Depois de tantas adaptações de livros infanto-juvenis, A Culpa é das Estrelas mostra ter potencial e promete fazer os fãs se emocionarem. O diretor Josh Boone e o escritor John Green conseguiram tirar a história do livro e adequa-la muito bem aos cinemas.
Hazel Grace é uma adolescente com câncer terminal que passou boa parte de sua vida indo e voltando dos hospitais. Interpretada por Shailene Woodley, a trama mostra como uma garota tão jovem consegue lidar com a morte, e logo vemos que por trás de uma menina doente há uma mulher que amadureceu precocemente para enfrentar grandes barreiras em sua vida, mas não deixou de lado o jeito típico de adolescente.
No primeiro ato, Gus e Hazel, são apresentados em um grupo de jovens com câncer da igreja local. Logo, já é perceptível por qual caminho a história irá seguir. De uma forma sútil e doce, Augustus Waters, interpretado por Ansel Elgort, revela-se o verdadeiro gentleman da era moderna. Com fortes trocas de olhares durante o decorrer do filme, pode-se ver uma sintonia forte entre o casal, que dispensa qualquer tipo de diálogo. A química entre os protagonistas é tão forte que mesmo baseando-se nos grandes clichês do romantismo, a história consegue fluir mostrando a verdadeira paixão clássica na época contemporânea.
Com um pouco de humor e cheio metáforas, a morte é a tecla constantemente apertada no longa. Porém, para deixar a narrativa mais equilibrada, Augustus e Hazel se mostram personagens totalmente diferentes. Gus é um garoto que faz planos para futuro e acredita que conseguirá dar um drible na morte, sendo o mais positivo possível. Hazel é simétrica, se contenta com o pouco que tem e não gosta de incomodar os outros com os seus sonhos e sentimentos.
Quando Hazel se convence estar apaixonada, acontece o grande ponto de virada, que desenvolve à história. A partir desse momento, ela se entrega totalmente a paixão, e se torna outra garota, cheia de garra, emoção e vontade de lutar. É notável também que a menina passa a se importar mais com a sua beleza externa, substituindo o tênis e o jeans pela sapatilha e o vestido.
Ainda, para dar dinamismo a história, a mãe de Hazel (Laura Dern) e o escritor ranzinza interpretado por Willem Dafoe, conseguem despertar vários tipos de sentimentos na garota, o que tira um pouco do monotoníssimo da narrativa por se passar muito tempo focado no casal.
A trilha sonora, apesar de ser boa, acaba sendo um ponto negativo por ser excessivamente triste. Mesmo tendo em vista, que em histórias dramáticas, são necessárias músicas mais melancólicas, o excesso acabou se tornando apelativo e manipulador. Até nos momentos felizes do filme, a trilha parece dizer: “Isso é um drama, feito para vocês chorarem, ninguém pode ficar feliz aqui”. No decorrer do longa, isso se torna cada vez mais evidente e no terceiro ato, a trilha sonora praticamente domina os sentimentos dos espectadores.
Concluindo, Josh Boone e toda a sua equipe conseguiram fazer uma ótima adaptação de A Culpa é das Estrelas. Mesmo tendo apelado para a trilha sonora, o filme tem uma narrativa simples. Apesar de ser baseado em uma obra literária, o longa não deixa o público cansado, e ainda assim conquista e comove a todos os espectadores, tenham eles lido o livro ou não.