularidade nas eleições. Anos depois era eleito presidente novamente, desta vez, sem manipulação. Não é uma característica brasileira voltar a votar no candidato errado. Memória curta não é um privilégio nosso.
A forma como a polícia agiu violentamente chega a assustar em dado momento. A nossa polícia é violenta, mas lá ela é truculenta. E, a partir do momento que pode fazer uso de balas de fogo, ela entra em uma guerra contra a população.
O roteiro segue a cronologia dos fatos. É fácil entender o desenrolar dos eventos. Não é o melhor documentário sobre a temática, mas é interesse pra se entender os acontecimentos anteriores à Guerra Civil na Ucrânia. E ter interesse em procurar saber mais, já que o tema não se esgota no documentário.
Nota: 8,5 (ou quatro robôs gigantes).
O Regresso
4.0 3,5K Assista AgoraFotograficamente o filme é FODA! Lubezki ganha fácil mais um Oscar. Algumas tomadas lembram muito A ÁRVORE DA VIDA. Há muitas sequências sem cortes fazendo a noção de realidade ser extremada. Pensar que foi utilizada apenas luz natural faz a fotografia ficar ainda mais foda. Os efeitos visuais tornam-se ainda melhores nos planos sequências. Como é um filme com cenas de violência, elas ficam ainda mais fortes. A imersão é ainda maior.
Direção parece ser muito difícil que Iñarritu não ganhe o Oscar. É um filme bem dirigido. É nítida a mão do diretor em vários momentos ali. Me incomodou a narrativa. Faltou alguma coisa ali. Algo que fizesse você se aproximar ainda mais do drama do personagem Glass. O primeiro ato te coloca na narrativa principal, mas o drama pessoal faltou ser melhor desenvolvido.
A narrativa de vingança não é nenhuma novidade. Já foi visto em outros filmes. E ficava claro nos trailers. O que me incomodou foi a narrativa ser um pouco lenta num dado momento, demorando pra evoluir a vingança. A saga do Glass quer tornar-se maior, mais intimista. Não precisava.
Tom Hardy está foda. Ele tá diferente de todos os papeis que já fez. Fisicamente é difícil reconhecê-lo. Seu trabalho de fala está muito bom. Nem parece o mesmo ator de MAD MAX. E tudo que cerca sua atuação fazem com que não se enxergue o ator nele.
Leonardo DiCaprio ganha desta vez. Mais que merecido que sua atuação tá FODA. Não é a melhor atuação que já teve. Só não dá pra dizer que ele é “um injustiçado pelo Oscar”. Ele tem 42 anos, teve seis indicações. Peter O’Toole, morreu aos 83, teve 8 indicações e ganhou só o Oscar Honorário. Isso é injustiça. Scorsese com a mesma idade do DiCaprio já tinha filmografia o suficiente pra Oscar: Caminhos Perigosos, Taxi Driver e Touro Indomável. E só ganhou aos 65 anos.
Nota: 9,0 (ou quatro robôs gigantes).
Os Dez Mandamentos: O Filme
2.4 215É um desserviço cinematográfico. A novela tinha quase 200 capítulos e editar isso em aproximadamente duas horas não é tarefa pra qualquer editor. Óbvio que a novela enrolou bastante e o filme poderia ser conciso. Porém, parece não ter tido um trabalho de re-roteirização organizando a novela pra ser filme.
É um caso em que você percebe o quanto a edição de som é ruim. Inacreditável como é desconfortável ouvir o som de passos dos personagens na areia. O local em que a personagem pisa não coincide com o seu som característico. Só uma edição tão ruim pra fazer um leigo perceber isso.
A narrativa dá uma corrida absurda quando as pragas do Egito começam. Eles tentam manter uma linha de acontecimentos, mas falha. Devido aos efeitos visuais, demorou pra eu conseguir diferençar as moscas dos gafanhotos. E a cena mais esperada: a travessia ao Mar Vermelho é anticlimática.
O filme pende totalmente pro lado da religiosidade evangélica dando aquela cutucada básica no catolicismo. O Deus é mega tirano (no catolicismo também) e faz as coisas do jeito dele. A mensagem final é quase um: “qualquer maldade pode ser justificada em nome de Deus”.
Nota: 1,5 (ou um robô gigante).
Spotlight - Segredos Revelados
4.1 1,7K Assista AgoraUm soco no estômago bem dado. O início do filme já apresenta de forma bastante seca o tema: abuso sexual infantil cometido por padres. E nos primeiros minutos, você já fica sem reação diante da forma como o caso é “solucionado”.
