Alguns anos após o término da série, resolvi revisitá-la. Resultado? A certeza de que essa é uma das melhores séries de TV já feita em todos os tempos.
Em 2013, ao ver o último episódio da série, confesso que havia ficado decepcionado com o rumo dado aos personagens principais, Walter White e Jesse Pinkman, mas por falta de maturidade, talvez, não havia percebido que tudo isso fazia parte da trama psicológica da evolução e amadurecimento (?) dos personagens. Walter, ao longo da série, vai mostrando toda a sua face megalomaníaca, deixando claro que seu envolvimento com a produção de metanfetamina não é só pela família, como várias vezes ele cita no seriado, mas, sim, porque uma nova faceta de sua personalidade é exposta a partir do momento que percebe o poder e dinheiro que poderia conseguir se infiltrando no cartel de drogas de Albuquerque. Aí que minha revisita pela série começa, por uma questão de roteiro, pois, percebendo que, na verdade, Walter White e Jesse Pinkman nunca formaram uma dupla, o que poderia ser um motivo de frustração, nos deixa surpresos quando vemos que tudo não passa de uma trama sobre um homem comum que se transforma no maior produtor de drogas da cidade, não medindo esforços para manter seu negócio, engolindo todos os outros personagens na trama, como Skyler, sua esposa, o já citado Pinkman, Hank, seu cunhado e Saul Goodman, o advogado mais sem caráter já visto nas telas, por exemplo. A ambientação criada sobre a cidade de Albuquerque também foi extraordinária, usando locações num nível quase documental, desde o deserto e subúrbios, até locais de classe alta e centros comerciais, é como se pudéssemos respirar o ar quente do deserto onde Walter e Jesse começam a produzir drogas na VAN no começo da série, ou como se pudéssemos, num fim de tarde, fazer uma visita ao Polos Hermanos para comer frango na rede de fast food de Gus Fringe. Há um realismo gritante que o roteiro conseguiu criar sobre a cidade, e quem é fã da série, assim como eu, provavelmte deseja fazer uma viagem até lá. Várias outras questões ainda poderia comentar somente sobre o roteiro, que não deixa pontas soltas em nenhum momento, principalmente graças a montagem da série, que com planos ousadíssimos contribui para que o roteiro se desenvolva de forma fluente, na minha opinião, a série com a melhor montagem que já vi. Grato por ter revisitado essa produção que, com certeza, é um marco na história das séries de TV.
Ano de 2001. A rede de canal fechado HBO, já com a série The Sopranos no ar desde 1999, série ganhadora de vários prêmios Emmy, decide lançar ao ar mais uma de suas produções originais: Six Feet Under. No final da década de 90 e começo dos anos 2000, a HBO iria apresentar um novo modelo de seriados para televisão, apresentando duas séries, Oz, iniciada em 1997, e a já citada, The Sopranos. O que elas teriam de diferente com relação as séries já existentes nesse período? O canal investe em temporadas para as suas séries com número de episódios menores, 12 episódios, em média, com duração de aproximadamente 1 hora cada, produções com qualidade de cinema, e, o fundamental: elaborar roteiros com histórias complexas, personagens com profundidades psicológicas impressionantes, além de retratar certos assuntos de forma polêmica para os padrões da televisão à época, como por exemplo, como é retratada a comunidade italo-americana em Sopranos, e a forma como nos é mostrado o cotidiano em uma prisão de segurança máxima no seriado Oz. E você me pergunta, o que Six Feet Under tem a ver com isso? Tudo. Coincidência que Six Feet Under, uma série que fala sobre os vivos tentando lhe dar com os mortos que aparecem na abertura de cada episódio e ao longo deles, fazendo com que esses personagens, psicologicamente abalados pela morte inesperada do patriarca da família, tivesse sua estréia na TV dois meses antes da queda das torres gêmeas? Olhando em retrospectiva, não. Nesse contexto, o seriado, de forma mórbida, e com um pouco de humor negro, uma das características principais da série, de forma simbólica, pôde representar o sentimento de toda uma