Colônia é uma dessas palavras emprestadas pelo dicionário para criações análogas ao que o termo remete. Está incrivelmente dispersa entre uma série de conjuntos de ideias: política, sociologia, ecologia, perfumaria, biologia, zoologia. No formato de peça-palestra, o espectador é convidado a acompanhar o desmembramento das acepções da palavra colônia, presenciando um discurso nascido no espaço entre o conceito e a poesia.
Para que a diversidade de definições confluíssem, dois fatos da história brasileira foram catalisadores: a herança colonial do Brasil e a história do Hospital Colônia de Barbacena (MG), hospício onde mais de 60 mil pessoas foram torturadas e mortas ao longo das décadas de seu funcionamento. Um holocausto praticado pelo Estado, com a conivência de médicos, funcionários e da população. A partir de uma análise sintática e morfológica, o espetáculo cria conexões entre os fatos apresentados e reflete sobre forças propulsoras para uma ideia de descolonização, sobretudo do pensamento.