Eu diria que Postcards from London é um daqueles que todo criativo """deveria""" ver, talvez para relembrar da natureza sem limites do trabalho deles. Apesar de diretrizes e estruturas ajudarem e as vezes serem até necessárias, elas não são inerentemente essenciais. Outra coisa, por que qualquer obra que tenha, mesmo que remotamente, arte como tema ou tópico é instantaneamente considerada pretensiosa? E qual é exatamente o problema com pretensão? Harris Dickinson foi uma escolha perfeita para o papel, não só por incorporar tanto da personagem, mas por seu incrível talento em transmitir tanto em tão pouco, seja espaço, tempo ou clareza. Postcards from London tem a sua própria essência enquanto também, talvez, uma carta de amor a arte e artistas (e a velha SoHo) como Fassbinder e apesar da falta (não que DEVESSE ter) do fogo que há em Querelle, o trabalho de McLean continua impressionante, não apenas pelos visuais que ele criou, mas também pelo seu trabalho de direção com o seu elenco, especialmente Dickinson e Hauer-King.
O filme todo tem 1 ideia e ainda é mal e parcamente desenvolvida? Sem falar que é um saco de clichês de filmes de terror, previsível do começo ao fim e não dá nem pra dizer que o trailer estraga o filme, pois o próprio filme se estraga ao não dar nem tempo de aproximar do personagem deixando claro sua intenção de não ser nada além de Destruction Porn com Superman do Mal.
Que orgulho desse filme! Tal qual sua personagem principal, não se curva em momento algum com meios comprometimentos. Todas as pequenas e grandes partes desse filme me agradaram. As pequenas decisões visuais que destacam o filme como um dos mais interessantes de todo o MCU (com Ragnarok, Guardians, Iron Man, Black Panther e os Avengers Infinity War e Endgame), o figurino, o cast perfeito!, a química do elenco que vende tudo MUITO bem, os efeitos especiais/visuais, não só a qualidade deles, mas a concepção, a concepção dos poderes da Carol, das cenas de ação, etc. o Goose provando que interestelar ou não, gato é tudo igual. Vi Endgame antes de Captain Marvel e de lá já amava a personalidade da Carol, mas aqui a Brie tem mais espaço e nos pequenos detalhes ela leva a outro nível, dançando bem entre a mentalidade de uma pessoa fragilizada pelo desconhecimento de sua própria história e todo seu treinamento militar no contexto da sua "nova identidade". Mesmo que o subtexto não se aplique a mim, homem cis, foi gratificante ver o arco sobre a libertação da Carol, feito de forma tão minuciosa, mas simples ao mesmo tempo e paradoxalmente universal para qualquer pessoa, seja ela subjugada por toda uma classe da sociedade ou que seja por membros de sua própria família ou qualquer figura de "superioridade" com a qual tenha de lidar. Daqui pra frente, na nova fase do MCU, eu só espero que os roteiristas saibam trabalhar com os "novatos", heavy hitters complicados de elaborar histórias e rivais a altura, especialmente com a Capitã e o Doutor Estranho, torço para que usem bem o tempo para pensar em limitações inteligentes e não saídas fáceis. O final do filme me agradou por toda a jornada e realmente não tinha o que colocar no caminho dela uma vez que se libertou completamente, mas vai ser interessante ver os próximos embates de Carol Danvers, especialmente após Endgame.
Endgame fez o inverso de Game of Thrones, enquanto um [GoT] reduziu complicações para poupar tempo e lidar com os múltiplos personagens e storylines enfim juntos, e por pouquíssimo tempo, o outro [Endgame] preferiu dar voltas desnecessárias na trama enquanto jogava personagens mais relevantes para escanteio e não realmente se importou com storylines que vai desenvolver em filmes futuros. Quando saiu a duração do filme imaginei que fosse de puro fan service, esses personagens voltando e interagindo por mais tempo (que não interessa quanto tempo for ainda seria pouco tempo já que os contratos estão se esgotando), mas acabou que foi só pra ter espaço pras 2 horas de complicação extra do plot, mas pelo menos o pay-off - aquela cena linda de batalha final - foi bom, deu aquele calorzinho no peito mesmo que por pouco tempo. Agora, ansioso pra ver o próximo filme de Avengers (que provavelmente vai ser New Avengers) com Capitã, Doutor Estranho e Black Panther, só torcendo pra criarem um plot complicado que não precise ficar jogando os heavy hitters pra escanteio pra não ser resolvido em 2p.
Já que o site não faz muito por onde de avisar, só passando pra deixar essa informação aqui: para denunciar comentários, mande o link do comentário para [email protected]. Para obter o link do comentário basta clicar onde diz há quanto tempo o comentário foi publicado.
Possivelmente o blockbuster mais lindo de 2018. E não esperava ter TANTA mitologia nesse filme, muito menos todos os reinos não só mencionados como visitados e presentes. Orm... eita vilão lindo da porra, nunca pensei que roxo funcionaria tão bem como roupa de uniforme, mas nenhum uniforme supera o clássico que é simplesmente fantástico (e eu adorei a vibe Subnautica na cena em que o Artur consegue o tridente). O roteiro tem seus altos e baixos (muitas coincidências, mas uma resolução positiva que eu não estava esperando), mas no geral é tão bom quanto e melhor que o resto dos filmes do gênero, e num gênero já bem saturadinho ao MEU ver isso é bem positivo. Elenco ótimo, roteiro okay, mitologia maravilhosa, mas as cenas de ação sim merecem a cereja desse bolo, cada uma com um toque especial na direção, fossem os planos sequências ou os ângulos insanos ou os movimentos de espiralar o terceiro olho, James Wan levou a sério o trabalho (tanto a sério que gerou alguns momentos meio "overdirected", com cenas simples em planos exagerados e desnecessários, especialmente onde o personagem deveria ser o foco, e não o plano ou movimento de câmera que só te distância ou te causa estranheza no meio de ter de se importar com o personagem). Desde já ansioso pelo segundo filme e quem sabe uma novo da liga, agora com o uniforme original e sem o Jossa Whedon
É pior do que eu esperava. Quando vi as primeiras reações ao filme, esperava algo nos moldes do primeiro ("Bestas Fantásticas e Aquele 1 Quarteirão de Nova Iorque em Que TUDO Acontece Por Preguiça da Produção Talvez?"), mas não, é um festival de plots desinteressantes e desnecessários que fazem com que esse filme não seja só ruim, mas chato, e MUITO chato. Torcer para o próximo filme só focar no núcleo Newt e no Dumbledore fazendo a desentendida com o voto por duas horas de filme (pq sério, ele não passou nem 1 horinha dos últimos o que, 20 anos desde o voto, tentando encontrar um jeito de desfazer ele?), e ainda, que os outros filmes não cheguem nem PERTO de tentar redimir a Queenie, que morra ou apodreça na cadeia com Grindevaldo.
