Há 70 mil famílias hoje na Bolívia cujas vidas dependem exclusivamente de cultivar a ancestral folha da coca. A prática é considerada ilegal há doze anos, e os EUA monitoram a aplicação da lei exercendo pressão econômica e militar. O governo boliviano militarizou a zona de Chapare e deu início a um plano de erradicação das plantações pela força, após falhar no plano de desenvolvimento alternativo que tentou substituir a coca por outros produtos agrícolas. Os incentivos para diversificar a colheita, embora prometidos, nunca foram aplicados. O grande perigo atual é a colombização do conflito, com o surgimento de uma guerrilha para defender o direito de plantar a coca, de acordo com as tradições religiosas, médicas e sociais que deram forma à cultura da Bolívia e de países vizinhos. Resta saber quais são as razões reais para esse confronto e quais os interesses escondidos por trás dos agentes envolvidos.