Mr John John

(Disponível na Netflix) Aqui a gente tá falando da elite, né? Facilmente a melhor animação de 2022, Guilherme del Toro conseguiu me surpreender muito positivamente. Dei o play sem muitas expectativas assim que o filme foi lançado, antes mesmo de tantas críticas positivas, e fui conquistado de cara. O diretor conseguiu transformar uma história clássica, que todos já conhecem, em algo inovador, com uma perspectiva ainda mais fantasiosa, porém mais dramática, sensível e ainda contextualizada historicamente. Isso não é fácil! Aí sim nos deparamos com algo que sai da casinha, e é esse tipo de produção que realmente me encanta! Visualmente perfeito, com um enredo bem delineado e coerente, e uma trilha sonora linda, o filme emociona e não passa desapercebido. Foram 15 anos de trabalho até entregar essa obra prima, e fica perceptível que foi fruto de muita dedicação e atenção. Agora, é só esperar as premiações e levar muitas estatuetas pra casa. Merecido!

Concorrendo ao Globo de Ouro, “Glass Onion” entrega um suspense que realmente se encaixaria melhor como comédia. Dá pra perceber que o filme não pretende se levar muito a sério. Achei a proposta interessante e o enredo bem amarrado, embora com decisões estúpidas e alguns furos irritantes. Infelizmente, muitos dos acontecimentos são previsíveis demais, o que estraga a experiência. Já outras reviravoltas são incríveis! Também achei que os personagens foram extremamente mal explorados. Temos três ou quatro personagens que se destacam e os outros parecem apenas orbitar ao redor destes, como mero coadjuvantes. Seus motivos e personalidades não são bem desenvolvidos, o que diferencia esse filme do seu antecessor “Facas e Segredos” (também disponível na Netflix). No entanto, achei esta história bastante empolgante e divertida, com muitos momentos absurdos e, ao mesmo tempo, incríveis. É aquele filme excelente para um domingo à tarde comendo pipoca em casal ou em família. Ótimo entretenimento, mas sem oferecer nada de excepcional, “Glass Onion” é leve, divertido e entrega o que promete.

Para mim, o grande ponto negativo deste filme é o final. Embora seja extremamente lento, a trama desenvolve um bom drama. Acho que o erro foi dar a impressão que seria uma história sanguinária de uma nuvem de gafanhotos atacando a todos na cidade, era isso o que eu esperava. Mas, na verdade, não é a proposta do filme. Até aí tudo bem, fui me conformando de que tratava-se de um drama, um suspense bizarro. Eu simplesmente odiei a protagonista, com decisões questionáveis e caráter pouco ético. E o problema nem foi esse, e sim o final dela totalmente anti-climático. A filha rebelde, uma personagem mimada e impulsiva. O único personagem interessante que me fez criar alguma empatia foi o amigo da família. Mas, a família em si, eu não estava me importando nem um pouco, e a mulher nem se fala! O final do filme tem uma péssima fotografia, com o cenário muito escuro, mas conseguimos ver o que está acontecendo, na água a personagem parece ter ficado em tons de rosa, chega a dar tontura. Enfim, minha crítica não é pelo filme não ser o que promete, e sim por entregar um final sem graça e um destino injusto para a personagem principal, que não tinha nada de mocinha. Senti muita raiva com esse filme e não recomendo que ninguém assista. A ideia é muito interessante, mas parece que o diretor perdeu o controle.