O filme é uma merda mesmo, mas uma merda divertida pra caramba, ao que parece nem o próprio roteirista conseguiu levar o trabalho a sério, mas a relação EddieVenom é maravilhosa e tal qual Venom preenchendo todo buraco de Eddie, essa relação sustenta o roteiro cheio de "furos". Falando sério agora, a "história" é interessante, mas faltou uma bela hora de desenvolvimento (no começo quando Eddie perde tudo e Riot leva 6 meses pra chegar nos Estados Unidos e no final quando Venom decide proteger a terra), mas sinceramente eu to amando ver esse filme fazer tanta bilheteria e um povo espumando de raiva por que levou muito a sério 🤣
A principio Happy End me causou certo descontentamento, que acredito ser por esperar algo "diferente" dado o histórico do diretor (esperar algo diferente, aparentemente significa esperar algo igual a anteriormente apresentado, algo familiar, hm). Então, como com todo filme do Haneke (dentre outros diretores), eu comecei a ler as observações de pessoas com bagagens culturais maiores e mais capazes em digerir e eloquentes em expressas o que viram, e então eu vejo como minha própria insensibilidade ao filme "joga" na temática do mesmo. Talvez ser capaz de dizer que esse é o filme mais fácil ou menos desconfortável de Haneke exponha na verdade minha própria dessensibilização com "a coisa toda". O estranho e que confirma o meu sentimento pós filme/pós leitura é que adorei toda a parte técnico narrativa do filme, só não senti absolutamente nada por sua história além de uma superficial aflição com a "sociopatia" da garota. E agora sim, feito ressaca, o filme me deixa desconfortável.
Bom roteiro, ótimo elenco, boa execução, mas faltou algo, um certo brilho da direção, que em alguns momentos aparece, mas logo volta a desaparecer. É identificável como membro da franquia Ocean's 11, mas sem deixar de ter sua própria identidade, e assim como na trilogia de Cloney, o elenco carismático faz um ótimo trabalho, espero que haja duas continuações, não só por querer ver mais dessas personagens em situações mais tensas, mas por que sinto necessidade de completude haver Ocean's 9 e Ocean's 10.
O paradoxo aqui, é que a história do filme acaba sendo prejudicada pelo formato em que é contada (não a história como um todo, mas alguns momentos de virada que são grandes, mas pelo formato ficam engessados), mas caso fosse contada de um jeito mais "tradicional" provavelmente cairia num limbo de suspenses genéricos. Enfim, um filme simples e redondinho, Debra e John muito bem em seus papéis e uma direção inventiva.
Que direção fantástica! De todos os gêneros, terror talvez tenha sido o mais negligenciado (de forma geral) nos anos antecedentes a The Conjuring, It Follows e Babadook no que diz respeito a uma direção mais inventiva e pouco baseada nos clichês do gênero e dá gosto ver que mesmo com a leva de novos bons filmes de terror (no sentido mais técnico que no sentido "gostei desse filme") ainda é possível algum elevar o patamar ou no mínimo se colocar como igual perante os outros (inclusive ainda não vi A Quiet Place e The Witch, que talvez entrem nessa lista). Sim, parte da história é meio óbvia (o fato da avó fazer parte de um coven, mas a resolução foi completamente fora da caixa. O filme começou como trama familiar e então um twist demoníaco e no fim retorna a uma forma de drama familiar. O que mais me incomoda na cena final é não saber ao certo o estado mental de Peter, se era Peter ainda ou se estava possuído pela Charlie/Paimon, eu esperava que em um último plano o garoto desse aquele sorriso que ele vê no seu reflexo na sala de aula, mas a falta de um sorriso me faz pensar que é uma situação muito mais complicada que simplesmente "Pronto, agora ele está possuído". De certa forma, Hereditário parece ser uma versão menos sensacionalista e mais dramática da franquia Atividade Paranormal, que em seu terceiro filme aborda o Coven do qual a mãe da garota do primeiro filme fazia parte. No mais, ótimo filme, melhor ainda ter assistido sem saber nada, e com atuações fantásticas especialmente de Toni Collette, Alex Wolff e Ann Dowd.
