Desatino

Romilda Machiaverni, conhecida por Nenê Romano, nasceu na Itália e veio para o Brasil aos 2 anos de idade, em 1897. Ex-camareira de hotel e dona de uma beleza estonteante, acabou se tornando uma cortesã de luxo. Exatamente pelo encanto que exercia sobre os homens de poder, inclusive Washignton Luis, na época presidente do Estado de São Paulo e depois da República, ela despertava o ódio das mulheres da sociedade paulistana. Uma delas, Maria Eugênia Junqueira, filha da poderosa fazendeira do café Íris Junqueira, movida pelo ciúme de seu namorado que também cortejava a prostituta, chegou a contratar capangas para desfigurá-la com uma navalha. Para ajudá-la a reabrir o processo de indenização deste atentado que estava parado, Nenê contratou o advogado Moacyr Piza, que se apaixonou perdidamente por ela. O romance entre Moacyr e Nenê foi avassalador. Ele renunciou a tudo que tinha em nome desse amor desesperado. O caso durou dois anos até que ela resolveu deixá-lo. O advogado ficou transtornado e fez de tudo para recuperar a amada. Chegou a mandar um presente de aniversário para a prostituta, que recusou. Na quinta-feira do dia 25 de outubro de 1923, Moacyr foi procurá-la em sua casa, mas Nenê estava de saída. Ele queria conversar. Ela pediu que entrasse no carro e dissesse o que queria no tempo em que chegasse ao seu destino. Ele pediu para voltar, ela disse não. Na esquina da Av. Angélica com a Rua Sergipe, ele a matou com quatro tiros, e em seguida suicidou-se. Uma trágica história de amor que chocou a cidade de São Paulo, e agora é apresentada ao público em uma produção de época bastante ousada, que levanta questões como o amor sem limites, a violência, os crimes passionais, a prostituição, e tantas outras polêmicas que podem surgir pelos processos da obsessão humana, fatos constantes no mundo atual.