nação naquele singular período de 2001: o pai e provedor da família, dono de uma funerária, que morre inesperadamente num acidente de carro indo buscar o filho para um jantar de natal em família, não poderia ser representado na figura do World Trade Center, ícone do capitalismo americano, que, por meio de um inesperado ataque terrorista, foi destruído, deixando uma nação perplexa com a perda de um de seus maiores ícones econômicos, além, é claro, de ter causado a morte de milhares de pessoas que trabalhavam no conjunto de prédios, deixando assim, um país abalado tanto emocionalmente com a perda de entes da família, como abalados também economicamente? Sim. Dentro desse contexto, a série rapidamente conseguiu conquistar os corações e mentes dos americanos, emocionalmente abalados pela perda de vários entes queridos, e, agora, tendo que passar por uma situação semelhante aos personagens da série, que viram toda a sua estrutura sólida ruir com a morte de Nathaniel Fisher (Richard Jenkins), o dono da empresa funerária Fisher & Sons Funeral Home. Assim, cada personagem, com uma problemática específica e muito bem elaborada ao longo das 5 temporadas, se veem numa posição de, com a morte do pai, numa situação contraditória, imediatamente, se veem na obrigatoriedade de ter uma posição ativa com relação ao rumo de suas próprias vidas, assim como o que ocorreu com a sociedade norte americana. Vamos enterrar nosso mortos e seguir em frente ou apenas continuar nos lamentando pelos atentados ocorridos? Vamos nos lamentar pela perda econômica ocorrida ou nos reinventarmos para colocar os negócios de volta aos trilhos? Nesse tocante, a série ainda conseguiu ir além, pois, com esse momento de sensibilidade maior, temas como homossexualidade, por meio do personagem David James "Dave" Fisher (Michael C. Hall, que viria a interpretar o assassino em série em Dexter alguns anos depois), o filho do meio, sério, comedido e conservador, puderam vir a tona e repensados, não só pelo próprio personagem, pois, após a morte do pai, e com a chegada do irmão pródigo, Nathaniel Samuel “Nate” Fisher Jr. (Peter Krause), Dave começa a se questionar se ainda vale a pena esconder de seus familiares sobre a sua posição sexual, questionamento esse feito inclusive pelo seu namorado policial negro, Keith Charles (Mathew St. Patrick), esse argumentando que não haveria mais motivos para Dave não se assumir como homossexual, uma vez que, com a morte de Nataniel Fisher, esse era o momento ideal para se assumir para a família, uma vez que ele, junto com Nate, se tornaram os chefes do negócio da funerária em casa. Um outro tema recorrente na série, além de polêmico, é a questão do matrimônio, fidelidade. Nathaniel Samuel “Nate” Fisher Jr. (Peter Krause), tem um relacionamento conturbado com Brenda Chenowith (Rachel Griffiths), uma recém conhecida durante a viagem de avião que o levaria de encontro a família. Enquanto seu pai estava a caminho, de carro, Nate e Brenda, que mal tinham acabado de se conhecer, se enfiavam dentro de uma sala em um anexo no aeroporto e começam a transar, enquanto o pai de Nate morria. Isso causaria em Nate um sentimento de culpa? Não. Esse relacionamento, iniciado de forma impulsiva entre Nate e Brenda será sustentado ao longo de toda a série, mostrando todas as suas nuances, de forma verdadeira, desde os momentos mais apaixonados, até os momentos em que o tema infidelidade se torna o ponto principal da relação entre o casal. A constituição e problemática da família tradicional, que é sim já é um tema fundamental na série, aqui passar a ganhar novas nuances, pois, com o problema da infidelidade dos dois, o próprio irmão mais novo, Dave, se vê as voltas com o desejo de trair seu namorado, Keith, além de a mãe da família, resignada, recatada e extremamente religiosa, Ruth Fisher (Frances Conroy), por incentivo do próprio Nate, para choque de todos, admite que também chegou a trair seu marido, Nataniel. A mensagem é: não há verdades absolutas, e para isso que a série despertou a mente dos americanos e todos os espectadores da série num momento tão