Yara Popiel

Movie que deixa a sensação de "quero mais"... remete ao sonho... e ao retorno a realidade...

Fanny Ardant BELISSÍMA e ELEGANTE... traduz a beleza feminina através de seus olhos... lindos e profundos... misteriosos... e um sorriso verdadeiro... como não se apaixonar?... a fotografia é deslumbrante...

Fanny Ardant, protagonista de Carolina em uma atuação impecável, retrata com discrição o roteiro cujo tema principal gira em torno de uma "traição"... onde questões peculiares omitidas pela sociedade são abordadas de forma simples sem rótulos.

[INÍCIO DO ALERTA SPOILER]

Uma mulher de 60 anos casada que se apaixona por seu professor de informática... (com a mesma idade de suas filhas)
Há duas nuances contraditórias no ápice dessa paixão... de "autoridade/auto-estima" e "fragilidade/insegurança"...
(...) - você se olha no espelho? (o marido)
- não... porque quem me olha é ele... (Carolina)

(...) - me deixe saber quando for acabar... (Carolina)
- vc vai saber antes de mim... (o professor de informática)

O comportamento resoluto do marido também é digno de reflexão...
(...) o mínimo que se pode fazer ao trair é ter discrição...
(...) se vc pensa que vou tentar te reconquistar... esta muito enganada... estou velho para isso...

Carolina passa do paraíso ao inferno quando tem a percepção do término do romance...
Entretanto, não se arrepende, nem se abate porque conhecia as implicações que estava vivendo...

[FIM DO ALERTA DE SPOILER]

O comportamento evoluído francês diante de situações delicadas... elucida a mensagem de reflexão...

O que mais intriga num filme francês? a naturalidade... nada é subliminar... a veracidade... a integridade... a realidade.... vivemos num mundo real... mas nada nos impede de sonhar....

Filme despretensioso para amantes de um roteiro no limiar da realidade... a personagem principal Ramiro envolto em um mar de melancolia lentamente desperta a empatia incurável de cinéfilos românticos. O diretor Jonás Trueba capta a alma humana em seus devaneios mais obscuros e profundos diante de situações cotidianas e reações das quais a sociedade nos impõe, por vezes, divergentes do que realmente desejamos.
Nessa breve analogia cabe mencionar que o título do filme não faz jus ao seu conteúdo... o que mais se adequa seria “todos os livros falam de mim”, diante de citações brilhantes marcadas por autores consagrados.
Em uma busca minuciosa e desafiadora encontrei o trecho que retrata a dor diante do rompimento de um relacionamento (tanto para quem quer romper quanto para quem quer permanecer na relação) o sofrimento é ambíguo:

"Tenho tentado me convencer de que deixar uma pessoa não é a pior coisa a fazer com ela. Pode ser doloroso, mas não precisa ser uma tragédia. Evoluir constitui infidelidade: aos outros, ao passado, às velhas opiniões de si mesmo. Cada dia deveria ter pelo menos uma infidelidade, uma traição necessária. Seria um ato otimista, esperançoso, que garantiria a fé o futuro. o futuro. Uma afirmação de que as coisas podem ser, não apenas diferentes, mas melhores. (Hanif Kureishi – Intimidade)