Como um goianiense desnaturado gostei muito de ver um filme que se passa em minha cidade natal, ainda que seja para retratar um dos piores acidentes radioativos do mundo. Nasci em um hospital no Setor Aeroporto (bairro onde ficava o ferro-velho do Devair) alguns anos depois do incidente e cresci ouvindo historias sobre o ocorrido. Descobrir esse filme (e a obra de Roberto Pires) foi uma excelente surpresa para mim. Esperava que o filme retratasse alguma coisa do drama envolvendo os infectados após a remoção de suas casas, mas mesmo assim é muito envolvente acompanhar toda o processo de infecção desde o inicio, o ótimo elenco segura muito bem esse momento inicial. O clima "cotidiano" do filme, que pode ser criticado por alguns como "lento" ou "chato" me agradou bastante, não deixa de lado o tom de denúncia, apesar de não lograr o peso dramático que se teria caso se focasse na situação dos infectados nos abrigos e nas mortes posteriores ao acidente.
Remake bem inferior ao filme de Luc Besson. Cortaram a boa dramaticidade nas cenas iniciais e sobretudo na interação de "Nikita" com Bob. Bridget Fonda e Gabriel Byrne até seguram bem seus papéis, apesar da Bridget não conseguir passar a "tosquisse" e ingenuidade quase infantil da protagonista (bem representados por Anne Parillaud no original francês), e seu namorado, que no original era um personagem minimamente autêntico e até simpático, aqui é um pretencioso otário. Aqui temos clichês horrendos e cenas explicativas desnecessárias. Nem a participação de Harvey Keitel (que poderia ser tão boa como a de Jean Reno no original) salva. Talvez o filme melhorasse um pouco se não seguisse "a risca" o esquema narrativo do original. Duas estrelas pela Nina Simone na trilha sonora.
Excelente! Filme honesto, mínimo, crú e extremamente triste sobre a vida, e principalmente, sobre o violento relacionamento entre Kaoru Abe e Izumi Suzuki. No filme, que em seus pouco mais de 100 minutos oscila entre melancolia e tristeza, Kaoru é retratado como o saxofonista atormentado e drogado que era sem apelar para sensacionalismos e psicologismos gratuitos (infelizmente muito comuns em filmes biográficos) além de ser muito bem interpretado pelo também musico Kou Machida (vocalista da banda punk japonesa "Inu") que conseguiu emular a aparência, trejeitos e sobretudo o jeito de tocar sax de Kaoru. Além disso o filme entrega ótimas performances musicais de Free Jazz e a participação ilustre de um dos ícones da musica experimental japonesa (e mundial) Keiji Haino e sua banda Fushitsusha. Pontualmente, o filme ainda traz boas reflexões sobre o Free Jazz, arte e sobre o contexto político japonês dos anos 70.
Realmente começamos a questionar a credibilidade de Hollywood quando uma adaptação que sequer foi pros cinemas (por ser um filme ruim e tosco em todos os sentidos!) consegue ser, pelo menos, mais legal que a adaptação que lançaram esse ano! Dou 2,5 estrelas pela tosquisse, pela comédia involuntária e por que a produção é do Roger Corman, um dos meus cineastras "guerrilheiros" preferidos. A propósito: A explicação quase "astrológica" que o "super cientista" Dr. Reed dá para os poderes que eles ganharam é hilariamente engraçada.