delicado. Dentro desse preceito, de que não há verdades absolutas, se Dave toma conta dos negócios, ao passo que tenta assumir sua homossexualidade, Nate é o que tentará colocar os nervos da família no lugar, com todos esses novos acontecimentos, a descoberta da homossexualidade do irmão, o sentimento de culpa da mãe por ter traído o marido, e que, na terceira idade irá começar a descobrir alguns prazeres da vida que não tinha enquanto casada, em favor de se mostrar uma dedicada mãe de família, prazeres esses como uso de drogas, encontros românticos com desconhecidos e luais regados a litros de álcool. Por último, não podemos deixar de citar aqui a irmã caçula da família, Clair Fisher (Lauren Ambrose). Perceber a evolução dessa personagem na série é algo tocante, pois, nunca foi mostrado em nenhum programa de TV já feito até hoje, de forma tão verdadeira, a difícil e estranha fase de transição ocorrida da adolescência para a fase adulta. As turmas na escola, o uso de drogas, os relacionamentos, a indecisão sobre qual carreira seguir, a dificuldade de aceitação nos grupos diferentes ao seu ponto de vista, a negação da família, até que, em certo momento da série, todos esses problemas vão se solucionado, uma adolescente insegura, vai se afirmando e aceitando a fase adulta, assim como os a própria família vai amadurecendo após a perda do patriarca. Claire se descobre no mundo das artes, se afirma em sua área de atuação, primeiramente, dentro de seu curso superior, e depois dora dele, já no ambiente profissional, já como mulher, no final da série vemos que a adolescente frágil ficou para trás. Por fim, a série termina como começou, com a morte de um personagem, mas aí, cinco temporadas após os atentados de 11 de setembro, as cicatrizes da dor da perda de milhares de pessoas já estavam curadas, e Six Feet Under pôde nos fazer olhar a morte por uma outra perspectiva: de que é ela não é o fim, é apenas o começo de uma nova história.
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Breaking Bad (5ª Temporada)
4.8 3,0K Assista AgoraAlguns anos após o término da série, resolvi revisitá-la. Resultado? A certeza de que essa é uma das melhores séries de TV já feita em todos os tempos.
Em 2013, ao ver o último episódio da série, confesso que havia ficado decepcionado com o rumo dado aos personagens principais, Walter White e Jesse Pinkman, mas por falta de maturidade, talvez, não havia percebido que tudo isso fazia parte da trama psicológica da evolução e amadurecimento (?) dos personagens. Walter, ao longo da série, vai mostrando toda a sua face megalomaníaca, deixando claro que seu envolvimento com a produção de metanfetamina não é só pela família, como várias vezes ele cita no seriado, mas, sim, porque uma nova faceta de sua personalidade é exposta a partir do momento que percebe o poder e dinheiro que poderia conseguir se infiltrando no cartel de drogas de Albuquerque.
Aí que minha revisita pela série começa, por uma questão de roteiro, pois, percebendo que, na verdade, Walter White e Jesse Pinkman nunca formaram uma dupla, o que poderia ser um motivo de frustração, nos deixa surpresos quando vemos que tudo não passa de uma trama sobre um homem comum que se transforma no maior produtor de drogas da cidade, não medindo esforços para manter seu negócio, engolindo todos os outros personagens na trama, como Skyler, sua esposa, o já citado Pinkman, Hank, seu cunhado e Saul Goodman, o advogado mais sem caráter já visto nas telas, por exemplo.
A ambientação criada sobre a cidade de Albuquerque também foi extraordinária, usando locações num nível quase documental, desde o deserto e subúrbios, até locais de classe alta e centros comerciais, é como se pudéssemos respirar o ar quente do deserto onde Walter e Jesse começam a produzir drogas na VAN no começo da série, ou como se pudéssemos, num fim de tarde, fazer uma visita ao Polos Hermanos para comer frango na rede de fast food de Gus Fringe. Há um realismo gritante que o roteiro conseguiu criar sobre a cidade, e quem é fã da série, assim como eu, provavelmte deseja fazer uma viagem até lá.
