Helen é uma professora popular em uma faculdade de música, casada com David (Goran Visnjic) em seu segundo casamento e leva uma vida feliz com ele e sua filha adolescente Julie (Alexia Fast). Mas algo atormenta Helen.
A personagem Helen vivida com muito talento e respeito pela atriz Ashley Judd, trás questionamentos muitos importantes a respeito da saúde mental, principalmente nesse mundo em que a intensidade dos acontecimentos que nos cercam, por muitas vezes não nos atentamos pras pequenas sutilezas do sofrimento que nos cerca, e que é cada vez mais necessário conversarmos sobre o nosso mundo interno, sem medo de julgamentos, até por que qual quer um de nós um dia poderá passar por uma situação envolvendo sofrimento mental.
Retomando a trama envolvendo a personagem principal destaco como algo extremamente positivo a forma com que a personagem é apresentada e desenvolvida, ou seja, uma mulher cuja a rotina familiar e profissional sob controle e por que não afirmar, bem-sucedida. A diretora Sandra Nettelbeck é muito sábia em não ter pressa em desenvolver sua protagonista, ela vai a passos lentos fazendo um verdadeiro estudo de caso. Tudo isso ancorado numa interpretação que entende o poder da sutileza dos detalhes pra uma entrega catártica no momento certo. A trama é bem implementado visualmente. Imagens pálidas, quase incolores alternam com cenas muito escuras que dão um clima muito compatível com a proposta do filme.
O personagem do marido David (Goran Visnjic) por muitas vezes é confundido com um expectador impassível jogado numa avalanche de acontecimentos do qual não está preparado pra lidar, sem que antes sejam rompidas alguns preconceitos ou crenças limitantes. Outra personagem de grande importância é Mathilda (Lauren Lee Smith) que reflete o estreitar dos laços afetivos da protagonista, também é parte importante da sua jornada de autoconhecimento.
A representação do tratamento de Helen me interessou especialmente. Trata-se de um modelo ancorado no saber médico, senti falta de uma visão mais realista e pautada no modelo biopsicossocial. Ainda assim, o trabalho da psiquiatra não é completamente impessoal.
Este filme é uma representação bem honesta sobre transtorno mental. Faz você fazer uma verdadeira jornada – te coloca diante dos momentos mais sombrios do sofrimento humano e explora os sentimentos de desespero total e desesperança.
Eureka (2000) Num primeiro momento o filme Eureka de Shinji Aoyama exige uma certa abertura emocional às mensagens mínimas e sutis de diminuição e perdas, algo que o filme trabalha muito bem nas suas 3 horas 33 min de duração. Se há um aspecto que define um dos traços comuns no roteiro deste filme, pode ser a desconfiança dos personagens na linguagem como suporte emocional. Mesmo que o público não testemunhe a extensão da violência durante o terço inicial, a voz trêmula de Makoto, os traços de se seu comportamento mais tarde, bem como o “silêncio eloquente” de Kozue e Naoki falam muito sobre suas almas. Em alguns casos, a palavra falada deixou de ser um suporte emocional e aprofundou a lacuna, bem como a ferida emocional que rondam os personagens. Como que para refletir esses sentimentos de impotência, mas também a esperança, as imagens em tons de sépia tornam-se parte integrante da mensagem e dos temas do filme. Ao retratar a tristeza e desolação da paisagem no início, eles lentamente se tornam um símbolo da incapacidade dos personagens de seguir em frente. Especialmente Makoto, que funciona quase como o catalizador da trama, este aprende rapidamente sobre esse sentimento de dormência e tenta combatê-lo estabelecendo algum tipo de rotina e conexão. Mesmo que essas imagens ainda representem uma beleza distinta, mais especificamente em cenas posteriores, elas também podem representar algo que os personagens precisam superar. No final, “Eureka” se torna um conto humano sobre uma das características mais incríveis de todos nós, que é a resiliência, mesmo que em certos momentos difíceis da nossa existência tenham se tornado um ruído de fundo onipresente.
21 Gramas explora a existência emocional e fisicamente carregada de três pessoas durante um período de vários meses. Dentre eles o Professor universitário Paul Rivers ( Sean Penn) e sua esposa Mary (Charlotte Gainsbourg) encontram sua união precariamente equilibrada entre a vida e a morte. Cristina Peck ( Naomi Watts ), tendo amadurecido desde seu passado imprudente. Bem mais abaixo na escala socioeconômica, Jack Jordan ( Benicio Del Toro ) e sua esposa Marianne ( Melissa Leo ) lutam para sustentar seus dois filhos, enquanto Jack reafirma seu compromisso com a religião. Cristina age para chegar a um acordo com seu presente e talvez seu futuro, e a fé de Jack é posta à prova. Se o equilíbrio espiritual deve ser recuperado por qualquer um deles, isso pode custar muito caro para os outros. No entanto, a vontade de viver e o instinto de buscar o apoio de outra pessoa permanecem sempre presentes entre todos eles. Este é um filme com excelentes atuações, mas muito pessimista. Possui sequências de tempo bem interessantes. Ou você se envolve com esse tipo de estrutura ou a acha confuso ou irritante. Para mim a forma da estrutura tornou o filme mais poderoso, forçando-nos a prestar atenção a pequenos detalhes que poderíamos perder ao montar a história. 21 Gramas comanda um discurso contínuo que corre como um fio temático constante por toda a humanidade. O filme literalmente entrega a vida como uma entidade misteriosa flutuante que todos nós compartilhamos.
O filme Suspiria de Luca Guadagnino tem como foco as imagens chocantes e violentas. Repleto de montagens de cortes rápidos de visuais horripilantes, Guadagnino criou uma de imagens assustadoras. Este é um filme que te deixava com mais perguntas do que respostas e é seguro dizer que isso foi bem conseguido. Embora o enredo seja simples de seguir. Nem todas as respostas são dadas para nós, mas com um filme repleto de tantas opções estilísticas, seria um grande desserviço se todos os elementos fossem explicados. Parece que o diretor gosta de brincar com o controle da realidade, sendo testado isso a cada passo. A câmera em Suspiria está obcecada em nos mostrar os detalhes menores. Quando somos brindados com um novo capítulo da história, vemos uma enxurrada de fotos em close, às vezes de membros de dançarinos e às vezes de várias bugigangas que ajudam a dar personalidade às salas da academia de dança. Nenhum tempo é perdido, pois nos são mostrados grandes detalhes que ajudam a fazer nós sentir totalmente imerso no ambiente. Com as cores em todo o filme sendo silenciadas, a sensação de pavor e desespero se infiltra em cada quadro. Com o único brilho de cor sendo o cabelo ruivo de Susie, ficamos hipnotizados por sua presença sempre que ela está na tela. Dakota Johnson mostrou que ela é uma atriz mais forte. Sua presença na tela às vezes é hipnótica e, quando ela dança, podemos ver até que ponto ela tem controle sobre seu corpo, Tilda Swinton apresentando uma performance esperada e poderosa como Madame Blanc. Mia Goth também merece algum reconhecimento como Sara, uma colega dançarina que fica presa entre a batalha de Susie e a busca do Dr. Klemperer por Patricia. Embora Susie esteja determinada o tempo todo, a natureza gentil de Sara é o que mais me impressionou quando o filme acabou. O filme tem pequenos defeitos por vezes carece de uma trilha sonora mais vibrante e a maquiagem protética pesada por vezes me causou certo incomodo, em um filme duas horas e meia é normal tem alguns momentos arrastados e isso se faz presente no terço final porém são coisas que não tendem a desmerecer o restante.
