A metáfora de redescobrimento pessoal com Goiás, que é o "coração do Brasil", por ser o mais interior possível, e ele ser o boi preto, que é não só o símbolo animal de Goiás como um símbolo folclórico (o bumba meu boi que criamos é preto, por exemplo), é muito perspicaz. E essa ideia de camadas de descobrimento interior se materializa de um jeito muito legal, quando o Cristóvão descasca a parede da casa, uma por uma, a personalidade dele vai resgatando a partir do que ele encontra um eu mais lúcido e conectado com figuras brasileiras. Quando ele usa capa é uma referência à um filme do Glauber Rocha, em que um matador de aluguel se vira contra os seus patrões, Antônio das Mortes, e depois ele vira o próprio boi. Tem também a ideia de que o mito é uma ligação ancestral de nós como nação primitiva e é nosso jeito de se conectar com as forças da natureza. Então é isso que ele faz, e ele só faz por conta do racismo, que vai tentando apagar quem ele é e aquilo que ele ama (como o cachorro morto e a foto dos seus pais quebrada), além da ligação de tratar o homem preto como carne e da juventude ser massiva em querer matar nosso passado místico brasileiro.
Gostei também das "piadas" de um Cristóvão não-colombo desbravando uma colônia austríaca fascista, mas achei muito desconexo querer tratar de machismo estrutural no meio do filme DO NADA (quando ele bate na mulher, quer comandar a casa). Assim, acho que ele criou uma distopia fascista futurística e quis mostrar a riqueza da nossa resistência folclórica, e isso ele fez bem, (talvez até melhor que Bacurau), mas não deu pra mostrar tudo que tem de ruim numa sociedade assim (que é futurística mas ainda é subdesenvolvida) em pouco tempo de filme!!!
Não só pela perspectiva refinada de onde nasceu os Estados Unidos - a loja de conveniências da Minnie, coordenada por mulheres imigrantes e responsáveis pelo trabalho braçal da manutenção "do lar" -, mas pela noção de como ele chegou onde está. Enquanto os capangas representam o estrangeiro, falando francês, oriundos da Inglaterra ou até mesmo do México, Major Marquis e o Xerife Chris são as vozes dos EUA de hoje. Não agem sobre a tardia politicagem do General Sanford - ao qual o próprio Jody faz questão de reiterar que está inválido -, mas pela lei, que é muito mais motivada pela manutenção do ódio que pela justiça.
Sobre o caráter psicológico dos personagens, duas coisas não vão sair da minha cabeça:
o significado da carta falsa do Major Marquis, que acreditava carregar o legado de Abraham Lincoln (que emancipou os escravizados estadunidenses) para sua libertação, como homem preto. De algum modo ele não mentiu para o John, aquela carta é verdadeira, pois foi forjada a partir de uma desesperada necessidade de que fosse real
E, claro, a lógica do Xerife Chris. Ele serve ao norte e ao sul, como um cão fiel, mas nunca um pensador, apenas alguém que aceita comandos, mesmo em posição que deveria assumir poder. Além disso, suas negociações com Daisy mostram o quanto essa figura política debate sobre interesses próprios, apesar de falar em nome de uma república. Seus princípios não são e nunca foram o combate à criminalidade, mas a legitimação do crime que esteja ao seu favor.
O título em português já descreve bem o filme! A Greta consegue ensinar à nós diferentes tipos de mulheres e seus sonhos ou frustações, suas forças, e, acima de tudo, admira-lás por todas as decisões tomadas.
No mínimo uma indicação à Florence Pugh, pelo amor de deus!
[/spoiler] O final dubío foi a cereja do bolo. Interpretei que a Jo termina mesmo sem casar-se, enquanto as pessoas do meu lado ficaram encantadas por ela ter "se casado"... e mesmo assim ambos gostaram muito do que viram. [spoiler]
[/spoiler] Da Amelia se desvencilhando de vez das drogas, à April renascendo como cirurgiã, para a Dra. Herman passando por tudo para ter uma nova perspectiva de vida, e claro, até a Meredith sorrindo e dançando após todo o mal que passou (E as mulheres com queimadura). É a temporada que procura mais ensinar do que entreter, como a própria Big Grey disse, não importa o quão escuro fique, o sol vai brilhar de novo. Orgulho do Karev e da Grey. ❤ [spoiler]
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Casa de Antiguidades
3.1 29Que gostoso é poder brincar de folclore!