Várias outras questões ainda poderia comentar somente sobre o roteiro, que não deixa pontas soltas em nenhum momento, principalmente graças a montagem da série, que com planos ousadíssimos contribui para que o roteiro se desenvolva de forma fluente, na minha opinião, a série com a melhor montagem que já vi.
Grato por ter revisitado essa produção que, com certeza, é um marco na história das séries de TV.
A Sete Palmos (5ª Temporada)
4.8 477 Assista AgoraAno de 2001. A rede de canal fechado HBO, já com a série The Sopranos no ar desde 1999, série ganhadora de vários prêmios Emmy, decide lançar ao ar mais uma de suas produções originais: Six Feet Under.
No final da década de 90 e começo dos anos 2000, a HBO iria apresentar um novo modelo de seriados para televisão, apresentando duas séries, Oz, iniciada em 1997, e a já citada, The Sopranos. O que elas teriam de diferente com relação as séries já existentes nesse período? O canal investe em temporadas para as suas séries com número de episódios menores, 12 episódios, em média, com duração de aproximadamente 1 hora cada, produções com qualidade de cinema, e, o fundamental: elaborar roteiros com histórias complexas, personagens com profundidades psicológicas impressionantes, além de retratar certos assuntos de forma polêmica para os padrões da televisão à época, como por exemplo, como é retratada a comunidade italo-americana em Sopranos, e a forma como nos é mostrado o cotidiano em uma prisão de segurança máxima no seriado Oz. E você me pergunta, o que Six Feet Under tem a ver com isso? Tudo.
Coincidência que Six Feet Under, uma série que fala sobre os vivos tentando lhe dar com os mortos que aparecem na abertura de cada episódio e ao longo deles, fazendo com que esses personagens, psicologicamente abalados pela morte inesperada do patriarca da família, tivesse sua estréia na TV dois meses antes da queda das torres gêmeas? Olhando em retrospectiva, não. Nesse contexto, o seriado, de forma mórbida, e com um pouco de humor negro, uma das características principais da série, de forma simbólica, pôde representar o sentimento de toda uma nação naquele singular período de 2001: o pai e provedor da família, dono de uma funerária, que morre inesperadamente num acidente de carro indo buscar o filho para um jantar de natal em família, não poderia ser representado na figura do World Trade Center, ícone do capitalismo americano, que, por meio de um inesperado ataque terrorista, foi destruído, deixando uma nação perplexa com a perda de um de seus maiores ícones econômicos, além, é claro, de ter causado a morte de milhares de pessoas que trabalhavam no conjunto de prédios, deixando assim, um país abalado tanto emocionalmente com a perda de entes da família, como abalados também economicamente? Sim.
Dentro desse contexto, a série rapidamente conseguiu conquistar os corações e mentes dos americanos, emocionalmente abalados pela perda de vários entes queridos, e, agora, tendo que passar por uma situação semelhante aos personagens da série, que viram toda a sua estrutura sólida ruir com a morte de Nathaniel Fisher (Richard Jenkins), o dono da empresa funerária Fisher & Sons Funeral Home. Assim, cada personagem, com uma problemática específica e muito bem elaborada ao longo das 5 temporadas, se veem numa posição de, com a morte do pai, numa situação contraditória, imediatamente, se veem na obrigatoriedade de ter uma posição ativa com relação ao rumo de suas próprias vidas, assim como o que ocorreu com a sociedade norte americana. Vamos enterrar nosso mortos e seguir em frente ou apenas continuar nos lamentando pelos atentados ocorridos? Vamos nos lamentar pela perda econômica ocorrida ou nos reinventarmos para colocar os negócios de volta aos trilhos?