Titane é centrado em Alexia (Agathe Rousselle), uma dançarina exótica cujas performances envolvem ela se contorcendo e dançando em cima de automóveis. Dezenas de homens se aglomeram para olhá-la boquiaberta e, assim como os carros são propriedades masculinas, o corpo de Alexia também não parece pertencer a ela. Esses homens desejam seu corpo e atenção, e fazem proclamações de amor que cheiram a posse e controle. Quando um avanço masculino vai longe, é aqui que descobrimos o segredo de Alexia. A diretora Ducournac deixa espaço para o drama e sentimento real, e ambos entram em cena com a grande atuação do ator Vincent Lindon , que é simplesmente maravilhoso nisso. Ele interpreta o pai de um menino que desapareceu há 20 anos. Lindon interpreta o pai enlutado tão cheio de amor reprimido, tão ferido, tão digno e sem profundidade em sua dor e tão voltado para o exterior em seus impulsos que empresta a essa situação distorcida uma qualidade de pura beleza. O par, cada um quebrado à sua maneira, encontra aceitação um com o outro, e é crédito do filme que ele tem a destreza de ser tanto uma história de amor quanto um filme de terror. Na verdade, por mais experimental que seja “Titane”, também há algo em seu núcleo que é triste, profundo e difícil de definir, algo que conecta. Ele falará com algo dentro de você, mesmo que você não saiba por quê. “Titane” tem a integridade da sinceridade e a autoridade da verdadeira habilidade e visão de uma cineasta
A personagem central de A Noviça rebelde é uma aspirante a freira chamada Maria (Julie Andrews), que foi enviada para trabalhar como governanta em uma família composta por sete filhos. O chefe desta família, o oficial da marinha aposentado Capitão Georg von Trapp (Christopher Plummer) Existem muitas razões pelas quais este filme pode agradar um público vasto, primeiramente o trabalho inteligente e cadenciado do diretor Robert Wise, por sua habilidade consumada em organizá-lo e orientá-lo. Mas o talento que lhe dá o impulso final é, sem dúvida, o de Julie Andrews. Existe o humor em Julie Andrews, como Maria, ensinando os valores espirituosos. Plummer tem postura e substância como Von Trapp. Ele torna o barão sutil sem sofisticação e obtuso sem estupidez. Ele é um homem de papéis, e eles se tornam aparentes à medida que o filme passa. Outro motivo seria a espetacular trilha sonora, e um dos números musicais mais puramente cinematográficos já feitos, a famosa sequencia do “Do-Re-Mi”. Começando em um planalto alpino repleto de flores, Wise corta sem dissolução ou transição explicativa para uma série de cenas, cada uma para um verso diferente da música. Essa estrutura permite que ele coloque em sua câmera uma série de cenários espetaculares de Salzburgo, lagos, jardins e praças públicas. O roteiro embora simples tem uma característica que talvez seja o maior dos atrativos para indicar este filme, ele é um filme sobre uma família feito pra ser assistido por uma família o que torna tudo mais íntimo e próximo beirando um ideal de família a ser almejado.
A Quiet Place Part II ' parte do clímax tentador de seu antecessor, quando vemos como Evelyn (Emily Blunt) e seus filhos Regan (Millicent Simmonds) e Marcus (Noah Jupe) lidam com sua perda devastadora - e a presença de um novo ente familiar - em um mundo onde cada som feito coloca sua vida em risco. O filme foi concebido de forma inteligente, bem atuado e bem trabalhado. Mas, como qualquer sequência, ele tem a fixação de aumentar a aposta e, portanto, é lançado em um nível de estresse muito mais alto. Ele nunca para, o que pode ser muito divertido para alguns espectadores, embora sua obstinação também o torne cansativo. Voltando para trás das câmeras, John Krasinski utiliza os melhores elementos do original e expande seu universo inquieto ao colocar seus personagens na estrada. Mas ele não se esquiva de nenhum dos horrores que esta pequena família encontra ao longo do caminho, às vezes flertando com coisas desagradáveis ou até mesmo sádicas. O mantra 'o silêncio é de ouro' não parece um truque; eles vêm com maneiras engenhosas de testar cada respiração do elenco e infundir a maioria das cenas com uma sensação avassaladora de pavor. Blunt é mais uma vez soberba, enquanto a atuação de Jupe mostra uma verdadeira progressão. Mas o grande destaque desta sequência é Simmonds. Chega um momento em que a jovem se torna a força motriz do filme - e é um desafio que ela é mais do que capaz de enfrentar. A edição alterna entre as três histórias, não apenas mantendo os espectadores informados sobre quem está onde, mas também mantendo Evelyn, Regan e Marcus ligados espiritualmente, mesmo quando estão separados fisicamente. Desta vez, os objetivos e as apostas são mais diretos, e a narrativa geral enxuta trabalha a favor do filme.
Vidas ao Vento é uma aventura romântica no céu. A história é sobre um engenheiro aeronáutico que persegue seu sonho de criar 'um belo avião' e tem a cultura japonesa e a vida pré-guerra como plano de fundo. É um filme em que o diretor Hayao Miyazaki examina o custo de perseguir esse 'belo sonho'. É um mundo de criatividade glorioso, mas"amaldiçoado" ao mesmo tempo. No filme, o atraso e a pobreza do Japão são enfatizados. O filme de Miyazaki também é uma história de amor sobre um jovem casal ancorado numa bela sinergia dos planos de fundo em aquarela. O custo do 'lindo sonho' de Jirō pode ser visto em paralelo as situação das crianças nas ruas. Como diz Honjō, o dinheiro gasto na criação de um avião seria suficiente para alimentar as crianças famintas em todo o Japão. No entanto, Jirō e Honjō não abrem mão de seus privilégios e anseios Por causa da aparente indiferença de Jirō a situação ao seu redor, alguns podem rapidamente concluir que ele é uma pessoa sem coração. No entanto, ele é um personagem que não explica seus sentimentos, então não podemos saber seu conflito interno, ou mesmo se existe algum conflito. Além disso, tal visão em preto e branco perde o ponto de Miyazaki. Embora Jirō tenha deficiências típicas de uma pessoa criativa - quando ele está absorvido em seu trabalho, ele se esquece de todo o resto - isso não significa necessariamente que ele seja mau. Miyazaki nos lembra da mortalidade, mesmo quando busca elevar a arte e a busca intelectual do ofício. Existe, talvez, uma analogia entre a arte e o ofício da engenharia mecânica e o tipo de trabalho desenhado à mão que o Studio é famoso por produzir, e pode-se ver The Wind Rises como uma espécie de elegia para esse tipo de mundo.
"O Pai" não existe por nenhuma razão perceptível além de se tornar um elemento inexplicavelmente cruel da condição humana de uma maneira reconhecível, e fazê-lo de uma maneira que só a boa arte possa. Vislumbra a senilidade como uma casa de espelhos em que todos se perdem de vista.
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é uma espécie de carta de amor de Zhao para os pioneiros desconhecidos que não têm medo de enfrentar sua própria trilha até mesmo nos climas mais severos. Tendo como pano de fundo a instabilidade econômica e um clima incerto, Nomadland é uma celebração em possuir sua felicidade – de qualquer forma que possa ser.
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Um drama familiar íntimo, Segredos e Mentiras conta o encontro entre dois mundos que não se conhecem. O filme trata de dificuldades de relacionamento e da chegada de um estranho em uma unidade familiar. O filme se aplica para descrever todos os sentimentos mais imperceptíveis. O nó principal do filme está no não dito, na mentira e no indescritível. Um obra que subverte estereótipos e questiona suposições fáceis, e promove uma nova visão sobre questões de raça e classe, Qualquer antagonismo no filme é estritamente familiar, não racial: entre Cynthia e Roxanne; Cynthia e seu irmão mais novo Maurice; Maurice e sua infeliz esposa Monica; e finalmente entre Monica e Cynthia. Cynthia Purley é inesquecível por várias razões. Ela é tão avassaladora que se torna quase icônica; tão real que realmente toca em você e tão despojada de todo o glamour que não poderia escapar de uma indicação ao Oscar para a atriz Brenda Blethyn. O direto Mike Leigh pode falar com imagens como nenhuma outro. É interessante perceber como o ator Timothy Spall se destaca como o fotógrafo resignado Maurice, carregando com sigo habilidades intuitivas e emocionais para navegar nos mais variados contextos. Quando o vemos em seu papel de fotógrafo de retratos, ele está interagindo de forma calorosa com uma variedade diversificada de pessoas em diferentes situações, e a sensação é de que Maurice pode ver beleza e humanidade em todos que passam pelas lentes de sua câmera. Como pontos negativos destacaria a duração excessiva do filme que poderia ser mais conciso sem perder em nada a sua força narrativa. Assim como a trilha sonora com uma partitura de violoncelo pesada que pode vir a distrair atenção em determinadas cenas. Segredos e Mentiras prova que um bom filme pode ter um grande coração e ainda assim possuir uma abordagem dura e realista que discute questões importantes de uma maneira que é ao mesmo tempo divertida e instigante.
Bela vingança é um filme de comédia sombria e de vingança inteligente, provocativo, com uma performance surpreendentemente poderosa e profundamente em camadas de Carey Mulligan como Cassie, que exige justiça instantânea e vigilante sobre os arrepios predatórios.
