[O dia em que o Cinema parecia mais o meu quarto.]
Nunca participei de uma sessão em que a platéia tenha entendido tão rapidamente a essência do que eles foram ver ali. Em vários momentos, até pensei que estava sozinho no meio de tanta gente. Ficar em silêncio não é uma opção. Somos totalmente inseridos na trama. Ficamos receosos de que até nós mesmos pudéssemos interferir nas cenas. O mínimo de ruído alternava entre um calafrio na dorsal ou um sopapo no coração. Uma experiência genuinamente horripilante. Um dos melhores presentes para fãs do gênero nesta última década. O resultado é inquietante, como nos velhos tempos de Ridley Scott. Não é algo novo, mas muito bem executado. A repercussão em cima dele é toda merecida. Faça como eu: não veja o trailer, não leia nenhum comentário e não dê nenhuma palavra durante a exibição do longa. (aproveite que, para a nossa felicidade, não entregaram nada pelo título, a tradução foi a do dicionário!)
* Achei que o Marcus (Noah Jupe), o filho medroso, ficou um pouco forçado no papel. Uma outra criança, com um pouquinho mais de talento, ficaria bem mais impactante. Assim ficou difícil fugir do clichê de que, no final, ele acabaria salvando a lavoura.
* Sinto muita falta das criaturas de verdade que eram bem freqüentes num passado não tão distante. Eu sou fã raiz de horror/suspense. O Chroma Key é uma mão na roda, mas muito “Sessão da Tarde” para o meu gosto. Antes era tudo bem pobrinho, mas a gosma que saía dava um medo arretado. Em algumas partes, não foi possível fugir do famigerado efeito especial nos bichos.
* Som, fotografia, direção, elenco excelente, atuações formidáveis (95% de acerto, por causa do pirraia que comentei lá em cima!)
* A atriz surda, a Regan (Millicent Simmonds) quase que rouba a cena (é bem provável que tenha conseguido!). Ela foi impecável. Trouxe ainda mais realismo para as cenas. Um feito impressionante considerando a segunda atuação na sua carreira.
* O que falar da Emily Blunt? Como o gênero não é dos meus preferidos, não a tinha percebido quando estourou em “O Diabo Veste Prada (2006)”. Ela me chamou a atenção mesmo em “Sicario (2015)”. De lá pra cá, ela não desaponta. Muito segura nas aparições, ela é uma das atuais promessas de Hollywood.
* A habilidade de uma pessoa que atua e dirige o seu projeto ao mesmo tempo é digna de aplausos. O pai da família, o Lee (John Krasinski), precisou de apenas 3 filmes para mostrar que a sua carreira como Diretor, definitivamente, tem futuro. O cara sabia tanto que estava fazendo uma obra espetacular que apenas um filme era muito pouco diante do que ele ainda teria para nos mostrar. A especulação que surgiu naquele final se concretizou recentemente na confirmação do presidente da Paramount Pictures, Jim Gianopoulos, de que uma seqüência virá por aí.
O tema de criaturas estranhas aterrorizando o planeta Terra é algo nem um pouco surpreendente se você vê filmes e é também do planeta Terra. A maneira como este terror nos foi entregue é que faz toda a diferença. Imaginamos mais ou menos o que está por vir, mas quando vem, empurra a gente na cadeira. O silêncio é magistralmente perturbador! A sala que exibiu a produção foi o lugar mais silencioso que já vi um filme até hoje. Deu até para escutar os tiros, porradas e bombas de “Vingadores: Guerra Infinita (2018)” que tava rolando do outro lado da parede.
[Tutorial de como se esfriar uma franquia altamente promissora]
Expectativa. Esse é o maior problema quando vemos uma sequência de uma obra interessante. Esperamos que, no mínimo, o mais novo trabalho esteja à altura do anterior. Infelizmente, este não foi o caso. A decepção é inevitável. Não espere aquele mistério instigante do primeiro filme que empolga a cada minuto. Neste, fica tudo muito na cara. Não entendo como isto pôde acontecer, pois a mesma receita do bolo que deu certo (o Jack Reacher/One Shot, de 2012) também estava nesta empreitada:
- Tom Cruise (dispensa comentários, né?) - Direção do Edward Zwick (o que esperar do cara que fez "O Último Samurai" e "Diamante de Sangue"?) - Algumas boas cenas de ação, coadjuvantes legais - É tudo baseado num outro livro do mesmo autor
* Jack Reacher continuou sendo o mesmo ator (depois que vi a infeliz mudança do Xander Cage e Jason Bourne, tudo é possível, né?). Só isso já salvou a película!
* O desenrolar desta trama segue na mesma velocidade da anterior, sem nenhuma pressa de jogar as conspirações e revelações que vão surgindo, embora o impacto esteja um pouco menor do que antes
* Apesar da boa sintonia com o Cruise em cena, achei que a Cobie Smulders se perdeu um pouco no papel. Não passou a firmeza militar de todas aquelas medalhas e condecorações no seu peito. Algumas discussões da Major Turner com o Reacher sobre as opiniões machistas dele foram muito clichês. Parecia briguinha de casal
* A entrada da sua filha na história, a Samantha (Danika Yarosh), apenas reforçou o drama existencial vivido pelo Reacher. Só fez baixar a sua guarda. Nada mais! Poderia ter sido melhor explorada. Preciso dizer o que acontece quando os caras malvados descobriram que ela existe?
* Algumas pontas soltas difíceis de explicar: Como é possível fugir de uma prisão de segurança máxima com tão pouco esforço? O que a filha do Reacher, que pareceu bem esperta em várias situações, esperava que acontecesse depois que ela usasse um cartão de crédito furtado? Uma menor de 15 anos desacompanhada da sua única representante legal (até então) consegue embarcar pela primeira vez num voo doméstico nos EUA assim tão fácil, como quem compra uma passagem de ônibus?
Resta agora torcer para que uma futura adaptação pro Cinema tenha um desfecho tão bom quanto àquele da estreia. Não é possível que de nenhum dos 20 livros que restaram não saia alguma coisa que nos faça “Never Go Back” e lembrar que existiu esse filme no meio.
[Nova franquia à vista! Uma grata surpresa para os fãs do gênero num mundo pós-Bourne]
Junte a direção do cara que escreveu uma das maiores reviravoltas já vista no cinema, a história de um dos 3 maiores escritores de suspenses policiais contemporâneos do momento, onde a obra que inspirou este filme já vendeu mais de 100 milhões de exemplares em todo o mundo; some a tudo isso as atuações de um Tom Cruise, Rosamund Pike, Jai Courtney e Robert Duvall. Alguma coisa legal tem que sair daí.
* Não sei até que ponto isto foi uma caracterização do personagem, mas esperava o Cruise um pouco mais solto durante as cenas de luta. (Depois de 1 John Anderton e 4 Ethans Hunts acredito que eu tenha ficado mal-acostumado!)
* Dada a sua importância para a trama, a participação do Cash (Robert Duvall) foi muito curta. Também achei que o The Zec (Werner Herzog) não nos deveria ter sido entregue daquela maneira, tão de repente. O arrepio quando o víssemos pela primeira vez teria sido bem maior. Um desperdício!
* O promotor do caso ganhou o prêmio framboesa do filme. O Rodin (Richard Jenkins) não convence ninguém. Muito previsível e totalmente dispensável.
