Em Petrogrado, no início da revolução, o General Svirsky mata o amante de sua esposa, o oficial Dimitrieff. Emigrando à Nice com seu marido, Natasha Svirsky conhece Henri de Cassel, praticamente um retrato vivo do falecido. Cheia de medo, ela torna-se sua amante. Baseado em uma peça de Charles Méré.

Filmado entre Feu Mathias Pascal e Le diable au coeur, Le Vertige é um dos filmes mais surpreendentes e pouco conhecidos de Marcel L'Herbier. Ele também é um dos muitos filmes que, de uma forma ou de outra e em diferentes países e épocas, anunciavam Um Corpo que Cai, de Hitchcock. É o tema do amante morto que volta à vida através de uma pessoa que tem uma notável semelhança com ele que aparece aqui; no entanto, a ressurreição do passado, as paixões angustiantes, o ciúme e os paroxismos emocionais pertencem ao universo pessoal de L'Herbier. Como uma marca registrada do autor de L'Inhumaine, os personagens transferem suas obsessões para os cenários, que acabam tornando-se o quarto personagem na história.
"Eu não tenho nada de especial a dizer sobre Le Vertige; é uma obra de circunstâncias. Tínhamos perdido um monte de dinheiro na minha empresa (Cinégraphic) com filmes ambiciosos: Fait Divers, de Autant-Lara; L’inondation, de Louis Delluc; Le Marchand de Plaisirs e Le Galerie des Monstres, de Jaque Catelaine; e também com L’Inhumaine. A verdade era que estávamos arruinados, e por isso foi necessário encontrar formas de continuar a fazer o que estávamos interessados. Eu filmei Le Vertige, em associação com a Cineromans, para sair da nossa crise financeira. A parte mais interessante deste projeto foi o cenário projetado por Mallet-Stevens para o apartamento do jovem Catelain. Robert Delaunay me emprestou uma de suas muitas torres Eiffel para pendurar na parede, e Sonia Delaunay pintou as texturas."

Marcel L’Herbier, Entervista feita por Jean-André Fieschi em colaboração com Jacques Siclier e reproduzida na Cahiers du Cinéma, No. 202, Julho 1968, por cortesia da ORTF e da série "Cinéastes de notre temps" / fonte: mko