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O mítico blockbuster de David Lean é um épico impressionante e um retrato sensível de uma das maiores lendas do século XX, "poeta, estudioso, guerreiro " T.E. Lawrence. O triunfo de Lawrence seu apelo duradouro se resumem a uma combinação de aventura emocionante e exótica e uma história humana intensamente pessoal. A psique atormentada de Lawrence e a agitação político-cultural da época e do lugar são escolhidas contra um cenário espetacular, vasto e atemporal e absolutamente emocionante arte de ação Dentro de seu primeiro grande papel, Peter O'Toole nunca foi melhor do que ele era como T.E. Lawrence. O'Toole interpreta um personagem como T.E. Lawrence com tanta humanidade, a fim de fazer a figura egoísta que ele era ainda mais fascinante. O'Toole joga tal emoção neste personagem e, portanto, ele forma o coração de Lawrence da Arábia, uma única performance que não pode ser encontrada em qualquer outro filme de tal maneira como esta Momentos inspirados têm a sensação de histórias clássicas de filmes de aventura temperados com o corte de Lawrence soprando uma partida no Cairo para o deserto. A última batida de sua respiração torna-se um sussurro sobre o sol nascendo vermelho no Saara, o filme equilibrado em pureza antes do tema musical arrebatador. A tomada referente ao reduto turco de Aqaba é realizada com despacho de tirar o fôlego, a maioria em um longo tiro panorâmico, bandeiras voando, cavalos e camelos chutando nuvens de areia, a cidade branca invadindo o mar de safira como um canhão silencioso. Lawrence da Arábia é um filme que simplesmente não vai ficar menor com o tempo para ele é realmente alguns dos melhores exemplos de cinema que podem ser encontrados.
Minari é um conto atemporal de uma família aprendendo a trabalhar em conjunto e a entender uns aos outros para superar as chances que os Estados Unidos empilharam contra eles. É um filme que mostra que não importa de onde viemos, nossas preocupações, desejos e sonhos são muito semelhantes.
Somos apresentados a Mitsuko (Eri Kamataki) e Taeko (Kyoko Hinami), duas amigas que se conhecem desde o ensino médio. Ambas são ligadas uma experiência traumática no passado e conhecerão um grupo de garotos que querem fazer um filme. Por sua vez, eles também conhecerão Jo Murata (Kippei Shîna), um homem implacável que usa seu carisma para alcançar seus interesses. A primeira parte da história em que os alunos do ensino médio vão para a escola é a mais divertida e interessante, até que um resultado fatídico ocorra no final. Depois disso, o filme se torna mais cômico, com um senso de humor muito peculiar, até que termina em um verdadeiro caos (em um bom sentido) cheio de violência e intriga com um belo toque de suspense. Claro, se há uma coisa que se destaca acima de qualquer outra, que é a enorme performance de Kippei Shiina, dando vida a Joe Murata. Sua performance é tão excêntrica, tão viva e ao mesmo tempo tão real e divertida, que não se pode evitar se render a ela. O resto do elenco também cumpre seus personagens sem qualquer reprovação, especialmente Kyoko Hinami como Taeko, a adolescente rebelde que não para em nada. A edição é frenética e viva, não para em nenhum momento, apesar do longo tempo de duração de 2 horas e meia. A trilha sonora também acompanha a história é excelente "A Floresta de Sangue" é, no final, um exercício complexo sobre como a vida pode nos mudar em um instante com quem interagimos. O que é mais surpreendente sobre o filme, além da performance de Kippei Shiina, é a habilidade que ele tem de estar dizendo algo de uma maneira divertida e colorida para de repente entrar em um caminho escuro e violento.
David (Eccleston), Juliet (Fox) e Alex (MacGregor) são três Edimburgos caçando um quarto companheiro de apartamento, mesmo que qualquer pessoa racional os veja como o tipo de pessoas levemente detestável com quem você não gostaria de compartilhar espaço na geladeira. Eles eventualmente se acomodam no misterioso Hugo (Keith Allen), uma decisão que rapidamente acaba sendo um grande erro. Este longa do diretor Danny Boyle, é um thriller mórbido e claustrofóbico ancorado em um auspicioso dilema moral. O Indivisível trio age com espontaneidade. O roteiro de John Hodge está pregando uma velha mensagem sobre os perigos da ganância. Mas ele trabalha variações extremamente engraçadas que Boyle mantém em constante rotação. Os atores têm uma bola perversa mostrando seus personagens se tornam raivosos. McGregor mostra sagacidade ácida. E Eccleston surpreende como um “rato” que transforma-se em um “ aracnídeo ”, cavando nas profundezas do sótão à espera de ameaças potenciais. A coisa toda é uma mistura hipnótica de alegria e malícia em uma verdadeira espiral descendente. Contudo no terço final acredito que o filme perde um pouco a forma. Quase como se tivesse dificuldade em saber realmente para onde quer ir com a história uma vez que desenvolveu a paranoia completa de um dos personagens-chave e até leva a algumas escolhas estranhas dos outros colegas de casa também. Termina no que espera ser uma reviravolta inteligente, mas isso nunca realmente bate em você com o impacto de filmes muito melhores e suas "revelações finais".
"Sound of Metal" é um filme sobre uma alma inquieta forçada a encontrar paz. E é sobre apreciar o que damos como garantido. Como um ruído a que nos acostumamos e nos faz falta quando desaparece, ao terminar, Sound of Metal não deixará silêncio. Deixará vazio
This Is England, é um filme que volta o relógio por um quarto de século e olha para a lenta mudança de Shaun (Thomas Turgoose) um solitário garoto de 12 anos em Yorkshire cujo pai foi morto recentemente na guerra. Ele não tem amigos. Ele é intimidado na escola. E sua mãe, Cynthia (Jo Hartley), se preocupa com ele. Um dia, no caminho para casa da escola, Thomas encontra um grupo de skinheads mais velhos, liderados pelo afável Woody (Joseph Gilgun). Woody, simpático aos problemas de Shaun, "adota" o garoto na gangue. Shaun finalmente entende o que significa pertencer. Os skinheads podem ser raivosos, mas são essencialmente de boa índole. Tudo muda quando a gangue é acompanhada pelo combo magnético (Stephen Graham). Direto da prisão, Combo não usa apenas o uniforme do skinhead, ele tem uma crença apaixonada na agenda política da Frente Nacional. Acreditando equivocadamente que está honrando seu pai, Shaun é atraído por Combo que se torna cada vez mais violento em suas ações racistas. O diretor Shane Meadows tem a habilidade de trazer o melhor de seus artistas e This Is England não é exceção. Thomas Turgoose é um natural completo; surpreendentemente crível e cativante como Shaun, seus olhos seguem cada ação, seu rosto e ousadia refletindo habilmente a raiva interior que se alastra desde a morte de seu pai. Stephen Graham é simplesmente hipnotizante como Combo e o poder do filme de Meadows reside no fato de que ele não é tratado como um monstro. Suas ações são terríveis e sua mera presença pode ser aterrorizante, mas Meadows também lhe permite algumas cenas poderosas que revelam as ansiedades interiores e a carência emocional do personagem. Ele é perturbadoramente humano em seus balanços irracionais da crueldade à vulnerabilidade. Esta é a Inglaterra pode ser sobre as experiências de um menino e a rejeição final do racismo, mas também é um reflexo mais amplo de questões dentro de um país dividido pelo Thatcherismo e supostamente unido por trás da vitória nas Malvinas em 1982. Montagens de cobertura televisiva das Malvinas, tendências de moda e ícones da música pop pintam um quadro de um país que também enfrentava desemprego em massa, agitação social e uma sensação incerta do que a inglês significava em uma era de multiculturalismo. Apesar de um final um pouco apressado, o filme faz um excelente trabalho não apenas ilustrando a facilidade com que o ódio pode ser fomentado nos jovens A trilha sonora, imagens evocativas e mudanças sutis de humor entre amor e ódio, calor e medo combinam-se para fazer de This Is England um relatório verdadeiramente complexo e desafiador sobre o estado da nação.