* A interação entre Tom Cruise e a Rosamund Pike aconteceu naturalmente e na dose certa. Uma salva de palmas para a decisão de não forçar um romance entre eles. Ficou muito mais legal esse “quase” que a gente sente toda hora que eles se aproximam.
* Destaque para o ótimo detetive Emerson (David Oyelowo). Ele estava muito seguro nas suas cenas. Vale também ressaltar a escolha acertadíssima do Jai Courtney para fazer o atirador Charlie. Caiu como uma luva para ele. Este cara leva muito a sério o que faz. Nunca me decepciona. Deu um tom de frieza e maldade ideais para o personagem. Coadjuvantes de luxo!
* As perseguições ficaram um tanto reais. Todas com manobras muito bem executadas. É um dos melhores momentos do longa. Muito distante dos clichês que vemos por aí. Teve até carro que pegou novamente após uma batida e várias tentativas de ignição!
*A narrativa não tem nenhuma pressa em entregar as coisas. O quebra-cabeça vai se formando e o mistério só aumenta. Muito instigante!
Aqui temos mais uma película dos livros para a telona que foge do estigma de que estas adaptações têm tudo para dar errado. O conjunto da obra contribuiu bastante para o sucesso do filme. A direção não deixa a peteca cair desde o pontapé inicial. A cada minuto que passa, vamos puxando o fio do novelo que parece não ter fim. Em algumas cenas o silêncio é perturbador. Torcendo para que a inspiração do Lee Child não pare por aí. Um livro é muito pouco diante do que o Reacher tem a descobrir.
Uma das melhores dramatizações do horror da Guerra no Líbano. O canadense Denis Villeneuve está, definitivamente, mostrando a que veio.
Todas as escolhas do filme são acertadíssimas, a começar pelo nome. Assim como o título, ele queima, mas dentro da gente. Retrato cruel que somente uma guerra como essas pode nos dar. As idas e vindas no tempo contam, de forma magistral, as respostas por trás daquele testamento. É tudo muito real. A trama nos leva muito a sério, desde o início. As cenas nas próprias locações árabes são magníficas. A fotografia é brilhante. Trilha sonora marcante. Em algumas passagens, o silêncio é perturbador. Até o arrastar dos pés pelo deserto faz toda a diferença. A qualidade da película se mantém por todo o longa. O mistério salta por todos os lados. Tudo é relevante. Destaque para o surpreendente desfecho. Fica cravado por vários dias em nossas cabeças.
Premiado em diversos festivais de cinema, “Incendies” é mais um registro do quanto as guerras podem ser devastadoras. Um alerta para que a humanidade reveja todos os seus valores.
Começo misterioso. Desenrolar promissor. Conclusão decepcionante. Tudo neste thriller é entregue de bandeja. E ainda vem tudo mastigado. Nem a própria sinopse do FILMOW escapou. Diante de tantas abordagens já realizadas com este tema, quando começamos a ver, torcemos para estar diante de algo diferente... mero engano!
Até que deu para esquecer que estávamos diante da moça do “Diário de Bridget Jones”. A atuação da Emily (Renée Zellweger) ainda não é o responsável por este fracasso. O roteiro é o que nos desaponta, verdadeiramente. Crianças endemoniadas não é novidade já faz muito tempo. Ao contrário de “A órfã”, “Colheita Maldita”, “A Profecia”, “O iluminado”, “Poltergeist”, “O Exorcista”, entre outros; o problema deste aqui é que ele não nos leva a sério. Não é preciso mais do que 40 minutos de exibição para termos todas as cartas na mesa. Aí começa o festival de revelações da trama. Vemos uma mãe adotiva trancar a porta de seu próprio quarto, mal a garota chegou em sua casa. Na sequência, temos o Detetive Mike Barron (Ian McShane) suspeitando que a Lily (Jodelle Ferland) tenha alguma participação na morte dos pais do Diego (Alexander Conti). Na tomada seguinte, vem a confissão do Diego de que ele recebeu uma ligação de “um homem” antes de matar os Ramirez. A partir daí, quando vemos a Lily no escritório da Emily girando numa cadeira com um sorrisinho bem macabro, resta alguma dúvida para onde este filme vai?
Entretanto, algumas coisas foram bem aproveitadas. Os últimos pais da Lily foram bem convincentes. A menina dentro do fogão foi bem tenso. A arrepiante deformação no rosto da Lily quando queria seduzir suas vítimas e ao ser contrariada. Achei um grande desperdício usar um Bradley Cooper num papel tão medíocre, apesar da ótima cena em seu banheiro.
O prêmio de maior piada da película vai para o demônio que sai, num piscar de olhos, de dentro de uma casa em chamas todo penteado, mas não consegue escapar de um carro em alta velocidade, morrendo afogado logo em seguida, pois também não sabe nadar.
Curiosamente, a Renée Zellweger estrelaria apenas 1 produção nos 7 anos seguintes. Nada como um “O Bebê de Bridget Jones” a ser lançado em setembro de 2016 para dar um up na carreira novamente.
O diretor Robert Eggers não poderia ter estreado de forma melhor. Horror em sua mais pura forma. Aterrorizante!
Premiado em diversos festivais de cinema mundo afora, esta película assombrou por onde passou. O trailer é um dos mais perturbadores dos últimos tempos e, infelizmente, entrega algumas partes que eu, particularmente, desejaria ter visto primeiro na telona. Sugiro que, quem ainda tem a chance, não veja! (Um dia, eu acabo aprendendo e nunca mais vejo trailer algum...) Não pude me conter, tamanha foi a histeria em torno desta produção. O Deptº de Marketing nem precisou trabalhar muito em cima do fato de que estamos diante de uma obra baseada em documentos e relatos reais ocorridos há séculos atrás. O mínimo que sabemos da história é o suficiente para queremos ir além. A trama é instigadora. O mistério salta nos olhos. Há algo de errado naquela floresta. Entra pelas nossas veias. As locações e fotografias cinzentas só fazem aumentar a nossa angústia. "The VVitch" é ainda mais assustador na medida em que não há a personificação do inimigo. Há algo de ruim no ar. É sufocante do início ao fim. O slogan “O Mal Assume Muitas Formas” caiu como uma luva.
Ainda há muito o que se revelar sobre o lado oculto das coisas. Aceitar que o mal existe, já é um grande progresso. Não é uma questão de fé ou religião. Tem uma luta silenciosa acontecendo todos os dias, todas as horas, bem à nossa frente.
"... se você não conhece nem o inimigo nem a si mesmo, perderá todas as batalhas." Sun Tzu (544 a.C. - 496 a.C.) (A Arte da Guerra)
Ótima longa de estreia do americano James Ward Byrkit. Suspense Sci-Fi acima da média.
Gosto bastante quando uma ficção tem embasamento científico. Falo isso porque os seus roteiros são tradicionalmente suposições que vão além da nossa realidade. Em alguns casos, até difícil de aceitar. E quando é feito da maneira que foi neste, é uma forma bem interessante de aproximar o telespectador de toda a situação.
A direção não deixa o filme esfriar nem por um minuto. O mistério já começa bem ali, nos créditos iniciais. Os diálogos são muito reais. A sintonia entre os casais é imensa. Parecem amigos mesmo, muito além daquela produção. Destaque para as brilhantes técnicas de filmagem. Parece uma transmissão ao vivo. Quase como um vídeo feito pelo celular. Imagens trêmulas, ajustes de foco, longas cenas sem cortes; foi tudo muito bem arquitetado. Deram muito realismo à película.
