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  • Thamires Duarte

    Comentário contando partes do filme. Mostrar.

    Crítica sobre Twin Peaks S3 episódio 1, parte um e dois:

    Começo a escrever sobre os novos episódios da série de David Lynch, Twin Peaks que retorna agora após 25 anos, e parto viajando através das minhas principais questões e expectativas sobre como a estética, linguagem se transformariam no Twin Peaks que desapareceu em 1992 e retornou num Black Lodge muito mais High Tech e caótico de 2018.
    Dos elementos narrativos que construíam a ambiência íntima, rítmica e de uma temporalidade muito própia, o som e a fotografia, coreografadas sobre a direção de David Lynch em mim, acionavam com profundidade uma conexão muito pessoal entre espectadora e o universo da pacata cidade; Carente de razões céticas aos misteriosos ocorridos violentos, a grande capacidade de provocar sensações está centrada no íntimo explorado com os personagens.
    Somos meros Voyers dos acontecimentos surreais de Lynch; não nos damos ao trabalho de compreender suas motivações. Assistimos e nos são lançadas as sensações.
    Qual seria a abordagem na série ao se pensar a inserção inerente de elementos do futuro que hoje regem a forma que interagimos e nos comunicamos dentro de um universo que se desenvolveu anterior a esta revolução tecnológica do presente, cuja a composição estética dependia da ingenuidade dos meios, a forma como obtínhamos informações em 92 está muito distante do comportamento humano hoje. O tom adotado por Lynch nunca foi exclusivo de uma ficção. Surrealismo. Para existir o surreal, é necessária a realidade.
    Os elementos estão aí. Não existe (por enquanto) um interesse em ressaltar essa transição no desenvolvimento do meio; Temos personagens de outras cidades além de Twin Peaks que não demonstram nenhum compromisso temporal com os acontecidos do passado. Isto me provocou profundo estranhamento (quase um desconforto). Mesmo assim, os cenários simplistas estão ali sem tentar excessos em alusões modernas para os objetos; O foco é o que se cria no espaço junto ao personagem, sem pressa!
    Me encanta o tempo do desenrolar narrativo da série em 91. Já é muito diferente do que estamos acostumados hoje ao se pensar montagem e surgimento de plots nas séries da atualidade. Ao se tratar do olhar, fomos nos adaptando a uma outra linguagem cinematográfica a medida que se desenvolvem os meios de realização audiovisual.

    Senti falta da inserção constante de trilhas na série atual, como acontecia antes. Da quase que "breguisse". O teor cômico não aconteceu nos primeiros episódios de 2017; O que existe é muita tensão. Não temos a ingenuidade, claro que Lucy por si só já nos faz abrir um sorriso, mas aonde estamos agora em Twin Peaks? Não se falou sobre tortas e café, não ligamos mais tanto para romances;

    menos amor e mais terror. Esta é a adequação aos dias de hoje?

    A fotografia, em termos de movimentação, enquadramento e textura está impecável, uma continuação do que foi iniciado com maestria há anos atrás. No entanto, não considero que as primeiras cenas apresentadas do Black Lodge foram tão bem filmadas como antigamente. A movimentação de Laura Palmer é bem menos marcante do que já foi. O piscar, mexer dos braços e pernas, me pareceu que ali não foi realmente uma opção diminuir sua intensidade mas uma consequência por falta de fatores fotográficos e também sonoros que proporcionassem isto. A atuação naquela cena também me pareceu muito emotiva, Laura do passado se tornou outra Laura, e ainda não posso afirmar se é a própria atriz que se transformou.

    Outra coisa me chamou a atenção na composição do novo universo: As mulheres de Twin Peaks (ou a falta das mesmas). Antes, a série tinha como válvula de escape para as tensões mais fálicas, ações de mulheres extremamente passivas como uma quebra. Se formos desenhar todo um cenário sobre a condição da mulher naquela sociedade filmada por Lynch, nos saímos como seres fúteis e objetificados. Mesmo personagens como Catherine e Audrey, que dialogam com uma linha intelectual são completamente passivas à homens ao seu redor. Além disto, se ignorava a idade de personagens femininas que ainda estavam no colegial e as colocavam como figuras fetichizadas e vice-e-versa em relação aos personagens homens e em trabalhos domésticos. O comportamento de Shelly em relação a Bob e Leo. O comportamento de Audrey após descobrir os esquemas de seu Pai. O comportamento de Lucy. O comportamento de Donna em relação a James. Somos mulheres estúpidas no Twin Peaks dos anos noventa, e o que somos agora? Onde estamos agora?