As pessoas se desenvolvem de maneiras inesperadas; eles não telegrafam suas intenções. Talvez a coisa mais interessante sobre os personagens de Rohmer é que eles parecem manter o livre arbítrio. "Amor à tarde", é na verdade sobre um flerte prolongado e existencial, e sobre a reafirmação de um amor original. Frederick, um agradável, um executivo de negócios que habita um casamento da maior simplicidade e respeito mútuo. Ele e sua esposa, Helene, vivem como estudantes, não porque não podem pagar melhor, mas porque gostam da falta de desordem física e mental burguesa. É um daqueles casamentos que os forasteiros chamam de "perfeito". Mas então Chloe se materializa, bem ali no meio da tarde de Frederick. Frederick é um homem que ama Paris, e que organizou sua agenda de trabalho para que ele tenha suas tardes livres para um sanduíche, e suas fantasias sobre as mulheres da cidade. Este desaparecimento perpétuo, este erotismo ainda em construção, é sua maior emoção. Ao redor de Frédéric, todas as mulheres são bonitas: desde aquela que o faz comprar uma camisa quando ele queria um suéter, até suas secretárias através de todas as que ele encontra no trem, nos cafés. Chloe é uma dessas pessoas abençoadas com a habilidade de se insinuar em sua vida enquanto parece deixá-la. Ela forma um vínculo com Frederick durante um período em que (ele pensa) ela está apenas de passagem. Eles se encontram à tarde. Eles flertam, mas não muito. Ela é uma mulher simples e bonita que tem insegurança suficiente sobre si mesma para querer usar sua aparência para confirmar sua atratividade. Esta descrição do filme pode fazê-lo soar inconsequente e sinuoso, O que torna o filme de Rohmer tão interessante e inteligente é a maneira como ele assiste seus personagens. Nada escapa dele, e ele usa o ângulo de um olhar, a inclinação de uma cabeça, o conjunto preciso de uma boca, a fim de criar personagens complexos. O final de "Chloe na Tarde" lança uma bomba-relógio emocional que coloca o filme em um novo e mais profundo contexto. O diretor consegue efetivo ao evitar relações humanas simples e diretas.
O Bandido da Luz Vermelha é uma sinfonia inoportuna visual e sonora de um domínio completo do caos. Nenhuma figura entendeu o Brasil como ator político emergente e como quintal cultural subserviente do que o marginal protagonista. A farsa no roubo, nas joias de segunda linha que a classe burguesa ostentava em prédios seculares de São Paulo. A onipresença da herança do baronato empurra os pobres e as mulheres à Boca do Lixo. Como palafitas e os pequenos casebres abrigam na região da Sé-Luz-Brás-República, os alienígenas sociais que Sganzerla transforma em um denso grito político. Não é só o cinema de guerrilha. A guerrilha é a intuição artística que o cineasta manipula a justapor fragmentos de um Brasil já fadado aos restos do mundo. A desesperança é uma ferramenta de poder. Para alcançar essas sutilezas o diretor fez uso de uma locução da rádio algo que pra mim teve duplo efeito, o método de usar a locução serve para abarcar vários assuntos sociais mas ao fazer uso disto me incomodou demais a narrativa entrecortada, tinha a impressão que quando algum assunto interessante da narrativa do protagonista ia ser contada havia de repente um corte brusco que me tirava a atenção de algo que podia render muito. A comédia que somatiza e funde ao cinismo adota um senso anárquico, propositalmente conduzido no olhar de Sganzerla para um vazio na sociedade brasileira. o cineasta, no argumento de O Bandido da Luz Vermelha, elenca referências que explicitam sua vontade com o cinema: a desconstrução do classismo; a política e o crime como vias de conduta morais inseparáveis.
A desolação humana — especialmente de crianças — está muito presente em "Alemanha Ano Zero", ela é apresentada de forma estranhamente passiva. O que pode ser uma história terrivelmente comovente a respeito de um garoto de 12 anos, cercado por parentes e associados em um estado mais miseravelmente degradado, torna-se, no acúmulo frio pela câmera de detalhes sórdidos, pouco mais do que uma apresentação literal (e deprimente) de um caso objetivo. O garoto é certamente um exemplo trágico dos jovens inocentes da Europa cujas vidas foram rasgadas e desperdiçadas pelos pecados imperdoáveis de seus pais. E as circunstâncias difíceis em que ele é forçado a viver não são apenas chocantes de testemunhar. Rossellini não nos poupa, ele coloca Berlim do pós-guerra em jogo. Nenhuma ironia da desolação do "império" de Hitler escapa de sua câmera. O fundo interminável de edifícios arruinados emoldura um primeiro plano de vidas marcadas e arruinadas. No entanto, esse manifesto de detalhes, este projeto de lei de detalhes, é colocado na tela como se sua exibição fosse tudo o que o diretor pretendia fazer. Habitações lotadas, pequenos roubos e vícios — estes formam o pano de fundo do jovem. E aqui está uma segunda razão possível para o vazio emocional da imagem: a natureza estéril e letárgica da maioria dos personagens nela. Pode ser que "Alemanha Ano Zero" seja um documento social sem censura. Certamente seu brilho pictórico e seus detalhes sociais sugerem, uma verdadeira relíquia crível do desperdício incalculável da guerra. Mas o efeito soma da apresentação é uma sensação de desconforto e desespero sombrio
"Ghost in the Shell" não é em nenhum sentido um filme de animação para crianças. Repleta de sexo, violência e nudez (embora tudo bastante estilizado). O filme tem uma tendência, assim como muita ficção científica tradicional, para que seus personagens falem em conceitos e informações abstratas. Diálogo amostral: "Além de um leve aumento cerebral, seu corpo é quase inteiramente humano." Ou, "Se um cibernético pudesse criar seu próprio fantasma, qual seria o propósito de ser humano?". Todas as informações acumuladas em uma vida, aprendemos, é menos do que uma gota no oceano de informação, e talvez uma criatura que possa coletar mais informações e segurá-la por mais tempo é ... mais do que humano. A personagem principal é uma mulher chamada Major Motoko Kusanagi, um ciborgue que comanda uma operação de inteligência. Sua unidade é designada para investigar um agente estrangeiro malvado que quer asilo político, mas logo o caso leva ao contato com o Mestre das Marionetes, o "criminoso cibernético mais temido de todos os tempos.' O filme possuiu um visual noir muito forte, cada cena é repleta de detalhes e nuances. Uma camada mais profunda e você vê que cada cena, cada ponto de enredo, cria cenários onde algum enigma filosófico é apresentado. Uma das minhas cenas favoritas é a montagem do meio do filme com Kusanagi em um passeio de barco por um canal e assistindo a atividade ao seu redor. O detalhe aqui é incrível e faz tanto para criar uma sensação melancólica, vagamente opressiva para a cidade. As imagens da água são abundantes no filme. A cena de abertura apresenta janelas que parecem ser um aquário gigante. Os créditos de abertura mostram a criação de um ciborgue com o corpo sendo criado enquanto imerso em fluido. As cenas seguintes apresentam chuvas, poças de lixamento, sem mencionar cenas que ocorrem em barcos. Como mencionei, cria uma sensação melancólica para o filme, mas também há uma ideia temática aqui. O termo "fluxo de informações" é usado várias vezes no filme. O movimento constante da água, e seu estado sempre presente tendem a refletir a ideia de informação ao nosso redor e fluindo entre nós. O trabalho sonoro em Ghost in the Shell é sólido e imersivo também. A maior parte do que você ouve é o barulho padrão da cidade, a chuva e o zumbido dos computadores. As ações nos ramificam uma sólida variedade de sons para os tiros, explosões e combate mão-a-mão.
As Faces de Helen
3.6 117As faces de Helen
Helen é uma professora popular em uma faculdade de música, casada com David (Goran Visnjic) em seu segundo casamento e leva uma vida feliz com ele e sua filha adolescente Julie (Alexia Fast). Mas algo atormenta Helen.
A personagem Helen vivida com muito talento e respeito pela atriz Ashley Judd, trás questionamentos muitos importantes a respeito da saúde mental, principalmente nesse mundo em que a intensidade dos acontecimentos que nos cercam, por muitas vezes não nos atentamos pras pequenas sutilezas do sofrimento que nos cerca, e que é cada vez mais necessário conversarmos sobre o nosso mundo interno, sem medo de julgamentos, até por que qual quer um de nós um dia poderá passar por uma situação envolvendo sofrimento mental.
