Em dezembro de 1982, partiu rumo à Antártica a primeira expedição de pesquisadores brasileiros. Ernesto Rodrigues cobriu jornalisticamente o evento, acompanhando a missão da Marinha a bordo do navio Barão de Teffé. Recentemente, em 2013, o diretor retornou ao continente gelado e registrou todas as transformações ocorridas nessas três décadas. O documentário apresenta gravações feitas durante as duas viagens e entrevista os principais protagonistas desta história, entre marinheiros e cientistas, economistas e ambientalistas, soldados e políticos.
Depoimentos de Amyr Klink e de diversos integrantes da expedição narram, hoje, as dificuldades de comunicação e deslocamento na época, a bordo do navio dinamarquês de segunda mão, comprado às pressas pelo governo brasileiro. As imagens da empreitada e da bandeira cravada no gelo garantiriam ao Brasil o direito de sentar à mesa no front diplomático do Tratado Antártico e ter poder de voto sobre o futuro do território, além de contribuírem para o reconhecimento da ciência brasileira pela comunidade internacional. O filme aborda os desafios climáticos, tecnológicos, psicológicos e logísticos enfrentados por nossos pesquisadores, as implicações geopolíticas da missão, os programas científicos mais relevantes e a história dos principais membros do Programa Antártico Brasileiro.
Para os especialistas, a viagem era o início de uma série de análises com aves migratórias, descobertas de novas espécies e estudos sobre icebergs de todas as cores e tamanhos. Projetos excitantes para os acadêmicos, mas quase incompreensíveis para o repórter carioca acostumado ao calor dos trópicos. As imagens e as sensações vividas nos 28 dias da excursão original jamais sairiam da memória do jornalista, que aponta, a partir das conversas, questões relevantes sobre o futuro das pesquisas no continente, focadas nas mudanças em curso nas regiões polares e na análise da sua importância ambiental e econômica para o planeta.