Veja com a mente aberta. Não se preocupe caso sinta-se um pouco confuso. É um dos efeitos colaterais desta ótima surpresa do gênero em 2013.
Definitivamente, a parceria do George Miller com o George Ogilvie na direção desta infelicidade não foi uma boa ideia. Isso está mais para Indiana Jones do que Mad Max. Nada contra a obra-prima do Spielberg. É que aqui, a proposta era outra. Sai o apocalíptico, solitário e sombrio mundo do Max e entra um espetáculo circense.
Começamos com uma Tina Turner (que, por incrível que pareça, está ótima no longa!) liderando a minicidade da história, mas que, na verdade, não manda em coisa alguma. Continuando, temos a única cena em que a Cúpula do Trovão aparece e, ainda não sei porque, dá nome ao filme. Logo em seguida, temos o maior enxerto de linguiça de todo o filme. As cenas mais desnecessárias de toda a trilogia: a entrada dos “Goonies” (que, curiosamente, também é de 1985). É incrível como durante a cena onde a Savannah Nix (Helen Buday) explica a origem da lenda de seu povoado, é notório como nem mesmo o próprio Mel Gibson parece acreditar naquela baboseira toda. Em alguns momentos, até pensamos estar vendo uma comédia. Uma total perda de tempo. E, após seguirem rumo à Barter Town, temos que engolir que o Max, juntamente com aqueles pirralhas, iriam conseguir se dar bem contra uma galera tão hostil como aquela. E aí, lá pelo final, vemos finalmente o Mad Max ser Mad Max. Temos a excelente perseguição na trilha de um trem. Ficou até parecendo que o George Miller estava fora durante todo o filme e tivesse acabado de chegar. Logo depois, caro amigo, é tiro, porrada e bomba com muita maestria.
E, para fechar o desastre com chave de ouro, temos a cena da morte do sósia do Alexandre Porpetone (o Cabrito Tévez do “A Praça É Nossa”), que no filme é o Angry Anderson (Ironbar). Incrivelmente, ele dura até se acabar com aquela máscara nas costas e, no seu último suspiro, ainda dá uma dedada para todos nós. Era exatamente o que eu queria dizer a eles!
Por todos esses motivos aí em cima, recomendo pular do “Mad Max 2: The Road Warrior” e ir direto para o excelente “Fury Road”. Não vai sentir nenhuma falta. Caso contrário, vai ter raiva!
Ótima sequência que nos prepara para o que o Max viria a se tornar num futuro próximo. Mostra um mundo mais sombrio. Um verdadeiro deserto de esperanças. A luta pela sobrevivência está por toda a parte.
Adorei os créditos iniciais com aquela voz do além fazendo um resumo de tudo o que já aconteceu. Bem adequado para a situação. Deu um tom bem sério para as coisas que estavam acontecendo. Muito boa todas as atuações, inclusive de alguns coadjuvantes. A química do Max com o Bruce Spence (The Gyro Captain) é imediata. O cachorro foi impecável. Brilhante participação do Emil Minty (o garoto do bumerangue). Às vezes, até pensava que ele era um bicho mesmo! Minha reverência para o sempre bom Vernon Wells (Wez) que em vários momentos parecia até mesmo o líder dos forasteiros. Sempre assustador e asqueroso em cena.
O melhor James Bond de todos os tempos não poderia ter escolhido pior momento para encerrar a sua participação na franquia dos 007.
Este episódio só não consegue ser mais catastrófico que o horrível “Quantum of Solace”. Mas, chegou perto! Depois da perfeição na estreia em “Casino Royale” e do excelente “Skyfall”, temos que se contentar com esse melancólico encerramento, uma verdadeira decepção. Tudo ficou muito a desejar, levando em consideração a expectativa em torno da organização ultrassecreta denominada “Spectre”. Muito barulho para nada. À medida que vamos descobrindo sobre ela, cada vez mais procuramos o que a torna tão misteriosa. Nada demais. Um desastre que Sam Mendes não conseguiu evitar, onde se saiu muito bem no trabalho anterior “Skyfall”. Ele conseguiu tirar toda a magia e essência do 00 britânico mais famoso do cinema e transformou tudo em tiros, porradas e bombas. E quando tudo está perdido, nem mesmo os vilões se salvam. O Christoph Waltz (Blofeld) seguiu a cartilha do diretor corretamente e fez um dos mais fracos inimigos que o James já enfrentou. Não assusta nem uma criança. Por um momento, quase pensamos que o perverso Dave Bautista (Hinx) vai roubar o seu papel com toda a sua truculência e ótimas cenas de ação. Destaque, (pelo menos isso!), para a excelente sequência inicial de tirar o fôlego na Festa mexicana do “Dia dos Mortos”.
Uma pena que o 007 mais elogiado pelos antológicos Sean Connery e Roger Moore, tenha feito uma despedida tão abaixo do que ele merecia. O Daniel mostrou um lado diferente do espião inglês. Aclamado pela crítica, revelou o quanto ser humano o agente pode ser. Ele se apaixona, se decepciona, chora... Tornou o personagem bem mais próximo de uma realidade. A nossa empatia é instantânea. Acabou com o estigma do galã cínico, paquerador, tomador de Dry Martini e com terno impecável; mesmo após uma perseguição dos infernos. Nos restou agora, torcer que o Tom Hardy tenha final mais feliz, porque este do Craig, eu preferia que nunca tivesse existido.
O Jaume Balagueró é o cara por trás da excelente franquia de terror [Rec]. E, não satisfeito, queria explorar outras tramas igualmente bizarras.
Suspense psicológico de dar nos nervos. É assustador como situações cotidianas podem esconder algo que nunca imaginaríamos. O seu ritmo lento é todo pensado, tudo muito bem calculado, sufocantemente articulado. A trama é massacrante. Vamos entrando por caminhos mais obscuros e a tensão só faz aumentar. Foco nos detalhes e o seu final será ainda mais surpreendente. Ótima escolha do Luis Tosar (César). A sua aparência e atuação trazem tudo o que este personagem precisaria.
Ótimo trabalho do espanhol especialista na arte do terror/suspense. Virei fã dele desde seu ótimo longa de estreia em “Los sin nombre”. Vale a pena, inclusive, conferir toda a sua obra. Ótimos enredos, todos com proporções inesperadas.
Um cara que produziu coisas como Tropa de Elite não pode decepcionar quando estreia o seu primeiro longa como diretor.
Marcos Prado joga na cara de todos como as drogas estão bem ali na nossa frente e podem afetar a vida de qualquer um, em qualquer faixa etária ou classe social. Mostra o que todos já sabemos, mas com uma abordagem moderna, bem condizente com os dias atuais. Sugere que temos opções na vida e que para onde vamos só depende de nossas escolhas. O roteiro brinca com o tempo, fazendo paralelos do que aconteceu, mistura com o presente e nos prepara para o futuro surpreendente. As locações foram perfeitas para o tema. Ótima fotografia. Destaque para as atuações da Nathalia Dill e Lívia de Bueno. As duas funcionaram muito bem e se entregaram bastante.
Ótima história que revela o poder devastador das drogas no ser humano. Mais um alerta contra este inimigo cada vez mais sedutor.
Acredito que nem mesmo o próprio diretor imaginava o quanto ele iria fazer algo tão marcante. Só percebemos o tamanho daquilo que ele produziu quando vemos as dúzias de filmes que apareceram logo depois. O contexto vivido pelo Mad Max serviu como base para muitas outras produções. O tema do apocalipse virou rotina nas telonas e começaram muitas especulações sobre como seria a decadência da humanidade no cenário capitalista da época.
