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Nascimento: 14 de Maio de 1912 (66 years)

Falecimento: 29 de Março de 1979

Buenos Aires - Argentina

Tulio Carella foi dos escritores mais prestigiados dos anos 1940-1950 na Argentina: poeta, autor de importantes ensaios sobre a cultura portenha e dramaturgo premiado, também exerceu a crítica teatral,
assinou roteiros de cinema e deu aulas de Teatro e Belas Artes em cursos superiores.

Em 1960, cansado do clima de instabilidade política em Buenos Aires e da censura velada e hipocrisia no ambiente cultural, aceitou
convite para ensinar teatro na Universidade Federal de Pernambuco.

A luz e a sensualidade do Recife impactaram
o argentino. Apesar do clima de embates políticos pré-ditadura militar e de sua percepção crítica das mazelas locais, encantou-se com o que acreditava ser a perfeição das formas: os corpos de negros e mestiços que circulavam pelas ruas, bares e cais do centro da cidade.

A diferença de língua e a visão estreita da maioria dos colegas acadêmicos levaram-no ao isolamento e à solidão. Carella aproximou-se, então, do circuito homossexual do Recife
e entregou-se à experiência dos sentidos, passando a viver uma inesperada “segunda juventude”. Como novo Don Juan, colecionou
dezenas de aventuras amorosas e sexuais com tipos anônimos, que registrou com forte carga erótica em seus diários íntimos, junto a aguçadas observações sobre a rotina social pernambucana.

O surpreendente e trágico final da história de Carella no Brasil inclui sua prisão
e tortura para confessar suposto contrabando de armas vindas da Cuba revolucionária, e, ainda, sua deportação extraoficial.

Na Argentina, além de problemas ocasionados por seu temperamento franco, a publicação do diário recifense marginalizou o escritor e relegou-o à condição de autor cult.

Inovador, a ditadura local também listou e perseguiu homossexuais. Carella abandonou o meio teatral e tornou-se recluso. Seu nome foi esquecido pela crônica
literária e desde então nenhum de seus livros foi reeditado.

Contudo, seu olhar visionário, a diversidade
de seus interesses, sua erudição, a força e refinamento de seu estilo construíram uma obra que é fonte permanente de interesse e prazer. Como afirmou o tradutor de Orgia,
o escritor pernambucano Hermilo Borba Filho,
Tulio Carella foi “um dos escritores mais sérios
desta ainda inválida América Latina. Os raios de sua estrela alcançam uma faixa limitada; por enquanto, porque certamente, um dia,
multidões serão atingidas por sua luz”.

Por Alvaro Machado

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