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Nascimento: 19 de Agosto de 1915 (59 years)

Falecimento: 29 de Janeiro de 1975

Albergaria-a-Velha - Portugal

Manuel Fernandes Pinheiro Guimarães (Valmaior, Albergaria-a-Velha, 19 de Agosto de 1915 — Lisboa, 29 de Janeiro de 1975) foi um cineasta português que se destacou pela aplicação dos princípios ideológicos do neo-realismo na arte do cinema em Portugal. No entanto, a ditadura salazarista, mais atenta às manifestações da sétima arte que às “transgressões” no domínio da literatura, impediu-o com severidade de levar a bom termo os seus propósitos artísticos.

Depois de ter concluído o Curso Geral dos Liceus, seguiu o de pintura, em 1931, na Escola de Belas Artes do Porto. Foi, a partir de 1936, decorador teatral, ilustrador e caricaturista. Desenhador de cartazes de cinema, interessou-se pela arte cinematográfica. Aderiu ao ofício como assistente de realizadores como Manoel de Oliveira, António Lopes Ribeiro, Jorge Brum do Canto, Arthur Duarte e Armando de Miranda.

Realizou em 1949 o documentário de curta-metragem O Desterrado, filme sobre a vida e a obra do escultor Soares dos Reis, que recebeu o Prémio Paz dos Reis, atribuído pelo o Secretariado Nacional da Informação (SNI) para as melhores curtas-metragens. Saltimbancos é a sua primeira longa-metragem, obra adaptada do romance Circo do escritor Leão Penedo, cujo tema central era a vida dum pequeno circo ambulante. Entretanto trabalhou em publicidade na distribuidora Metro Goldwyn-Mayer, e começou a frequentar os meios intelectuais lisboetas.

Em 1952 Manuel Guimarães realizou o filme Nazaré, com argumento do escritor neo-realista Alves Redol, retratando a vida e hábitos dos pescadores da Nazaré, tal como Leitão de Barros já antes o fizera (Nazaré, Praia de Pescadores – 1929), mas desta vez numa perspectiva de crítica social. A obra foi amputada pela censura. Vidas Sem Rumo (1956), com argumento do próprio Manuel Guimarães e com diálogos de Alves Redol, sofreu amputações mais graves ainda: cerca de metade do filme foi censurado, várias cenas foram cortadas. O resultado final da intervenção dos censores tornou a obra quase ininteligível.

Acossado pelo regime e desejando não abandonar o ofício, Guimarães viu-se forçado a optar, a partir de 1956, pela realização de filmes de cariz comercial sobre eventos desportivos. A sua tentativa de retomar a ficção (A Costureirinha da Sé -1958) não compensou, visto Guimarães ter de aceitar a condição de integrar no filme publicidade explícita. Fez em seguida alguns documentários de divulgação sobre Barcelos, o Porto e os vinhos seculares.

António da Cunha Telles, que entretanto se envolvera como produtor dos primeiros filmes do Cinema Novo português, interessou-se por ele e aceitou fazer a produção executiva e co-produção de dois dos seus próximos filmes: O Crime da Aldeia Velha (1964), adaptação da peça homónima de Bernardo Santareno, e O trigo e o Joio (1965), que, do seu próprio romance, Fernando Namora adaptou a cinema. Na época, o grande público interessava-se porém por filmes com uma vertende de entretenimento mais forte. Voltou ao documentário, aplicando-se em temas artísticos.

Manuel Guimarães teve períodos em que regressou ao grafismo e à ilustração em jornais e outras publicações periódicas, tal como nunca deixou em absoluto de pintar, actividade que voltou a ocupar amiúde nos últimos anos de vida, embora sem expressão pública.

O 25 de Abril de 1974 trouxe-lhe a esperança, mas já era tarde. Doente, Manuel Guimarães não terminaria o seu novo filme, Cântico Final, adaptado do romance homónimo de Vergílio Ferreira. A obra, afectada pelo desaire, seria concluída pelo seu filho, Dórdio Guimarães. Manuel Guimarães seria considerado por vários comentadores como injustiçado, e não só pelo velho regime. Faleceu no dia 29 de Janeiro de 1975.

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