Retomando a trama envolvendo a personagem principal destaco como algo extremamente positivo a forma com que a personagem é apresentada e desenvolvida, ou seja, uma mulher cuja a rotina familiar e profissional sob controle e por que não afirmar, bem-sucedida. A diretora Sandra Nettelbeck é muito sábia em não ter pressa em desenvolver sua protagonista, ela vai a passos lentos fazendo um verdadeiro estudo de caso. Tudo isso ancorado numa interpretação que entende o poder da sutileza dos detalhes pra uma entrega catártica no momento certo. A trama é bem implementado visualmente. Imagens pálidas, quase incolores alternam com cenas muito escuras que dão um clima muito compatível com a proposta do filme.
O personagem do marido David (Goran Visnjic) por muitas vezes é confundido com um expectador impassível jogado numa avalanche de acontecimentos do qual não está preparado pra lidar, sem que antes sejam rompidas alguns preconceitos ou crenças limitantes. Outra personagem de grande importância é Mathilda (Lauren Lee Smith) que reflete o estreitar dos laços afetivos da protagonista, também é parte importante da sua jornada de autoconhecimento.
A representação do tratamento de Helen me interessou especialmente. Trata-se de um modelo ancorado no saber médico, senti falta de uma visão mais realista e pautada no modelo biopsicossocial. Ainda assim, o trabalho da psiquiatra não é completamente impessoal.
Este filme é uma representação bem honesta sobre transtorno mental. Faz você fazer uma verdadeira jornada – te coloca diante dos momentos mais sombrios do sofrimento humano e explora os sentimentos de desespero total e desesperança.
Eureka
4.3 29Eureka (2000)
Num primeiro momento o filme Eureka de Shinji Aoyama exige uma certa abertura emocional às mensagens mínimas e sutis de diminuição e perdas, algo que o filme trabalha muito bem nas suas 3 horas 33 min de duração.
Se há um aspecto que define um dos traços comuns no roteiro deste filme, pode ser a desconfiança dos personagens na linguagem como suporte emocional. Mesmo que o público não testemunhe a extensão da violência durante o terço inicial, a voz trêmula de Makoto, os traços de se seu comportamento mais tarde, bem como o “silêncio eloquente” de Kozue e Naoki falam muito sobre suas almas. Em alguns casos, a palavra falada deixou de ser um suporte emocional e aprofundou a lacuna, bem como a ferida emocional que rondam os personagens.
Como que para refletir esses sentimentos de impotência, mas também a esperança, as imagens em tons de sépia tornam-se parte integrante da mensagem e dos temas do filme. Ao retratar a tristeza e desolação da paisagem no início, eles lentamente se tornam um símbolo da incapacidade dos personagens de seguir em frente. Especialmente Makoto, que funciona quase como o catalizador da trama, este aprende rapidamente sobre esse sentimento de dormência e tenta combatê-lo estabelecendo algum tipo de rotina e conexão. Mesmo que essas imagens ainda representem uma beleza distinta, mais especificamente em cenas posteriores, elas também podem representar algo que os personagens precisam superar.
No final, “Eureka” se torna um conto humano sobre uma das características mais incríveis de todos nós, que é a resiliência, mesmo que em certos momentos difíceis da nossa existência tenham se tornado um ruído de fundo onipresente.
21 Gramas
4.0 888 Assista Agora21 Gramas explora a existência emocional e fisicamente carregada de três pessoas durante um período de vários meses. Dentre eles o Professor universitário Paul Rivers ( Sean Penn) e sua esposa Mary (Charlotte Gainsbourg) encontram sua união precariamente equilibrada entre a vida e a morte. Cristina Peck ( Naomi Watts ), tendo amadurecido desde seu passado imprudente. Bem mais abaixo na escala socioeconômica, Jack Jordan ( Benicio Del Toro ) e sua esposa Marianne ( Melissa Leo ) lutam para sustentar seus dois filhos, enquanto Jack reafirma seu compromisso com a religião.
Cristina age para chegar a um acordo com seu presente e talvez seu futuro, e a fé de Jack é posta à prova. Se o equilíbrio espiritual deve ser recuperado por qualquer um deles, isso pode custar muito caro para os outros. No entanto, a vontade de viver e o instinto de buscar o apoio de outra pessoa permanecem sempre presentes entre todos eles.
Este é um filme com excelentes atuações, mas muito pessimista. Possui sequências de tempo bem interessantes. Ou você se envolve com esse tipo de estrutura ou a acha confuso ou irritante. Para mim a forma da estrutura tornou o filme mais poderoso, forçando-nos a prestar atenção a pequenos detalhes que poderíamos perder ao montar a história.
21 Gramas comanda um discurso contínuo que corre como um fio temático constante por toda a humanidade. O filme literalmente entrega a vida como uma entidade misteriosa flutuante que todos nós compartilhamos.
Suspíria: A Dança do Medo
3.7 1,2K Assista AgoraO filme Suspiria de Luca Guadagnino tem como foco as imagens chocantes e violentas. Repleto de montagens de cortes rápidos de visuais horripilantes, Guadagnino criou uma de imagens assustadoras.
Este é um filme que te deixava com mais perguntas do que respostas e é seguro dizer que isso foi bem conseguido. Embora o enredo seja simples de seguir. Nem todas as respostas são dadas para nós, mas com um filme repleto de tantas opções estilísticas, seria um grande desserviço se todos os elementos fossem explicados. Parece que o diretor gosta de brincar com o controle da realidade, sendo testado isso a cada passo.
A câmera em Suspiria está obcecada em nos mostrar os detalhes menores. Quando somos brindados com um novo capítulo da história, vemos uma enxurrada de fotos em close, às vezes de membros de dançarinos e às vezes de várias bugigangas que ajudam a dar personalidade às salas da academia de dança. Nenhum tempo é perdido, pois nos são mostrados grandes detalhes que ajudam a fazer nós sentir totalmente imerso no ambiente. Com as cores em todo o filme sendo silenciadas, a sensação de pavor e desespero se infiltra em cada quadro. Com o único brilho de cor sendo o cabelo ruivo de Susie, ficamos hipnotizados por sua presença sempre que ela está na tela.
Dakota Johnson mostrou que ela é uma atriz mais forte. Sua presença na tela às vezes é hipnótica e, quando ela dança, podemos ver até que ponto ela tem controle sobre seu corpo, Tilda Swinton apresentando uma performance esperada e poderosa como Madame Blanc. Mia Goth também merece algum reconhecimento como Sara, uma colega dançarina que fica presa entre a batalha de Susie e a busca do Dr. Klemperer por Patricia. Embora Susie esteja determinada o tempo todo, a natureza gentil de Sara é o que mais me impressionou quando o filme acabou.
O filme tem pequenos defeitos por vezes carece de uma trilha sonora mais vibrante e a maquiagem protética pesada por vezes me causou certo incomodo, em um filme duas horas e meia é normal tem alguns momentos arrastados e isso se faz presente no terço final porém são coisas que não tendem a desmerecer o restante.
Titane
3.5 390 Assista AgoraTitane é centrado em Alexia (Agathe Rousselle), uma dançarina exótica cujas performances envolvem ela se contorcendo e dançando em cima de automóveis. Dezenas de homens se aglomeram para olhá-la boquiaberta e, assim como os carros são propriedades masculinas, o corpo de Alexia também não parece pertencer a ela. Esses homens desejam seu corpo e atenção, e fazem proclamações de amor que cheiram a posse e controle. Quando um avanço masculino vai longe, é aqui que descobrimos o segredo de Alexia.
A diretora Ducournac deixa espaço para o drama e sentimento real, e ambos entram em cena com a grande atuação do ator Vincent Lindon , que é simplesmente maravilhoso nisso. Ele interpreta o pai de um menino que desapareceu há 20 anos. Lindon interpreta o pai enlutado tão cheio de amor reprimido, tão ferido, tão digno e sem profundidade em sua dor e tão voltado para o exterior em seus impulsos que empresta a essa situação distorcida uma qualidade de pura beleza. O par, cada um quebrado à sua maneira, encontra aceitação um com o outro, e é crédito do filme que ele tem a destreza de ser tanto uma história de amor quanto um filme de terror.
Na verdade, por mais experimental que seja “Titane”, também há algo em seu núcleo que é triste, profundo e difícil de definir, algo que conecta. Ele falará com algo dentro de você, mesmo que você não saiba por quê.
