Roger Deakins fotografando as Olimpíadas do Faustão. Infelizmente, não contamos aqui com o mestre Caçulinha e somos obrigados a ouvir a trilha do Thomas Newman.
Infelizmente, é melhor em premissa do que em desenvolvimento. São seis histórias bem dirigidas e bem atuadas, que não devem nada na parte técnica. Mas o filme sofre do problema geral das antologias: uns contos são melhores que outros. Entre "Pasternak e "Bombinha" e os outros contos há uma distância absurda. Uns se alongam demais, perdendo o frescor do inusitado ("O mais forte", "A proposta", "Até que a morte nos separe"); outros apresentam finais óbvios para histórias que se propõem insanas, numa decepção que parece preguiça do roteirista e diretor ("As ratas", também "A proposta"). Enfim, é sim cinema comercial de qualidade, tem um humor inteligente e acima da média, mas está longe de ser aquela obra-prima que dizem por aí.
A Utopia só poderia mesmo ser filha do presidente tirano dos EUA, aquele que marginaliza e joga à miséria um grupo enorme de pessoas: na História, as revoluções não surgem das contradições entre as classes, não nascem como efeito direto e indesejável do sistema vigente? O Cuervo Jones, obviamente Che Gue Vara, representa o momento em que os oprimidos se levantam e começam a incomodar;
mas, longe de ser ingênuo, John Carpenter atira para os dois lados, nos mostrando que assistimos ali a outro projeto de dominação, tão nocivo quanto o anterior. No final, desacreditamos na bondade salvadora de Cuervo, é verdade; a Utopia, no entanto, permanece viva, e talvez seja necessário começar tudo do zero para que nos tornemos enfim humanos.
O que salva é a trilha sonora e a Jennifer Garner, que consegue ser excelente mesmo com muito pouco. De resto, é uma tirada mais sem graça e constrangedora que a anterior, referências forçadas à cultura pop, um sarcasmo que se acha mais inteligente e ácido do que realmente é, falta de arcos dramáticos convincentes... A direção não tem nada de especial e a Juno disputa acirradamente com a Amélie Poulain o posto de protagonista mais irritante de filme hipster.
Em vez de interpretar a liberdade como o ideal burguês da Revolução Francesa, Kieslowski parece fazer o contrário: totalmente existencialista, aqui, tal qual para Sartre, a liberdade é um fardo, uma verdadeira condenação. É a única coisa que sobra a Julie Vignon depois de perder tudo; depois de, como Antoine Roquentin em "A Náusea", encarar o vazio da existência. "O essencial é a contingência":
1917
4.2 1,8K Assista AgoraRoger Deakins fotografando as Olimpíadas do Faustão. Infelizmente, não contamos aqui com o mestre Caçulinha e somos obrigados a ouvir a trilha do Thomas Newman.
Um Dia de Chuva em Nova York
3.2 292 Assista Agora1h30 de timothée chalamet imitando fábio assunção.
Relatos Selvagens
4.4 2,9K Assista AgoraInfelizmente, é melhor em premissa do que em desenvolvimento. São seis histórias bem dirigidas e bem atuadas, que não devem nada na parte técnica. Mas o filme sofre do problema geral das antologias: uns contos são melhores que outros. Entre "Pasternak e "Bombinha" e os outros contos há uma distância absurda. Uns se alongam demais, perdendo o frescor do inusitado ("O mais forte", "A proposta", "Até que a morte nos separe"); outros apresentam finais óbvios para histórias que se propõem insanas, numa decepção que parece preguiça do roteirista e diretor ("As ratas", também "A proposta"). Enfim, é sim cinema comercial de qualidade, tem um humor inteligente e acima da média, mas está longe de ser aquela obra-prima que dizem por aí.
Inquietos
3.9 1,6K Assista AgoraUma mistura de "Ensina-me a viver", "A Culpa é das Estrelas" e Tumblr.
Fuga de Los Angeles
3.0 178 Assista AgoraA Utopia só poderia mesmo ser filha do presidente tirano dos EUA, aquele que marginaliza e joga à miséria um grupo enorme de pessoas: na História, as revoluções não surgem das contradições entre as classes, não nascem como efeito direto e indesejável do sistema vigente? O Cuervo Jones, obviamente Che Gue Vara, representa o momento em que os oprimidos se levantam e começam a incomodar;
mas, longe de ser ingênuo, John Carpenter atira para os dois lados, nos mostrando que assistimos ali a outro projeto de dominação, tão nocivo quanto o anterior. No final, desacreditamos na bondade salvadora de Cuervo, é verdade; a Utopia, no entanto, permanece viva, e talvez seja necessário começar tudo do zero para que nos tornemos enfim humanos.
Juno
3.7 2,3K Assista AgoraO que salva é a trilha sonora e a Jennifer Garner, que consegue ser excelente mesmo com muito pouco. De resto, é uma tirada mais sem graça e constrangedora que a anterior, referências forçadas à cultura pop, um sarcasmo que se acha mais inteligente e ácido do que realmente é, falta de arcos dramáticos convincentes... A direção não tem nada de especial e a Juno disputa acirradamente com a Amélie Poulain o posto de protagonista mais irritante de filme hipster.
Instinto Selvagem
3.6 550 Assista AgoraO melhor filme do Brian De Palma que não foi dirigido por ele.
A Liberdade é Azul
4.1 649 Assista AgoraEm vez de interpretar a liberdade como o ideal burguês da Revolução Francesa, Kieslowski parece fazer o contrário: totalmente existencialista, aqui, tal qual para Sartre, a liberdade é um fardo, uma verdadeira condenação. É a única coisa que sobra a Julie Vignon depois de perder tudo; depois de, como Antoine Roquentin em "A Náusea", encarar o vazio da existência. "O essencial é a contingência":
é a composição para ser concluída e o filho que ainda não nasceu.