curta nos traz a efervescência cultural que Goyaz até então, capital do Estado, vivia. Retrata os saraus com seus poetas e músicos reunidos, declamando e cantando em versos e modinhas a vida tranqüila da Cidade. Capital protegida pela imponente Serra Dourada e cortada pelo Rio Vermelho, que tanto chorou manchado de sangue no tempo do garimpo. Rio que levou e lavou a sujeira da Cidade nas mãos das lavadeiras. Mulheres que, entoando cantigas acompanhadas pelos sons das águas, alimentaram a poesia de Cora Coralina. Poetisa que da janela de sua casa, mirava-se nos espelhos das águas. Galeria onde Annica sonhava tecer um grande amor de verdade. Um “peixe homem”, que a levasse a navegar pelos mares (imaginários e/ou reais), águas de vida e de escrita.
Assim, através daqueles sonhos Annica transforma-se em Cora Coralina. Mulher forte que, ao retornar para sua Cidade natal relembra os caminhos de pedras percorridos. Os mesmos caminhos que a levaram e os mesmos que a trouxeram de volta sentindo a dureza das “pedras lapidares” de seu berço, de sua história.