O Partido dos Panteras Negras para Autodefesa foi fundado por Huey Newton e Bobby Seale em 1966 como forma de combater a opressão institucional sofrida pela comunidade negra nos Estados Unidos, tendo a polícia (a quem chamavam de "porcos") como seu principal inimigo imediato. A pantera foi escolhida como símbolo por ser "um belo animal que nunca ataca mas se defende ferozmente", como mostrou Agnès Varda neste documentário de 30 minutos.
Gravado em 1968, Varda acompanha as manifestações que pediam pela libertação de Huey Newton, preso em 1967 acusado de matar um policial durante um confronto. Com versões contraditórias e ausência de provas, o caso foi considerado como uma armação para silenciar Newton e seu trabalho de conscientização e organização política. Porém, ainda que acreditassem em sua inocência, para os Panteras Negras isso era irrelevante: Huey se tornou um representante de todos os negros encarcerados em massa. "Não é uma questão individual. É uma força de opressão que ataca o povo oprimido". . Ainda que se possa dizer que a reportagem de Varda parte do ponto de vista de uma pessoa branca vinda da Europa, o olhar é o do aliado que entende o seu lugar de fala e não interfere no protagonismo daqueles que estão sendo retratados. O documentário amplifica a voz dos Panteras Negras, entrevistando suas principais lideranças, incluindo o próprio Huey Newton, e não deixa de se preocupar em mostrar a participação das mulheres negras na organização do partido, dando destaque a atuação de Katherine Cleaver.
Após a condenação, Varda registra uma imagem curiosa: o resultado do ataque da polícia à sede do partido em Oakland, cravando de balas as imagens de Huey Newton. "Este ato remonta ao inconfundível costume do ato mágico de matar uma imagem, geralmente atribuído a "povos primitivos" e pessoas não brancas. De toda a forma, é a demonstração de ódio que não deixa dúvidas. A história dos Panteras Negras não acaba aqui".
O documentário sobre menstruação que venceu o Oscar esse ano. . "Absorvendo o tabu" é um curta de 25 minutos que vai até um vilarejo no interior da Índia para mostrar a relação das mulheres locais com a menstruação. O assunto é um grande tabu e motivo de constrangimento, fazendo com que ninguém saiba muito bem do que se trata ou queira falar sobre. Os homens ou desconhecem completamente ou acham que é alguma doença feminina. Na cultura da região, o sangue da menstruação é considerado impuro e, por isso, mulheres menstruadas são impedidas de frequentar os templos. O que mais me impressionou é que nem mesmo entre si as mulheres conversam, fazendo com que cada uma precise lidar com isso sozinha.
Como consequência da desinformação, mulheres não recebem orientação básica para lidar com a questão, tendo sua privacidade invadida por homens curiosos e desconfiados e chegando a abandonar os estudos devido ao grande transtorno que é precisar trocar de roupas ou toalhinhas na rua. E é aí que está o propósito do filme: mostrar como o acesso à informação e a um item básico como o absorvente descartável, pode ser libertador para as mulheres.
O mais interessante é que os absorventes chegam na região através de uma máquina projetada por um inventor local e a produção é toda feita pelas mulheres, que também vão de porta em porta apresentar e vender o produto. Isso não só ajuda com que as compradoras se sintam mais confortáveis em adquirir os absorventes como também faz com que as trabalhadoras tenham uma ocupação remunerada pela primeira vez, o que aumenta a autoestima de todas elas. Uma em especial está usando o dinheiro do trabalho para se tornar policial, uma forma de ganhar independência e evitar um casamento que ela não quer.
Em poucos minutos, o documentário consegue dar um choque de realidade e mostrar como simples ações feministas podem revolucionar a vida das mulheres e libertá-las.