Nunca joguei wow e não conhecia/conheço nada do jogo, dito isso... Esse filme tem alguns problemas óbvios de elenco, roteiro, edição e design de produção. Apesar de eu ter comprado a ideia do filme desde o começo, alguns desses problemas se mostraram rachaduras em todo o conceito. Por falta de definição melhor, Warcraft parece propositalmente mal feito, brega e com umas decisões que o colocam a beira de uma adaptação caricata e ridícula BEM distante de adaptações como Hobbit e Senhor dos Anéis. Apesar de tudo tem o seu charme. Vi alguns dizendo que o roteiro é previsível e sim, em alguns momentos é mesmo (como a morte do filho de Lothar), mas em outros fez até que um trabalho bem decente em estabelecer inúmeros personagens, no pouco tempo que teve, estabelecer um minimo de background para que eles funcionassem, e então matar um dos principais e mais carismáticos no que foi o ponto do alto do filme (seguido de um ponto morto, pq aquela cena pós morte do Durotan foi patética, mas enfim) e ainda conseguiu estabelecer 4 linhas para histórias futuras (Khadgar como "Guardião", aspas pq como a fonte parece ter sido destruída não sei se haverá um guardião, Garona como revolucionária infiltrada, Lothar como líder da Aliança e a Guerra entre humanos e orcs em si. Enfim, é um filme meio brega, mas que pra mim funcionou. Tivesse só uma direção mais capaz de lapidar o conteúdo (e uma edição que não fizesse parecer fanfilm) poderia ter saído algo bem melhor. E AH eu realmente adorei todas as cenas com magia. O sistema de Warcraft parece bem interessante e sinceramente, semelhante aos Jedis, eu adoraria um filme SÓ sobre os magos desse universo.
O roteiro é meio bagunçado, mas funciona na maior parte do tempo. Como adaptação, Ready Player One decepciona, mas não por não ser 100% fiel, mudanças são necessárias e etc, mas o problema é que Ready Player One apesar de ter a essência do "coração" do livro (embora tenha degolado a relação Wade/Aech), elimina por completo o lado distópico de todo aquele universo. Sério, chega a ser irônico que um livro sobre um futuro em que a sociedade praticamente abandona a realidade para viver de escapismo, tenha sido adaptado em uma versão mais palatável e que suaviza MUITO as consequências de uma empresa como a IOI existir e que só pincela as consequências da falta de neutralidade da rede. As referências são legais, mas só a batalha do final que realmente me empolgou (e Minecraft World no começo).
Talvez contenha spoilers Se eu soubesse que o diacho da pia não chumbada seria a causadora do dilúvio, eu teria superado as propagandas e o hype e visto essa maravilha muito antes! Eu já sabia de antemão (dado o tempo que levei para assistir) sobre se tratar de uma metáfora para, entre outras coisas, o nascimento do cristianismo e cia. mas por não saber o posicionamento do Aronofsky (se ateu, cristão, agnóstico, etc etc) acho que estava protelando assistir, mas oh boy, que bela surpresa. O urro que eu dei quando a Mãe berra "It's time to get the fuck out of my house!", e a explosão, QUE CENA! (ela não tava brincando quando disse que ia dar inicio no apocalipse).
Uma ótima surpresa, Frances McDormand e Sam Rockwell estão sensacionais. É um filme complicado, pois além de oferecer um arco de redenção a um personagem desprezível, Three Billboards Outside Ebbing, Missouri não se aprofunda em outros como a violência doméstica sofrida pela personagem de McDormand, o racismo, a violência policial e etc etc o que é meio frustrante considerando os últimos 3+ anos de constantes casos do tipo, mas isso é fora do filme e seria julgar pelo que ele não é ao invés de julgar pelo que ele é, e ele é sobre uma mãe, que perdeu sua filha de uma maneira brutal e que não viu ninguém ser punido pelo crime, e mesmo que não seja possível defender todas as atitudes dela, isso é parte do que é interessante em Three Billboards.
Uma surpresa deliciosa, mesmo que não tenha um final surpreendente (ainda mais se você conhecer o ator Hahaha), é um final que me foi muito satisfatório, pois bem... foi um final real. No começo a atuação do Kumail parece um pouco travadinha (pode ter sido intencional?), mas ele cresce de forma espantosa ao longo do filme, e as cenas com os pais da Emily, a cena do xenofóbico, a cena dele triste na apresentação dele falando da Emily são ótimas, e o final "wholesome" era sinceramente o que eu precisava, Call Me By Your Name, e Lady Bird e Blade Runner e Get Out já me deram o bastante de desgraçamento por um ano todo.
Ótima direção, montagem, edição, agora sem o elenco, essa história não se sustentaria não, especificamente sem um ator como Ansel Elgort. Trinta minutos no filme e já se torna um pouco cansativo, não insuportável, só que você sabe que vai ser aquilo ali o resto do filme, a maior surpresa ao final é o personagem do Predador de Hollywood ajudando Baby... Tipo, sério? Um trabalho técnico impecável, um ótimo protagonista, mas faltou sustança nesse roteiro.
Que filmão da p%*ra. Denis Villeneuve respeita a estética do original, mas dá um passo incrível a frente e aqui sim o roteiro e história sustentam muito bem a atmosfera que torna o filme de 1982 intragável. Toda a parte técnica é simplesmente impecável, eu espero realmente que Blade Runner 2049 se torne referência para a indústria, mesmo que não em todos os seus aspectos (muito corajosa essa montagem e runtime). Ryan Gosling e Sylvia Hoeks estão maravilhosos (assim como Ana de Armas e Leto), dava gosto de ver esses personagens em tela
e espero que tragam pelo menos o Joe de volta em uma possível continuação, poxa ele só queria ser querido :(
, K infinitamente melhor protagonista que o Deckard. E quanto a polêmica da representação de mulheres no filme, eu entendo em partes, mas vindo do próprio Blade Runner 1982 sinceramente não esperava esse ser um mundo tão mais progressivo do que no anterior, e nessa continuação pelo menos tem a Robin Wright como chefe da LAPD, no mais, sim são prostitutas ou replicantes submissas (não conto Joi AI), mas também lideres rebeldes e soldados dessa rebelião, mas - e isso é triste - é o world building, aquele mundo é assim, como o diretor do filme falou.
