A mente subversiva de Lars Von Trier se une à um de seus ídolos para exercer e desnudar o que há de mais puro e pessoal na sétima arte. Com um experimentalismo documental genial que beira ao metalinguístico, a película consegue desenvolver de forma instigante tudo o que uma mente como a de Von Trier se propõe e que a de Lenth é capaz, formando uma obra curiosa e única.
Nietzsche já dizia em sua obra, A Genealogia da Moral, que em termos primitivos não existe tal coisa como o bem ou o mal, tais artifícios foram criados pelos homens e para os homens, sendo suas interpretações relativas, mutáveis e consequentemente contraditórias. Posto isso, Lars Von Trier - uma mente nada otimista e extremamente cínica quanto à existência, a humanidade e seus respectivos significados - desconstrói o ser humano de seus artifícios, como o bem e o mal por exemplo, a partir da Mulher, nossa protagonista. Para seu contraste, temos o Homem, um terapeuta que é casado com a Mulher e que portanto representa - como homem, marido e status de "resolvedor e entendedor" de mentes e pessoas - todos esses artifícios humanos, auto-criados a partir do medo, da busca de segurança e da negação. Com essa ideia em mente o diretor constitui uma trama completamente alegórica e que, ao seu decorrer, apresenta tantos significados e simbolismos quanto possível, de maneira competente e impecável, dando um tom sombrio, tenso e assustador a medida que adentramos cada vez mais junto com a personagem em sua própria natureza, a verdadeira face humana: o animal. É claro que não é necessário concordar com o que é posto na tela, tais ideologias como a profanidade da vida - representada coesivamente pelas mulheres, na película - não são e nem devem ser um senso comum a ser estabelecido, mas a execução e constituição dos ideais expostos é tão crível e bem executada que é possível se pegar sendo envolvido na corrente dessas ideias, e por isso a obra já tem uma importância e méritos fenomenais: a de fazer-nos pensar de maneira nunca antes imaginada, até mesmo antagonizada. Essa é definitivamente a obra mais carregada pelos ideais do diretor, a que consegue demonstrar melhor seu desconsolo e desprezo pela existência, e é definitivamente a minha preferida, entrando para meu top de filmes preferidos facilmente por sua subjetividade fascinante e execução obscuramente envolvente. Uma obra que exige mente aberta, um esforço ideológico grande e, sim, várias pesquisas, para ser absorvida e entendida por completo. Uma experiência única a cada revisita e quem se aventurar a isso encontrará um poço de ideias a ser explorado, quem não, fica sem esse "poço", e consequentemente sem seu rico conteúdo.
A criatividade de Woody Allen não tem limites quando se trata de divagar sobre si mesmo. E porque não, nessa bagunça divertida, excêntrica e inusitada não se identificar e refletir ao menos um pouco com as situações tão insanamente retratadas?
Exceto pela atuação (sempre) fenomenal de Judi Dench, o filme segue a cartilha básica de dramas baseados em fatos reais: licenças poéticas dadas ao melodramático, uma previsibilidade aconchegante e personagens empáticos. Um filme agradável, mas destituído de qualquer ambição. Caiu bem para a tarde de um chuvoso domingo
Ivan tem como pais homens de armas, suas brincadeiras de faz de conta envolvem punhais e assassinato, seus passeios são à pântanos, casas bombardeadas e trincheiras, todos banhados à chuvas de balas, é claro. Os objetivos de Ivan são vingança, suas expectativas futuras a morte e no sono - em seus mais profundos sonhos - Ivan sonha com o sol, com o carinho, com a vida. "A guerra não é lugar para meninos", é repetida a frase várias vezes, por diferentes personagens, durante a película, porém a realidade de Ivan foi tomada e ditada pelas balas e bombas, que não restringem, apenas se estabelecem. Obra-primíssima de Tarkovski, que demonstra uma direção e senso estético fenomenais e imersivos, um dos melhores filmes que tive a oportunidade de ver sobre a subversividade da guerra.
O filme consegue cumprir concisamente essa etapa da vida da filosofa. Porém - no que se refere à personalidade da própria personagem e o cerne de suas ideias - a obra não consegue se aprofundar nem em um nem em outro, causando certo impacto quanto ao furor de seus acontecimentos, mas nenhuma reflexão significativa quanto aos polêmicos ideais e da pessoa Hannah Arendt.
A obra apresenta uma direção primorosa, que provê uma imersão notável, porém - mesmo com a ótima performance de Redford - falta humanidade e algo com o que se relacionar, se importar, na trama. Gravidade, por exemplo, um filme semelhante a este - mas que troca o oceano pelo espaço - se esforça para trazer uma identificação, uma intimidade por parte do telespectador com os personagens. Já Até o Fim assume uma impessoalidade arriscada, apostando na atuação de Redford para criar empatia, mas falha ao não prover ao ator um roteiro para ele ter sucesso nessa empreitada.
