Gisele

Um filme inteiro dentro de um quarto! Isso não é novidade, mas acaba que "Qual o nome do bebê?" diverte muito... Há muito não ria tanto, não me divertia dentro do cinema... Ah, não se engane com o início Amelie Poulain...

A pergunta que paira ao final de "Somos Tão Jovens" é... pq? Pra q? Para que fazer um filme sobre um mito como Renato Russo? Para que a nova geração saiba quem ele foi, para a antiga reviver os doces dias em que ele estava vivo. Pois "Somos Tão Jovens" não consegue uma coisa, nem outra. Começa pelo elenco, a primeira parte do filme é muito sofrida de assistir. Tudo ali é montado para você pensar que está em Brasília e de acreditar que aquele é Renato. Tudo explicado, demais, tudo fazendo sentido demais. Depois, cada diálogo é fonte para Renato escrever um grande sucesso "Meninos e Meninas", "Que País é Esse?", "Faroeste Caboclo". Se foi assim mesmo, não sei, mas no cinema não funciona, soa artificial. E o filme é todo assim. Até a criação de um romance fake, de um rompimento de amizade mais fake ainda, só para que no final ele possa cantar "Ainda é Cedo" e todo mundo sair feliz do cinema. O Renato Russo que eu conheci merecia uma cinebiografia melhor do que "Somos Tão Jovens"... Sua obra já é grande demais, completa demais para ter que ser explicada nos mínimos detalhes. Ou seja, um filme totalmente desnecessário...

Já conhecia o trabalho do Kléber Mendonça Filho como crítico de cinema. Aos poucos ele foi deixando de atualizar seu site e se envolvendo mais com o "fazer" cinema. E não é que parece que ele aprendeu muito com tudo que viu nessa vida! "O Som ao Redor" é, sem sombra de dúvida, um dos melhores filmes nacionais que vi nos últimos anos. Talvez até nos meus 30 anos de vida. Avassalador, barulhento, silencioso. O filme retrata os nossos problemas sociais, os muros que nos rodeiam, às vezes visíveis, outras vezes não. As relações de poder, o preconceito que teima em estar presente nos nossos dias. Como a violência urbana nos deixa reféns de nós mesmos, dos nossos medos (alguns legítimos, outros nem tanto). Pena que esteja passando em apenas 13 salas de cinema em todo o Brasil. "De Pernas pro Ar 2" está em mais de 700. Acho que isso reflete bem que não é nosso cinema que não tem qualidade para ganhar prêmios e ser reconhecido lá fora. Talvez os brasileiros é que não mereçam filmes como "O Som ao Redor".