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Últimas opiniões enviadas

  • Vitor Biazzin

    Muito além de fazer um retrato fiel da indústria pornográfica, o longa "Pleasure" (da diretora sueca Ninja Thyberg) compromete-se a iluminar as determinantes de gênero colocadas no tabuleiro deste obscuro universo. Bella chega em Los Angeles com o sonho de se tornar a próxima estrela pornô da indústria. Em uma das primeiras cenas do filme, o desconforto e a hesitação da personagem em sua primeira gravação explícita são colocados no foco central da trama pela delicada interpretação de Sofia Kappel - o que nos leva a concluir que Bella tem certo receio de sua escolha. Até onde vai a protagonista? Quais são os seus limites? A dúvida latente mantém a curiosidade do espectador acesa ao longo de toda a progressão do filme. Ao mesmo tempo que temos uma Bella desconfortável em sua primeira gravação, vemos um discurso convicto em suas primeiras negociações: Bella deixa claro seus limites para um dos diretores, embora justifique essa "limitação" como uma "carta na manga" que quer guardar para mais tarde. Com o passar das semanas, a dura realidade da alta concorrência e escassez de trabalho fazem com que a personagem ceda as suas imposições iniciais, aceitando fazer gravações mais radicais e subversivas. Bella então mergulha no terreno mais denso e underground da indústria, submetendo-se a gravações com temática de sadomasoquismo, violência sexual e submissão. Se por um lado a protagonista encontra uma equipe composta predominantemente por mulheres, que a tratam com dignidade e empatia, o contrário também entra em cena quando Bella precisa lidar com uma equipe pouco profissional e agressiva composta por um diretor machista e dois atores violentos. O filme aos poucos vai construindo a imagem perversa da indústria pornográfica: não é sempre que você vai encontrar uma equipe humanitária e profissional; existem pistas falsas e armadilhas pelo caminho. Depois de uma sequência extremamente incômoda e perturbadora, o filme faz o espectador acreditar que a protagonista vai por fim desistir de seu sonho. Ledo engano: Bella permanece convicta e busca outras formas de se reerguer dentro do ofício. Aqui cabe uma reflexão: quais são as motivações reais da personagem? O filme deixa bastante claro que a protagonista quer engajamento, fama, visibilidade e dinheiro; mas ao mesmo tempo, uma certa atmosfera de apatia e indiferença circundam a vida de Bella - é como se a personagem estivesse desconectada de sua própria essência, raízes ou família. Seria este o retrato de uma geração? O longa acerta ao tentar examinar as fronteiras entre o conteúdo temático a ser gravado e a realidade das relações profissionais na indústria pornográfica: em uma das cenas, um dos atores se aproveita de uma cena de submissão para se vingar de uma atriz que o jogou na piscina anteriormente. Uma postura antiética que é depois reproduzida por Bella no final da película: com uma cinta peniana, a protagonista assume um papel de dominação e utiliza a temática da cena a ser gravada para descontar sua vingança na atriz concorrente com quem divide a cama. Interessante observar as contradições colocadas pelo filme no desenrolar da trama: se no começo da história Bella é alertada para tomar cuidado com as amizades hipócritas que apunhalam pelas costas e puxam o tapete, no fim das contas, a maior ação de vilania é cometida por ela mesma. O filme não nos traz respostas concretas mas é válido por levantar perguntas e discussões interessantes, além de iluminar pontos obscuros que nos fazem pensar e refletir a respeito do tema. Não sei se concordo com a representação que o filme faz da indústria na sequência final do filme: talvez a forma esteja glamourizando demais algo que esteja sendo criticado. Acredito que seja um problema de disposição dos argumentos: se a glamourização estivesse presente na primeira metade do filme, deixando as cenas mais perturbadoras pro fim, talvez o roteiro ficasse mais alinhado com o discurso defendido pela obra.