Por muito tempo enrolei de ver esse filme pelo simples fato de não me dar bem com a estética noir (além de visualmente sufocante, as histórias tendem a ser existencialmente "pointless", o que do começo já me tira o interesse), porém com o lançamento de 2049 e as imagens lindas que o filme possui, decidi fazer o sacrifício de encarar 1982, e foi de fato um sacrifício. Desde sempre soube que o filme possuía diversas versões, então pesquisei e optei logo pela Final Cut, mas o que mais me surpreendeu e decepcionou é como a Theatrical Cut foi chamada de "versão mais burra" (por explicar o filme através de voice over), embora a Final Cut não pareça necessitar de absolutamente nenhuma explicação tão essencial fora necessário fazer todo um voice over com tal fim. Ou assisti muito errado ou Blade Runner tem pelo menos uns 40 minutos a mais do que deveria, usados em cenas tortuosamente longas e que não agregam nada a mais a narrativa. No fim a única coisa realmente interessante em todo o filme é talvez o fato dos replicantes não serem meros Androides, se eu entendi corretamente eles são criações biológicas, o que gera uma complicação "ética" muito maior, mas (se for realmente o caso e eu não ter compreendido errado) porcamente desenvolvida. E o Deckard é simplesmente um péssimo personagem.
Corpo Elétrico é um filme bem dirigido, mas de forma tão crua que depois de 20 minutos de filme vai se tornando visualmente desinteressante e ai entra o maior problema do filme, o roteiro não se faz suficiente para sustentar o "realismo" da direção. Depois da primeira hora de filme Elias perde completamente qualquer brilho e mal parece continuar no filme, até que ao final já não tem mais carisma algum que segure o personagem. Com algumas boas (e uma ótima cena com Lynn da Quebrada cantando Bixa Preta para Elias), um bom elenco, mas sem um roteiro que concatene todas as suas personagens e uma história de maneira concreta, acaba se perdendo por completo causando a impressão constante de ser uma versão cinematográfica de alguns instastories e tweets que li ao longo do ano. Não é uma análise, não é uma exaltação, não é um drama, nem um romance, nem uma comédia... É uma história sem elaboração, boa em vida, mas que soa superficial se sem propósito em filme.
Daniela Vega é de fato uma mulher fantástica. E também é Marina. Um filme difícil se você é capaz de compreender e de ter empatia não só pela personagem, mas por todas as pessoas trans, não consigo nem imaginar o quão difícil então deva ser para quem o vive na pele, no dia a dia... Porém acredito também que seja revigorante, inspirador e um sopro de vida ver não só uma personagem trans, mas uma personagem tão forte, tão capaz, tão viva, no centro de sua história. E quantas cenas lindas e impecáveis, como a do vento e a da dança, que literalmente me deixaram extasiado. No fim a única coisa que me fez falta foi aquele povo escroto levar uns belos de uns tapas, especialmente aquele Bruno e sua mãe e a ausência do mesmo corretivo (que obviamente não levaria a nada exceto a satisfação dessa frustração), é igualmente frustrante ao pensamento de que ela não poderia fazer nada, pois sabia que o sistema não lhe daria o mínimo suporte. Uma direção fantástica, um filme fantástico e uma mulher definitivamente fantástica.
(talvez contenha spoilers) Ao final de Moonlight, o primeiro pensamento foi "então é isso? acabou mesmo?", mas não é necessária muita reflexão para ficar em paz com esse final. Moonlight é mais sobre os caminhos da vida que sobre a homossexualidade de Chiron, e de certa forma é compreensível todas as criticas negativas ao terceiro ato do filme, mas ao mesmo tempo não, pois toda a construção feita até ali não indicava realmente nenhum outro caminho e se você não viu é possivelmente por uma toda ilusão sobre como a vida realmente é ou o total desconhecimento da mesma. Basta bater o olho no rapaz franzino que é Chiron (ato 2) para saber que algo ruim irá acontecer até o final para que ele se torne Black (ato 3), pois é o que acontece com muitos jovens nas mesmas situações, as companhias e as circunstâncias levam a escolhas que são escolhas só por definição. Desde que vi Call Me By Your Name, o diálogo "Is it better to speak or to die" ecoa em todo filme com personagens lgbtqi+ que vejo, pois essa frase pode ser tão ambígua na nossa comunidade (embora no filme tenha uma conotação mais puxada para o romântico). As vezes "to speak" pode ter como consequência "to die", então não é surpreendente que Chiron acaba seguindo aquele cabinho. Nem todo mundo tem seja lá o que for que faça alguém nadar contra a maré. Algumas pessoas só conseguem boiar para se manter vivas. Correr era boiar, ficar na dele era boiar, se "embrutecer" foi boiar, e não se entregar a mais ninguém depois do que ocorreu com a única pessoa a quem (de uma forma ou de outra) se entregou, foi boiar. Quanto as tecnicidades, que direção linda e que elenco maravilhoso, até mesmo Trevante que pode parecer o menos expressivo (pois o roteiro pede) das 3 fases, mas os minimos da sua interpretação são incríveis, especialmente na cena com a mãe e na cena com Kevin. No mais, shit happens e a vida nem sempre segue como um filme em 3 atos com uma resolução satisfatória para o seu desejo de completude, pois ela segue.
Confesso que não esperava me identificar tanto com o filme. Toda a questão de se encontrar, as decisões de vida no último do colégio, a relação complicada com a mãe. Porém o que mais gostei nesse filme é como cada personagem parece "vivo", com suas próprias histórias e não de um jeito apenas "atores coadjuvantes". Julie, Danny, Kyle, Jenna, Irmã Sarah Joan, Padre Leviatch, Shelly, Miguel, Tio Matt, Mãe da Julie... Mas especialmente Marion, a mãe de Christine/Lady Bird, e o filme pode ser sobre Christine, e sobre crescer nos anos 2000, e sobre crescer, mas é também sobre Marion, e nesse ponto faz um trabalho maravilhoso. “Don't you think they're the same thing?... Love and attention?”. Eu só gostaria que ela tivesse lido toda a carta da mãe.
