Ricky Santarelli

Infelizmente muitos irão preferir assistir esse de 2020 pela facilidade, disponibilidade e pretensa modernidade, ao invés do SENSACIONAL Rebecca de 1940...Muitos irão se decepcionar e nem irão atrás do original, outros irão gostar do original, mas perderão o climax e as surpresas causadas nas reviravoltas da história, infelizmente...aquele clima sufocante, a névoa, atmosfera densa, olhares... tudo muito bom no filme ORIGINAL de 1940!
É com certeza o meu filme predileto do Hitchcock... a atuação de Judith Anders como Mrs. Danvers no de 1940, é uma das melhores da história do cinema, com um olhar alucinado, meio dopado,... e a pobre Joan Fontaine bobinha no meio disso tudo...
Porém, ainda, nenhum se compara ao livro original da Daphne DuMarier ...

Putz... achei q acharia aqui opiniões melhores! Rsrsrs. Um dos melhores filmes q já vi, assisti 3 x em uma semana, indiquei para alguns amigos, q poderiam gostar tb, q assistiram repetidamente até entenderem o universo do diretor... o filme é surpreendente ! O diretor trabalha somente por metáforas em seus filmes, assim se quiser entender de maneira linear e rasa, vc não vai conseguir entender nada. A ideia do instinto animal, q norteia a vida humana, mascarada em sociedade, é a base para entender os filmes do diretor (veja o sensacional O Lagosta, com todas as metáforas da vida de casal e solteiro em um só lugar), todos os filmes com atuações frias ou mecânicas, evidenciando q aquilo que vemos, não é a verdade, é apenas um teatro falso, para entender o real, por isso os atores não podem ser “naturais”, ele não quer nos enganar durante 2 horas, mas escancarar o q temos de mais profundo, se fossem “naturais “ em suas atuações, seríamos levados pela atuação/ história e não perceberíamos q existe algo mais profundo para se ver /entender. O sacrifício do cervo sagrado, está diretamente ligado a visão mais primitiva do ser humano, por exemplo, nas sociedades primitivas, ao matar o chefe de uma tribo, o chefe de outra tribo ( neste caso o médico) adquire a responsabilidade sobre a tribo do chefe morto, seu filho, esposa e suas responsabilidades. Aí q começa a disputa para um novo sucessor, com esse novo “herdeiro” deixando claro ser mais capacitado para isso, do q o próprio filho biológico do chefe ( veja a história dos pêlos, que perturbam o filho mais novo por não ter, e criam no rapaz - Martin- a associação com o líder/ médico. Ou as características “femininas” como o cabelo comprido do filho, que são menosprezadas pelo pai, fazendo com q o menino os corte, quando percebe q será substituído, na tentativa de mostrar ao pai ser homem tb, ou mesmo a insistência do pai em que o filho “ande com as próprias pernas” - quantos aqui já ouviram isso dos próprio país? Rsrsrs... - o filme mostra ele empurrando o filho, fisicamente, arrastando o menino, mas não é real, é a metáfora para dizer q o menino deve crescer e se tornar homem, como os pássaros fazem ao jogar os filhotes do ninho). A questão do pai q nao vê identificação com o próprio filho e escolhe um herdeiro intelectual diferente do próprio filho biológico, como acontece com um professor e seu discípulo, ou a mãe q odeia a filha, pois vê que a jovem se torna mais sedutora do q ela própria q a gerou, substituindo-a. Veja q a “magia” do rapaz não funciona na mãe, entenda-se “magia” como “sedução”ou “deslumbre”, q é o que o rapaz causa nos dois filhos, ambos pre-adolescentes, diante de um rapaz já adolescente. Mulher madura e ciente da vida adulta, ela não cai nessas armadilhas, pode tranquilamente masturbar um cara para chegar até onde quer, friamente, ou se render aos caprichos sexuais do marido para manter um casamento (quem nunca, né?rsrsrs), sem qualquer problema, uma cabeça realista, diferente daquela de seus filhos adolescentes e românticos (veja a cena da menina cantado para o rapaz - Burn- ela deixa claro q esta “queimando”, se insinuando sexualmente para ele). O filme trata da substituição de uma geração pela outra, da desilusão adulta e paixão juvenil, que está explícito pelo diretor, desde do começo, na metáfora do relógio com pulseira de couro, comum e antiquado, quando comparado com o modelo de metal, mais caro e melhor, mas ainda assim um relógio (ou seria a vida? Rsrsrs), porém aos olhos do jovem é um tesouro. Vai por esse caminho q vcs vão entender! Rsrsrs. (Ps. A atuação do Barry Keogan é digna de Oscar, às vezes eu me perguntava se ele estava atuando, ou se ele é assim mesmo no real... A cena da macarronada com a Nicole e o ápice da atuação doentia dele...)