“Titane” tem a integridade da sinceridade e a autoridade da verdadeira habilidade e visão de uma cineasta
A Noviça Rebelde
4.2 801 Assista AgoraA Noviça Rebelde
A personagem central de A Noviça rebelde é uma aspirante a freira chamada Maria (Julie Andrews), que foi enviada para trabalhar como governanta em uma família composta por sete filhos. O chefe desta família, o oficial da marinha aposentado Capitão Georg von Trapp (Christopher Plummer)
Existem muitas razões pelas quais este filme pode agradar um público vasto, primeiramente o trabalho inteligente e cadenciado do diretor Robert Wise, por sua habilidade consumada em organizá-lo e orientá-lo. Mas o talento que lhe dá o impulso final é, sem dúvida, o de Julie Andrews. Existe o humor em Julie Andrews, como Maria, ensinando os valores espirituosos. Plummer tem postura e substância como Von Trapp. Ele torna o barão sutil sem sofisticação e obtuso sem estupidez. Ele é um homem de papéis, e eles se tornam aparentes à medida que o filme passa.
Outro motivo seria a espetacular trilha sonora, e um dos números musicais mais puramente cinematográficos já feitos, a famosa sequencia do “Do-Re-Mi”. Começando em um planalto alpino repleto de flores, Wise corta sem dissolução ou transição explicativa para uma série de cenas, cada uma para um verso diferente da música. Essa estrutura permite que ele coloque em sua câmera uma série de cenários espetaculares de Salzburgo, lagos, jardins e praças públicas.
O roteiro embora simples tem uma característica que talvez seja o maior dos atrativos para indicar este filme, ele é um filme sobre uma família feito pra ser assistido por uma família o que torna tudo mais íntimo e próximo beirando um ideal de família a ser almejado.
Um Lugar Silencioso - Parte II
3.6 1,2K Assista AgoraUm Lugar Silencioso Parte 2
A Quiet Place Part II ' parte do clímax tentador de seu antecessor, quando vemos como Evelyn (Emily Blunt) e seus filhos Regan (Millicent Simmonds) e Marcus (Noah Jupe) lidam com sua perda devastadora - e a presença de um novo ente familiar - em um mundo onde cada som feito coloca sua vida em risco.
O filme foi concebido de forma inteligente, bem atuado e bem trabalhado. Mas, como qualquer sequência, ele tem a fixação de aumentar a aposta e, portanto, é lançado em um nível de estresse muito mais alto. Ele nunca para, o que pode ser muito divertido para alguns espectadores, embora sua obstinação também o torne cansativo.
Voltando para trás das câmeras, John Krasinski utiliza os melhores elementos do original e expande seu universo inquieto ao colocar seus personagens na estrada. Mas ele não se esquiva de nenhum dos horrores que esta pequena família encontra ao longo do caminho, às vezes flertando com coisas desagradáveis ou até mesmo sádicas.
O mantra 'o silêncio é de ouro' não parece um truque; eles vêm com maneiras engenhosas de testar cada respiração do elenco e infundir a maioria das cenas com uma sensação avassaladora de pavor. Blunt é mais uma vez soberba, enquanto a atuação de Jupe mostra uma verdadeira progressão. Mas o grande destaque desta sequência é Simmonds. Chega um momento em que a jovem se torna a força motriz do filme - e é um desafio que ela é mais do que capaz de enfrentar.
A edição alterna entre as três histórias, não apenas mantendo os espectadores informados sobre quem está onde, mas também mantendo Evelyn, Regan e Marcus ligados espiritualmente, mesmo quando estão separados fisicamente. Desta vez, os objetivos e as apostas são mais diretos, e a narrativa geral enxuta trabalha a favor do filme.
Vidas ao Vento
4.1 603 Assista AgoraVIDAS AO VENTO
Vidas ao Vento é uma aventura romântica no céu. A história é sobre um engenheiro aeronáutico que persegue seu sonho de criar 'um belo avião' e tem a cultura japonesa e a vida pré-guerra como plano de fundo. É um filme em que o diretor Hayao Miyazaki examina o custo de perseguir esse 'belo sonho'. É um mundo de criatividade glorioso, mas"amaldiçoado" ao mesmo tempo.
No filme, o atraso e a pobreza do Japão são enfatizados. O filme de Miyazaki também é uma história de amor sobre um jovem casal ancorado numa bela sinergia
dos planos de fundo em aquarela.
O custo do 'lindo sonho' de Jirō pode ser visto em paralelo as situação das crianças nas ruas. Como diz Honjō, o dinheiro gasto na criação de um avião seria suficiente para alimentar as crianças famintas em todo o Japão. No entanto, Jirō e Honjō não abrem mão de seus privilégios e anseios
Por causa da aparente indiferença de Jirō a situação ao seu redor, alguns podem rapidamente concluir que ele é uma pessoa sem coração. No entanto, ele é um personagem que não explica seus sentimentos, então não podemos saber seu conflito interno, ou mesmo se existe algum conflito. Além disso, tal visão em preto e branco perde o ponto de Miyazaki. Embora Jirō tenha deficiências típicas de uma pessoa criativa - quando ele está absorvido em seu trabalho, ele se esquece de todo o resto - isso não significa necessariamente que ele seja mau.
Miyazaki nos lembra da mortalidade, mesmo quando busca elevar a arte e a busca intelectual do ofício. Existe, talvez, uma analogia entre a arte e o ofício da engenharia mecânica e o tipo de trabalho desenhado à mão que o Studio é famoso por produzir, e pode-se ver The Wind Rises como uma espécie de elegia para esse tipo de mundo.
Meu Pai
4.4 1,2K Assista Agora"O Pai" não existe por nenhuma razão perceptível além de se tornar um elemento inexplicavelmente cruel da condição humana de uma maneira reconhecível, e fazê-lo de uma maneira que só a boa arte possa. Vislumbra a senilidade como uma casa de espelhos em que todos se perdem de vista.
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Nomadland
3.9 896 Assista Agoraé uma espécie de carta de amor de Zhao para os pioneiros desconhecidos que não têm medo de enfrentar sua própria trilha até mesmo nos climas mais severos. Tendo como pano de fundo a instabilidade econômica e um clima incerto, Nomadland é uma celebração em possuir sua felicidade – de qualquer forma que possa ser.
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Segredos e Mentiras
4.1 98 Assista AgoraUm drama familiar íntimo, Segredos e Mentiras conta o encontro entre dois mundos que não se conhecem. O filme trata de dificuldades de relacionamento e da chegada de um estranho em uma unidade familiar. O filme se aplica para descrever todos os sentimentos mais imperceptíveis. O nó principal do filme está no não dito, na mentira e no indescritível.
Um obra que subverte estereótipos e questiona suposições fáceis, e promove uma nova visão sobre questões de raça e classe, Qualquer antagonismo no filme é estritamente familiar, não racial: entre Cynthia e Roxanne; Cynthia e seu irmão mais novo Maurice; Maurice e sua infeliz esposa Monica; e finalmente entre Monica e Cynthia.
Cynthia Purley é inesquecível por várias razões. Ela é tão avassaladora que se torna quase icônica; tão real que realmente toca em você e tão despojada de todo o glamour que não poderia escapar de uma indicação ao Oscar para a atriz Brenda Blethyn.
O direto Mike Leigh pode falar com imagens como nenhuma outro. É interessante perceber como o ator Timothy Spall se destaca como o fotógrafo resignado Maurice, carregando com sigo habilidades intuitivas e emocionais para navegar nos mais variados contextos. Quando o vemos em seu papel de fotógrafo de retratos, ele está interagindo de forma calorosa com uma variedade diversificada de pessoas em diferentes situações, e a sensação é de que Maurice pode ver beleza e humanidade em todos que passam pelas lentes de sua câmera.
Como pontos negativos destacaria a duração excessiva do filme que poderia ser mais conciso sem perder em nada a sua força narrativa. Assim como a trilha sonora com uma partitura de violoncelo pesada que pode vir a distrair atenção em determinadas cenas.
Segredos e Mentiras prova que um bom filme pode ter um grande coração e ainda assim possuir uma abordagem dura e realista que discute questões importantes de uma maneira que é ao mesmo tempo divertida e instigante.
Bela Vingança
3.8 1,3K Assista AgoraBela vingança é um filme de comédia sombria e de vingança inteligente, provocativo, com uma performance surpreendentemente poderosa e profundamente em camadas de Carey Mulligan como Cassie, que exige justiça instantânea e vigilante sobre os arrepios predatórios.
