"Um dia abandonaremos o conhecido... Querendo ou não partiremos!"
Com base nessa premissa se conta esta história.
A história de três irmãos. Gémeos falsos. Sangue do mesmo sangue que o destino quis juntar desde o dia em que foram concebidos.
A mãe morreu há sete anos e desde então têm sido a pedra angular uns dos outros. Ao crescerem sozinhos construíram uma relação muito forte entre eles, que vai para além dos padrões normais. Criaram os seus próprios limites, enfrentando o que advém de uma sociedade rural isolada. As tradições mantiveram-se. Talvez um memorando à mãe que os fez nascer e que os criou.
Mas quando tudo parecia fazer sentido, alguém decide PARTIR.
MARIA pretende abandonar o mapeado e rumar a uma nova perspectiva de vida. Uma nova oportunidade. Mas, PARTIR causa movimento, porque, assim como a água parada apodrece, nós corremos o risco de virar rascunhos de nós mesmos ao acostumar com a estagnação. MARIA quer viver aquele nó no estômago diante do novo. MARIA é terra.
Esse desejo vai romper com a unidade criada até então. ABEL quando confrontado guarda o ressentimento e encoraja a irmã a prosseguir com a sua vida. Talvez no seu entender considera que PARTIR é essencial. Que um dia chegará o seu momento, apesar de no fundo tentar afastar essa possibilidade. Tem consciência que as coisas serão diferentes, mas guarda tudo para si. Sofre por dentro. ABEL é agua.
EVA é o contraste. A sua reacção é mais expansiva e directa. Traduz tudo o que sente para fora de si. Não consegue entender. Tudo estava bem. Não aceita. EVA é fogo.
Como PARTIR é um doce pesar, tanto para quem fica como para quem vai, Maria mostra-se preocupada perante tudo o que pode deixar para trás. Nunca vai descurar dessa unidade, a irmandade que sempre conheceu.
Quando se prepara para escrutinar o desconhecido o medo vai paralisá-la.