Verdi surpreendeu o mundo musical ao estrear em 1887, no Teatro Scala de Milão, o Otelo, a penúltima de suas 28 óperas. Aos 74 anos, deu provas de extraordinária vitalidade, renovando mais uma vez a arte lírica italiana, rompendo com as tradições de composição e abrindo portas para a ópera moderna. Para adaptar a peça homônima de William Shakespeare, contou com a colaboração de Arrigo Boito, excelente poeta e também compositor, que lhe providenciou um primoroso libreto. Otelo tornou-se assim, uma das obras mais significativas do repertório internacional.
O papel título foi idealizado para um tenor de envergadura dramática e nesta produção, é bravamente defendido pelo russo Vladimir Atlantov. Desdêmona é a soprano neo-zelandesa Kiri Te Kanawa, esbanjando musicalidade e pureza vocal, lago é vivido pelo competente bari tono italiano Piero Cappuccilli. O imenso espaço do Arena de Verona presta-se perfeitamente a grandiosidade desta obra-prima.