Postcards From London
3.0 11Eu diria que Postcards from London é um daqueles que todo criativo """deveria""" ver, talvez para relembrar da natureza sem limites do trabalho deles. Apesar de diretrizes e estruturas ajudarem e as vezes serem até necessárias, elas não são inerentemente essenciais. Outra coisa, por que qualquer obra que tenha, mesmo que remotamente, arte como tema ou tópico é instantaneamente considerada pretensiosa? E qual é exatamente o problema com pretensão? Harris Dickinson foi uma escolha perfeita para o papel, não só por incorporar tanto da personagem, mas por seu incrível talento em transmitir tanto em tão pouco, seja espaço, tempo ou clareza. Postcards from London tem a sua própria essência enquanto também, talvez, uma carta de amor a arte e artistas (e a velha SoHo) como Fassbinder e apesar da falta (não que DEVESSE ter) do fogo que há em Querelle, o trabalho de McLean continua impressionante, não apenas pelos visuais que ele criou, mas também pelo seu trabalho de direção com o seu elenco, especialmente Dickinson e Hauer-King.
Brightburn: Filho das Trevas
2.7 607O filme todo tem 1 ideia e ainda é mal e parcamente desenvolvida? Sem falar que é um saco de clichês de filmes de terror, previsível do começo ao fim e não dá nem pra dizer que o trailer estraga o filme, pois o próprio filme se estraga ao não dar nem tempo de aproximar do personagem deixando claro sua intenção de não ser nada além de Destruction Porn com Superman do Mal.
Capitã Marvel
3.7 1,9K Assista AgoraQue orgulho desse filme! Tal qual sua personagem principal, não se curva em momento algum com meios comprometimentos. Todas as pequenas e grandes partes desse filme me agradaram. As pequenas decisões visuais que destacam o filme como um dos mais interessantes de todo o MCU (com Ragnarok, Guardians, Iron Man, Black Panther e os Avengers Infinity War e Endgame), o figurino, o cast perfeito!, a química do elenco que vende tudo MUITO bem, os efeitos especiais/visuais, não só a qualidade deles, mas a concepção, a concepção dos poderes da Carol, das cenas de ação, etc. o Goose provando que interestelar ou não, gato é tudo igual. Vi Endgame antes de Captain Marvel e de lá já amava a personalidade da Carol, mas aqui a Brie tem mais espaço e nos pequenos detalhes ela leva a outro nível, dançando bem entre a mentalidade de uma pessoa fragilizada pelo desconhecimento de sua própria história e todo seu treinamento militar no contexto da sua "nova identidade". Mesmo que o subtexto não se aplique a mim, homem cis, foi gratificante ver o arco sobre a libertação da Carol, feito de forma tão minuciosa, mas simples ao mesmo tempo e paradoxalmente universal para qualquer pessoa, seja ela subjugada por toda uma classe da sociedade ou que seja por membros de sua própria família ou qualquer figura de "superioridade" com a qual tenha de lidar. Daqui pra frente, na nova fase do MCU, eu só espero que os roteiristas saibam trabalhar com os "novatos", heavy hitters complicados de elaborar histórias e rivais a altura, especialmente com a Capitã e o Doutor Estranho, torço para que usem bem o tempo para pensar em limitações inteligentes e não saídas fáceis. O final do filme me agradou por toda a jornada e realmente não tinha o que colocar no caminho dela uma vez que se libertou completamente, mas vai ser interessante ver os próximos embates de Carol Danvers, especialmente após Endgame.
Vingadores: Ultimato
4.3 2,6K Assista AgoraEndgame fez o inverso de Game of Thrones, enquanto um [GoT] reduziu complicações para poupar tempo e lidar com os múltiplos personagens e storylines enfim juntos, e por pouquíssimo tempo, o outro [Endgame] preferiu dar voltas desnecessárias na trama enquanto jogava personagens mais relevantes para escanteio e não realmente se importou com storylines que vai desenvolver em filmes futuros. Quando saiu a duração do filme imaginei que fosse de puro fan service, esses personagens voltando e interagindo por mais tempo (que não interessa quanto tempo for ainda seria pouco tempo já que os contratos estão se esgotando), mas acabou que foi só pra ter espaço pras 2 horas de complicação extra do plot, mas pelo menos o pay-off - aquela cena linda de batalha final - foi bom, deu aquele calorzinho no peito mesmo que por pouco tempo. Agora, ansioso pra ver o próximo filme de Avengers (que provavelmente vai ser New Avengers) com Capitã, Doutor Estranho e Black Panther, só torcendo pra criarem um plot complicado que não precise ficar jogando os heavy hitters pra escanteio pra não ser resolvido em 2p.
Capitã Marvel
3.7 1,9K Assista AgoraJá que o site não faz muito por onde de avisar, só passando pra deixar essa informação aqui: para denunciar comentários, mande o link do comentário para [email protected]. Para obter o link do comentário basta clicar onde diz há quanto tempo o comentário foi publicado.
Aquaman
3.7 1,7K Assista AgoraPossivelmente o blockbuster mais lindo de 2018. E não esperava ter TANTA mitologia nesse filme, muito menos todos os reinos não só mencionados como visitados e presentes. Orm... eita vilão lindo da porra, nunca pensei que roxo funcionaria tão bem como roupa de uniforme, mas nenhum uniforme supera o clássico que é simplesmente fantástico (e eu adorei a vibe Subnautica na cena em que o Artur consegue o tridente). O roteiro tem seus altos e baixos (muitas coincidências, mas uma resolução positiva que eu não estava esperando), mas no geral é tão bom quanto e melhor que o resto dos filmes do gênero, e num gênero já bem saturadinho ao MEU ver isso é bem positivo.
Elenco ótimo, roteiro okay, mitologia maravilhosa, mas as cenas de ação sim merecem a cereja desse bolo, cada uma com um toque especial na direção, fossem os planos sequências ou os ângulos insanos ou os movimentos de espiralar o terceiro olho, James Wan levou a sério o trabalho (tanto a sério que gerou alguns momentos meio "overdirected", com cenas simples em planos exagerados e desnecessários, especialmente onde o personagem deveria ser o foco, e não o plano ou movimento de câmera que só te distância ou te causa estranheza no meio de ter de se importar com o personagem).