As Cinco Obstruções
3.8 40 Assista AgoraA mente subversiva de Lars Von Trier se une à um de seus ídolos para exercer e desnudar o que há de mais puro e pessoal na sétima arte. Com um experimentalismo documental genial que beira ao metalinguístico, a película consegue desenvolver de forma instigante tudo o que uma mente como a de Von Trier se propõe e que a de Lenth é capaz, formando uma obra curiosa e única.
Anticristo
3.5 2,2K Assista AgoraNietzsche já dizia em sua obra, A Genealogia da Moral, que em termos primitivos não existe tal coisa como o bem ou o mal, tais artifícios foram criados pelos homens e para os homens, sendo suas interpretações relativas, mutáveis e consequentemente contraditórias. Posto isso, Lars Von Trier - uma mente nada otimista e extremamente cínica quanto à existência, a humanidade e seus respectivos significados - desconstrói o ser humano de seus artifícios, como o bem e o mal por exemplo, a partir da Mulher, nossa protagonista. Para seu contraste, temos o Homem, um terapeuta que é casado com a Mulher e que portanto representa - como homem, marido e status de "resolvedor e entendedor" de mentes e pessoas - todos esses artifícios humanos, auto-criados a partir do medo, da busca de segurança e da negação.
Com essa ideia em mente o diretor constitui uma trama completamente alegórica e que, ao seu decorrer, apresenta tantos significados e simbolismos quanto possível, de maneira competente e impecável, dando um tom sombrio, tenso e assustador a medida que adentramos cada vez mais junto com a personagem em sua própria natureza, a verdadeira face humana: o animal.
É claro que não é necessário concordar com o que é posto na tela, tais ideologias como a profanidade da vida - representada coesivamente pelas mulheres, na película - não são e nem devem ser um senso comum a ser estabelecido, mas a execução e constituição dos ideais expostos é tão crível e bem executada que é possível se pegar sendo envolvido na corrente dessas ideias, e por isso a obra já tem uma importância e méritos fenomenais: a de fazer-nos pensar de maneira nunca antes imaginada, até mesmo antagonizada.
Essa é definitivamente a obra mais carregada pelos ideais do diretor, a que consegue demonstrar melhor seu desconsolo e desprezo pela existência, e é definitivamente a minha preferida, entrando para meu top de filmes preferidos facilmente por sua subjetividade fascinante e execução obscuramente envolvente. Uma obra que exige mente aberta, um esforço ideológico grande e, sim, várias pesquisas, para ser absorvida e entendida por completo. Uma experiência única a cada revisita e quem se aventurar a isso encontrará um poço de ideias a ser explorado, quem não, fica sem esse "poço", e consequentemente sem seu rico conteúdo.
Desconstruindo Harry
4.0 335 Assista AgoraA criatividade de Woody Allen não tem limites quando se trata de divagar sobre si mesmo. E porque não, nessa bagunça divertida, excêntrica e inusitada não se identificar e refletir ao menos um pouco com as situações tão insanamente retratadas?
Philomena
4.0 925 Assista AgoraExceto pela atuação (sempre) fenomenal de Judi Dench, o filme segue a cartilha básica de dramas baseados em fatos reais: licenças poéticas dadas ao melodramático, uma previsibilidade aconchegante e personagens empáticos. Um filme agradável, mas destituído de qualquer ambição. Caiu bem para a tarde de um chuvoso domingo
A Infância de Ivan
4.3 155 Assista AgoraIvan tem como pais homens de armas, suas brincadeiras de faz de conta envolvem punhais e assassinato, seus passeios são à pântanos, casas bombardeadas e trincheiras, todos banhados à chuvas de balas, é claro. Os objetivos de Ivan são vingança, suas expectativas futuras a morte e no sono - em seus mais profundos sonhos - Ivan sonha com o sol, com o carinho, com a vida. "A guerra não é lugar para meninos", é repetida a frase várias vezes, por diferentes personagens, durante a película, porém a realidade de Ivan foi tomada e ditada pelas balas e bombas, que não restringem, apenas se estabelecem.
Obra-primíssima de Tarkovski, que demonstra uma direção e senso estético fenomenais e imersivos, um dos melhores filmes que tive a oportunidade de ver sobre a subversividade da guerra.
Hannah Arendt - Ideias Que Chocaram o Mundo
4.0 196O filme consegue cumprir concisamente essa etapa da vida da filosofa. Porém - no que se refere à personalidade da própria personagem e o cerne de suas ideias - a obra não consegue se aprofundar nem em um nem em outro, causando certo impacto quanto ao furor de seus acontecimentos, mas nenhuma reflexão significativa quanto aos polêmicos ideais e da pessoa Hannah Arendt.
Até o Fim
3.4 418 Assista AgoraA obra apresenta uma direção primorosa, que provê uma imersão notável, porém - mesmo com a ótima performance de Redford - falta humanidade e algo com o que se relacionar, se importar, na trama. Gravidade, por exemplo, um filme semelhante a este - mas que troca o oceano pelo espaço - se esforça para trazer uma identificação, uma intimidade por parte do telespectador com os personagens. Já Até o Fim assume uma impessoalidade arriscada, apostando na atuação de Redford para criar empatia, mas falha ao não prover ao ator um roteiro para ele ter sucesso nessa empreitada.