"Quien puede matar a un niño?" terror espanhol dirigido pelo uruguaio Narciso Ibañez Serrador, baseado no livro "El juego de los niños", já começa nos bombardeando com imagens dos conflitos mais sangrentos do século XX e uma fria narração intercalada com o som de medonhas risadas infantis, chamando a atenção especialmente para o sofrimento e os abusos realizados contra crianças em cada uma das guerras (segunda guerra, guerra entre Índia e Paquistão, Coreia e Vietnam) mostrando que estas são as que pagam o maior preço pelas barbáries humanas. Esse filme, que lembra muito o clássico de terror "Children of the Corn", realizado quase 10 anos depois, vai muito além deste, focando no crescente desespero e tensão do casal de protagonistas ao se dar conta de que as crianças da ilha de Almanzora estão realmente matando todos os adultos (com todos os requintes de crueldade e perversidade possíveis), até chegar na fronteira ética final, que justamente dá nome ao filme. Surpreende a maneira pouco estilizada de representar as crianças, que ao contrario de outros filmes de tema semelhante como "Bad Seed", "Village of the Damned" ou o já citado "Children of the Corn", não investe em uma imagem demonizada e grotesca das crianças, o que se vê aqui são simplesmente crianças, com roupa de criança e conduta de criança, o que só aumenta o horror, veracidade e a abertura do questionamento sobre a real condição das crianças em nosso mundo: Seres que são alvo de cobranças, violência e manipulação, que pagam preços absurdos por uma existência que não foi decidida e escolhida por elas. O filme sugere, de maneira literal, que as crianças se vingam dos adultos (de seus pais) pelo simples fato de "serem" e que os adultos são consumidos pelos filhos, até ficarem vazios e, por fim, mortos, esse é o misterioso "juego" das crianças! O filme leva essas duas linhas até as ultimas consequências com os melhores recursos narrativos e estéticos que o cinema de horror pode dar e a extrema ousadia e coragem do roteiro para quebrar tabus, chegando a um final mais que perturbador. Um clássico do thriller espanhol e uma verdadeira perola esquecida do cinema de terror!
Black Alien é meu rapper brasileiro preferido, seja pelas letras e pelo estilo de rimar, versatilidade, trajetoria musical rara (já era notório na cena musical brasileira bem antes de lançar seu primeiro disco autoral) e conduta. Esse documentário dá um bom panorama da vida e "obra" dessa figura, e ainda esclarece os bastidores e os motivos do não lançamento do disco com Speed Freaks (falecido em 2010) em 2001, que seria um dos maiores discos de rap já lançados no Brasil.
Esse ótimo documentário propõe explorar a questão da paternidade e da vida familiar de famosos músicos da cena Punk Rock norte americana, mostrando o enorme abismo que existe entre os discursos da acidez libertária e subversiva da musica punk por um lado, com seu completo oposto, a do medíocre mundo familiar, e principalmente do universo dos pais de família, que é a epítome máxima de todo o mundo que tanto foi renegado e criticado por eles em suas musicas. Apesar de ser conduzido de maneira pró-paternalista (tanto na narrativa quanto na própria fala dos entrevistados) e até mesmo natalista (as falas finais de Jim Lindberg, do Pennywise, e de Tony Cadena, do Adolescents, deixam essa posição muito clara) o documentário ao fim tem o enorme privilégio de mostrar, de forma muito certeira e perturbadora, a decadência do discurso, da imagem, e do próprio trabalho desses artistas uma vez que entraram no "esquemão" da vida familiar, contrastando o lado "rebelde", "jovial" e "revolucionário" dos artistas no palco com o lado "pai", que tem que se preocupar em pagar o colégio dos filhos, em educa-los, em estar presente, etc (O cinismo de Jim Lindberg ao falar sobre a indiferença na maneira de se comunicar com os fãs durante a turnê do Pennywise mostram o absurdo dessa condição). Me surpreende muito o fato de que, dado o histórico familiar e tudo que os artistas entrevistados passaram na vida (um deles inclusive relata que foi abusado sexualmente quando criança) parece não passar em nenhum momento pela cabeça de nenhum deles que a coisa mais revolucionária e politicamente subversiva que poderiam fazer era não ter filhos, não trazer gente para esse mundo (contrariando integralmente as falas de Jim Lindberg,Tony Cadena e Flea) e por consequência não entrar no "esquemão" ou no "sistema" (pra usar o jargão deles). O que sobra no fim é a pura banalização, contradição e mediocridade desses músicos, ou como diz Fat Mike (vocalista e baixista do NOFX, talvez o entrevistado mais sincero do documentário) de maneira trágica enquanto prepara o café da manhã de sua filha, "Não tem como sair disso".