Desde já ansioso pelo segundo filme e quem sabe uma novo da liga, agora com o uniforme original e sem o Jossa Whedon
Animais Fantásticos - Os Crimes de Grindelwald
3.5 1,1KÉ pior do que eu esperava. Quando vi as primeiras reações ao filme, esperava algo nos moldes do primeiro ("Bestas Fantásticas e Aquele 1 Quarteirão de Nova Iorque em Que TUDO Acontece Por Preguiça da Produção Talvez?"), mas não, é um festival de plots desinteressantes e desnecessários que fazem com que esse filme não seja só ruim, mas chato, e MUITO chato. Torcer para o próximo filme só focar no núcleo Newt e no Dumbledore fazendo a desentendida com o voto por duas horas de filme (pq sério, ele não passou nem 1 horinha dos últimos o que, 20 anos desde o voto, tentando encontrar um jeito de desfazer ele?), e ainda, que os outros filmes não cheguem nem PERTO de tentar redimir a Queenie, que morra ou apodreça na cadeia com Grindevaldo.
Venom
3.1 1,4KO filme é uma merda mesmo, mas uma merda divertida pra caramba, ao que parece nem o próprio roteirista conseguiu levar o trabalho a sério, mas a relação EddieVenom é maravilhosa e tal qual Venom preenchendo todo buraco de Eddie, essa relação sustenta o roteiro cheio de "furos". Falando sério agora, a "história" é interessante, mas faltou uma bela hora de desenvolvimento (no começo quando Eddie perde tudo e Riot leva 6 meses pra chegar nos Estados Unidos e no final quando Venom decide proteger a terra), mas sinceramente eu to amando ver esse filme fazer tanta bilheteria e um povo espumando de raiva por que levou muito a sério 🤣
Happy End
3.5 93A principio Happy End me causou certo descontentamento, que acredito ser por esperar algo "diferente" dado o histórico do diretor (esperar algo diferente, aparentemente significa esperar algo igual a anteriormente apresentado, algo familiar, hm).
Então, como com todo filme do Haneke (dentre outros diretores), eu comecei a ler as observações de pessoas com bagagens culturais maiores e mais capazes em digerir e eloquentes em expressas o que viram, e então eu vejo como minha própria insensibilidade ao filme "joga" na temática do mesmo.
Talvez ser capaz de dizer que esse é o filme mais fácil ou menos desconfortável de Haneke exponha na verdade minha própria dessensibilização com "a coisa toda".
O estranho e que confirma o meu sentimento pós filme/pós leitura é que adorei toda a parte técnico narrativa do filme, só não senti absolutamente nada por sua história além de uma superficial aflição com a "sociopatia" da garota. E agora sim, feito ressaca, o filme me deixa desconfortável.
Oito Mulheres e um Segredo
3.6 1,1KBom roteiro, ótimo elenco, boa execução, mas faltou algo, um certo brilho da direção, que em alguns momentos aparece, mas logo volta a desaparecer. É identificável como membro da franquia Ocean's 11, mas sem deixar de ter sua própria identidade, e assim como na trilogia de Cloney, o elenco carismático faz um ótimo trabalho, espero que haja duas continuações, não só por querer ver mais dessas personagens em situações mais tensas, mas por que sinto necessidade de completude haver Ocean's 9 e Ocean's 10.
Buscando...
4.0 1,3KO paradoxo aqui, é que a história do filme acaba sendo prejudicada pelo formato em que é contada (não a história como um todo, mas alguns momentos de virada que são grandes, mas pelo formato ficam engessados), mas caso fosse contada de um jeito mais "tradicional" provavelmente cairia num limbo de suspenses genéricos. Enfim, um filme simples e redondinho, Debra e John muito bem em seus papéis e uma direção inventiva.
Hereditário
3.8 3,0KQue direção fantástica! De todos os gêneros, terror talvez tenha sido o mais negligenciado (de forma geral) nos anos antecedentes a The Conjuring, It Follows e Babadook no que diz respeito a uma direção mais inventiva e pouco baseada nos clichês do gênero e dá gosto ver que mesmo com a leva de novos bons filmes de terror (no sentido mais técnico que no sentido "gostei desse filme") ainda é possível algum elevar o patamar ou no mínimo se colocar como igual perante os outros (inclusive ainda não vi A Quiet Place e The Witch, que talvez entrem nessa lista). Sim, parte da história é meio óbvia (o fato da avó fazer parte de um coven, mas a resolução foi completamente fora da caixa. O filme começou como trama familiar e então um twist demoníaco e no fim retorna a uma forma de drama familiar. O que mais me incomoda na cena final é não saber ao certo o estado mental de Peter, se era Peter ainda ou se estava possuído pela Charlie/Paimon, eu esperava que em um último plano o garoto desse aquele sorriso que ele vê no seu reflexo na sala de aula, mas a falta de um sorriso me faz pensar que é uma situação muito mais complicada que simplesmente "Pronto, agora ele está possuído". De certa forma, Hereditário parece ser uma versão menos sensacionalista e mais dramática da franquia Atividade Paranormal, que em seu terceiro filme aborda o Coven do qual a mãe da garota do primeiro filme fazia parte. No mais, ótimo filme, melhor ainda ter assistido sem saber nada, e com atuações fantásticas especialmente de Toni Collette, Alex Wolff e Ann Dowd.
Warcraft: O Primeiro Encontro de Dois Mundos
3.4 940Nunca joguei wow e não conhecia/conheço nada do jogo, dito isso...