Relacionei a DÚVIDA, em que um padre abusa sexualmente de um jovem negro. Ali você acredita que é um caso isolado, uma excessão. Porém, como se vê em SPOTLIGHT casos como aquele são frequentes. E, de certa forma, parecem haver algum padrão. É inimaginável que algo rotineiro fica impune e não vai à grande mídia. É ainda mais assustador ver a forma como a maior parte das pessoas encaram o assunto.
É nojento ver que casos como este são acobertados por simplesmente estarem relacionados a uma instituição como a Igreja Católica. As pessoas se calam diante das evidências e dos fatos, pois a Igreja ainda tem influência e consegue evitar que os casos sejam divulgados. E, pior, que os padres respondam pelo crime que cometeram.
É um filmaço. Bem dirigido, apesar de algumas tomadas serem bastante clichês e não demonstrarem tanta técnica. Porém, os atores estão muito bem. Mark Ruffalo nalguns pareceu um pouco forçado. Michael Keaton está FODAÇO (o cara voltou com tudo)! Um dos melhores filmes sobre jornalismo dos últimos anos.
Nota: 9,5 (ou cinco robôs gigantes).
Creed: Nascido para Lutar
4.0 1,1K Assista AgoraFiquei surpreso pra caralho com o filme. Sua fórmula, pra um filme de boxe é bastante simples. Não tem nada de tão novo. O roteiro não é ousado. Vai pelo caminho que é garantido. Até mesmo o ato final é bastante clichê. Esperava que fosse arriscar mais. Porém, o que importa é a saga de Rocky e Adonis Creed.
Cheguei a duvidar, antes de assistir, que Sylvester Stallone merecesse ganhar um Globo de Ouro. Ele emociona e é impossível não chorar em determinados momentos. A atuação dele é DUCARALHO! Michael B. Jordan também tem uma atuação muito boa. Tudo auxiliado com um roteiro que é feito minuciosamente para que a emoção venha.
Em uma das lutas de boxe, que deve durar em torno de uns 3 a 4 minutos, tem-se uma cena sem corte algum. É inacreditável ver o realismo que se consegue com a cena e a forma como tudo ali foi orquestrado. Deu vontade de que todas as outras cenas de luta fossem feitas da mesma forma. A câmera ali do lado dos lutadores, indo de um pro outro, mostrando a reação de quem presenciava. E tudo num take.
É uma puta homenagem a todos os filmes da série Rocky. Parece um filme feito pra despedida.
Nota: 9,0 (ou quatro robôs gigantes).
Beasts of No Nation
4.3 831 Assista AgoraÉ claro que outros filmes já mostraram a guerra sob o ponto de vista de uma criança. O DIÁRIO DE ANNE FRAK tá aí. O grande crédito do filme é mostrar isso de uma maneira tão crua e assustadora que faz você questionar uma porrada de coisa que faz com que as crianças, por todo o mundo, estejam perdendo a sua infância.
Dá pra ver ressonâncias de outros filmes de guerra, no personagem do Agu. É nítido que o drama final lembra TAXI DRIVER ou O FRANCO ATIRADOR. Porém, isso não diminui a qualidade do filme. É uma temática recorrente em alguns filmes de guerra, mas a forma como é explorado sobre o olhar de uma criança, incomoda.
A consciência que o narrador adquire em seu discurso é assustadora. É foda você ver por tudo que ele passou. E você consegue acreditar piamente em tudo que é mostrado na tela. O desenvolvimento do personagem é DUCARALHO! Tem cenas tão impactantes e algumas sugestões de ações que te deixam sem reação.
O mínimo a se fazer ao terminar de assistir, é pensar, é pesquisar e tentar entender as atrocidades de uma guerra. E torcer pro ser humano aprender alguma coisa com ela. Apesar do final dar um pouco de esperança pra situação das crianças e adolescentes, o diálogo final de Agu dá uma sensação de derrota absurda.
Nota: 9,5 (ou cinco robôs gigantes).
Evereste
3.3 550 Assista AgoraVisualmente o filme é muito bom! Você até tenta se importar com as narrativas expostas ali, mas não passa muito da tentativa. Há personagens demais sendo apresentados, sem um desenvolvimento adequado de cada um deles (ou de, ao menos, um), que fizesse com que você se importasse realmente com eles.