Cinema chileno me surpreendendo cada vez mas. Peguei esse filme na biblioteca da PUC Chile sem muito compromisso pensando que se tratava de um filme muito, mas muito tosco. Me deparo com um interessante suspense sobre até que ponto os produtores de Reality Shows chegam para conseguir audiência (vale lembrar que o filme foi feito no inicio da década passada, era de ouro dos realitys). Com um roteiro relativamente consistente (embora tenha seus momentos claramente dispensáveis ou superficiais), ótima produção e boas atuações, não deixam nada a dever para muitos filmes gringos de suspense ou de serial killers (e muitos não são lá grande coisa). Quanto mais conheço o cinema chileno, mas descubro como eles sabem trabalhar muito bem esteticamente, de todas as formas, com a violência, além de se empenharem muito na produção dos filmes, investindo muito bem na fotografia, montagem e cenários. Provavelmente considerado um dos piores filmes feitos no Chile, vale muito a pena conhece-lo, seja pela critica à mídia (que, por sinal, está muito bem feita) ou seja pela diversão, mas principalmente para conhecer a grande diversidade do cinema chileno e latino-americano como um todo. Destaque para as participações de Maria Elena Swett (famosa atriz de telenovelas chilena e prima de um conhecido meu ahaha) e para a atriz argentina Julieta Cardinali (e seu fofo sotaque, claro).
Ótimo documentário sobre a épica turnê de retorno do Jane's Addiction em 1997 com direito a dançarinas exóticas, figurinos extravagantes e Dave Navarro fazendo slides na guitarra com um vibrador!
Quando tinha entre 7 e 8 anos vi Robocop em uma antiga edição em VHS da editora CARAS que tinha em casa. Se tratava de um filme acido, sombrio e extremamente violento, talvez um dos filmes mais violentos que Hollywood se deu o direito de lançar. Foi o primeiro filme em que vi uso de drogas, quando o idealizador do projeto Robocop cheira cocaína com duas prostitutas em sua casa (que eu, na inocência de uma criança, achava que era sal). Muito recentemente revi o filme e descobri que essa minha edição em VHS era um Director's Cut, onde as cenas, que já eram violentas na versão comercial, ficam na integra, sem corte algum. Ver esse remake do Padilha me deixou com certo amargo, o fato de mostrar o rosto de Murphy a todo o momento e sua consciência humana presente desde o início (porque esse Murphy, ao contrario do original, não morre) deixam um um tópico interessante em troca de um dramalhão familiar dos mais toscos, onde a sempre linda Abbie Cornish é limitada a ficar apenas chorando o tempo todo pelo marido. Mesmo que os sensacionalismos da mídia, marketing, drones e a questões éticas ligadas ao uso dos robos tornem o filme atual, não conseguem projetar o mesmo mundo pessimista, violento e claustrofóbico do original. O vilão é tão bom quanto o original, no entanto fica pouco destacado quanto suas intenções e o final, PQP! não podia ser mais inadequado! Nem as fraquisimas referencias a corrupção nem o cientista bem intencionado feito por Gary Oldman (de longe o personagem mais interessante do filme), ou mesmo a trilha sonora aleatória e descontextualizada de algumas cenas (Hocus Pocus hahahah!) passam longe de salvar esse filme da marca de remake "bonzinho". As referências ao filme original (que são muitas) divertem quem já conhece o filme até de traz pra frente e o personagem de Samuel L. Jackson, que dá um bom toque realístico ao filme (e é, por si só, uma referência ao filme original, com seus anuncios e telejornais invadindo de surpresa as cenas) são os pontos altos desse filme.