Esse filme tem alguns problemas óbvios de elenco, roteiro, edição e design de produção. Apesar de eu ter comprado a ideia do filme desde o começo, alguns desses problemas se mostraram rachaduras em todo o conceito. Por falta de definição melhor, Warcraft parece propositalmente mal feito, brega e com umas decisões que o colocam a beira de uma adaptação caricata e ridícula BEM distante de adaptações como Hobbit e Senhor dos Anéis. Apesar de tudo tem o seu charme. Vi alguns dizendo que o roteiro é previsível e sim, em alguns momentos é mesmo (como a morte do filho de Lothar), mas em outros fez até que um trabalho bem decente em estabelecer inúmeros personagens, no pouco tempo que teve, estabelecer um minimo de background para que eles funcionassem, e então matar um dos principais e mais carismáticos no que foi o ponto do alto do filme (seguido de um ponto morto, pq aquela cena pós morte do Durotan foi patética, mas enfim) e ainda conseguiu estabelecer 4 linhas para histórias futuras (Khadgar como "Guardião", aspas pq como a fonte parece ter sido destruída não sei se haverá um guardião, Garona como revolucionária infiltrada, Lothar como líder da Aliança e a Guerra entre humanos e orcs em si.
Enfim, é um filme meio brega, mas que pra mim funcionou. Tivesse só uma direção mais capaz de lapidar o conteúdo (e uma edição que não fizesse parecer fanfilm) poderia ter saído algo bem melhor. E AH eu realmente adorei todas as cenas com magia. O sistema de Warcraft parece bem interessante e sinceramente, semelhante aos Jedis, eu adoraria um filme SÓ sobre os magos desse universo.
Jogador Nº 1
3.9 1,4KO roteiro é meio bagunçado, mas funciona na maior parte do tempo. Como adaptação, Ready Player One decepciona, mas não por não ser 100% fiel, mudanças são necessárias e etc, mas o problema é que Ready Player One apesar de ter a essência do "coração" do livro (embora tenha degolado a relação Wade/Aech), elimina por completo o lado distópico de todo aquele universo. Sério, chega a ser irônico que um livro sobre um futuro em que a sociedade praticamente abandona a realidade para viver de escapismo, tenha sido adaptado em uma versão mais palatável e que suaviza MUITO as consequências de uma empresa como a IOI existir e que só pincela as consequências da falta de neutralidade da rede. As referências são legais, mas só a batalha do final que realmente me empolgou (e Minecraft World no começo).
Mãe!
4.0 3,9KTalvez contenha spoilers
Se eu soubesse que o diacho da pia não chumbada seria a causadora do dilúvio, eu teria superado as propagandas e o hype e visto essa maravilha muito antes! Eu já sabia de antemão (dado o tempo que levei para assistir) sobre se tratar de uma metáfora para, entre outras coisas, o nascimento do cristianismo e cia. mas por não saber o posicionamento do Aronofsky (se ateu, cristão, agnóstico, etc etc) acho que estava protelando assistir, mas oh boy, que bela surpresa. O urro que eu dei quando a Mãe berra "It's time to get the fuck out of my house!", e a explosão, QUE CENA! (ela não tava brincando quando disse que ia dar inicio no apocalipse).
Três Anúncios Para um Crime
4.2 2,0KUma ótima surpresa, Frances McDormand e Sam Rockwell estão sensacionais. É um filme complicado, pois além de oferecer um arco de redenção a um personagem desprezível, Three Billboards Outside Ebbing, Missouri não se aprofunda em outros como a violência doméstica sofrida pela personagem de McDormand, o racismo, a violência policial e etc etc o que é meio frustrante considerando os últimos 3+ anos de constantes casos do tipo, mas isso é fora do filme e seria julgar pelo que ele não é ao invés de julgar pelo que ele é, e ele é sobre uma mãe, que perdeu sua filha de uma maneira brutal e que não viu ninguém ser punido pelo crime, e mesmo que não seja possível defender todas as atitudes dela, isso é parte do que é interessante em Three Billboards.
Doentes de Amor
3.7 379Uma surpresa deliciosa, mesmo que não tenha um final surpreendente (ainda mais se você conhecer o ator Hahaha), é um final que me foi muito satisfatório, pois bem... foi um final real. No começo a atuação do Kumail parece um pouco travadinha (pode ter sido intencional?), mas ele cresce de forma espantosa ao longo do filme, e as cenas com os pais da Emily, a cena do xenofóbico, a cena dele triste na apresentação dele falando da Emily são ótimas, e o final "wholesome" era sinceramente o que eu precisava, Call Me By Your Name, e Lady Bird e Blade Runner e Get Out já me deram o bastante de desgraçamento por um ano todo.
Em Ritmo de Fuga
4.0 1,9KÓtima direção, montagem, edição, agora sem o elenco, essa história não se sustentaria não, especificamente sem um ator como Ansel Elgort. Trinta minutos no filme e já se torna um pouco cansativo, não insuportável, só que você sabe que vai ser aquilo ali o resto do filme, a maior surpresa ao final é o personagem do Predador de Hollywood ajudando Baby... Tipo, sério? Um trabalho técnico impecável, um ótimo protagonista, mas faltou sustança nesse roteiro.
Blade Runner 2049
4.0 1,7KQue filmão da p%*ra. Denis Villeneuve respeita a estética do original, mas dá um passo incrível a frente e aqui sim o roteiro e história sustentam muito bem a atmosfera que torna o filme de 1982 intragável. Toda a parte técnica é simplesmente impecável, eu espero realmente que Blade Runner 2049 se torne referência para a indústria, mesmo que não em todos os seus aspectos (muito corajosa essa montagem e runtime). Ryan Gosling e Sylvia Hoeks estão maravilhosos (assim como Ana de Armas e Leto), dava gosto de ver esses personagens em tela
e espero que tragam pelo menos o Joe de volta em uma possível continuação, poxa ele só queria ser querido :(
Blade Runner: O Caçador de Andróides
4.1 1,6K Assista AgoraPor muito tempo enrolei de ver esse filme pelo simples fato de não me dar bem com a estética noir (além de visualmente sufocante, as histórias tendem a ser existencialmente "pointless", o que do começo já me tira o interesse), porém com o lançamento de 2049 e as imagens lindas que o filme possui, decidi fazer o sacrifício de encarar 1982, e foi de fato um sacrifício. Desde sempre soube que o filme possuía diversas versões, então pesquisei e optei logo pela Final Cut, mas o que mais me surpreendeu e decepcionou é como a Theatrical Cut foi chamada de "versão mais burra" (por explicar o filme através de voice over), embora a Final Cut não pareça necessitar de absolutamente nenhuma explicação tão essencial fora necessário fazer todo um voice over com tal fim. Ou assisti muito errado ou Blade Runner tem pelo menos uns 40 minutos a mais do que deveria, usados em cenas tortuosamente longas e que não agregam nada a mais a narrativa. No fim a única coisa realmente interessante em todo o filme é talvez o fato dos replicantes não serem meros Androides, se eu entendi corretamente eles são criações biológicas, o que gera uma complicação "ética" muito maior, mas (se for realmente o caso e eu não ter compreendido errado) porcamente desenvolvida. E o Deckard é simplesmente um péssimo personagem.
