Carla

ixe

fazia tempo que não ficava surpresa com um filme de terror. Brandon Cronenberg pegou o que de melhor o pai tinha pra oferecer e transformou em algo totalmente inédito a partir daí. Filme horrível de se assistir, fiquei traumatizada ( o que, nesse caso, significa que é muito bom).

Filmaço! Fazia um tempo que eu não ficava tão encantada com o enredo de um filme. Acredito que o título deva ser interpretado no sentido de como a personagem se sente sempre que coloca aquilo que deseja enquanto prioridade. Mais ainda, em como às vezes nos sentimos a pior pessoa do mundo por abdicar de seguir aquilo que o outro quer da gente, de corresponder à fantasia que esse outro nos vestiu, para seguir aquilo que desejamos. A Julie, coitada, é um sujeito da nossa época. Tantas possibilidades colocadas de forma tão explícita e tentadora na nossa frente que nos perdemos diante daquilo que desejamos e dificilmente nos aprofundamos em algo, porque queremos gozar o tempo todo, queremos tudo ao mesmo tempo e o desejo vai fluindo na mesma velocidade que somos implicados a experenciar a realidade. Gosto de como a personagem foi sendo desenvolvida ao longo do filme, de como ela vivenciou cada experiência e escolha que ela fez. Gosto de todas as referências freudianas ao longo do filme, da menção ao Mal estar na cultura, porque é exatamente isso que Julie tá vivendo, o mal estar da nossa época. Queremos viver experiências prazerosas o tempo todo e esquecemos que a vida não é composta apenas por esses momentos. Esquecemos que uma hora vamos precisar escolher e nos responsabilizar por tal escolha, bem como por todas as implicações que ela nos traz.