    Senti como uma mensagem indireta do diretor o primeiro diálogo entre os Personagens Ben e Jerry; Ben está conversando em seu escritório do Great Northen Hotel com sua nova assistente Beverly quando seu irmão Jerry entra em plano. Jerry pergunta a Ben:
    Jerry:
    - É essa a menina nova?
    - Mulher! Uma mulher como essa não pode ser chamada de menina.
    Ben:
    - Sim, Beverly.
    Jerry:
    - Já está transando com ela?
    Ben (de modo sério):
    - Ahh! Jerry…
    - R-E-S-P-E-I-T-O
    - Respeito!
    - Ela tem uma alma linda… e é casada!

    Jerry:
    - Isso nunca te impediu antes.

    Jerry começa a repetir frases promíscuas e Ben, sem comoção muda de assunto. Seria essa a mensagem de que Lynch reconhece que falhou em sua postura e que evoluiu (minimamente) para tratar das relações de gênero? Particularmente, acredito que não, mas aguardarei uma representatividade feminina maior na série para voltar a abordar o assunto.

    Para finalizar; volto a ressaltar: O desafio estético de transpor a fotografia adotada antes para os novos episódios foi bem sucedido; mesmo que não tenhamos tido tantas cenas diurnas e e externas e nem visitados tantos as locações que já conhecemos.
    Afinal não estamos mais exclusivamente em Twin Peaks. Achei que a conexão com a sociedade moderna foi apresentada no molde ideal de elementos, sem nos distanciar tanto da ambiência proporcionada aos personagens do passado.
    No entanto, o fator som para mim foi o que mais mostrou-se fragilizado quando fazemos uma comparação ao trabalho de Richard F.W. Davis e Angelo Badalamenti. Infelizmente o novo ritmo não cativa tanto, perde-se o híbrido sonoro, é menos marcante e ganha um espaço narrativo bem menor. A escolha da trilha Shadows da banda Chromatics para o final casa muito bem com a antiga marca da Roud House, Falling, mas senti falta do respirar de cenas introduzidas com sons despretenciosos de trilhas como Audrey’s Dance…
    O roteiro também tem uma construção e um impacto diferente na linguagem atual quando comparada aos episódios antigos, ele tem um segredo que ainda é muito cedo para tratar sobre; sobre isto (partindo do ponto em que Mark Frost e David Lynch se unem para escrever um roteiro) seria presunçoso de minha parte fazer constatações após apenas 2 episódios.

    Me senti de certo traída assistindo o nascimento de uma nova investigação partir de outra delegacia além de Twin Peaks, existe mais busca por "seriedade" para atrair novos espectadores do que pelo entretenimento através de marcas clássicas da série? Não sei representar exatamente as novas expectativas para Twin Peaks 2017, muito menos como defini-las.
    Alias, Lynch não se define; Se assiste.

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  • Filmow
    Filmow

    O Oscar 2017 está logo aí e teremos o nosso tradicional BOLÃO DO OSCAR FILMOW!

    Serão 3 vencedores no Bolão com prêmios da loja Chico Rei para os três participantes que mais acertarem nas categorias da premiação. (O 1º lugar vai ganhar um kit da Chico Rei com 01 camiseta + 01 caneca + 01 almofada; o 2º lugar 01 camiseta da Chico Rei; e o 3º lugar 01 almofada da Chico Rei.)

    Vem participar da brincadeira com a gente, acesse https://filmow.com/bolao-do-oscar/ para votar.
    Boa sorte! :)

    * Lembrando que faremos uma transmissão ao vivo via Facebook e Youtube da Casa Filmow na noite da cerimônia, dia 26 de fevereiro. Confirme presença no evento https://www.facebook.com/events/250416102068445/

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