Corpo Elétrico
3.5 216Corpo Elétrico é um filme bem dirigido, mas de forma tão crua que depois de 20 minutos de filme vai se tornando visualmente desinteressante e ai entra o maior problema do filme, o roteiro não se faz suficiente para sustentar o "realismo" da direção. Depois da primeira hora de filme Elias perde completamente qualquer brilho e mal parece continuar no filme, até que ao final já não tem mais carisma algum que segure o personagem. Com algumas boas (e uma ótima cena com Lynn da Quebrada cantando Bixa Preta para Elias), um bom elenco, mas sem um roteiro que concatene todas as suas personagens e uma história de maneira concreta, acaba se perdendo por completo causando a impressão constante de ser uma versão cinematográfica de alguns instastories e tweets que li ao longo do ano. Não é uma análise, não é uma exaltação, não é um drama, nem um romance, nem uma comédia... É uma história sem elaboração, boa em vida, mas que soa superficial se sem propósito em filme.
Uma Mulher Fantástica
4.1 421Daniela Vega é de fato uma mulher fantástica. E também é Marina. Um filme difícil se você é capaz de compreender e de ter empatia não só pela personagem, mas por todas as pessoas trans, não consigo nem imaginar o quão difícil então deva ser para quem o vive na pele, no dia a dia... Porém acredito também que seja revigorante, inspirador e um sopro de vida ver não só uma personagem trans, mas uma personagem tão forte, tão capaz, tão viva, no centro de sua história. E quantas cenas lindas e impecáveis, como a do vento e a da dança, que literalmente me deixaram extasiado.
No fim a única coisa que me fez falta foi aquele povo escroto levar uns belos de uns tapas, especialmente aquele Bruno e sua mãe e a ausência do mesmo corretivo (que obviamente não levaria a nada exceto a satisfação dessa frustração), é igualmente frustrante ao pensamento de que ela não poderia fazer nada, pois sabia que o sistema não lhe daria o mínimo suporte. Uma direção fantástica, um filme fantástico e uma mulher definitivamente fantástica.
Moonlight: Sob a Luz do Luar
4.1 2,4K(talvez contenha spoilers)
Ao final de Moonlight, o primeiro pensamento foi "então é isso? acabou mesmo?", mas não é necessária muita reflexão para ficar em paz com esse final. Moonlight é mais sobre os caminhos da vida que sobre a homossexualidade de Chiron, e de certa forma é compreensível todas as criticas negativas ao terceiro ato do filme, mas ao mesmo tempo não, pois toda a construção feita até ali não indicava realmente nenhum outro caminho e se você não viu é possivelmente por uma toda ilusão sobre como a vida realmente é ou o total desconhecimento da mesma. Basta bater o olho no rapaz franzino que é Chiron (ato 2) para saber que algo ruim irá acontecer até o final para que ele se torne Black (ato 3), pois é o que acontece com muitos jovens nas mesmas situações, as companhias e as circunstâncias levam a escolhas que são escolhas só por definição. Desde que vi Call Me By Your Name, o diálogo "Is it better to speak or to die" ecoa em todo filme com personagens lgbtqi+ que vejo, pois essa frase pode ser tão ambígua na nossa comunidade (embora no filme tenha uma conotação mais puxada para o romântico). As vezes "to speak" pode ter como consequência "to die", então não é surpreendente que Chiron acaba seguindo aquele cabinho. Nem todo mundo tem seja lá o que for que faça alguém nadar contra a maré. Algumas pessoas só conseguem boiar para se manter vivas. Correr era boiar, ficar na dele era boiar, se "embrutecer" foi boiar, e não se entregar a mais ninguém depois do que ocorreu com a única pessoa a quem (de uma forma ou de outra) se entregou, foi boiar. Quanto as tecnicidades, que direção linda e que elenco maravilhoso, até mesmo Trevante que pode parecer o menos expressivo (pois o roteiro pede) das 3 fases, mas os minimos da sua interpretação são incríveis, especialmente na cena com a mãe e na cena com Kevin. No mais, shit happens e a vida nem sempre segue como um filme em 3 atos com uma resolução satisfatória para o seu desejo de completude, pois ela segue.
Lady Bird: A Hora de Voar
3.8 2,1KConfesso que não esperava me identificar tanto com o filme. Toda a questão de se encontrar, as decisões de vida no último do colégio, a relação complicada com a mãe. Porém o que mais gostei nesse filme é como cada personagem parece "vivo", com suas próprias histórias e não de um jeito apenas "atores coadjuvantes". Julie, Danny, Kyle, Jenna, Irmã Sarah Joan, Padre Leviatch, Shelly, Miguel, Tio Matt, Mãe da Julie... Mas especialmente Marion, a mãe de Christine/Lady Bird, e o filme pode ser sobre Christine, e sobre crescer nos anos 2000, e sobre crescer, mas é também sobre Marion, e nesse ponto faz um trabalho maravilhoso. “Don't you think they're the same thing?... Love and attention?”.
Eu só gostaria que ela tivesse lido toda a carta da mãe.