O lavrador Francisco Thomaz dos Santos era uma figura "folclórica" e singular da Ilha de Santa Catarina. Descendente direto dos imigrantes açorianos que colonizaram o literal catarinense há mais de 250 anos, Seo Chico era herdeiro do último engenho tradicional ainda em atividade no sul da Ilha. Seu sítio era freqüentado por todos aqueles que escolhiam a tranqüilidade do Sertão dos Indaiás para se religar ao modo de vida simples e ao ritmo natural dos tempos idos. Encontrar Seo Chico equivalia a uma espécie de "viagem no tempo".

Sua rotina consistia em trabalhar na roça e regularmente fazer funcionar a moenda de cana (movida à tração animal) e o alambique, produzindo uma cachaça de extrema pureza e excelente paladar. Ao receber visitas, tratava a todos sem distinção, fossem "pobres da sua marca" ou cidadãos "estudados" da capital: todos eram iguais ao comungar de sua pinga. Seo Chico falava com simplicidade e contundência o que pensava. Orgulhava-se de sua origem rural e honrava os ensinamentos éticos recebidos de seus pais.

Este documentário foi concebido como um tributo afetuoso a Seo Chico. Montado de forma a preservar a cadência natural do tempo no engenho, respeitando o modo de falar de Seo Chico e a lógica singular do seu pensamento, o filme registra os encontros dele com nossa equipe de filmagem buscando transparecer ao máximo a intensidade emocional dessa experiência, tragicamente interrompida.