Realizado através da Lei Federal de Incentivo à Cultura, como projeto paralelo ao Salão de Arte Ambiental da Fiema Brasil, de Bento Gonçalves – RS, Tradução da Miséria conta o processo de produção de doze telas do artista plástico Joe Nunes, no qual ele e a equipe viajam mais de 3.800 km pelo Rio Grande do Sul para entrevistar catadores de materiais recicláveis nas cidades de Santa Cruz do Sul, Rio Pardo, Cachoeira do Sul, Lajeado, Encruzilhada do Sul, Cachoeirinha, Gravataí, Porto Alegre, Farroupilha, Caxias do Sul e Uruguaiana.
Por ter um cunho artístico a sua estética diferencia-se dos documentários convencionais, mas nem por isso deixa de retratar uma realidade social. Veremos, pela primeira vez, catadores falando da sociedade, como sujeitos dela que são, e não essa sociedade falando dos catadores com visões distorcidas e preconceituosas. Dessa forma a miséria traduzida no filme não é aquela econômica que todos estão acostumados a ver retratada quando a mídia busca populações chamadas excluídas e sim a miséria moral de uma sociedade que, mesmo se dizendo sensibilizada com a situação dessas pessoas, considera natural que seres humanos iguais a eles sobrevivam muitas vezes sem as mínimas condições de subsistência.
Tradução da Miséria não é um filme produzido para chocar ou alertar, é um filme para deixar muitos nós nas nossas gargantas.