O filme é lindo. Doloroso e lindo. Poético e lindo. Melancólico e lindo. É uma linda declaração de dor - e de amor. Discordo de quem afirma que "todo mundo é um pouco Elena" e sei que glamourizar e banalizar as psicopatologias, além de serem práticas perigosas, não foi a intenção de Petra Costa. Compreendo que, ao conhecer Elena e o núcleo familiar retratado no filme/documentário, muitos se identifiquem com a dor da perda e com as angústias e situações desesperadoras. Somos todos feitos de ausências, mas nem todos adoecem por isso. Nem todos conhecem a sensação de ser minúsculo e, ao mesmo tempo, alcançar as grandezas de um corpo que carrega sofrimentos sempre maiores. "Todo mundo" é muita gente. E felizmente nem todo mundo conhece a dor insuportável de estar em si. Nem todo mundo se perde em caminhos sem volta. Nem todo mundo desaparece do mundo de uma maneira absurdamente dolorosa. Nem todo mundo é Elena. Ainda bem. Eu gostaria de dizer que Elena me atingiu como uma faca no peito, mas isso não aconteceu. Sinto como se, ao ver o filme, tivessem enfiado uma colherinha entre as minhas costelas, uma colher de cabo longo, feita de metal gelado, que dilacerou a pele antes de atravessar a carne e que desde ontem mexe lentamente todo o lodo que tenho em mim.
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Elena
4.2 1,3K Assista AgoraO filme é lindo. Doloroso e lindo. Poético e lindo. Melancólico e lindo. É uma linda declaração de dor - e de amor.
Discordo de quem afirma que "todo mundo é um pouco Elena" e sei que glamourizar e banalizar as psicopatologias, além de serem práticas perigosas, não foi a intenção de Petra Costa.
Compreendo que, ao conhecer Elena e o núcleo familiar retratado no filme/documentário, muitos se identifiquem com a dor da perda e com as angústias e situações desesperadoras. Somos todos feitos de ausências, mas nem todos adoecem por isso. Nem todos conhecem a sensação de ser minúsculo e, ao mesmo tempo, alcançar as grandezas de um corpo que carrega sofrimentos sempre maiores. "Todo mundo" é muita gente. E felizmente nem todo mundo conhece a dor insuportável de estar em si. Nem todo mundo se perde em caminhos sem volta. Nem todo mundo desaparece do mundo de uma maneira absurdamente dolorosa. Nem todo mundo é Elena. Ainda bem.
Eu gostaria de dizer que Elena me atingiu como uma faca no peito, mas isso não aconteceu. Sinto como se, ao ver o filme, tivessem enfiado uma colherinha entre as minhas costelas, uma colher de cabo longo, feita de metal gelado, que dilacerou a pele antes de atravessar a carne e que desde ontem mexe lentamente todo o lodo que tenho em mim.