Esse é mais um daqueles filmes que pecam por serem hollywoodianos. A premissa e os atores são excelentes mas desliza no roteiro e em clichezinos toscos, é uma pena.
Mesmo com todos os furos e falhas, o filme me "perturbou" um pouco. Recomendo que leiam o livro "A Ilha", de Aldous Huxley, principalmente para quem ainda não viu o filme. Muitas das ideias do livro estão presentes no filme. Vale a pena ser visto, apesar do final tosco e o meio confuso.
Uma das piores "coisas" que eu já vi! Kung Pow (que por sinal é uma ótima comédia pastelão) homenageia melhor os filmes de kung-fu do que essa merda do RZA!
Tenho uma relação de amor e ódio com os filmes do Lynch pós-Twin Peaks. Desse eu até gostei (ao contrário de Mulholland Dr.), mas acho essa fase do Lynch muito gratuita. Acho que Jodorowski e Cronenberg conseguem fazer narrativas surrealistas mais instigantes.
Césio 137 - O Pesadelo de Goiânia
3.1 62Como um goianiense desnaturado gostei muito de ver um filme que se passa em minha cidade natal, ainda que seja para retratar um dos piores acidentes radioativos do mundo. Nasci em um hospital no Setor Aeroporto (bairro onde ficava o ferro-velho do Devair) alguns anos depois do incidente e cresci ouvindo historias sobre o ocorrido. Descobrir esse filme (e a obra de Roberto Pires) foi uma excelente surpresa para mim. Esperava que o filme retratasse alguma coisa do drama envolvendo os infectados após a remoção de suas casas, mas mesmo assim é muito envolvente acompanhar toda o processo de infecção desde o inicio, o ótimo elenco segura muito bem esse momento inicial. O clima "cotidiano" do filme, que pode ser criticado por alguns como "lento" ou "chato" me agradou bastante, não deixa de lado o tom de denúncia, apesar de não lograr o peso dramático que se teria caso se focasse na situação dos infectados nos abrigos e nas mortes posteriores ao acidente.
A Assassina
3.1 103 Assista AgoraRemake bem inferior ao filme de Luc Besson. Cortaram a boa dramaticidade nas cenas iniciais e sobretudo na interação de "Nikita" com Bob. Bridget Fonda e Gabriel Byrne até seguram bem seus papéis, apesar da Bridget não conseguir passar a "tosquisse" e ingenuidade quase infantil da protagonista (bem representados por Anne Parillaud no original francês), e seu namorado, que no original era um personagem minimamente autêntico e até simpático, aqui é um pretencioso otário. Aqui temos clichês horrendos e cenas explicativas desnecessárias. Nem a participação de Harvey Keitel (que poderia ser tão boa como a de Jean Reno no original) salva. Talvez o filme melhorasse um pouco se não seguisse "a risca" o esquema narrativo do original. Duas estrelas pela Nina Simone na trilha sonora.
Endless Waltz
3.9 2Excelente! Filme honesto, mínimo, crú e extremamente triste sobre a vida, e principalmente, sobre o violento relacionamento entre Kaoru Abe e Izumi Suzuki. No filme, que em seus pouco mais de 100 minutos oscila entre melancolia e tristeza, Kaoru é retratado como o saxofonista atormentado e drogado que era sem apelar para sensacionalismos e psicologismos gratuitos (infelizmente muito comuns em filmes biográficos) além de ser muito bem interpretado pelo também musico Kou Machida (vocalista da banda punk japonesa "Inu") que conseguiu emular a aparência, trejeitos e sobretudo o jeito de tocar sax de Kaoru. Além disso o filme entrega ótimas performances musicais de Free Jazz e a participação ilustre de um dos ícones da musica experimental japonesa (e mundial) Keiji Haino e sua banda Fushitsusha. Pontualmente, o filme ainda traz boas reflexões sobre o Free Jazz, arte e sobre o contexto político japonês dos anos 70.