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  • Vitor Biazzin

    Poético, sensível, subversivo... Se "A Grande Beleza" não se destacou como obra-prima do diretor italiano Paolo Sorrentino, chegou bastante perto. A película se compromete desde o princípio a fazer um retrato fidedigno da beleza da vida, como logo revela seu título. As longas tomadas das paisagens romanas poderiam facilmente dar conta desta busca, mas temos que observar que a beleza almejada pelo filme vai muito além do deleite estético e visual das estátuas renascentistas e da imponente arquitetura do Coliseu, que aparece recorrentemente no filme como um colosso evocando a memória da civilização. Depois de experimentar o sucesso de público e crítica com um romance do passado, o escritor Jep Gambardella entra em uma espiral atroz de crise e falta de criatividade - logo que o filme começa, o escritor já está há anos estagnado em seu próprio trabalho. Aqui podemos notar que a falta de criatividade do artista é colocada como metáfora do próprio vazio da existência, e isso fica bastante nítido com o avançar do filme: conversas banais entre pessoas da high society italiana, cenas de eventos sociais absurdamente vulgares, personagens vazias com comportamentos e interesses mesquinhos e encontros sexuais superficiais são alguns dos elementos que podemos encontrar no roteiro emblemático de Sorrentino e Contarello. O espectador atento logo entende o porquê da crise criativa do artista (tema queridinho dos cineastas italianos, diga-se de passagem) e acaba por criar empatia pelo protagonista, que aos poucos vai assumindo uma postura comprometida com a verdade das coisas, sem concessões:

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    em um dos diálogos mais fantásticos e inteligentes do filme, Jeb escancara o abismo da hipocrisia de uma das personagens, na frente de um grupo seleto de pessoas.

    Veja que aqui o objetivo do protagonista não é apontar dedos ou criticar a hipocrisia do outro - aqui o objetivo é justamente assumir o fracasso de todos nós como civilização. Se a beleza pode ser encontrada facilmente nas paisagens da cidade, talvez o mesmo não possa ser dito a respeito do ser humano. A este ponto, o título do filme pode parecer uma grande ironia: existe mesmo beleza em um mundo vazio e repleto de falências artísticas, sociais e humanitárias? Mas o movimento da contradição é latente, e nisto reside a inteligência do filme. Tentando buscar respostas na espiritualidade, o diretor faz uma incursão nas instituições religiosas, obviamente privilegiando a da Igreja Católica por questões geográficas e históricas (não se pode ignorar o Vaticano quando se tenta abordar uma espiritualidade italiana). A figura emblemática da freira no movimento final do filme traz a redenção que todos esperávamos: a severidade de seus princípios e a humildade de suas ações trazem um pouco de luz à discussão... talvez ainda haja beleza no ser humano. Temas sublimes ainda estão colocados como peças em um jogo complexo: sensibilidade, humildade e principalmente liberdade
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    (a cena final do voô das aves a partir do suspiro da freira mostra concretamente a posição otimista do diretor).

    Note que aqui Sorrentino não tenta defender a Instituição Católica: isso pode ser presumido por conta da figura do Padre, um homem habituado com a ostentação e o conforto. O filme faz um panorama geral da vida ao passar por todos os eventos sociais de uma existência (aniversário, casamento, velório). Em todos os momentos da jornada, a beleza está presente, talvez não da maneira que esperamos, talvez não da maneira que deveria ser... Se no primeiro frame do filme podemos ver um tanque de guerra aludindo à violência constante de um mundo conflituoso e problemático, na última cena
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    temos a redenção otimista evocada pela paisagem de uma das cidades mais antigas e belas do mundo

    . Se um dia o Coliseu foi palco de batalhas sanguinárias e destrutivas, hoje ele pode ser ressignificado como umas das arquiteturas mais célebres e imponentes da humanidade. Só nos resta saber: será que um dia conseguiremos também ressignificar a banalidade de nossos comportamentos? A pergunta ressoa ao longo de toda a película, enquanto o espectador desfruta de um dos filmes mais belos e sensíveis dos últimos tempos.

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  • Filmow
    Filmow

    O Oscar 2017 está logo aí e teremos o nosso tradicional BOLÃO DO OSCAR FILMOW!

    Serão 3 vencedores no Bolão com prêmios da loja Chico Rei para os três participantes que mais acertarem nas categorias da premiação. (O 1º lugar vai ganhar um kit da Chico Rei com 01 camiseta + 01 caneca + 01 almofada; o 2º lugar 01 camiseta da Chico Rei; e o 3º lugar 01 almofada da Chico Rei.)

    Vem participar da brincadeira com a gente, acesse https://filmow.com/bolao-do-oscar/ para votar.
    Boa sorte! :)

    * Lembrando que faremos uma transmissão ao vivo via Facebook e Youtube da Casa Filmow na noite da cerimônia, dia 26 de fevereiro. Confirme presença no evento https://www.facebook.com/events/250416102068445/

  • Juliana Saravali Garcia
    Juliana Saravali Garcia

    <3

  • davidalef_
    davidalef_

    Dizem sou seu clone .-.
    Concorda comigo que isso não procede?

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