A metáfora de redescobrimento pessoal com Goiás, que é o "coração do Brasil", por ser o mais interior possível, e ele ser o boi preto, que é não só o símbolo animal de Goiás como um símbolo folclórico (o bumba meu boi que criamos é preto, por exemplo), é muito perspicaz. E essa ideia de camadas de descobrimento interior se materializa de um jeito muito legal, quando o Cristóvão descasca a parede da casa, uma por uma, a personalidade dele vai resgatando a partir do que ele encontra um eu mais lúcido e conectado com figuras brasileiras. Quando ele usa capa é uma referência à um filme do Glauber Rocha, em que um matador de aluguel se vira contra os seus patrões, Antônio das Mortes, e depois ele vira o próprio boi. Tem também a ideia de que o mito é uma ligação ancestral de nós como nação primitiva e é nosso jeito de se conectar com as forças da natureza. Então é isso que ele faz, e ele só faz por conta do racismo, que vai tentando apagar quem ele é e aquilo que ele ama (como o cachorro morto e a foto dos seus pais quebrada), além da ligação de tratar o homem preto como carne e da juventude ser massiva em querer matar nosso passado místico brasileiro.
Gostei também das "piadas" de um Cristóvão não-colombo desbravando uma colônia austríaca fascista, mas achei muito desconexo querer tratar de machismo estrutural no meio do filme DO NADA (quando ele bate na mulher, quer comandar a casa). Assim, acho que ele criou uma distopia fascista futurística e quis mostrar a riqueza da nossa resistência folclórica, e isso ele fez bem, (talvez até melhor que Bacurau), mas não deu pra mostrar tudo que tem de ruim numa sociedade assim (que é futurística mas ainda é subdesenvolvida) em pouco tempo de filme!!!
Os Oito Odiados
4.1 2,4K Assista AgoraOk Tarantino, você conseguiu fazer essa ser a minha representação da história dos Estados Unidos preferida!
Não só pela perspectiva refinada de onde nasceu os Estados Unidos - a loja de conveniências da Minnie, coordenada por mulheres imigrantes e responsáveis pelo trabalho braçal da manutenção "do lar" -, mas pela noção de como ele chegou onde está. Enquanto os capangas representam o estrangeiro, falando francês, oriundos da Inglaterra ou até mesmo do México, Major Marquis e o Xerife Chris são as vozes dos EUA de hoje. Não agem sobre a tardia politicagem do General Sanford - ao qual o próprio Jody faz questão de reiterar que está inválido -, mas pela lei, que é muito mais motivada pela manutenção do ódio que pela justiça.
Sobre o caráter psicológico dos personagens, duas coisas não vão sair da minha cabeça:
o significado da carta falsa do Major Marquis, que acreditava carregar o legado de Abraham Lincoln (que emancipou os escravizados estadunidenses) para sua libertação, como homem preto. De algum modo ele não mentiu para o John, aquela carta é verdadeira, pois foi forjada a partir de uma desesperada necessidade de que fosse real
E, claro, a lógica do Xerife Chris. Ele serve ao norte e ao sul, como um cão fiel, mas nunca um pensador, apenas alguém que aceita comandos, mesmo em posição que deveria assumir poder. Além disso, suas negociações com Daisy mostram o quanto essa figura política debate sobre interesses próprios, apesar de falar em nome de uma república. Seus princípios não são e nunca foram o combate à criminalidade, mas a legitimação do crime que esteja ao seu favor.
E pra acabar: que cena final linda, né?!
Adoráveis Mulheres
4.0 974 Assista AgoraO título em português já descreve bem o filme! A Greta consegue ensinar à nós diferentes tipos de mulheres e seus sonhos ou frustações, suas forças, e, acima de tudo, admira-lás por todas as decisões tomadas.
No mínimo uma indicação à Florence Pugh, pelo amor de deus!
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O final dubío foi a cereja do bolo. Interpretei que a Jo termina mesmo sem casar-se, enquanto as pessoas do meu lado ficaram encantadas por ela ter "se casado"... e mesmo assim ambos gostaram muito do que viram.
[spoiler]
A Anatomia de Grey (11ª Temporada)
4.3 456 Assista AgoraOlho pro teclado e não sei oq dizer... só sentir.
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Da Amelia se desvencilhando de vez das drogas, à April renascendo como cirurgiã, para a Dra. Herman passando por tudo para ter uma nova perspectiva de vida, e claro, até a Meredith sorrindo e dançando após todo o mal que passou (E as mulheres com queimadura). É a temporada que procura mais ensinar do que entreter, como a própria Big Grey disse, não importa o quão escuro fique, o sol vai brilhar de novo.
Orgulho do Karev e da Grey. ❤
[spoiler]