Considerando um orçamento das bandas de 1979, esse cara tirou leite de pedra. É tudo muito realista. Cenários desolados. A anarquia passa pelas veias. Descontrole total. Várias cenas são bem perturbadoras, algumas até se tornaram clássicas. As perseguições são algo a parte. Não dá tempo nem de respirar. O Toecutter, vivido pelo brilhante Hugh Keays-Byrne, dá arrepios. O líder da gangue rouba a atenção sempre que aparece. Personagem inesquecível. Já o Max caiu como uma luva para Mel Gibson. Deu ótimo tom dramático sem perder a firmeza nos momentos de tensão. Já dava sinais do que poderíamos esperar dessa brilhante promessa cinematográfica.
Indicação obrigatória para os fãs do gênero pós-apocalíptico, assim como “Eu sou a Lenda”, “O livro de Eli”, “The Walking Dead” entre outros. A forma como o fim do mundo foi tratada aqui é muito possível diante dos acontecimentos atuais. Ninguém havia chegado tão perto e com tanta qualidade. Parabéns para George Miller. Nada mal para uma estreia! Ideias de quase 40 anos atrás que nos influenciam até hoje...
Quando dois franceses se juntam para escrever e dirigir um terror não-convencional, esteja preparado para tudo, inclusive, bons filmes.
Apesar do tema central não ser mais novidade para os fãs do gênero, a forma como é entregue é que faz toda a diferença. É um nó em nossas cabeças. O roteiro é intrigante e os cenários macabros nos deixam bem desconfortáveis. E quando pensamos que está ruim, a coisa está apenas começando. Impressionante como situações tão comuns conseguem produzir momentos tão angustiantes. Este efeito toma conta da gente de uma maneira que até nos diálogos engraçados ficamos ainda de boca aberta com tudo o que está acontecendo. Destaque para o ótimo trabalho dos atores envolvidos. Souberam dar o tom necessário para cada personagem sem deixar caricato.
Pitadas de humor bem encaixadas. Sangue na dose certa. Clima perturbador. Trama bem amarrada. Desfechos inesperados. Mais uma vez, o cinema europeu mostrando a Hollywood como se faz.
O filme perde uma ótima chance de explorar um dos temas mais discutidos pelas ficções-pós-fim-do-mundo. Na medida em que se esforça nas cenas de ação e efeitos especiais perde o prumo na hora em que vamos recebendo o roteiro. O mundo em Elysium foi mostrado de maneira muito superficial. Faltou substância. Não dá tempo de desenvolvermos uma apatia ou mesmo afinidade por ninguém de lá.
Com o passar do tempo, vamos percebendo que tudo não passa de politicagem e críticas sociais. Nada mais!
Destaque para o ótimo trabalho do Wagner Moura, que logo após, bota um pé no mercado internacional. Alice Braga ligou o piloto automático. Indicado para quem gosta do espaço, apocalipse, tiros e bombas.
Ótimo filme para comprovar que a América Latina/Europa está salvando o gênero e nem tudo está perdido no mundo cinematográfico do Suspense/Mistério. Esqueça finais hollywoodianos onde tudo se encaixa e o bem vence o mal, blá blá blá... A trama vai nos sufocando aos poucos para caminhos improváveis. Entre no universo intrigante que o diretor colombiano Andrés Baiz nos convida e se surpreenda com este excelente thriller. Recomendo!
Seguem abaixo alguns de meus comentários positivos e negativos sobre o filme:
* Maneira magistral com a qual o Diretor nos entrega o primeiro ato (onde mostra a fossa que o Adrián se meteu e posterior superação), entra num segundo (onde volta no tempo para explicar os motivos do sumiço de sua esposa) e o finaliza num terceiro (onde, como um mestre da arte do cinema, une o passado e presente na chocante revelação de que a Belén continua viva, ali, bem perto dos nossos olhos!).
* A trilha sonora com as orquestras dá o tom adequado ao filme, acompanha o emocional das cenas e personagens, sempre aparecendo nos momentos certos.
* Abusa das reviravoltas que se desenrolam como um pergaminho que vamos entendendo o conteúdo aos poucos.
* A casa utilizada foi uma ótima escolha como locação para a história. Arquitetura deslumbrante com toques macabros pelos cantos.
* O filme caminha pelo suspense, trata de alguns dramas e até ousa alguns momentos próprios do terror.
* Como já de costume, o filme ganhou uma tradução para o Brasil com o pior spoiler possível: "O Quarto Secreto". Ok, Herbert Richers... Eu preferia saber que a história gira em torno disso DURANTE o filme! Ainda bem que todas as minhas bugigangas tecnológicas (smartphone/notebook/tablet) são configuradas para o Inglês, ou seja, pérolas como esta destes tradutores-sem-noção não me afetam :P
* Parece que algumas produtoras fazem força para espalhar spoilers. O próprio pôster de divulgação do filme é desempolgante. Todo ser humano que se preze vai procurar inconscientemente por aquela cena durante todo o espetáculo. A foto nos mostra nitidamente uma mulher de cabelo assanhado, isolada num ambiente hostil e com a sua imagem refletida através de um vidro. Para aqueles que já sabem da história, isto soa familiar, não?
* E para ficar ainda mais indignado, acharam pouco e colocaram como slogan a seguinte frase: "Hay puertas que nunca deberían abrirse", ou seja, "Há portas que nunca deveríam ser abertas." Era melhor dizer logo que a Belén estava viva, entrou onde não devia e agora não consegue sair mais!
* Uma cena totalmente desnecessária acontece aos 29 minutos da película; onde, ao meu ver, estraga bastante as surpresas do roteiro. É um pouco antes de sabermos o que levou ao desaparecimento da esposa. O Adrián e a Fabiana estão no toalete e ao entramos no espelho, vemos uma Belén muito raivosa do outro lado. Uma pena... :( Mais uma vez o filme insiste em antecipar os fatos e praticamente diz a todos que ela está ali mesmo, bem na cara da gente.
* Mesmo gostando de finais não-convencionais, acredito que este poderia ter sido bem mais explorado. Algumas lacunas que encontrei: A casa foi vendida mesmo e o Adrián teve que ir embora? A descoberta daquela chave e a foto do casal colada no espelho (que é somente a porta do calabouço!) não despertou nenhum interesse no Adrián em procurar alguma coisa? Neste caso, a Fabiana teve o fim que todos imaginamos mesmo?
Pois é, pessoal... Não tive como evitar... Quando vi aquele LA VERITÀ NASCOSTA dentro da pia logo no começo, eu sabia que a treta era ali no banheiro...
Um Lugar Silencioso
4.0 3,0K Assista Agora[O dia em que o Cinema parecia mais o meu quarto.]
Nunca participei de uma sessão em que a platéia tenha entendido tão rapidamente a essência do que eles foram ver ali. Em vários momentos, até pensei que estava sozinho no meio de tanta gente. Ficar em silêncio não é uma opção. Somos totalmente inseridos na trama. Ficamos receosos de que até nós mesmos pudéssemos interferir nas cenas. O mínimo de ruído alternava entre um calafrio na dorsal ou um sopapo no coração. Uma experiência genuinamente horripilante. Um dos melhores presentes para fãs do gênero nesta última década. O resultado é inquietante, como nos velhos tempos de Ridley Scott. Não é algo novo, mas muito bem executado. A repercussão em cima dele é toda merecida. Faça como eu: não veja o trailer, não leia nenhum comentário e não dê nenhuma palavra durante a exibição do longa. (aproveite que, para a nossa felicidade, não entregaram nada pelo título, a tradução foi a do dicionário!)