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Lawrence da Arábia
4.2 417 Assista AgoraLawrence da Arábia
O mítico blockbuster de David Lean é um épico impressionante e um retrato sensível de uma das maiores lendas do século XX, "poeta, estudioso, guerreiro " T.E. Lawrence.
O triunfo de Lawrence seu apelo duradouro se resumem a uma combinação de aventura emocionante e exótica e uma história humana intensamente pessoal. A psique atormentada de Lawrence e a agitação político-cultural da época e do lugar são escolhidas contra um cenário espetacular, vasto e atemporal e absolutamente emocionante arte de ação
Dentro de seu primeiro grande papel, Peter O'Toole nunca foi melhor do que ele era como T.E. Lawrence. O'Toole interpreta um personagem como T.E. Lawrence com tanta humanidade, a fim de fazer a figura egoísta que ele era ainda mais fascinante. O'Toole joga tal emoção neste personagem e, portanto, ele forma o coração de Lawrence da Arábia, uma única performance que não pode ser encontrada em qualquer outro filme de tal maneira como esta
Momentos inspirados têm a sensação de histórias clássicas de filmes de aventura temperados com o corte de Lawrence soprando uma partida no Cairo para o deserto. A última batida de sua respiração torna-se um sussurro sobre o sol nascendo vermelho no Saara, o filme equilibrado em pureza antes do tema musical arrebatador.
A tomada referente ao reduto turco de Aqaba é realizada com despacho de tirar o fôlego, a maioria em um longo tiro panorâmico, bandeiras voando, cavalos e camelos chutando nuvens de areia, a cidade branca invadindo o mar de safira como um canhão silencioso.
Lawrence da Arábia é um filme que simplesmente não vai ficar menor com o tempo para ele é realmente alguns dos melhores exemplos de cinema que podem ser encontrados.
Minari - Em Busca da Felicidade
3.9 551 Assista AgoraMinari é um conto atemporal de uma família aprendendo a trabalhar em conjunto e a entender uns aos outros para superar as chances que os Estados Unidos empilharam contra eles. É um filme que mostra que não importa de onde viemos, nossas preocupações, desejos e sonhos são muito semelhantes.
Floresta de Sangue
3.2 55Floresta de Sangue
Somos apresentados a Mitsuko (Eri Kamataki) e Taeko (Kyoko Hinami), duas amigas que se conhecem desde o ensino médio. Ambas são ligadas uma experiência traumática no passado e conhecerão um grupo de garotos que querem fazer um filme. Por sua vez, eles também conhecerão Jo Murata (Kippei Shîna), um homem implacável que usa seu carisma para alcançar seus interesses.
A primeira parte da história em que os alunos do ensino médio vão para a escola é a mais divertida e interessante, até que um resultado fatídico ocorra no final. Depois disso, o filme se torna mais cômico, com um senso de humor muito peculiar, até que termina em um verdadeiro caos (em um bom sentido) cheio de violência e intriga com um belo toque de suspense.
Claro, se há uma coisa que se destaca acima de qualquer outra, que é a enorme performance de Kippei Shiina, dando vida a Joe Murata. Sua performance é tão excêntrica, tão viva e ao mesmo tempo tão real e divertida, que não se pode evitar se render a ela. O resto do elenco também cumpre seus personagens sem qualquer reprovação, especialmente Kyoko Hinami como Taeko, a adolescente rebelde que não para em nada.
A edição é frenética e viva, não para em nenhum momento, apesar do longo tempo de duração de 2 horas e meia. A trilha sonora também acompanha a história é excelente "A Floresta de Sangue" é, no final, um exercício complexo sobre como a vida pode nos mudar em um instante com quem interagimos. O que é mais surpreendente sobre o filme, além da performance de Kippei Shiina, é a habilidade que ele tem de estar dizendo algo de uma maneira divertida e colorida para de repente entrar em um caminho escuro e violento.
Cova Rasa
3.9 312Cova Rasa
David (Eccleston), Juliet (Fox) e Alex (MacGregor) são três Edimburgos caçando um quarto companheiro de apartamento, mesmo que qualquer pessoa racional os veja como o tipo de pessoas levemente detestável com quem você não gostaria de compartilhar espaço na geladeira. Eles eventualmente se acomodam no misterioso Hugo (Keith Allen), uma decisão que rapidamente acaba sendo um grande erro.
Este longa do diretor Danny Boyle, é um thriller mórbido e claustrofóbico ancorado em um auspicioso dilema moral. O Indivisível trio age com espontaneidade. O roteiro de John Hodge está pregando uma velha mensagem sobre os perigos da ganância. Mas ele trabalha variações extremamente engraçadas que Boyle mantém em constante rotação. Os atores têm uma bola perversa mostrando seus personagens se tornam raivosos. McGregor mostra sagacidade ácida. E Eccleston surpreende como um “rato” que transforma-se em um “ aracnídeo ”, cavando nas profundezas do sótão à espera de ameaças potenciais. A coisa toda é uma mistura hipnótica de alegria e malícia em uma verdadeira espiral descendente.
Contudo no terço final acredito que o filme perde um pouco a forma. Quase como se tivesse dificuldade em saber realmente para onde quer ir com a história uma vez que desenvolveu a paranoia completa de um dos personagens-chave e até leva a algumas escolhas estranhas dos outros colegas de casa também. Termina no que espera ser uma reviravolta inteligente, mas isso nunca realmente bate em você com o impacto de filmes muito melhores e suas "revelações finais".
O Som do Silêncio
4.1 986 Assista Agora"Sound of Metal" é um filme sobre uma alma inquieta forçada a encontrar paz. E é sobre apreciar o que damos como garantido. Como um ruído a que nos acostumamos e nos faz falta quando desaparece, ao terminar, Sound of Metal não deixará silêncio. Deixará vazio
Isto é Inglaterra
4.1 256Isto é a Inglaterra
This Is England, é um filme que volta o relógio por um quarto de século e olha para a lenta mudança de Shaun (Thomas Turgoose) um solitário garoto de 12 anos em Yorkshire cujo pai foi morto recentemente na guerra. Ele não tem amigos. Ele é intimidado na escola. E sua mãe, Cynthia (Jo Hartley), se preocupa com ele. Um dia, no caminho para casa da escola, Thomas encontra um grupo de skinheads mais velhos, liderados pelo afável Woody (Joseph Gilgun). Woody, simpático aos problemas de Shaun, "adota" o garoto na gangue. Shaun finalmente entende o que significa pertencer. Os skinheads podem ser raivosos, mas são essencialmente de boa índole.
Tudo muda quando a gangue é acompanhada pelo combo magnético (Stephen Graham). Direto da prisão, Combo não usa apenas o uniforme do skinhead, ele tem uma crença apaixonada na agenda política da Frente Nacional. Acreditando equivocadamente que está honrando seu pai, Shaun é atraído por Combo que se torna cada vez mais violento em suas ações racistas.
O diretor Shane Meadows tem a habilidade de trazer o melhor de seus artistas e This Is England não é exceção. Thomas Turgoose é um natural completo; surpreendentemente crível e cativante como Shaun, seus olhos seguem cada ação, seu rosto e ousadia refletindo habilmente a raiva interior que se alastra desde a morte de seu pai.
Stephen Graham é simplesmente hipnotizante como Combo e o poder do filme de Meadows reside no fato de que ele não é tratado como um monstro. Suas ações são terríveis e sua mera presença pode ser aterrorizante, mas Meadows também lhe permite algumas cenas poderosas que revelam as ansiedades interiores e a carência emocional do personagem. Ele é perturbadoramente humano em seus balanços irracionais da crueldade à vulnerabilidade.
Esta é a Inglaterra pode ser sobre as experiências de um menino e a rejeição final do racismo, mas também é um reflexo mais amplo de questões dentro de um país dividido pelo Thatcherismo e supostamente unido por trás da vitória nas Malvinas em 1982. Montagens de cobertura televisiva das Malvinas, tendências de moda e ícones da música pop pintam um quadro de um país que também enfrentava desemprego em massa, agitação social e uma sensação incerta do que a inglês significava em uma era de multiculturalismo.
Apesar de um final um pouco apressado, o filme faz um excelente trabalho não apenas ilustrando a facilidade com que o ódio pode ser fomentado nos jovens
A trilha sonora, imagens evocativas e mudanças sutis de humor entre amor e ódio, calor e medo combinam-se para fazer de This Is England um relatório verdadeiramente complexo e desafiador sobre o estado da nação.