Alien, O Monstro Assassino
2.6 24Filme bem ruim. Só o vi por conta da trilha sonora da banda Goblin, que já
escutava.
O Quarteto Fantástico
2.3 86Realmente começamos a questionar a credibilidade de Hollywood quando uma adaptação que sequer foi pros cinemas (por ser um filme ruim e tosco em todos os sentidos!) consegue ser, pelo menos, mais legal que a adaptação que lançaram esse ano!
Dou 2,5 estrelas pela tosquisse, pela comédia involuntária e por que a produção é do Roger Corman, um dos meus cineastras "guerrilheiros" preferidos.
A propósito: A explicação quase "astrológica" que o "super cientista" Dr. Reed dá para os poderes que eles ganharam é hilariamente engraçada.
Hellraiser 8: O Mundo do Inferno
2.4 97 Assista AgoraE eu ainda perco meu tempo...
Os Meninos
4.0 104"Quien puede matar a un niño?" terror espanhol dirigido pelo uruguaio Narciso Ibañez Serrador, baseado no livro "El juego de los niños", já começa nos bombardeando com imagens dos conflitos mais sangrentos do século XX e uma fria narração intercalada com o som de medonhas risadas infantis, chamando a atenção especialmente para o sofrimento e os abusos realizados contra crianças em cada uma das guerras (segunda guerra, guerra entre Índia e Paquistão, Coreia e Vietnam) mostrando que estas são as que pagam o maior preço pelas barbáries humanas. Esse filme, que lembra muito o clássico de terror "Children of the Corn", realizado quase 10 anos depois, vai muito além deste, focando no crescente desespero e tensão do casal de protagonistas ao se dar conta de que as crianças da ilha de Almanzora estão realmente matando todos os adultos (com todos os requintes de crueldade e perversidade possíveis), até chegar na fronteira ética final, que justamente dá nome ao filme.
Surpreende a maneira pouco estilizada de representar as crianças, que ao contrario de outros filmes de tema semelhante como "Bad Seed", "Village of the Damned" ou o já citado "Children of the Corn", não investe em uma imagem demonizada e grotesca das crianças, o que se vê aqui são simplesmente crianças, com roupa de criança e conduta de criança, o que só aumenta o horror, veracidade e a abertura do questionamento sobre a real condição das crianças em nosso mundo: Seres que são alvo de cobranças, violência e manipulação, que pagam preços absurdos por uma existência que não foi decidida e escolhida por elas. O filme sugere, de maneira literal, que as crianças se vingam dos adultos (de seus pais) pelo simples fato de "serem" e que os adultos são consumidos pelos filhos, até ficarem vazios e, por fim, mortos, esse é o misterioso "juego" das crianças! O filme leva essas duas linhas até as ultimas consequências com os melhores recursos narrativos e estéticos que o cinema de horror pode dar e a extrema ousadia e coragem do roteiro para quebrar tabus, chegando a um final mais que perturbador. Um clássico do thriller espanhol e uma verdadeira perola esquecida do cinema de terror!
Mr. Niterói - A Lírica Bereta
4.4 16Black Alien é meu rapper brasileiro preferido, seja pelas letras e pelo estilo de rimar, versatilidade, trajetoria musical rara (já era notório na cena musical brasileira bem antes de lançar seu primeiro disco autoral) e conduta. Esse documentário dá um bom panorama da vida e "obra" dessa figura, e ainda esclarece os bastidores e os motivos do não lançamento do disco com Speed Freaks (falecido em 2010) em 2001, que seria um dos maiores discos de rap já lançados no Brasil.