Pontos fracos do filme:
* Achei que o Marcus (Noah Jupe), o filho medroso, ficou um pouco forçado no papel. Uma outra criança, com um pouquinho mais de talento, ficaria bem mais impactante. Assim ficou difícil fugir do clichê de que, no final, ele acabaria salvando a lavoura.
* Sinto muita falta das criaturas de verdade que eram bem freqüentes num passado não tão distante. Eu sou fã raiz de horror/suspense. O Chroma Key é uma mão na roda, mas muito “Sessão da Tarde” para o meu gosto. Antes era tudo bem pobrinho, mas a gosma que saía dava um medo arretado. Em algumas partes, não foi possível fugir do famigerado efeito especial nos bichos.
Pontos fortes do filme:
* Som, fotografia, direção, elenco excelente, atuações formidáveis (95% de acerto, por causa do pirraia que comentei lá em cima!)
* A atriz surda, a Regan (Millicent Simmonds) quase que rouba a cena (é bem provável que tenha conseguido!). Ela foi impecável. Trouxe ainda mais realismo para as cenas. Um feito impressionante considerando a segunda atuação na sua carreira.
* O que falar da Emily Blunt? Como o gênero não é dos meus preferidos, não a tinha percebido quando estourou em “O Diabo Veste Prada (2006)”. Ela me chamou a atenção mesmo em “Sicario (2015)”. De lá pra cá, ela não desaponta. Muito segura nas aparições, ela é uma das atuais promessas de Hollywood.
* A habilidade de uma pessoa que atua e dirige o seu projeto ao mesmo tempo é digna de aplausos. O pai da família, o Lee (John Krasinski), precisou de apenas 3 filmes para mostrar que a sua carreira como Diretor, definitivamente, tem futuro. O cara sabia tanto que estava fazendo uma obra espetacular que apenas um filme era muito pouco diante do que ele ainda teria para nos mostrar. A especulação que surgiu naquele final se concretizou recentemente na confirmação do presidente da Paramount Pictures, Jim Gianopoulos, de que uma seqüência virá por aí.
O tema de criaturas estranhas aterrorizando o planeta Terra é algo nem um pouco surpreendente se você vê filmes e é também do planeta Terra. A maneira como este terror nos foi entregue é que faz toda a diferença. Imaginamos mais ou menos o que está por vir, mas quando vem, empurra a gente na cadeira. O silêncio é magistralmente perturbador! A sala que exibiu a produção foi o lugar mais silencioso que já vi um filme até hoje. Deu até para escutar os tiros, porradas e bombas de “Vingadores: Guerra Infinita (2018)” que tava rolando do outro lado da parede.
Jack Reacher: Sem Retorno
3.1 329 Assista Agora[Tutorial de como se esfriar uma franquia altamente promissora]
Expectativa. Esse é o maior problema quando vemos uma sequência de uma obra interessante. Esperamos que, no mínimo, o mais novo trabalho esteja à altura do anterior. Infelizmente, este não foi o caso. A decepção é inevitável. Não espere aquele mistério instigante do primeiro filme que empolga a cada minuto. Neste, fica tudo muito na cara. Não entendo como isto pôde acontecer, pois a mesma receita do bolo que deu certo (o Jack Reacher/One Shot, de 2012) também estava nesta empreitada:
- Tom Cruise (dispensa comentários, né?)
- Direção do Edward Zwick (o que esperar do cara que fez "O Último Samurai" e "Diamante de Sangue"?)
- Algumas boas cenas de ação, coadjuvantes legais
- É tudo baseado num outro livro do mesmo autor
Pontos fortes do filme:
* Jack Reacher continuou sendo o mesmo ator (depois que vi a infeliz mudança do Xander Cage e Jason Bourne, tudo é possível, né?). Só isso já salvou a película!
* O desenrolar desta trama segue na mesma velocidade da anterior, sem nenhuma pressa de jogar as conspirações e revelações que vão surgindo, embora o impacto esteja um pouco menor do que antes
Pontos fracos do filme:
* Apesar da boa sintonia com o Cruise em cena, achei que a Cobie Smulders se perdeu um pouco no papel. Não passou a firmeza militar de todas aquelas medalhas e condecorações no seu peito. Algumas discussões da Major Turner com o Reacher sobre as opiniões machistas dele foram muito clichês. Parecia briguinha de casal
* A entrada da sua filha na história, a Samantha (Danika Yarosh), apenas reforçou o drama existencial vivido pelo Reacher. Só fez baixar a sua guarda. Nada mais! Poderia ter sido melhor explorada. Preciso dizer o que acontece quando os caras malvados descobriram que ela existe?
* Algumas pontas soltas difíceis de explicar: Como é possível fugir de uma prisão de segurança máxima com tão pouco esforço? O que a filha do Reacher, que pareceu bem esperta em várias situações, esperava que acontecesse depois que ela usasse um cartão de crédito furtado? Uma menor de 15 anos desacompanhada da sua única representante legal (até então) consegue embarcar pela primeira vez num voo doméstico nos EUA assim tão fácil, como quem compra uma passagem de ônibus?
Resta agora torcer para que uma futura adaptação pro Cinema tenha um desfecho tão bom quanto àquele da estreia. Não é possível que de nenhum dos 20 livros que restaram não saia alguma coisa que nos faça “Never Go Back” e lembrar que existiu esse filme no meio.
Jack Reacher: O Último Tiro
3.4 892 Assista Agora[Nova franquia à vista! Uma grata surpresa para os fãs do gênero num mundo pós-Bourne]
Junte a direção do cara que escreveu uma das maiores reviravoltas já vista no cinema, a história de um dos 3 maiores escritores de suspenses policiais contemporâneos do momento, onde a obra que inspirou este filme já vendeu mais de 100 milhões de exemplares em todo o mundo; some a tudo isso as atuações de um Tom Cruise, Rosamund Pike, Jai Courtney e Robert Duvall. Alguma coisa legal tem que sair daí.
Pontos fracos do filme:
* Não sei até que ponto isto foi uma caracterização do personagem, mas esperava o Cruise um pouco mais solto durante as cenas de luta. (Depois de 1 John Anderton e 4 Ethans Hunts acredito que eu tenha ficado mal-acostumado!)
* Dada a sua importância para a trama, a participação do Cash (Robert Duvall) foi muito curta. Também achei que o The Zec (Werner Herzog) não nos deveria ter sido entregue daquela maneira, tão de repente. O arrepio quando o víssemos pela primeira vez teria sido bem maior. Um desperdício!
* O promotor do caso ganhou o prêmio framboesa do filme. O Rodin (Richard Jenkins) não convence ninguém. Muito previsível e totalmente dispensável.
Pontos fortes do filme:
* A interação entre Tom Cruise e a Rosamund Pike aconteceu naturalmente e na dose certa. Uma salva de palmas para a decisão de não forçar um romance entre eles. Ficou muito mais legal esse “quase” que a gente sente toda hora que eles se aproximam.
* Destaque para o ótimo detetive Emerson (David Oyelowo). Ele estava muito seguro nas suas cenas. Vale também ressaltar a escolha acertadíssima do Jai Courtney para fazer o atirador Charlie. Caiu como uma luva para ele. Este cara leva muito a sério o que faz. Nunca me decepciona. Deu um tom de frieza e maldade ideais para o personagem. Coadjuvantes de luxo!
