Tradicionalmente, na Bélgica, o norte e o sul do país sempre viveram em conflito. Albert, 35 anos, é dono de uma barraquinha que vende batatas fritas bem na fronteira entre as duas comunidades. Quando ele entrega as batatas aos seus clientes, está na região de Flandres, mas quando mergulha as batatas no óleo, ao fundo da barraca, está no lado francófono de Bruxelas.
Em cada saquinho vendido, Albert esconde uma mensagem, como nos biscoitos da sorte chineses. No dia 30 de dezembro, dezenas de pessoas fazem fila para
comprar batatas e, de brinde, ganharem uma pista de como será o futuro. Mas na manhã de 31, quando Albert chega para trabalhar, é pego de surpresa: sua barraca, situada precisamente na fronteira lingüística da cidade, na calada da noite foi dividida em duas por um enorme muro.