The Other F Word
4.3 9 Assista AgoraEsse ótimo documentário propõe explorar a questão da paternidade e da vida familiar de famosos músicos da cena Punk Rock norte americana, mostrando o enorme abismo que existe entre os discursos da acidez libertária e subversiva da musica punk por um lado, com seu completo oposto, a do medíocre mundo familiar, e principalmente do universo dos pais de família, que é a epítome máxima de todo o mundo que tanto foi renegado e criticado por eles em suas musicas. Apesar de ser conduzido de maneira pró-paternalista (tanto na narrativa quanto na própria fala dos entrevistados) e até mesmo natalista (as falas finais de Jim Lindberg, do Pennywise, e de Tony Cadena, do Adolescents, deixam essa posição muito clara) o documentário ao fim tem o enorme privilégio de mostrar, de forma muito certeira e perturbadora, a decadência do discurso, da imagem, e do próprio trabalho desses artistas uma vez que entraram no "esquemão" da vida familiar, contrastando o lado "rebelde", "jovial" e "revolucionário" dos artistas no palco com o lado "pai", que tem que se preocupar em pagar o colégio dos filhos, em educa-los, em estar presente, etc (O cinismo de Jim Lindberg ao falar sobre a indiferença na maneira de se comunicar com os fãs durante a turnê do Pennywise mostram o absurdo dessa condição).
Me surpreende muito o fato de que, dado o histórico familiar e tudo que os artistas entrevistados passaram na vida (um deles inclusive relata que foi abusado sexualmente quando criança) parece não passar em nenhum momento pela cabeça de nenhum deles que a coisa mais revolucionária e politicamente subversiva que poderiam fazer era não ter filhos, não trazer gente para esse mundo (contrariando integralmente as falas de Jim Lindberg,Tony Cadena e Flea) e por consequência não entrar no "esquemão" ou no "sistema" (pra usar o jargão deles). O que sobra no fim é a pura banalização, contradição e mediocridade desses músicos, ou como diz Fat Mike (vocalista e baixista do NOFX, talvez o entrevistado mais sincero do documentário) de maneira trágica enquanto prepara o café da manhã de sua filha, "Não tem como sair disso".
El Nominado: Mato por Rating
2.8 1Cinema chileno me surpreendendo cada vez mas. Peguei esse filme na biblioteca da PUC Chile sem muito compromisso pensando que se tratava de um filme muito, mas muito tosco. Me deparo com um interessante suspense sobre até que ponto os produtores de Reality Shows chegam para conseguir audiência (vale lembrar que o filme foi feito no inicio da década passada, era de ouro dos realitys). Com um roteiro relativamente consistente (embora tenha seus momentos claramente dispensáveis ou superficiais), ótima produção e boas atuações, não deixam nada a dever para muitos filmes gringos de suspense ou de serial killers (e muitos não são lá grande coisa). Quanto mais conheço o cinema chileno, mas descubro como eles sabem trabalhar muito bem esteticamente, de todas as formas, com a violência, além de se empenharem muito na produção dos filmes, investindo muito bem na fotografia, montagem e cenários. Provavelmente considerado um dos piores filmes feitos no Chile, vale muito a pena conhece-lo, seja pela critica à mídia (que, por sinal, está muito bem feita) ou seja pela diversão, mas principalmente para conhecer a grande diversidade do cinema chileno e latino-americano como um todo. Destaque para as participações de Maria Elena Swett (famosa atriz de telenovelas chilena e prima de um conhecido meu ahaha) e para a atriz argentina Julieta Cardinali (e seu fofo sotaque, claro).
Tragam-me a Cabeça da Mulher Metralhadora
3.4 28Me fez pensar em Espinoza como uma especie de Robert Rodriguez chileno! Um de seus filmes mais divertidos!
Three Days
4.1 1Ótimo documentário sobre a épica turnê de retorno do Jane's Addiction em 1997 com direito a dançarinas exóticas, figurinos extravagantes e Dave Navarro fazendo slides na guitarra com um vibrador!