* As perseguições ficaram um tanto reais. Todas com manobras muito bem executadas. É um dos melhores momentos do longa. Muito distante dos clichês que vemos por aí. Teve até carro que pegou novamente após uma batida e várias tentativas de ignição!
*A narrativa não tem nenhuma pressa em entregar as coisas. O quebra-cabeça vai se formando e o mistério só aumenta. Muito instigante!
Aqui temos mais uma película dos livros para a telona que foge do estigma de que estas adaptações têm tudo para dar errado. O conjunto da obra contribuiu bastante para o sucesso do filme. A direção não deixa a peteca cair desde o pontapé inicial. A cada minuto que passa, vamos puxando o fio do novelo que parece não ter fim. Em algumas cenas o silêncio é perturbador. Torcendo para que a inspiração do Lee Child não pare por aí. Um livro é muito pouco diante do que o Reacher tem a descobrir.
Incêndios
4.5 1,9KUma das melhores dramatizações do horror da Guerra no Líbano. O canadense Denis Villeneuve está, definitivamente, mostrando a que veio.
Todas as escolhas do filme são acertadíssimas, a começar pelo nome. Assim como o título, ele queima, mas dentro da gente. Retrato cruel que somente uma guerra como essas pode nos dar. As idas e vindas no tempo contam, de forma magistral, as respostas por trás daquele testamento. É tudo muito real. A trama nos leva muito a sério, desde o início. As cenas nas próprias locações árabes são magníficas. A fotografia é brilhante. Trilha sonora marcante. Em algumas passagens, o silêncio é perturbador. Até o arrastar dos pés pelo deserto faz toda a diferença. A qualidade da película se mantém por todo o longa. O mistério salta por todos os lados. Tudo é relevante. Destaque para o surpreendente desfecho. Fica cravado por vários dias em nossas cabeças.
Premiado em diversos festivais de cinema, “Incendies” é mais um registro do quanto as guerras podem ser devastadoras. Um alerta para que a humanidade reveja todos os seus valores.
Eclesiastes 6
Antigo Testamento
“¹Há um mal que vi debaixo do sol e que pesa sobre os homens.”
Caso 39
3.1 1,9K Assista AgoraComeço misterioso. Desenrolar promissor. Conclusão decepcionante. Tudo neste thriller é entregue de bandeja. E ainda vem tudo mastigado. Nem a própria sinopse do FILMOW escapou. Diante de tantas abordagens já realizadas com este tema, quando começamos a ver, torcemos para estar diante de algo diferente... mero engano!
Até que deu para esquecer que estávamos diante da moça do “Diário de Bridget Jones”. A atuação da Emily (Renée Zellweger) ainda não é o responsável por este fracasso. O roteiro é o que nos desaponta, verdadeiramente. Crianças endemoniadas não é novidade já faz muito tempo. Ao contrário de “A órfã”, “Colheita Maldita”, “A Profecia”, “O iluminado”, “Poltergeist”, “O Exorcista”, entre outros; o problema deste aqui é que ele não nos leva a sério. Não é preciso mais do que 40 minutos de exibição para termos todas as cartas na mesa. Aí começa o festival de revelações da trama. Vemos uma mãe adotiva trancar a porta de seu próprio quarto, mal a garota chegou em sua casa. Na sequência, temos o Detetive Mike Barron (Ian McShane) suspeitando que a Lily (Jodelle Ferland) tenha alguma participação na morte dos pais do Diego (Alexander Conti). Na tomada seguinte, vem a confissão do Diego de que ele recebeu uma ligação de “um homem” antes de matar os Ramirez. A partir daí, quando vemos a Lily no escritório da Emily girando numa cadeira com um sorrisinho bem macabro, resta alguma dúvida para onde este filme vai?
Entretanto, algumas coisas foram bem aproveitadas. Os últimos pais da Lily foram bem convincentes. A menina dentro do fogão foi bem tenso. A arrepiante deformação no rosto da Lily quando queria seduzir suas vítimas e ao ser contrariada. Achei um grande desperdício usar um Bradley Cooper num papel tão medíocre, apesar da ótima cena em seu banheiro.
O prêmio de maior piada da película vai para o demônio que sai, num piscar de olhos, de dentro de uma casa em chamas todo penteado, mas não consegue escapar de um carro em alta velocidade, morrendo afogado logo em seguida, pois também não sabe nadar.
Curiosamente, a Renée Zellweger estrelaria apenas 1 produção nos 7 anos seguintes. Nada como um “O Bebê de Bridget Jones” a ser lançado em setembro de 2016 para dar um up na carreira novamente.
A Bruxa
3.6 3,4K Assista AgoraO diretor Robert Eggers não poderia ter estreado de forma melhor. Horror em sua mais pura forma. Aterrorizante!
Premiado em diversos festivais de cinema mundo afora, esta película assombrou por onde passou. O trailer é um dos mais perturbadores dos últimos tempos e, infelizmente, entrega algumas partes que eu, particularmente, desejaria ter visto primeiro na telona. Sugiro que, quem ainda tem a chance, não veja! (Um dia, eu acabo aprendendo e nunca mais vejo trailer algum...) Não pude me conter, tamanha foi a histeria em torno desta produção. O Deptº de Marketing nem precisou trabalhar muito em cima do fato de que estamos diante de uma obra baseada em documentos e relatos reais ocorridos há séculos atrás. O mínimo que sabemos da história é o suficiente para queremos ir além. A trama é instigadora. O mistério salta nos olhos. Há algo de errado naquela floresta. Entra pelas nossas veias. As locações e fotografias cinzentas só fazem aumentar a nossa angústia. "The VVitch" é ainda mais assustador na medida em que não há a personificação do inimigo. Há algo de ruim no ar. É sufocante do início ao fim. O slogan “O Mal Assume Muitas Formas” caiu como uma luva.
Ainda há muito o que se revelar sobre o lado oculto das coisas. Aceitar que o mal existe, já é um grande progresso. Não é uma questão de fé ou religião. Tem uma luta silenciosa acontecendo todos os dias, todas as horas, bem à nossa frente.
"... se você não conhece nem o inimigo nem a si mesmo, perderá todas as batalhas."
Sun Tzu (544 a.C. - 496 a.C.)
(A Arte da Guerra)
Coerência
4.0 1,3K Assista AgoraÓtima longa de estreia do americano James Ward Byrkit. Suspense Sci-Fi acima da média.
Gosto bastante quando uma ficção tem embasamento científico. Falo isso porque os seus roteiros são tradicionalmente suposições que vão além da nossa realidade. Em alguns casos, até difícil de aceitar. E quando é feito da maneira que foi neste, é uma forma bem interessante de aproximar o telespectador de toda a situação.
A direção não deixa o filme esfriar nem por um minuto. O mistério já começa bem ali, nos créditos iniciais. Os diálogos são muito reais. A sintonia entre os casais é imensa. Parecem amigos mesmo, muito além daquela produção. Destaque para as brilhantes técnicas de filmagem. Parece uma transmissão ao vivo. Quase como um vídeo feito pelo celular. Imagens trêmulas, ajustes de foco, longas cenas sem cortes; foi tudo muito bem arquitetado. Deram muito realismo à película.
Veja com a mente aberta. Não se preocupe caso sinta-se um pouco confuso. É um dos efeitos colaterais desta ótima surpresa do gênero em 2013.
