"Preso 29 vezes por pequenos delitos, em 1927 Febrônio Índio do Brasil é acusado de estuprar e matar dois menores. Preso, é considerado louco pelos peritos psiquiatras e absolvido pela justiça. Torna-se assim o primeiro interno do Manicômio Judiciário do Rio de Janeiro. Lá permaneceu por mais de meio século, até morrer, recentemente, com 89 anos.

Autor de uma curiosa teologia intitulada "Revelações do Príncipe do Fogo", por ele mesmo vendida de mão em mão pelas ruas, Febrônio autodenominava-se "o fiho da luz", profeta da "nova religião do Deus-vivo". O caso Febrônio foi o centro do maior conflito entre a "ciência médica" e o Direito, no Brasil. A imprensa dos anos 20 lhe dedicou amplo espaço, comparando-o ao Marquês de Sade e a Pièrre Rivière.

Místico, homossexual, pobre e mestiço, Febrônio foi considerado "inimigo público número um" de sua época. O filme documenta o caso Febrônio utilizando-se de material iconográfico, trechos de filmes de época e depoimentos, destacando a participação direta do próprio personagem em seus últimos dias de vida no Manicômio Judiciário. Pequenas encenações reforçam a reconstituição dos anos 20."