#52filmsbywomen 2019: filme 8 (Ig: @renatac.arruda)
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Os Panteras Negras
4.3 37 Assista AgoraO Partido dos Panteras Negras para Autodefesa foi fundado por Huey Newton e Bobby Seale em 1966 como forma de combater a opressão institucional sofrida pela comunidade negra nos Estados Unidos, tendo a polícia (a quem chamavam de "porcos") como seu principal inimigo imediato. A pantera foi escolhida como símbolo por ser "um belo animal que nunca ataca mas se defende ferozmente", como mostrou Agnès Varda neste documentário de 30 minutos.
Gravado em 1968, Varda acompanha as manifestações que pediam pela libertação de Huey Newton, preso em 1967 acusado de matar um policial durante um confronto. Com versões contraditórias e ausência de provas, o caso foi considerado como uma armação para silenciar Newton e seu trabalho de conscientização e organização política. Porém, ainda que acreditassem em sua inocência, para os Panteras Negras isso era irrelevante: Huey se tornou um representante de todos os negros encarcerados em massa. "Não é uma questão individual. É uma força de opressão que ataca o povo oprimido".
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Ainda que se possa dizer que a reportagem de Varda parte do ponto de vista de uma pessoa branca vinda da Europa, o olhar é o do aliado que entende o seu lugar de fala e não interfere no protagonismo daqueles que estão sendo retratados. O documentário amplifica a voz dos Panteras Negras, entrevistando suas principais lideranças, incluindo o próprio Huey Newton, e não deixa de se preocupar em mostrar a participação das mulheres negras na organização do partido, dando destaque a atuação de Katherine Cleaver.
Após a condenação, Varda registra uma imagem curiosa: o resultado do ataque da polícia à sede do partido em Oakland, cravando de balas as imagens de Huey Newton. "Este ato remonta ao inconfundível costume do ato mágico de matar uma imagem, geralmente atribuído a "povos primitivos" e pessoas não brancas. De toda a forma, é a demonstração de ódio que não deixa dúvidas. A história dos Panteras Negras não acaba aqui".
#52filmsbywomen 2019: filme 12
Ig @renatac.arruda
Absorvendo o Tabu
4.4 201 Assista AgoraO documentário sobre menstruação que venceu o Oscar esse ano.
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"Absorvendo o tabu" é um curta de 25 minutos que vai até um vilarejo no interior da Índia para mostrar a relação das mulheres locais com a menstruação. O assunto é um grande tabu e motivo de constrangimento, fazendo com que ninguém saiba muito bem do que se trata ou queira falar sobre. Os homens ou desconhecem completamente ou acham que é alguma doença feminina. Na cultura da região, o sangue da menstruação é considerado impuro e, por isso, mulheres menstruadas são impedidas de frequentar os templos. O que mais me impressionou é que nem mesmo entre si as mulheres conversam, fazendo com que cada uma precise lidar com isso sozinha.
Como consequência da desinformação, mulheres não recebem orientação básica para lidar com a questão, tendo sua privacidade invadida por homens curiosos e desconfiados e chegando a abandonar os estudos devido ao grande transtorno que é precisar trocar de roupas ou toalhinhas na rua. E é aí que está o propósito do filme: mostrar como o acesso à informação e a um item básico como o absorvente descartável, pode ser libertador para as mulheres.
O mais interessante é que os absorventes chegam na região através de uma máquina projetada por um inventor local e a produção é toda feita pelas mulheres, que também vão de porta em porta apresentar e vender o produto. Isso não só ajuda com que as compradoras se sintam mais confortáveis em adquirir os absorventes como também faz com que as trabalhadoras tenham uma ocupação remunerada pela primeira vez, o que aumenta a autoestima de todas elas. Uma em especial está usando o dinheiro do trabalho para se tornar policial, uma forma de ganhar independência e evitar um casamento que ela não quer.
Em poucos minutos, o documentário consegue dar um choque de realidade e mostrar como simples ações feministas podem revolucionar a vida das mulheres e libertá-las.
#52filmsbywomen 2019: filme 8
(Ig: @renatac.arruda)