Mad Max 3: Além da Cúpula do Trovão
3.4 485 Assista AgoraAula de como se estragar uma franquia de sucesso.
Definitivamente, a parceria do George Miller com o George Ogilvie na direção desta infelicidade não foi uma boa ideia. Isso está mais para Indiana Jones do que Mad Max. Nada contra a obra-prima do Spielberg. É que aqui, a proposta era outra. Sai o apocalíptico, solitário e sombrio mundo do Max e entra um espetáculo circense.
Começamos com uma Tina Turner (que, por incrível que pareça, está ótima no longa!) liderando a minicidade da história, mas que, na verdade, não manda em coisa alguma. Continuando, temos a única cena em que a Cúpula do Trovão aparece e, ainda não sei porque, dá nome ao filme. Logo em seguida, temos o maior enxerto de linguiça de todo o filme. As cenas mais desnecessárias de toda a trilogia: a entrada dos “Goonies” (que, curiosamente, também é de 1985). É incrível como durante a cena onde a Savannah Nix (Helen Buday) explica a origem da lenda de seu povoado, é notório como nem mesmo o próprio Mel Gibson parece acreditar naquela baboseira toda. Em alguns momentos, até pensamos estar vendo uma comédia. Uma total perda de tempo. E, após seguirem rumo à Barter Town, temos que engolir que o Max, juntamente com aqueles pirralhas, iriam conseguir se dar bem contra uma galera tão hostil como aquela. E aí, lá pelo final, vemos finalmente o Mad Max ser Mad Max. Temos a excelente perseguição na trilha de um trem. Ficou até parecendo que o George Miller estava fora durante todo o filme e tivesse acabado de chegar. Logo depois, caro amigo, é tiro, porrada e bomba com muita maestria.
E, para fechar o desastre com chave de ouro, temos a cena da morte do sósia do Alexandre Porpetone (o Cabrito Tévez do “A Praça É Nossa”), que no filme é o Angry Anderson (Ironbar). Incrivelmente, ele dura até se acabar com aquela máscara nas costas e, no seu último suspiro, ainda dá uma dedada para todos nós. Era exatamente o que eu queria dizer a eles!
Por todos esses motivos aí em cima, recomendo pular do “Mad Max 2: The Road Warrior” e ir direto para o excelente “Fury Road”. Não vai sentir nenhuma falta. Caso contrário, vai ter raiva!
Mad Max 2: A Caçada Continua
3.8 476 Assista AgoraÓtima sequência que nos prepara para o que o Max viria a se tornar num futuro próximo. Mostra um mundo mais sombrio. Um verdadeiro deserto de esperanças. A luta pela sobrevivência está por toda a parte.
Adorei os créditos iniciais com aquela voz do além fazendo um resumo de tudo o que já aconteceu. Bem adequado para a situação. Deu um tom bem sério para as coisas que estavam acontecendo. Muito boa todas as atuações, inclusive de alguns coadjuvantes. A química do Max com o Bruce Spence (The Gyro Captain) é imediata. O cachorro foi impecável. Brilhante participação do Emil Minty (o garoto do bumerangue). Às vezes, até pensava que ele era um bicho mesmo! Minha reverência para o sempre bom Vernon Wells (Wez) que em vários momentos parecia até mesmo o líder dos forasteiros. Sempre assustador e asqueroso em cena.
Destaque para a excelente perseguição no final. Parecia mais que não iria terminar. Duvido que tenham filmado aquilo mais de uma vez.
O ritmo é alucinante. O George Miller está muito mais experiente. E ele está apenas começando!
007 Contra Spectre
3.3 1,0K Assista AgoraO melhor James Bond de todos os tempos não poderia ter escolhido pior momento para encerrar a sua participação na franquia dos 007.
Este episódio só não consegue ser mais catastrófico que o horrível “Quantum of Solace”. Mas, chegou perto! Depois da perfeição na estreia em “Casino Royale” e do excelente “Skyfall”, temos que se contentar com esse melancólico encerramento, uma verdadeira decepção. Tudo ficou muito a desejar, levando em consideração a expectativa em torno da organização ultrassecreta denominada “Spectre”. Muito barulho para nada. À medida que vamos descobrindo sobre ela, cada vez mais procuramos o que a torna tão misteriosa. Nada demais. Um desastre que Sam Mendes não conseguiu evitar, onde se saiu muito bem no trabalho anterior “Skyfall”. Ele conseguiu tirar toda a magia e essência do 00 britânico mais famoso do cinema e transformou tudo em tiros, porradas e bombas. E quando tudo está perdido, nem mesmo os vilões se salvam. O Christoph Waltz (Blofeld) seguiu a cartilha do diretor corretamente e fez um dos mais fracos inimigos que o James já enfrentou. Não assusta nem uma criança. Por um momento, quase pensamos que o perverso Dave Bautista (Hinx) vai roubar o seu papel com toda a sua truculência e ótimas cenas de ação. Destaque, (pelo menos isso!), para a excelente sequência inicial de tirar o fôlego na Festa mexicana do “Dia dos Mortos”.
Uma pena que o 007 mais elogiado pelos antológicos Sean Connery e Roger Moore, tenha feito uma despedida tão abaixo do que ele merecia. O Daniel mostrou um lado diferente do espião inglês. Aclamado pela crítica, revelou o quanto ser humano o agente pode ser. Ele se apaixona, se decepciona, chora... Tornou o personagem bem mais próximo de uma realidade. A nossa empatia é instantânea. Acabou com o estigma do galã cínico, paquerador, tomador de Dry Martini e com terno impecável; mesmo após uma perseguição dos infernos. Nos restou agora, torcer que o Tom Hardy tenha final mais feliz, porque este do Craig, eu preferia que nunca tivesse existido.
Enquanto Você Dorme
3.6 372O Jaume Balagueró é o cara por trás da excelente franquia de terror [Rec]. E, não satisfeito, queria explorar outras tramas igualmente bizarras.
Suspense psicológico de dar nos nervos. É assustador como situações cotidianas podem esconder algo que nunca imaginaríamos. O seu ritmo lento é todo pensado, tudo muito bem calculado, sufocantemente articulado. A trama é massacrante. Vamos entrando por caminhos mais obscuros e a tensão só faz aumentar. Foco nos detalhes e o seu final será ainda mais surpreendente. Ótima escolha do Luis Tosar (César). A sua aparência e atuação trazem tudo o que este personagem precisaria.
Ótimo trabalho do espanhol especialista na arte do terror/suspense. Virei fã dele desde seu ótimo longa de estreia em “Los sin nombre”. Vale a pena, inclusive, conferir toda a sua obra. Ótimos enredos, todos com proporções inesperadas.
Paraísos Artificiais
3.2 1,8K Assista AgoraUm cara que produziu coisas como Tropa de Elite não pode decepcionar quando estreia o seu primeiro longa como diretor.
Marcos Prado joga na cara de todos como as drogas estão bem ali na nossa frente e podem afetar a vida de qualquer um, em qualquer faixa etária ou classe social. Mostra o que todos já sabemos, mas com uma abordagem moderna, bem condizente com os dias atuais. Sugere que temos opções na vida e que para onde vamos só depende de nossas escolhas. O roteiro brinca com o tempo, fazendo paralelos do que aconteceu, mistura com o presente e nos prepara para o futuro surpreendente. As locações foram perfeitas para o tema. Ótima fotografia. Destaque para as atuações da Nathalia Dill e Lívia de Bueno. As duas funcionaram muito bem e se entregaram bastante.