As motivações dos personagens não ficam claras. E nem são aquelas relacionadas ao motivo pelo qual querem chegar ao topo do Evereste. Estou falando das motivações de quando eles decidem deixar alguém pra trás, por exemplo. Faltou drama. E a trilha sonora que poderia auxiliar em criar, nem é marcante pra um filme que se quer ser catastrófico.
O filme não é sobre chegar ao topo do Evereste. É sobre a tragédia que aconteceu em 1996. Mesmo assim, chegar ao topo não é um feito pra qualquer um. E por mais que tenha tentado, o diretor não conseguiu dar relevância à ação. Quando chegam ao topo, você fica “então é isso?”. Algumas cenas foram mal dirigidas. Esperava-se um impacto narrativo um pouco maior, mas nada.
Nota: 6,0 (ou três robôs gigantes).
Simplesmente Acontece
3.8 1,8K Assista AgoraÉ um filme sobre a vida e como os relacionamentos geralmente acontecem. Também é sobre como, muitas vezes, projetamos nossas vidas pensando no que seria melhor pra nós, sempre relacionando a sucessos pessoais e profissionais. Porém, não percebemos que toda essa projeção, nem sempre, é o que vai nos fazer felizes. Sucesso financeiro não necessariamente é sinônimo de felicidade.
A vida tem tanta coisa que não acontece como você quer. Algumas vezes, porque o orgulho não permite, outras porque não depende unicamente de você. O filme é muito mais pra fazer você pensar e, talvez, tentar mudar alguma coisa nas suas decisões. É sobre o quanto algumas coisas podem ser libertadoras. Neste caso, o filme funciona desta forma.
Narrativamente tem momentos bastante forçados, apesar de serem engraçados. Fiquei incomodado com a forma como o tempo ocorre na narrativa. Algumas situações acontecem muito repentinamente. Você não sabe se se passaram dois meses ou dois anos. A edição poderia ter colaborado neste aspecto. A própria caracterização dos atores não ajuda nalguns momentos.
Nota: 7,5 (ou três robôs gigantes).
Sicario: Terra de Ninguém
3.7 942 Assista AgoraDenis Villeneuve não ia entregar uma narrativa de fácil compreensão. Achei um pouco confuso o roteiro. A personagem da Emily Blunt é colocada numa situação que não consegue compreender e como grande parte da narrativa é sob o ponto de vista dela, você também fica sem compreender. E ela prossegue sempre na busca por entender do que se trata tudo aquilo. E você segue o filme na tentativa de compreender.
Não me agradou tanto o desfecho. Não sei se por não entender integralmente ou por esperar que fosse uma trama muito mais truncada. Acredito que seja um filme pra assistir novamente para que se compreenda melhor todas as ações.
As motivações do personagem do Benício Del Toro não são compreendidas inicialmente. Apenas quando a narrativa muda o ponto de vista da Kate para o Alejandro é que você passa a aceitar melhor o que o motiva. Claro que ainda assim fica com um pé atrás quanto a tudo aquilo ter sido feito por vingança.
Nota: 8,5 (ou quatro robôs gigantes).
Nocaute
3.8 688 Assista AgoraNão é um filme sobre boxe. É sobre relações humanas. E a forma como a relação entre pai e filha é desenvolvida ao longo do filme é DUCARALHO! A relação entre o Hope e Titus também é bastante significativa. Você percebe o crescimento dos personagens a partir dali.
Jake Gyllenhaal é um dos melhores atores da geração dele. Caralho! Como ele atua fodamente. Grande parte do filme é ele. A confusão que passa pela cabeça dele ao longo do filme é muito bem expressa por gestos, falas, expressões faciais, movimento corporal. O cara tá FODA!
Forrest Whitaker também tá muito bem. Um coadjuvante incrível. Um dos diálogos dele sobre o destino é um soco no estômago absurdo. É o tipo de fala que não agrada tanto, mas mostra como é a realidade. Como são os fatos. Faz você pensar um pouco sobre suas decisões e escolhas.
Parte inicial da cena que dá início ao conflito do filme pareceu meio forçada. Não soou natural. Me incomodou, também, num momento, a mudança de comportamento, sem tanta explicação, da filha do Hope. Tudo bem que isso pode ser explicado, pois vemos o filme sob o ponto de vista dele. Mesmo assim, não me agradou.
É, no fim das contas, um filme sobre esperança e redenção.
Nota: 9,0 (ou quatro robôs gigantes).