Nesse tocante, a série ainda conseguiu ir além, pois, com esse momento de sensibilidade maior, temas como homossexualidade, por meio do personagem David James "Dave" Fisher (Michael C. Hall, que viria a interpretar o assassino em série em Dexter alguns anos depois), o filho do meio, sério, comedido e conservador, puderam vir a tona e repensados, não só pelo próprio personagem, pois, após a morte do pai, e com a chegada do irmão pródigo, Nathaniel Samuel “Nate” Fisher Jr. (Peter Krause), Dave começa a se questionar se ainda vale a pena esconder de seus familiares sobre a sua posição sexual, questionamento esse feito inclusive pelo seu namorado policial negro, Keith Charles (Mathew St. Patrick), esse argumentando que não haveria mais motivos para Dave não se assumir como homossexual, uma vez que, com a morte de Nataniel Fisher, esse era o momento ideal para se assumir para a família, uma vez que ele, junto com Nate, se tornaram os chefes do negócio da funerária em casa.
Um outro tema recorrente na série, além de polêmico, é a questão do matrimônio, fidelidade. Nathaniel Samuel “Nate” Fisher Jr. (Peter Krause), tem um relacionamento conturbado com Brenda Chenowith (Rachel Griffiths), uma recém conhecida durante a viagem de avião que o levaria de encontro a família. Enquanto seu pai estava a caminho, de carro, Nate e Brenda, que mal tinham acabado de se conhecer, se enfiavam dentro de uma sala em um anexo no aeroporto e começam a transar, enquanto o pai de Nate morria. Isso causaria em Nate um sentimento de culpa? Não. Esse relacionamento, iniciado de forma impulsiva entre Nate e Brenda será sustentado ao longo de toda a série, mostrando todas as suas nuances, de forma verdadeira, desde os momentos mais apaixonados, até os momentos em que o tema infidelidade se torna o ponto principal da relação entre o casal. A constituição e problemática da família tradicional, que é sim já é um tema fundamental na série, aqui passar a ganhar novas nuances, pois, com o problema da infidelidade dos dois, o próprio irmão mais novo, Dave, se vê as voltas com o desejo de trair seu namorado, Keith, além de a mãe da família, resignada, recatada e extremamente religiosa, Ruth Fisher (Frances Conroy), por incentivo do próprio Nate, para choque de todos, admite que também chegou a trair seu marido, Nataniel. A mensagem é: não há verdades absolutas, e para isso que a série despertou a mente dos americanos e todos os espectadores da série num momento tão delicado.
Dentro desse preceito, de que não há verdades absolutas, se Dave toma conta dos negócios, ao passo que tenta assumir sua homossexualidade, Nate é o que tentará colocar os nervos da família no lugar, com todos esses novos acontecimentos, a descoberta da homossexualidade do irmão, o sentimento de culpa da mãe por ter traído o marido, e que, na terceira idade irá começar a descobrir alguns prazeres da vida que não tinha enquanto casada, em favor de se mostrar uma dedicada mãe de família, prazeres esses como uso de drogas, encontros românticos com desconhecidos e luais regados a litros de álcool.
Por último, não podemos deixar de citar aqui a irmã caçula da família, Clair Fisher (Lauren Ambrose). Perceber a evolução dessa personagem na série é algo tocante, pois, nunca foi mostrado em nenhum programa de TV já feito até hoje, de forma tão verdadeira, a difícil e estranha fase de transição ocorrida da adolescência para a fase adulta. As turmas na escola, o uso de drogas, os relacionamentos, a indecisão sobre qual carreira seguir, a dificuldade de aceitação nos grupos diferentes ao seu ponto de vista, a negação da família, até que, em certo momento da série, todos esses problemas vão se solucionado, uma adolescente insegura, vai se afirmando e aceitando a fase adulta, assim como os a própria família vai amadurecendo após a perda do patriarca. Claire se descobre no mundo das artes, se afirma em sua área de atuação, primeiramente, dentro de seu curso superior, e depois dora dele, já no ambiente profissional, já como mulher, no final da série vemos que a adolescente frágil ficou para trás.
Por fim, a série termina como começou, com a morte de um personagem, mas aí, cinco temporadas após os atentados de 11 de setembro, as cicatrizes da dor da perda de milhares de pessoas já estavam curadas, e Six Feet Under pôde nos fazer olhar a morte por uma outra perspectiva: de que é ela não é o fim, é apenas o começo de uma nova história.