Amor à Tarde
4.1 41 Assista AgoraAmor à Tarde (1972)
As pessoas se desenvolvem de maneiras inesperadas; eles não telegrafam suas intenções. Talvez a coisa mais interessante sobre os personagens de Rohmer é que eles parecem manter o livre arbítrio. "Amor à tarde", é na verdade sobre um flerte prolongado e existencial, e sobre a reafirmação de um amor original.
Frederick, um agradável, um executivo de negócios que habita um casamento da maior simplicidade e respeito mútuo. Ele e sua esposa, Helene, vivem como estudantes, não porque não podem pagar melhor, mas porque gostam da falta de desordem física e mental burguesa. É um daqueles casamentos que os forasteiros chamam de "perfeito".
Mas então Chloe se materializa, bem ali no meio da tarde de Frederick. Frederick é um homem que ama Paris, e que organizou sua agenda de trabalho para que ele tenha suas tardes livres para um sanduíche, e suas fantasias sobre as mulheres da cidade. Este desaparecimento perpétuo, este erotismo ainda em construção, é sua maior emoção. Ao redor de Frédéric, todas as mulheres são bonitas: desde aquela que o faz comprar uma camisa quando ele queria um suéter, até suas secretárias através de todas as que ele encontra no trem, nos cafés.
Chloe é uma dessas pessoas abençoadas com a habilidade de se insinuar em sua vida enquanto parece deixá-la. Ela forma um vínculo com Frederick durante um período em que (ele pensa) ela está apenas de passagem. Eles se encontram à tarde. Eles flertam, mas não muito. Ela é uma mulher simples e bonita que tem insegurança suficiente sobre si mesma para querer usar sua aparência para confirmar sua atratividade.
Esta descrição do filme pode fazê-lo soar inconsequente e sinuoso, O que torna o filme de Rohmer tão interessante e inteligente é a maneira como ele assiste seus personagens. Nada escapa dele, e ele usa o ângulo de um olhar, a inclinação de uma cabeça, o conjunto preciso de uma boca, a fim de criar personagens complexos.
O final de "Chloe na Tarde" lança uma bomba-relógio emocional que coloca o filme em um novo e mais profundo contexto. O diretor consegue efetivo ao evitar relações humanas simples e diretas.
O Bandido da Luz Vermelha
3.9 265 Assista AgoraO Bandido da Luz Vermelha
O Bandido da Luz Vermelha é uma sinfonia inoportuna visual e sonora de um domínio completo do caos. Nenhuma figura entendeu o Brasil como ator político emergente e como quintal cultural subserviente do que o marginal protagonista.
A farsa no roubo, nas joias de segunda linha que a classe burguesa ostentava em prédios seculares de São Paulo. A onipresença da herança do baronato empurra os pobres e as mulheres à Boca do Lixo.
Como palafitas e os pequenos casebres abrigam na região da Sé-Luz-Brás-República, os alienígenas sociais que Sganzerla transforma em um denso grito político. Não é só o cinema de guerrilha. A guerrilha é a intuição artística que o cineasta manipula a justapor fragmentos de um Brasil já fadado aos restos do mundo. A desesperança é uma ferramenta de poder.
Para alcançar essas sutilezas o diretor fez uso de uma locução da rádio algo que pra mim teve duplo efeito, o método de usar a locução serve para abarcar vários assuntos sociais mas ao fazer uso disto me incomodou demais a narrativa entrecortada, tinha a impressão que quando algum assunto interessante da narrativa do protagonista ia ser contada havia de repente um corte brusco que me tirava a atenção de algo que podia render muito.
A comédia que somatiza e funde ao cinismo adota um senso anárquico, propositalmente conduzido no olhar de Sganzerla para um vazio na sociedade brasileira. o cineasta, no argumento de O Bandido da Luz Vermelha, elenca referências que explicitam sua vontade com o cinema: a desconstrução do classismo; a política e o crime como vias de conduta morais inseparáveis.
Alemanha, Ano Zero
4.3 92Alemanha Ano Zero
A desolação humana — especialmente de crianças — está muito presente em "Alemanha Ano Zero", ela é apresentada de forma estranhamente passiva. O que pode ser uma história terrivelmente comovente a respeito de um garoto de 12 anos, cercado por parentes e associados em um estado mais miseravelmente degradado, torna-se, no acúmulo frio pela câmera de detalhes sórdidos, pouco mais do que uma apresentação literal (e deprimente) de um caso objetivo.
O garoto é certamente um exemplo trágico dos jovens inocentes da Europa cujas vidas foram rasgadas e desperdiçadas pelos pecados imperdoáveis de seus pais. E as circunstâncias difíceis em que ele é forçado a viver não são apenas chocantes de testemunhar. Rossellini não nos poupa, ele coloca Berlim do pós-guerra em jogo.
Nenhuma ironia da desolação do "império" de Hitler escapa de sua câmera. O fundo interminável de edifícios arruinados emoldura um primeiro plano de vidas marcadas e arruinadas. No entanto, esse manifesto de detalhes, este projeto de lei de detalhes, é colocado na tela como se sua exibição fosse tudo o que o diretor pretendia fazer. Habitações lotadas, pequenos roubos e vícios — estes formam o pano de fundo do jovem. E aqui está uma segunda razão possível para o vazio emocional da imagem: a natureza estéril e letárgica da maioria dos personagens nela.
Pode ser que "Alemanha Ano Zero" seja um documento social sem censura. Certamente seu brilho pictórico e seus detalhes sociais sugerem, uma verdadeira relíquia crível do desperdício incalculável da guerra. Mas o efeito soma da apresentação é uma sensação de desconforto e desespero sombrio
O Fantasma do Futuro
4.1 395 Assista Agora"Ghost in the Shell" não é em nenhum sentido um filme de animação para crianças. Repleta de sexo, violência e nudez (embora tudo bastante estilizado). O filme tem uma tendência, assim como muita ficção científica tradicional, para que seus personagens falem em conceitos e informações abstratas. Diálogo amostral: "Além de um leve aumento cerebral, seu corpo é quase inteiramente humano." Ou, "Se um cibernético pudesse criar seu próprio fantasma, qual seria o propósito de ser humano?". Todas as informações acumuladas em uma vida, aprendemos, é menos do que uma gota no oceano de informação, e talvez uma criatura que possa coletar mais informações e segurá-la por mais tempo é ... mais do que humano.
A personagem principal é uma mulher chamada Major Motoko Kusanagi, um ciborgue que comanda uma operação de inteligência. Sua unidade é designada para investigar um agente estrangeiro malvado que quer asilo político, mas logo o caso leva ao contato com o Mestre das Marionetes, o "criminoso cibernético mais temido de todos os tempos.'
O filme possuiu um visual noir muito forte, cada cena é repleta de detalhes e nuances. Uma camada mais profunda e você vê que cada cena, cada ponto de enredo, cria cenários onde algum enigma filosófico é apresentado. Uma das minhas cenas favoritas é a montagem do meio do filme com Kusanagi em um passeio de barco por um canal e assistindo a atividade ao seu redor. O detalhe aqui é incrível e faz tanto para criar uma sensação melancólica, vagamente opressiva para a cidade. As imagens da água são abundantes no filme.
A cena de abertura apresenta janelas que parecem ser um aquário gigante. Os créditos de abertura mostram a criação de um ciborgue com o corpo sendo criado enquanto imerso em fluido. As cenas seguintes apresentam chuvas, poças de lixamento, sem mencionar cenas que ocorrem em barcos. Como mencionei, cria uma sensação melancólica para o filme, mas também há uma ideia temática aqui. O termo "fluxo de informações" é usado várias vezes no filme. O movimento constante da água, e seu estado sempre presente tendem a refletir a ideia de informação ao nosso redor e fluindo entre nós.
O trabalho sonoro em Ghost in the Shell é sólido e imersivo também. A maior parte do que você ouve é o barulho padrão da cidade, a chuva e o zumbido dos computadores. As ações nos ramificam uma sólida variedade de sons para os tiros, explosões e combate mão-a-mão.
Estou Pensando em Acabar com Tudo
3.1 1,0K Assista AgoraÉ uma investigação enigmática da mente do homem-moderno, fascinante do início ao fim
Obs: Participo de um grupo de whatsapp que debate filmes e séries, caso queira participar é só me pedir o link por aqui
Cuidado Com Quem Chama
3.4 630Um filme razoável