Como é fácil fazer cinema hoje no Brasil! Basta um celular ou uma filmadora portátil, nenhuma ideia na cabeça (mas a ilusão de se estar revolucionando o mundo, reinventando a roda), um grupo de amigos dispostos a trabalhar pela arte e voilà!, temos obras como este "O animal sonhado". É o típico filme que crítico ama e no qual enxerga um turbilhão de qualidades de toda sorte - estéticas, interpretativas, narrativas - , ao passo que o espectador comum, que sai de casa e paga (caro) pelo ingresso, nada vê de mais. A história não quer dizer nada. Trata-se de meia dúzia de esquetes, sem muita ligação entre si, em que pouco se diz com palavras, e muito com o corpo. O corpo é o personagem principal do filme. Corpos jovens que dançam, trepam, correm, amam, se exercitam. Os conflitos psicológicos até estão lá, mas têm a profundidade de um pires de leite. Afinal, para que problematizar qualquer coisa quando se tem o prazer estético de ver uma jovem de biquíni se admirando diante do espelho? O que importa não é o que os personagens sentem, mas o que fazem com seus corpos. A única vantagem de "O animal sonhado" existir é que tenha sido rodado em Fortaleza, ou seja, provando que há vida e potencial cinematográfico fora do eixo comercial RJSP. Naturalmente os diretores envolvidos no projeto são jovens que pensam em mudar o mundo. E, como todo diretor jovem, se acham originais e geniais ao optarem por uma narrativa fragmentada, beirando o experimental, esquecendo-se (ou ignorando) que esse tipo de filme só funcionava nos anos 60, quando a sociedade era diferente e aberta ao debate das ideias. Louve-se a boa vontade de todos os envolvidos, mas "O animal sonhado" só funciona como sonífero.
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O Animal Sonhado
3.1 4Como é fácil fazer cinema hoje no Brasil! Basta um celular ou uma filmadora portátil, nenhuma ideia na cabeça (mas a ilusão de se estar revolucionando o mundo, reinventando a roda), um grupo de amigos dispostos a trabalhar pela arte e voilà!, temos obras como este "O animal sonhado".
É o típico filme que crítico ama e no qual enxerga um turbilhão de qualidades de toda sorte - estéticas, interpretativas, narrativas - , ao passo que o espectador comum, que sai de casa e paga (caro) pelo ingresso, nada vê de mais. A história não quer dizer nada. Trata-se de meia dúzia de esquetes, sem muita ligação entre si, em que pouco se diz com palavras, e muito com o corpo. O corpo é o personagem principal do filme. Corpos jovens que dançam, trepam, correm, amam, se exercitam. Os conflitos psicológicos até estão lá, mas têm a profundidade de um pires de leite. Afinal, para que problematizar qualquer coisa quando se tem o prazer estético de ver uma jovem de biquíni se admirando diante do espelho? O que importa não é o que os personagens sentem, mas o que fazem com seus corpos.
A única vantagem de "O animal sonhado" existir é que tenha sido rodado em Fortaleza, ou seja, provando que há vida e potencial cinematográfico fora do eixo comercial RJSP. Naturalmente os diretores envolvidos no projeto são jovens que pensam em mudar o mundo. E, como todo diretor jovem, se acham originais e geniais ao optarem por uma narrativa fragmentada, beirando o experimental, esquecendo-se (ou ignorando) que esse tipo de filme só funcionava nos anos 60, quando a sociedade era diferente e aberta ao debate das ideias. Louve-se a boa vontade de todos os envolvidos, mas "O animal sonhado" só funciona como sonífero.