"No final de contas, o ditador é apenas um artista que tem a possibilidade de colocar totalmente em prática o seu egoísmo. É apenas uma questão de nível estético, quer se chame Baudelaire ou Bolintineanu, Luís XVI ou Nicolae Ceausescu". Andrei Ujica. De um ponto de vista formal, a Autobiografia de Nicolae Ceausescu demonstra que hoje em dia, utilizando exclusivamente imagens pré-existentes, é possível realizar obras cinematográficas que incidem sobre a história recente, com um sopro épico semelhante ao que encontramos nos filmes históricos de ficção. Estamos a pensar aqui, antes de mais, nos grandes quadros de época que o cinema americano dedicou à geração da guerra do Vietname. A iniciativa deste filme é eminentemente sintáctica e a montagem tem nele um papel duplo: o da encenação, pois constrói cenas que não existem enquanto tal nos rushes, e o mais clássico que consiste em ligar estas cenas entre elas. É bem possível que estejamos a assistir aqui ao nascimento de um novo género cinematográfico.