RoboCop
3.3 2,0K Assista AgoraQuando tinha entre 7 e 8 anos vi Robocop em uma antiga edição em VHS da editora CARAS que tinha em casa. Se tratava de um filme acido, sombrio e extremamente violento, talvez um dos filmes mais violentos que Hollywood se deu o direito de lançar. Foi o primeiro filme em que vi uso de drogas, quando o idealizador do projeto Robocop cheira cocaína com duas prostitutas em sua casa (que eu, na inocência de uma criança, achava que era sal). Muito recentemente revi o filme e descobri que essa minha edição em VHS era um Director's Cut, onde as cenas, que já eram violentas na versão comercial, ficam na integra, sem corte algum. Ver esse remake do Padilha me deixou com certo amargo, o fato de mostrar o rosto de Murphy a todo o momento e sua consciência humana presente desde o início (porque esse Murphy, ao contrario do original, não morre) deixam um um tópico interessante em troca de um dramalhão familiar dos mais toscos, onde a sempre linda Abbie Cornish é limitada a ficar apenas chorando o tempo todo pelo marido. Mesmo que os sensacionalismos da mídia, marketing, drones e a questões éticas ligadas ao uso dos robos tornem o filme atual, não conseguem projetar o mesmo mundo pessimista, violento e claustrofóbico do original. O vilão é tão bom quanto o original, no entanto fica pouco destacado quanto suas intenções e o final, PQP! não podia ser mais inadequado! Nem as fraquisimas referencias a corrupção nem o cientista bem intencionado feito por Gary Oldman (de longe o personagem mais interessante do filme), ou mesmo a trilha sonora aleatória e descontextualizada de algumas cenas (Hocus Pocus hahahah!) passam longe de salvar esse filme da marca de remake "bonzinho". As referências ao filme original (que são muitas) divertem quem já conhece o filme até de traz pra frente e o personagem de Samuel L. Jackson, que dá um bom toque realístico ao filme (e é, por si só, uma referência ao filme original, com seus anuncios e telejornais invadindo de surpresa as cenas) são os pontos altos desse filme.
Grito de Horror
3.3 190 Assista AgoraCaraca! Há tempos procurava esse filme aqui! Tinha esse filme em VHS e me lembro de assisti-lo quando criança. Preciso revê-lo!
O Livro de Eli
3.6 2,0K Assista AgoraEsse é mais um daqueles filmes que pecam por serem hollywoodianos. A premissa e os atores são excelentes mas desliza no roteiro e em clichezinos toscos, é uma pena.
Jovem Demais Para Morrer
3.8 134 Assista AgoraClassico da infância!
Sedução e Vingança
3.7 151 Assista AgoraO trompete com som de sax da banda junto com a matança ao melhor estilo Sam Peckinpah na festa são impagáveis.
La Sierra
4.1 1A tempos procurava esse documentário aqui. Gostei muito quando ví.
Kalifornia: Uma Viagem ao Inferno
3.5 136 Assista AgoraEsse é o 3° melhor filme de serial killer que eu já vi.
A Praia
3.2 694 Assista AgoraMesmo com todos os furos e falhas, o filme me "perturbou" um pouco. Recomendo que leiam o livro "A Ilha", de Aldous Huxley, principalmente para quem ainda não viu o filme. Muitas das ideias do livro estão presentes no filme. Vale a pena ser visto, apesar do final tosco e o meio confuso.
O Homem com Punhos de Ferro
2.7 314 Assista AgoraUma das piores "coisas" que eu já vi!
Kung Pow (que por sinal é uma ótima comédia pastelão) homenageia melhor os filmes de kung-fu do que essa merda do RZA!
Disque M Para Matar
4.4 680 Assista AgoraAdorei aquele final cínico!
Estrada Perdida
4.1 469 Assista AgoraTenho uma relação de amor e ódio com os filmes do Lynch pós-Twin Peaks. Desse eu até gostei (ao contrário de Mulholland Dr.), mas acho essa fase do Lynch muito gratuita. Acho que Jodorowski e Cronenberg conseguem fazer narrativas surrealistas mais instigantes.
Os Mercenários 2
3.5 2,3K Assista AgoraPor que que eu tô marcando isso aqui? hahahaha