Ótima história que revela o poder devastador das drogas no ser humano. Mais um alerta contra este inimigo cada vez mais sedutor.
Mad Max
3.6 724 Assista AgoraUm marco na história do cinema.
Acredito que nem mesmo o próprio diretor imaginava o quanto ele iria fazer algo tão marcante. Só percebemos o tamanho daquilo que ele produziu quando vemos as dúzias de filmes que apareceram logo depois. O contexto vivido pelo Mad Max serviu como base para muitas outras produções. O tema do apocalipse virou rotina nas telonas e começaram muitas especulações sobre como seria a decadência da humanidade no cenário capitalista da época.
Considerando um orçamento das bandas de 1979, esse cara tirou leite de pedra. É tudo muito realista. Cenários desolados. A anarquia passa pelas veias. Descontrole total. Várias cenas são bem perturbadoras, algumas até se tornaram clássicas. As perseguições são algo a parte. Não dá tempo nem de respirar. O Toecutter, vivido pelo brilhante Hugh Keays-Byrne, dá arrepios. O líder da gangue rouba a atenção sempre que aparece. Personagem inesquecível. Já o Max caiu como uma luva para Mel Gibson. Deu ótimo tom dramático sem perder a firmeza nos momentos de tensão. Já dava sinais do que poderíamos esperar dessa brilhante promessa cinematográfica.
Indicação obrigatória para os fãs do gênero pós-apocalíptico, assim como “Eu sou a Lenda”, “O livro de Eli”, “The Walking Dead” entre outros. A forma como o fim do mundo foi tratada aqui é muito possível diante dos acontecimentos atuais. Ninguém havia chegado tão perto e com tanta qualidade. Parabéns para George Miller. Nada mal para uma estreia! Ideias de quase 40 anos atrás que nos influenciam até hoje...
Rota da Morte
3.1 280 Assista AgoraQuando dois franceses se juntam para escrever e dirigir um terror não-convencional, esteja preparado para tudo, inclusive, bons filmes.
Apesar do tema central não ser mais novidade para os fãs do gênero, a forma como é entregue é que faz toda a diferença. É um nó em nossas cabeças. O roteiro é intrigante e os cenários macabros nos deixam bem desconfortáveis. E quando pensamos que está ruim, a coisa está apenas começando. Impressionante como situações tão comuns conseguem produzir momentos tão angustiantes. Este efeito toma conta da gente de uma maneira que até nos diálogos engraçados ficamos ainda de boca aberta com tudo o que está acontecendo. Destaque para o ótimo trabalho dos atores envolvidos. Souberam dar o tom necessário para cada personagem sem deixar caricato.
Pitadas de humor bem encaixadas. Sangue na dose certa. Clima perturbador. Trama bem amarrada. Desfechos inesperados. Mais uma vez, o cinema europeu mostrando a Hollywood como se faz.
Elysium
3.3 2,0K Assista AgoraO filme perde uma ótima chance de explorar um dos temas mais discutidos pelas ficções-pós-fim-do-mundo. Na medida em que se esforça nas cenas de ação e efeitos especiais perde o prumo na hora em que vamos recebendo o roteiro. O mundo em Elysium foi mostrado de maneira muito superficial. Faltou substância. Não dá tempo de desenvolvermos uma apatia ou mesmo afinidade por ninguém de lá.
Com o passar do tempo, vamos percebendo que tudo não passa de politicagem e críticas sociais. Nada mais!
Destaque para o ótimo trabalho do Wagner Moura, que logo após, bota um pé no mercado internacional. Alice Braga ligou o piloto automático. Indicado para quem gosta do espaço, apocalipse, tiros e bombas.
O Quarto Secreto
3.7 364Ótimo filme para comprovar que a América Latina/Europa está salvando o gênero e nem tudo está perdido no mundo cinematográfico do Suspense/Mistério. Esqueça finais hollywoodianos onde tudo se encaixa e o bem vence o mal, blá blá blá... A trama vai nos sufocando aos poucos para caminhos improváveis. Entre no universo intrigante que o diretor colombiano Andrés Baiz nos convida e se surpreenda com este excelente thriller. Recomendo!
Seguem abaixo alguns de meus comentários positivos e negativos sobre o filme:
Pontos Positivos:
* Maneira magistral com a qual o Diretor nos entrega o primeiro ato (onde mostra a fossa que o Adrián se meteu e posterior superação), entra num segundo (onde volta no tempo para explicar os motivos do sumiço de sua esposa) e o finaliza num terceiro (onde, como um mestre da arte do cinema, une o passado e presente na chocante revelação de que a Belén continua viva, ali, bem perto dos nossos olhos!).
* A trilha sonora com as orquestras dá o tom adequado ao filme, acompanha o emocional das cenas e personagens, sempre aparecendo nos momentos certos.
* Abusa das reviravoltas que se desenrolam como um pergaminho que vamos entendendo o conteúdo aos poucos.
* A casa utilizada foi uma ótima escolha como locação para a história. Arquitetura deslumbrante com toques macabros pelos cantos.
* O filme caminha pelo suspense, trata de alguns dramas e até ousa alguns momentos próprios do terror.
Pontos Negativos:
* Como já de costume, o filme ganhou uma tradução para o Brasil com o pior spoiler possível: "O Quarto Secreto". Ok, Herbert Richers... Eu preferia saber que a história gira em torno disso DURANTE o filme! Ainda bem que todas as minhas bugigangas tecnológicas (smartphone/notebook/tablet) são configuradas para o Inglês, ou seja, pérolas como esta destes tradutores-sem-noção não me afetam :P
* Parece que algumas produtoras fazem força para espalhar spoilers. O próprio pôster de divulgação do filme é desempolgante. Todo ser humano que se preze vai procurar inconscientemente por aquela cena durante todo o espetáculo. A foto nos mostra nitidamente uma mulher de cabelo assanhado, isolada num ambiente hostil e com a sua imagem refletida através de um vidro. Para aqueles que já sabem da história, isto soa familiar, não?
* E para ficar ainda mais indignado, acharam pouco e colocaram como slogan a seguinte frase: "Hay puertas que nunca deberían abrirse", ou seja, "Há portas que nunca deveríam ser abertas." Era melhor dizer logo que a Belén estava viva, entrou onde não devia e agora não consegue sair mais!
* Uma cena totalmente desnecessária acontece aos 29 minutos da película; onde, ao meu ver, estraga bastante as surpresas do roteiro. É um pouco antes de sabermos o que levou ao desaparecimento da esposa. O Adrián e a Fabiana estão no toalete e ao entramos no espelho, vemos uma Belén muito raivosa do outro lado. Uma pena... :( Mais uma vez o filme insiste em antecipar os fatos e praticamente diz a todos que ela está ali mesmo, bem na cara da gente.
* Mesmo gostando de finais não-convencionais, acredito que este poderia ter sido bem mais explorado. Algumas lacunas que encontrei: A casa foi vendida mesmo e o Adrián teve que ir embora? A descoberta daquela chave e a foto do casal colada no espelho (que é somente a porta do calabouço!) não despertou nenhum interesse no Adrián em procurar alguma coisa? Neste caso, a Fabiana teve o fim que todos imaginamos mesmo?
Pois é, pessoal... Não tive como evitar... Quando vi aquele LA VERITÀ NASCOSTA dentro da pia logo no começo, eu sabia que a treta era ali no banheiro...